sexta-feira, 19 de agosto de 2011

SBT 30 Anos - Muito Amor!!!

Celso Garcia é um jovem blogueiro que dentre outras paixões faz questão de enfatizar o seu amor pelo SBT. Numa data tão especial em que se comemora os 30 anos da TV do Silvio Santos, e que é também, um pouquinho de todos nós que a acompanhamos desde... não poderíamos prestar melhor homenagem. Pensando nisso o convidei a escrever um texto comemorativo, ele aceitou e desde já o agradecemos! Vale muito a pena conferir: 


Televisão é hábito. E não sou eu quem estou dizendo isso. Os papas da comunicação, os grandes executivos das emissoras, os professores nas universidade são unânimes: não é do dia para a noite que se constrói um bom relacionamento entre público e os canais de TV. Neste mês de setembro, mais especificamente no dia 19, o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT, para os íntimos) completa 30 anos. E ao longo de tanto tempo, a emissora de Sílvio Santos construiu uma belíssima história. Cheia de altos e baixos? Sim. Com bons e maus programas? Também. Mas impossível dizer que a antiga TVS passe desapercebida pela telinha de boa parte dos brasileiros.


Geralmente, ao se falar de uma data comemorativa como essa, temos a tendência de olhar para o passado e ir voltando para o futuro, acompanhando a evolução natural das coisas. Mas não é isso que pretendo fazer. Primeiro, porque no caso do SBT ficaríamos com um gosto ruim na boca ao final desta homenagem (e, oras, se é homenagem, que se faça algo pra cima). Segundo, porque quero enfatizar o que talvez seja o maior tesouro da emissora do Patrão: a memória afetiva do público.
Portanto, saiamos destes tempos atuais. O SBT passa por um momento complicado. Por um lado, fugiu de suas raízes e passou a apostar em programas duvidosos. Por outro lado, perdeu nomes importantes de seu artístico. Some-se a isso a crise financeira do Grupo Sílvio Santos e a concorrência da Record, emissora com inesgotáveis recursos financeiros que subiu ao posto de segunda maior emissora do país. O SBT hoje em dia, mesmo em sua faixa nobre, chega a perder em audiência para a Band. Sim, a atual situação da TV mais feliz do Brasil não é das mais confortáveis. Vamos então nos focar nos anos dourados, em momentos que não saem de nossa memória.


Como, por exemplo, há cerca de 10 anos atrás, quando Sílvio Santos surpreendeu a todos colocando no ar, pela primeira vez no Brasil, um reality show de confinamento com alguns artistas de segundo escalão. "A Fazenda"? Não, era a "Casa dos Artistas". Aliás, comparado à audiência da "Casa", o reality da Record não faz nem sombra. Aos domingos, durante a eliminação, "A Casa dos Artistas" atingia incríveis picos de 50 pontos de audiência, deixando o tradicionalíssimo "Fantástico" a ver navios.
E como se esquecer dos tipos inesquecíveis do programa "A Praça é Nossa", o mais antigo humorístico do país? Por lá já passaram talentos únicos como Ronald Golias, Rony Rios (a Velha Surda, Explicadinho, Philadelpho), Maria Tereza (Vamércia, a fofoqueira), Roni Cócegas (Cocada), Simplício (que popularizou para o país inteiro que lá na cidade de Itu é tudo grande), Arnaud Rodrigues (o Povo Brasileiro, Chitãoró) e muitos outro que se sentaram ao lado do grande Carlos Alberto de Nóbrega. Mas nem só de "A Praça é Nossa" viveu o SBT: por ali passaram "Ô, Coitado", com Gorete Milagres (a Filó), "Escolinha do Golias" (com a participação sempre hilária de Nair Belo), sem falar dos especiais "Romeu e Julieta", com Golias e Hebe nos papeis principais.


Aliás, por falar em Hebe, nos lembramos de uma marca importante do SBT: os programas de auditório, que foram (e são) muitos. Antigamente minha família toda se reunia em frente à TV aos domingos por volta da hora do almoço e de lá só sairia quando Sílvio Santos dissesse sua famosa frase: "Fiquem agora com o filme X, na Sessão das Dez. Eu não assisti esse filme, mas minha mulher assistiu, minhas filhas já assistiram e me disseram que o filme é muito bom". Lembro-me de ser obrigatório assistir ao "Topa tudo por dinheiro" para que na escola, no dia seguinte, eu pudesse participar das rodas de conversa. E somam-se ao "Topa tudo" outros programas como "Porta da Esperança", "TV Animal", "Viva a noite", "Domingo Legal", "Show de Calouros" e "Play Game" (jogo que colocava os participantes dentro da tela de um jogo de vídeo game, mais interativo impossível - e isso em 1993!).


Se eu fosse falar de tudo sobre o SBT, discorreria por páginas e páginas a fio (olha eu aqui abrindo mão de citar os gameshows como "Show do Milhão" e afins). Conforme começo a me lembrar de um programa, rapidamente sou remetido a outro. Por exemplo, acabei de me lembrar de uma das novelas que mais me emocionaram, "Carrossel", novela mexicana da Televisa exibida aqui entre 1991 e 1992. A novela tinha a proeza de incomodar o "Jornal Nacional", além de cativar a família inteira com as histórias de Cirilo e companhia. Quando se fala em novelas do SBT, muitos são remetidos às suas clássicas novelas mexicanas ("Rosa Selvagem", "Usurpadora", etc), mas quem acompanha o canal com atenção sabe que por ali já houveram novelas de qualidade, como "Éramos Seis" e "As pupilas do senhor reitor", só para citar as duas que mais gosto.


Pouca gente sabe que o SBT inovou o jornalismo nacional com o policialesco "Aqui Agora". A estética, o envolvimento do repórter com a notícia, o ritmo da informação, nada disso foi o mesmo depois que Gil Gomes, Celso Russomano e companhia invadiram nossos televisores com aquela câmera tremida.


Pra fechar, fico com as mais saudosas de minhas memórias. As manhãs e tardes que passava em frente à TV quando criança. Foi ali que aprendi a ser apaixonado por este meio de comunicação e, nisso, o SBT tem grande "culpa". Bozo, Angélica, Mara Maravilha, Sérgio Mallandro, Vovó Mafalda e Papai Papudo, muito obrigado por me viciarem neste veículo no qual hoje trabalho!


Quando, no começo deste texto, eu disse que o maior tesouro do SBT é a memória afetiva de seu público, era a tudo isso que eu me referia. A ex-TVS está presente na memória de muita gente - cada um teria um programa ou uma história diferente para contar, uma memória querida, um momento de cumplicidade com a telinha. Quando o SBT se refere a si mesmo como a TV mais feliz do Brasil, pode ser que não estejam brincando, ou apenas fazendo marketing. É comum ler por aí seus empregados (boa parte funcionários antigos da casa) se referindo com amor à emissora e ao patrão, o icônico Senor Abravanel, vulgo Seu Sílvio. Talvez esteja neste carinho a força para que o SBT se reencontre consigo mesmo, que ache o caminho da retomada. Não seria ruim que eles pudessem disputar de novo a segunda posição no audiência nacional. Ganha o mercado com a concorrência. E ganhamos nós, público, com programas que nos emocionam e que ficam guardados por outros 30 anos em nossa memória! Parabéns, SBT, a TV mais feliz do Brasil! Feliz aniversário para as nossas boas lembranças!






Celso Garcia
Formado em Comunicação Social - Rádio e TV pela UNESP/Bauru. É assistente de direção, escritor e roteirista de televisão.
Mora no Rio de Janeiro.

3 comentários:

  1. SBT!
    Uma emissora que tantas vezes ameaçou a GLobo, o que falta para voltar a vice liderança?
    Hoje vivem de saudosismos e reprises. Uma pena!
    Eu curti muitos programas lá! Vi muita coisa, mas hoje no auge de seus 30 anos. O que resta? A lembrança!
    Ótimo texto Celso!

    ResponderExcluir
  2. Todos que somos dessa faixa de idade vamos nos repetir que a nossa infância, boa parte dela, foi na frente da telinha vendo com fervor a programação infantil do SBT... torçamos para que eles se "reencontrem" e voltem a brilhar!

    Muito grato pelo seu texto, Celso!

    ResponderExcluir
  3. Qualquer Emissora que empregasse a Elke Maravilha, o Bozo e a Vovó Mafalda já teria meu respeito. Se essa emissora fizer uma novela como Éramos Seis, terá também minha admiração. E se ainda por cima colocar na minha lembrança Catarina Creel, a vilã do tapa-olho aí mora no meu coração mesmo.

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...