quinta-feira, 10 de novembro de 2011

GOLPE BAIXO - Novela de David Vallério e Lucas Nobre (3º Capítulo)



CAPÍTULO 3

Cena 01 -  Palacete dos Lima de Menezes – Sala – Int – Dia

Continuação imediata da cena final do capítulo anterior. Maitê surta enquanto Bruna e Senhor conversam. Zezé tenta acalmar Maitê.

MAITÊ – (surtando) Aquele guasca bagual malditooo! Aquele desgraciado!
BRUNA – (para Pompeo) Mas como isso é possível, tchê? Eu sou herdeira direta do meu pai, Tarcísio Lima de Menezes. Metade  disso aqui tudo é meu. O palacete, móveis, objetos, terras, casas, tudo... isso é um absurdo! Para vender esse palacete, eu tenho que concordar e eu não autorizei nada.
MAITÊ  - (prossegue surto) Pilantra, safado, cretino, sem vergonha!
POMPEO– (para Bruna) Eu sinto muito. Achei até que a senhorita tinha tomado essa atitude porque quis.
MAITÊ – Ordinário, cusco guaipéca sarneeento, demônio... (grita) desgraçado! Filho da.../
ZEZÉ – (para Maitê) Te aquieta um pouco!

Maitê respira um pouco e começa a prestar atenção na conversa.

BRUNA – (para Pompeo) Atitude?
POMPEO– Sim, (entrega documentos para Bruna) estes documentos.
BRUNA – ( apavorada) Sim, é minha assinatura.
POMPEO– Reconhecida em cartório.  
BRUNA – (para Zezé) Eu lembro, eu lembro desse papel em meio a toda aquela pilha toda que o meu irmão me deu para assinar.
POMPEI - E tu não leste?
BRUNA - (nervosa) Eu nem quis ler, as letras já embaralhavam na minha caixola. Mas não podia imaginar que era um documento meu dando de plenos poderes para o meu irmão Fransisco!
MAITÊ – Que porcaria é essa de plenos poderes?
POMPEO – (para Maitê) A Dona Bruna assinou um documento autorizando o Seu Francisco a representar ela em qualquer coisa, a tomar decisões, assinar documentos...
MAITÊ – Não entendi.
BRUNA – Não entendeu porque se silicone fosse cérebro, você superaria Einstein, cunhadinha.
MAITÊ – Áinho que?
BRUNA – Mas que bah! (impaciente) Esse senhor está querendo dizer que Francisco vendeu a casa e eu dei autorização para ele negociar todos os nossos bens sem precisar me consultar depois. Ele pode decidir legalmente tudo da minha vida por mim.
MAITÊ – Não é tu que se julga inteligente? (gargalhada) Problema é teu! (debochada) Quem mandou assinar documento sem ler.
BRUNA  - Problema nosso! Olha só o que tenho aqui, um documento igualzinho ao meu só que no teu nome, (joga o papel na cara de Maitê) cunhadinha!   
MAITÊ – (lê documento) Como isso é possível? Fui enganada duplamente pelo meu marido em um único dia, é isso?
BRUNA – Você dizia para toda a São Barreto que só confiava no (imita Maitê) Momozão.
MAITÊ – Bem que mamãe dizia pra confiar só nas nossas joias (acaricia colar de pérolas e brincos de ouro)

Bruna chora de raiva em pé, ao lado de um vaso Baccarat

BRUNA- (chora) Passei a vida inteira sendo uma filha mui buena pro meu pai já desde que mamãe morreu naquela pechada de carro horrorosa, uma boa irmã para Francisco... pra no final das contas perceber que nada daqui é meu? (pega o vaso) Sequer esse Baccarat?

Pompeo faz sinal negativo com a cabeça.

BRUNA - (lacrimeja) Não, né? (olha para o vaso) Já que esse Baccarat não é mais meu...

Bruna se transforma e atira o vaso em direção a Pompeo. Pompeo desvia e o vaso acaba quebrando um belíssimo espelho de cristal. Maitê aprova atitude de Bruna e se junta a ela.

ZEZÉ – Meus caderno de catequese, dona Bruna endoidô de vez!
POMPEO– Tu tá ficando louca?!

Maitê derruba a cristaleira cheia de bibelôs antiquíssimos que caem no chão.

MAITÊ – Nunca gostei dessa cafonada mesmo.

Pompeo tenta segurar Bruna. Transformação de Bruna: ela quebra uma garrafa de champagne e ameaça Pompeo com parte da garrafa quebrada. Ela está irreconhecível.

BRUNA – Te afasta, fica bem longe de mim! Eu não saio desse palacete nem amarrada!
POMPEO - Ah, mas vai ter que sair sim!
BRUNA - Mas bem capaz, me nego! Eu  não durmo em outro lugar que não seja a minha cama!
POMPEO– (ameaça) Tu vai dormir no xilindró porque vou chamar os brigadianos e tu vai sair daqui presa! (sai da sala)
BRUNA – (aos berros) Chama, pode chamar a Brigada que eu vou dar queixa ao delegado contra aquele ladrão do meu irmão e ter tudo isso de volta! (quebra taças)

Bruna e Maitê quebram tudo o que podem.

Corta para

Cena 02 – Palacete dos Lima de Menezes – Fachada – Ext. – Dia

Uma pequena multidão está em frente ao palacete. Guardas escurraçam Bruna e Maitê do Palacete com dificuldade.

BRUNA – Eu sei caminhar sozinha, seu brutamontes!
MAITÊ – Me larga seus porco! Meu cabelo, minha roupa... que nojo!

Bruna e Maitê são jogadas na rua em frente ao palacete. Pompeo sai do palacete.

POMPEO– Já que não sabem ler direito, ao menos escutem bem o que vou dizer: nunca mais botem esses pés imundos.../
MAITÊ – Imundo é o teu.../
POMPEO- Cala boca! Agradeçam que não pretendo dar queixa pra Brigada Militar. Eu posso comprar o que vocês acabaram de quebrar no palacete que agora é meu. E vocês?
BRUNA – Mais do que dinheiro, temos amigos, muitos amigos! A amigos que podem e querem nos ajudar desde que papai morreu!
SENHOR – É mesmo? Onde?
MAITÊ – Esses que estão aqui ao redor, nos apoiando! (para todos) Não é mesmo?

Todos os que estão em volta viram a cara e vão embora. Maitê e Bruna ficam chocadas. Permanecem apenas Maitê, Bruna, Pompeo e Zezé.

POMPEO – Dona Zezé, é esse o teu nome? (t) Venha comigo pegar algumas coisas dessas duas aí para não dizerem que sou um homem ruim.

Pompeo e Zezé fazem menção de entrar no Palacete.

BRUNA – (grita) Zezé!

Zezé para e escuta. Atrás de Bruna vemos Jaime (62).

BRUNA – Não esquece de pegar nos nossos documentos os cartões do banco!

Zezé consente e entra no Palacete. Bruna se vira e enxerga Jaime. Bruna baixa a cabeça de tão envergonhada. Bruna olha para Maitê e tem um pressentimento.

BRUNA – (para si) Seu Jaime! (corre em direção a Jaime) Seu Jaime, que bueno me encontrar o senhor! (cumprimenta) Tu continua na gerência do banco?
JAIME – O que muda nessa São Barreto, minha filha? Nem o gerente do banco!
BRUNA – Me tira uma dúvida: para tirar altas quantias da conta, tem que comunicar o senhor com antecedência, né?
JAIME – Sim.
BRUNA – Pois eu tô precisando urgente tirar da minha conta antes que aconteça o pior. O senhor sabe que tenho muito dinheiro no banco.
JAIME – Tinha né... deu praticamente um carregamento de dinheiro. Era dinheiro teu e da Dona Maitê. Fiquei com medo até de assalto, te juro.  
MAITÊ – (interrompe) Hey, hey, hey, escuta aqui, do que é que o senhor tá falando aí?
BRUNA – Seu Jaime, pelo amor de Deus, já tiraram dinheiro das nossas contas?
JAIME – Tudinho!
MAITÊ – E quem foi que tirou?
BRUNA – (para Maitê) Como assim “quem”, sua lerda? Raciocina uma vez na vida!
JAIME – O Seu Francisco chegou no banco, mostrou umas procurações das senhoras e foi embora com aquela dinheirama toda. E não foram poucos pila não! Por quê? Algum problema, gurias?

FIM DO CAPÍTULO 3
"Algum problema, gurias?"
TODOS! 
Continue acompanhando!!!
GOLPE BAIXO é uma obra aberta e os autores (David Vallério e Lucas Nobre) vão analisar as
sugestões de melhorias e críticas, mas APENAS aquelas feitas no espaço
destinado aos comentários do "Posso Contar Contigo?"

6 comentários:

  1. E agora? rs
    Golpe baixo mesmo!!!

    Abraço
    Fábio

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  2. Estão precisando de tradução para os termos gaúchos que procuramos deixar claros? Não adianta usar Google Translator que a opção "gauchês" é inexistente! ;) O capítulo de hoje foi curto porque o de amanhã será de rolar de rir e o de depois de amanhã, tenso! :)

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  3. Isso é o que dá confiar demais nas pessoas mesmo achando que conhecemos por toda uma vida.
    O dinheiro muda tanto as pessoas como o caráter delas.
    E a vida segue... sobrevivemos as decepções!!!

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  4. nossa, que víboro...mas tem alguma coisa aí...é muito óbvio essa menina ser amante do francisco...adoro o chorando ao lado do baccarat...ri muito....

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