terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Crítica dos filmes 'J.Edgar' e ‘Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres’.


Por Raphael Camacho

Em uma época onde a Informação é poder, Clint Eastwood constrói os caminhos para nos mostrar a vida e a mais importante realização do criador do FBI, J.Edgar Hoover. Aos poucos vamos andando pelos grandes fatos da história americana. Impulsivo e muitas vezes difícil de lidar, J.Edgar é interpretado por Leonardo DiCaprio. A obsessão pelo trabalho e as idéias criadas para o mesmo, além de outras características, mereciam ser adaptados para a telona. Mas será que valeu a pena?

Na trama, que conta com o roteiro de Dustin Lance Black (‘Milk’), mostra a longa trajetória do criador do Federal Bureau Investigation (FBI), J.Edgar Hoover, e os 48 anos de serviços prestados à órgãos federais americanos. Com o auxílio de lembranças, já que somos apresentados no início à um J.Edgar idoso e escrevendo sua biografia, percebemos o quão conturbada foi a vida desse homem. Quando o Sr. Tolson entra na história a trama ganha contornos emotivos e inesperados. Adepto de vitaminas após certa idade, encara difíceis perdas, e nesse ponto é onde o personagem mais cresce.

O foco do novo trabalho de Clint Eastwood era a vida pessoal desse complicado personagem. O grande ponto a se analisar, a partir dessa premissa é: Se o foco era esse, porque a trama parece ser tão superficial quando olhamos para a vida íntima dele?

É uma atuação muito segura e convincente de DiCaprio. O ‘veterano jovem ator’, pega com maestria os trejeitos e o modo de falar desse conturbado personagem da história americana. A personificação de sua mãe, vestido com as roupas daquela que foi sempre sua leal companheira é um momento marcante na história do personagem. Com repetidas frases de ódio ao acontecido, pronuncia sem parar “Eu mato tudo que amo”... Ali vemos que o artista cresce e se torna o grande ponto alto da interpretação do ator americano que já foi namorado da Top Model Gisele Bundchen.

O restante do elenco também esbanja competência nessa trama de altos e baixos.

Naomi Watts aparece bastante com sua Helen Gandy, tinha tudo para ser a mulher da vida do personagem título (se essa fosse a preferência dele), é leal e tem papel interessante no desfecho da trama. Judi Dench é a mãe de J.Edgar, Anna Marie Hoover, uma mulher recheada de princípios ligados à moral e os bons costumes, atrapalha bastante a mente conturbada de seu filho, é uma barreira para assumir sua homossexualidade. Armie Hammer divide com DiCaprio a maioria das cenas importantes dando vida ao Sr. Tolson e tem uma atuação bastante interessante (às vezes ofuscando o próprio protagonista), merecia ter sido lembrado nas premiações desse ano.

Mesmo com algumas observações, vale à pena conferir a trajetória marcante do homem que tinha o sonho de ter a eterna admiração do seu país. Dia 27 de janeiro na sala de cinema mais próxima de sua casa!

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Com direito a muita Coca-Cola e Mc Lanche Feliz, David Fincher retorna ao comando de um longa metragem de forma magistral (seu último trabalho tinha sido ‘A Rede Social’), conseguindo reunir elementos que conseguem agregar sem mudar o foco da intrigante, envolvente e muito objetiva história de Stieg Larsson. Fincher consegue o improvável, criar um remake tão bom quanto à fita original sueca.

Na história, uma jovem desapareceu em uma ilha da Suécia, há mais de 30 anos atrás sem deixar rastros. Seu tio ainda pensa nela todos os dias e resolve reabrir a investigação e chama o jornalista investigativo Mikael Blomkvist para ser o encarregado por essa nova busca. Mikael está passando por um momento ruim, sendo processado por difamação e calúnia e como não tem muito mais a perder resolve aceitar o caso com o acordo de que iria conseguir provas para provar a verdade sobre o caso que está sendo processado. Como sozinho Mikael não consegue andar muitas casas, resolve procurar uma assistente para ajudá-lo a desvendar esse mistério. Aí que entra na história Lisbeth Salander, uma garota muito inteligente que sofre com um passado de tristezas e um presente de abusos por conta de ter a sua custódia vinculada ao Estado.  Juntos vão descobrindo aos poucos que a família da desaparecida é o centro de tudo.

A trama é grande e cheia de detalhes (O filme fica muito mais fácil de se entender, caso já tenha visto a versão original ou tenha lido o livro.), na primeira parte as histórias de Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander correm em paralelo mostrando a vida de cada um desses personagens e como esses dois destinos se juntam. Tudo é muito bem feito, sequencialmente em seu tempo. Méritos para o ótimo roteirista Steven Zaillian (que fez o roteiro do aclamado ‘A Lista de Schindler’). Nos momentos tensos a trama cresce, o desconforto que propõem algumas cenas dão espaço para o brilhantismo do diretor e seu elenco.

Todos os atores estão bem e elevam a qualidade da fita.

Lisbeth Salander é um dos personagens literários (que foram adaptados para às telonas) mais marcantes e interessantes de todos os tempos. Para essa difícil missão, que fora cumprido com maestria pela atriz sueca Noomi Rapace na primeira versão, David Fincher chamou a jovem de 26 anos, Rooney Mara. A escolha não poderia ter sido mais certeira. Desde os primeiros takes percebemos que Mara consegue pegar a essência de sua personagem além de deixar a sua marca em cada cena que participa. A jovem atriz americana foi indicada ao Globo de Ouro esse ano por esse trabalho e, senão fosse a grande concorrência desse ano, poderia facilmente figurar entre as cinco indicadas ao Oscar.

Christopher Plummer sempre muito bem, no desfecho da trama comove e emociona com os sentimentos verdadeiros de seu personagem (deve vencer o Oscar nesse ano pelo maravilhoso trabalho no filme ‘Toda Forma de Amor’).

Daniel Craig, o atual James Bond, não inventa muito na pele do personagem principal Mikael Blomkvist. Faz aquele famoso ‘feijão com arroz’ e não compromete em nenhum momento. Tinha que mostrar ao público um pouco de paixão pela arte após a péssima atuação como Will Atenton, no tenebroso ‘A Casa dos Sonhos’ de Jim Sheridan.

Com uma abertura sensacional e uma trama que se conecta com o público ao longo dos 158 minutos de duração, ‘Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres’, é um prato cheio para os amantes da sétima arte! Dia 27 de janeiro, corra para o cinema e descubra o final dessa história!

3 comentários:

  1. bom, nao vi os fimes ainda, mas a Rooney Mara foi indicada para coadjuvante...tenho o sueco pra ver!!! o do Hoover não me acende muito, mas fico espantado com qto o cinema americano retrata a todo tempo sua história. Isso é realmente louvável!!!

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  2. Nessa largada para o Oscar 2012, nada melhor que saber um pouco mais dos filmes concorrentes nessa seção do Posso Contar (especialmente eu, rs, que em razão de tanta reprise de novela boa, tenho negligenciado o cinema, devo admitir).

    Ótimas impressões, Raphael. E que venham mais críticas cinematográficas.

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  3. De fato, ótimas impressões, Raphael... que venham as próximas críticas, távamos mesmo precisando.

    Fiquei com gostinho de quero assistir ao "J.Edgar".

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