sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O MELHOR DE DEBORAH SECCO

Denis Pessoa

Deborah Fialho Secco é uma atriz ainda jovem, porém, com uma carreira sólida atrás de si, onde demonstrou um desempenho extraordinário. Sua evolução como atriz deu-se de forma discreta ao longo de muitos trabalhos. Vítima de alguns preconceitos e rótulos, tem sua sensualidade utilizada para ocultar sua suposta falta de talento por alguns críticos. Porém, sua atuação em determinados trabalhos em TV e no cinema mostram que seu aprimoramento é continuo e constante, e que está apenas em curso. Com vivência no teatro, televisão e cinema, é uma atriz que merece ser prestigiada pelo público, e que certamente, ainda tem muito a oferecer.

A atriz já possuía experiência em teatro e já havia interpretado na TV na novela Mico Preto, quando, em 1994 deu vida à Carol, no seriado Confissões de Adolescente, e fez com que milhares jovens se identificassem com as experiências e questionamentos pertinentes à idade. Com esse papel, Deborah passou a ser conhecida do grande público, o que logo proporcionou a ela novo contrato com a Rede Globo, onde retornou às telas na novela A Próxima Vítima.

Em 1999 chegou o momento de interpretar a primeira de suas muitas “periguetes” da TV, primeiro passo de sua condenação ào rótulo: a maria-chuteira Marina aproximava-se de Renildo (Rodrigo Faro) apenas por interesse em sua ascendente carreira de jogador de futebol.

Em 2000 veio um papel de alta complexidade, que exigiria maturidade da atriz: personagem de grande carga dramática, Deborah viveu Íris, da novela Laços de Família. De comportamento dúbio em diversos sentidos, Íris ora era criança, ora mulher, ora infantil, ora madura, ora doce, ora cruel. Vilã da novela, protagonizou cenas mais polêmicas e emocionantes da novela, como as discussões com Silvia (Eliete Cigarini), as brigas com Pedro (José Mayer) e Cintia (Helena Ranaldi), as trocas de ofensas com Clara (Regiane Alves), o assalto seguido de morte de sua mãe Ingrid (Lília Cabral), as brigas inesquecíveis com Camila (Carolina Dieckmann), a surra que levou de sua irmã Helena (Vera Fisher), e por fim, sua comovente redenção. A personagem possuía inúmeras nuances, era extremamente humana, e Deborah soube mostrar a todos seu talento para drama e até mesmo comédia.

Em 2001, após sua participação no seriado A Invenção do Brasil, veio a vez de Deborah interpretar sua primeira protagonista na novela A Padroeira: Cecília, uma doce menina, que apaixona-se por Valentim (Luigi Barichelli), que salva sua vida logo no início da trama. Em determinado momento, Cecília é forçada a casar-se com o vilão da trama, Dom Fernão, interpretado por Mauricio Mattar. Para a surpresa do público, ela sente-se atraída pelo marido, e depois de certa resistência, passa a tentar fazer com que seu casamento com ele dê certo, porém, logo desiste, e passa a lutar novamente para ficar ao lado de Valentim, seu verdadeiro amor.

A Padroeira sofreu diversos problemas provenientes da morte de Walter Avancini, idealizador da obra ao lado de Walcyr Carrasco, o autor. Diversos personagens foram excluídos, adicionados e reformulados. Cecília foi uma das personagens que passou por algumas alterações, passando de menina dócil à mulher decidida. Passado o período de turbulência, a novela finalmente agradou o público, mesmo tão prejudicada em suas mudanças de rumo.

Em 2002 Deborah pôde mostrar ao público sua veia cômica, no papel de Lara, na novela O Beijo do Vampiro, para em seguida, viver um de seus papeis mais consagrados: em 2003, viveu outra personagem marcante: a aspirante a celebridade, Darlene. A personagem foi um sucesso, e mesmo suas atitudes mais desleais e até mesmo criminosas eram contadas em tom de comédia, o que não diminuia a gravidade de seus atos. Darlene era capaz de fazer qualquer coisa pela fama, e Deborah mostrou que já não era apenas uma jovem atriz, e sim uma artista que se aprimorava em cada papel.

Não demorou a vir sua segunda protagonista. Em América, novela de Glória Perez, viveu Sol, moça que sonhava em ir para os Estados Unidos para ter e proporcionar uma vida melhor às pessoas a quem amava.

No ano seguinte, viveu outra personagem em uma novela de Carlos Lombardi. a primeira fora em Vira-Lata. Agora era a vez de viver Elizabeth, uma dos cinco protagonistas da novela, todos amigos de infância que, depois de seguirem rumos diferentes, foram reunidos por diversos acasos. Decidida a tornar-se freira, Elizabeth passa rapidamente de moça inocente e facilmente manipulada, para uma cruel vingadora, que busca devolver a todos o mal que recebeu, sendo que, em determinado momento, passa a descontar sua ira em pessoas que jamais lhe fizeram mal: seus amigos. Como é comum em novelas de Carlos Lombardi, onde o protagonista jamais perde seu espaço para o vilão, Elizabeth não dispunha de muito destaque na trama, embora suas maldades fossem efetivas, e seu desejo de vingança, perturbador. Chega ao cúmulo de assassinar a própria mãe, vivida pela atriz Betty Faria. Pelos últimos capítulos da novela, começou a se redimir, e sua personagem ganhou trejeitos cômicos, e mesmo tendo cometido tamanhas atrocidades ganhou um final relativamente feliz, ao lado dos amigos.

Em Paraíso Tropical fez uma rápida porém marcante participação como uma garota de programa, para viver em seguida uma das personagens mais importantes da novela A Favorita, onde interpretou mais uma mulher amargurada: Maria do Céu, que por ressentir-se do pai por sua condição de boia fria, e começava agir de má-fé para conseguir subir na vida. Sua personagem era intensa e sofrida, até que sofreu uma virada: passados vários capítulos, mais uma vez Deborah segurou com competência a transformação de uma personagem: de uma personagem de alta dramaticidade, entrou para o núcleo cômico ao casar-se com Orlandinho (Iran Malfitano), rapaz supostamente gay que precisava manter as aparências perante à família e à alta sociedade.

Poucos depois de sua participação na novela, o público recebeu a notícia: interpretaria, no cinema, a garota de programa Bruna Surfistinha, o que aguçou os comentários de que Deborah era atriz de um papel só. Porém, o que se viu foi exatamente o oposto: em uma interpretação extremamente competente e segura, digna do cinema, Deborah fez de sua Bruna Surfistinha uma mulher inesquecível. Em nada lembrou as personagens espivetadas e ligeiramente vulgares que interpretara na TV: era sim uma prostituta convincente e realista, e mais uma prova de sua imensa capacidade de se reinventar.

Em 2011 fez uma participação no bem sucedido seriado As Cariocas, no episódio A Suicida da Lapa. O destaque do ano ficou, no entanto, para a personagem Natalie L'amour, que entra para o hall de suas personagens que almejam uma vida confortável sem necessidade de fazer esforço. Celebridade decadente, Natalie pode ser vista como uma continuação da personagem Darlene, embora sua interpretação tenha permitido que conhecessemos uma nova personagem. Conquistou o público com sua relação com sua mãe Haidê (Rosi Campos), seu irmão Douglas (Ricardo Tozzi) e seu amigo confidente Rony, vivido pelo ator Leonardo Miggiorin.

Deborah Secco possui feições expressivas, e sabe demonstrar doçura, ódio ou amargura com grande capacidade de gerar empatia. Independente de rótulos que possa receber, é uma atriz que já demonstrou ser capaz de interpretar bem qualquer papel, e que, por mais que pareçam mais do mesmo, pode perfeitamente inserir novos elementos à estes personagens, e tornar novo o que já é conhecido.

Que venham mais bons papeis para essa jovem e talentosa atriz!




5 comentários:

  1. Pra mim ela sempre vai ser a Íris de "Laços de família". Marcou demais pra mim.
    Lucas - www.cascudeando.zip.net
    @cascudeando

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  2. Denis, querido... parabéns pela postagem,você escreve com tesão e esse texto lhe rendeu elogios de ninguém menos que a Dona Silvia Secco, mãe da Déborah.

    Um loshoooooooooo!rs

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  3. É exatamente isso que penso sobre Deborah! Uma atriz talentosa e carismática, a quem a Globo adora confiar papéis sensuais. Como ótima atriz, ela sempre acrescenta elementos que diferenciam suas personagens, mesmo que elas sejam parecidas. Parabéns, Denis, seu texto é belo e preciso! Filipe/ Minas Gerais

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  4. Pessoal, agradeço os comentários! Realmente, foi uma surpresa, e fiquei muito feliz de ver o comentário dela sobre o post! Ela citou um trabalho que eu deixei de mencionar, o Decamerão, e sentiu falta sobre algum comentário maior sobre A Invenção do Brasil, onde ela interpretou a Moema!

    Filipe, fico feliz que você gostou do texto! Continue acompanhando o blog! ^^

    Abraços!

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  5. Sou fã da Deborah desde que ela fez Confissões de Adolescente, ela já era ótima! Sem dúvidas personagens mais espivitados, mau caráter, sensuais são melhores interpretados, caem como luva, piriguetes, vagabundas, prostitutas, ela é ótima fazendo esse tipo de personagem, isso não é ruim, de maneira alguma, é bom que o ator ou a atriz tenha um jeito especial para algum tipo específico de personagem, mesmo assim ela já demonstrou que é uma talentosíssima atriz interpretando também mocinhas sofridas e personagens mais cômicos ou densos. Guardo com carinho a Íris de Laços de Família, acho que o primeiro trabalho onde ela pode mostrar todo o potencial de atriz que ela tinha e que vinha adquirindo com seus personagens antes deste. Ela arrasou de verdade, depois todas as suas atuações foram ótimas, mas destaco com grande admiração seu trabalho como Bruna Surfistinha, ficou impecável! Parabéns Deborah :-)

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