domingo, 26 de agosto de 2012

"Lado a Lado" vem aí... Sucesso à vista?!



Por Isaac Santos

Fim de ano repleto de boas expectativas relacionadas à teledramaturgia. A Globo lançará Lado a Lado, dentre outras, a Record, Balacobaco [não curti o título, mas depois de Morde e Assopra... falarei sobre a da Record num próximo post]. Ambas, em substituição a algumas produções infelizes.

O horário das seis da TV Globo já foi considerado a vitrine das novelas de época. Hoje essas tramas já não são apresentadas ao público em constância, mas vez que outra, quando a emissora decide por apostar nelas, o público corresponde positivamente. Óbvio, que desconsiderando uma ou outra flopada.

Não me perguntem nada sobre a atual produção das seis, pois não comprei a idéia de Amor Eterno Amor [se isso não bastasse, corro pras colinas só de imaginar as perucas protagonistas da Elizabeth Jhim], o que contribui para a minha torcida por uma Lado a Lado que me prenda do início ao fim. Ah! Falo assim como se os autores estivessem escrevendo uma carta pra mim. Ora, ora, Isaac, menos, né?! Mas, pensando bem, há novelas que de tão bem desenvolvidas, estabelecem uma relação com o público, que mais parecem um diálogo entre personagens e telespectador. A gente vê um capítulo e fica paralisado, imaginando: “porra, mas parece que esse personagem é real... olha isso, isso acontece mesmo... e essa fala, e esse posicionamento, e essa intenção... essa novela é booooooooouuuua”.

Continuando a louvável fase de revelação de excelentes autores, a maioria com uma carreira construída por colaboração em obras de novelistas já consagrados, a Globo tem se dado muito bem, e é justo que se diga, a emissora está de parabéns por abrir esse espaço, mas não faz nenhum favor aos profissionais em questão, pois são estes o futuro da teledramaturgia brasileira.

João Ximenes Braga, Denis Carvalho, Gilberto Braga e Cláudia Lage
Walter Carvalho
Jayme Arôxa
Beth Filipeck
Cláudia Lage e João Ximenes Braga são os responsáveis por Lado a Lado. Ele integrou a equipe de Gilberto Braga em Insensato Coração e Paraíso Tropical. Ela colaborou com Manoel Carlos em Viver a Vida. E essa dupla está muitíssimo bem amparada. A fotografia da novela, sob os cuidados do respeitado diretor Walter Carvalho, que na telinha desempenhou a mesma função em O Rei do Gado e em Renascer, no Cinema, dentre outros, no Filme Central do Brasil.
Vinícius Coimbra
Vinícius Coimbra, o diretor geral, tem sido tão cuidadoso com todos os detalhes, que convidou também um bom profissional de dança para recriar um clima que nos remeta à época do surgimento do samba. Ninguém menos que o Jayme Arôxa, presença certa no júri das edições do “Dança dos Famosos” e muito gabaritado no meio artístico. E, Beth Filipeck como figurinista, pra levar as mulheres à loucura, diante do que verão na telinha. Tudo com a devida benção do Dennis Carvalho, diretor de núcleo, e do Gilberto Braga, supervisor da trama.

E o elenco? Dispensa apresentação detalhada, vide a maioria dos nomes de peso: Patrícia Pillar, Isabela Garcia, Milton Gonçalves, Débora Duarte, Lázaro Ramos, Camila Pitanga, Marjorie Estiano, Cássio Gabus Mendes, Beatriz Segall, Bia Seidl, Caio Blat, Maria Padilha, Paulo Betti, Tuca Andrada, Guilherme Piva, Maria Clara Gueiros, André Arteche, Werner Schünemann, Thiago Fragoso, Rafael Cardoso, Daniel Dalcin, Klebber Toledo, entre outros.


Um pouco mais de Lado a Lado: Rio de Janeiro, 1903. A cidade vive mergulhada no sonho de ser uma Paris nos trópicos, como capital da jovem república que o Brasil era. A Lei do Ventre Livre estava em vigor há apenas 32 anos, e a Abolição da Escravatura completava 15 anos. A primeira geração de negros livres do país e os ex-escravos egressos do campo criam espaços de convivência nos grandes centros urbanos. Celebram as raízes africanas, criando uma cultura própria. De cada um desses mundos vêm as duas heroínas de Lado a Lado: Laura (Marjorie Estiano) e Isabel (Camila Pitanga), prontas para construir uma ponte entre esses universos, feita de confiança, respeito e amizade.
Caprichoso, o destino faz com que as duas se conheçam no dia dos seus casamentos, em plena igreja, vestidas de véu e grinalda. Laura está noiva de Edgar (Thiago Fragoso), filho do poderoso senador Bonifácio (Cássio Gabus Mendes). Essa união é a última esperança de sua mãe, a ex-baronesa Constância, reconquistar o status social perdido com o fim da monarquia. Mas Laura não tem mais certeza do amor por Edgar... Ela sonha em trabalhar como professora e escrever – o que era praticamente proibido para as mulheres de elite como ela.

Já Isabel está realizando um sonho: casar com Zé Maria (Lázaro Ramos), o seu grande amor. Nascida livre, Isabel trabalha desde os 14 anos, na casa da Mme. Besançon (Beatriz Segall), com quem aprendeu a falar francês. Elegante e musical, ela encanta quem a vê dançando nos cordões de carnaval. Mesmo morando em um cortiço e ganhando pouco, ela e Zé sonham em vencer na vida, em serem respeitados em uma sociedade muito preconceituosa.
Mesmo com origens tão contrastantes, Laura e Isabel vêem nascer uma grande amizade nesse momento tão especial. Suas histórias de vida após esse dia serão muito diferentes do que elas estão imaginando – mas estarão sempre ligadas. Muitos desafios vão testar a coragem e a força dessas mulheres à frente do seu tempo.


Adoro novelas que retratam a nossa história, sem didatismo, sem perder as características do bom e velho folhetim. Dúvidas que será uma novela bem sucedida? Nenhuma! Só espero que a audiência corresponda... e que eu possa chegar do trabalho em tempo hábil de assistir aos capítulos no exato momento de exibição. Quero ser um dos #TeamLadoALado, como se denomina os fãs no twitter (risos). Sorte aos envolvidos no projeto!
Fotos: Globo.com
Vídeo: You Tube

domingo, 19 de agosto de 2012

Irving São Paulo - Orgulho de Feira de Santana!

Por Isaac Santos

19 de agosto, dia do ator... pensei então em prestar homenagem ao carinha que nos deixava a todos os feirenses, seus conterrâneos, de sorriso largo no rosto, por vê-lo na telinha, atuando brilhantemente desde os papéis "importantes" aos de pouco ou de nenhum destaque nas tramas, o que valia era percebê-lo fazendo aquilo que gostava e dominava. Pois não é que ele ousou nos deixar reféns da saudade em 2006? Infelizmente, o ator foi vitimado por um quadro avançado de inflamação do pâncreas, não resistiu e morreu de falência múltipla dos órgãos. Mas a sua carreira artística tem registros válidos de serem lembrados, e é o que pontuarei a seguir.


Irving começou a sua carreira como ator de teatro em Feira de Santana, Bahia, atuou também no cinema, mas foi a partir de sua entrada nas novelas da Rede Globo, ainda nos anos 80, que ele alcançou projeção nacional. 


Confesso que não assisti a todas as novelas em que ele atuou, mas lembro com carinho de algumas delas e tenho curiosidade pelas demais. Vamos conferir?

Rafael (Final Feliz - 1982)
Pedro (A Ilha das Bruxas - 1991)
Zé Luiz (Mulheres de Areia - 1993)
   Zeca (A Viagem - 1994)

Fez também: Champagne, Bebê a Bordo, Vida Nova, O Sexo dos Anjos, Perigosas Peruas... entre outros. 

Reparei que, curiosamente, o Irving talvez tenha sido o ator brasileiro que mais "Zé's" interpretou ao longo da carreira (risos). O seu nome de batismo é José Irving Santana São Paulo. Filho do Cineasta Olney São Paulo (já falecido) e irmão do, também ator, Ilya São Paulo.

Saudades, Irving São Paulo!!!

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Pressa vira Pressão!!!

Sou suspeito em elogiar os textos do amigo Carlos José dos Santos, pois os aprecio bastante. Espero que vocês curtam também, e desde já agradeço ao querido amigo.


O modo como se vive o trânsito é o modo como se leva a vida. Explico. Outro dia levantei-me de manhã, cinco minutos depois do tempo convencional. Fazia muito frio e pensei que cinco minutinhos a mais debaixo do cobertor fariam alguma diferença no chamado tempo adequado de sono. Diferença fez sim, apenas contribuiu com o inadequado modo de sair de casa em direção ao trabalho.
Cinco minutos a mais de cobertor significou correria para me arrumar, pressa para digerir o café da manhã, e pressão para dirigir o automóvel, corrida contra o tempo que começou numa afobação logo ao sair da garagem. Depois disso, já dá pra imaginar a maneira acelerada como me conduzi, tentando apressar também os outros e brigando com meio mundo, ainda que, na ladainha dos meus resmungos.
Naquela manhã, todos os semáforos avermelharam-se. E não foi de vergonha, afinal quem deveria ter sentido isso, era eu.  Não peguei um sinal que não me obrigasse a parar. Era como se eu estivesse recebendo o cartão de um árbitro, reprovando meu comportamento perigoso, e poderia entender, não fosse o pensamento voltado exclusivamente ao tempo, que estava sendo expulso daquele grupo que se encaminhava ordeiramente para o seu dever cotidiano.
Costumo ser muito tranquilo e cauteloso ao conduzir meu carro, mas num dia como aquele, seria possível ser prudente quando se desejava recuperar cinco minutos de atraso da rotina diária? O fato é que, naquelas condições, o relógio de ponto, aquele que registra de forma sisuda a entrada do funcionário à empresa e que ri da sua cara no final do mês, se por algum atraso lhe vem um desconto na hora do pagamento, transforma-se no seu pior inimigo.
Cinco minutos que seja de atraso, é capaz de mudar o temperamento e povoar a mente com a imagem de um famigerado relógio-monstro-de-ponto e o que é pior, fazer os ponteiros dos relógios dos outros parecerem parados frente aos seus, disparados.
Nesse dia, é possível achar que todas as pessoas ficaram lentas, todos os veículos andam muito abaixo da velocidade estabelecida, e a imagem que se tem do trânsito é a de um festival de carroças que saíram para um dia de desfile.
Alguém já viu, em dia de desfile, pessoas e alegorias se preocuparem em ser rápidas? Difícil. Somente aquele que não quer ser admirado. Mas este certamente, estaria do lado de fora da avenida, admirando então.
O atraso de um, é capaz de transformar o trânsito, de comunidade que é, em um mundo de feras, totalmente selvagem, ocasião em que um soar de buzina pode ser interpretado como um rugido, criando a cena de motoristas ofendidos saindo de suas máquinas com as garras e as presas afiadas prontas para o ataque.
Vivemos um tempo de escassez de consciência. Falta consciência na família, falta consciência no colégio, falta consciência no trabalho e a partir dessa constatação, como dizer algo diferente do trânsito?
O problema é que no trânsito, se falta o mínimo de consciência, converte-se o automóvel, que há muito tempo deixou de ser luxo, em arma poderosa, capaz de mutilar corpos e ceifar vidas. 
Um delicioso conforto de cinco minutos a mais ao calor dos cobertores numa manhã de frio rende impaciência, intolerância, o que de nada adianta, pois gera desconforto quando o calor dos ânimos exaltados é que dita as regras de todo o trajeto, do local de partida ao local de chegada.
Quando se vive numa coletividade, em que uma pessoa está ligada a outra direta ou indiretamente, o incômodo causado não é único, mas extensivo a todos quantos fizerem parte desse processo. Isto quer dizer que, no ato de dirigir apressadamente, quase sempre os veículos se colam na traseira dos outros, e essa proximidade, que comumente chamamos pressão, acaba pondo em risco no mínimo duas vidas, uma delas, inclusive, que não teve o privilégio de desfrutar dos mesmos cinco minutos da preguiça da outra.
Eu poderia escrever muito mais sobre o que observo no trânsito diariamente, porém, como já se faz tarde, desejo hoje dormir um pouco mais cedo, para amanhã levantar cinco minutos adiantados e poder sair calmamente, respeitando meus colegas motoristas, motociclistas e meus também semelhantes pedestres e parceiros ciclistas como irmãos e não como inimigos; comportando-me como gente e não como bicho.



Carlos José dos Santos é um talentoso escritor, professor e diretor de teatro.
Confira mais de seus textos aqui.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Os Ídolos e Nós: Uma Relação!


Por Guilherme Fernandes 

A Indústria Cultural produz celebridades – atores, cantores, apresentadores – que nós, público, consumimos e, por vezes, admiramos o trabalho. A relação de admiração não é tão simplista. Por eles estarem em nossa sala sempre, acreditamos que fazem parte de nossa família ou que são nossos amigos.


Ir a um evento, um show ou uma peça teatral nos faz estar cara a cara com a tal celebridade que tanto gostamos e admiramos. Muitos já passaram por essa experiência. Estar cara a cara com nosso (s) ídolo (s).

Nós, público, seres “normais”, temos nossos dias bons e ruins. Acordamos às vezes de bem com a vida e, outras tantas, mal – por tantos motivos diversos. Já os nossos ídolos têm de estar sempre com o melhor dos humores. Tem que nos tratar como um ente próximo e querido. É isso que julgamos achar que merecemos... e num é que merecemos mesmo. Afinal, somos divulgadores e consumidores do trabalho deles, em troca, pedimos apenas um sorriso, uma foto.

O que não podemos esquecer é que eles são “normais” como a gente, têm seus bons e maus dias e, nem sempre, querem aparecer sorrindo em uma fotografia, afinal, como cantam (os simpáticos) Leoni e Leo Jaime “o que vai ficar na fotografia são os laços invisíveis que havia”.
Agora, mudando um pouco o foco, o que importa em uma peça teatral ou em um show é que o tal do nosso ídolo esteja bem e que “agrade” aos pagantes com o melhor de si. Decepção de nossa parte sempre acontece. Por vezes não ficamos satisfeitos ao sair de um show ou de uma peça teatral. Criamos expectativas demais?

Todo fã de uma banda ou cantor (a) gosta de uma música, esquecida em uma faixa de CD, e que nunca será executada. Nesse sentido, me considero privilegiado, já ouvi (e vi) minha canção lado “B” sendo cantada por dois ídolos gentis. Também já me decepcionei com shows, com peças teatrais e também com a falta de simpatia – mas, garanto, o saldo é mais do que positivo.

Esse post não vai apresentar uma conclusão, ele quer ser interativo. Gostaria que cada um narrasse um momento feliz e outro de expectativa frustrada perante um ídolo. Vou começar.

Momento feliz: Já comecei a narrá-lo. Trata-se de dois shows do Leoni, um no Cine Theatro Central e outro no Cultural Bar, ambos em Juiz de Fora, Minas Gerais; e um do George Israel, também no Cultural Bar. Nessas três distintas ocasiões pude escutar a minha música preferida. “Uniformes”, a nona faixa do disco “Educação Sentimental” do Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, lançado em 1985 – um ano antes do meu nascimento.  Não me perguntem o porquê de esta ser minha música favorita. Não sei.


Momento decepcionante: O momento que vou escrever aqui é na verdade um momento híbrido. Não foi decepcionante. Meu gosto musical é amplo, gosto de tudo, rock, pop, sertanejo, funk, gospel e tudo que é música, se estou escutando e gostando. Já comentei nesse site que a Rosanah é uma das minhas cantoras preferidas em uma lista que inclui tantos nomes que vou citar alguns – Elis Regina, Maria Bethania, Paula Toller, Dulce Quental, Aline Barros, Cláudia e Silvia Telles, Maysa e Cia ltda. Enfim, ADORO a Rosanah. Ela foi, em dois distintos momentos, hiper simpática comigo, tirou foto, assinou meu CD e tal... Mas eu esperava muito mais do show dela em sua breve temporada no Teatro Café Pequeno, no Leblon. 

Rosanah tem uma voz incrível, mas abusa tanto que as músicas entonadas são impossíveis de serem ouvidas caso fosse registrado em um CD ou DVD. O show, repleto de releituras faltou músicas gravadas pela artista. Os clássicos (dela e de outros cantores) mesmo após os pedidos de participação do público, não puderam ser atendidos, graças ao ritmo peculiar que Rosanah os conduzia. No maior sucesso de Belchior, com assinatura de Elis Regina e com registro de Rosanah no disco “Ao Vivo” – Como nossos pais” – teve uma apresentação medíocre. A cantora não foi capaz de entoar um único verso de forma linear. Ela simplesmente fez “firulas” e subiu a última potência em quase todas as palavras. Não foi possível descobrir que música ela estava cantando. Sucessos dela, como “Nem um Toque” e “Custe o que Custar” também ganharam uma versão que nós, público, não sabíamos como cantar. Como fã, senti falta de algumas gravações, também me senti decepcionado. Rosanah não precisava fazer do Café Pequeno uma boate ou uma festa de formatura, bastava que ela cantasse suas músicas da forma como ela registrou nos discos. Isso seria perfeito. Um diretor musical urgente para ela.


Agora, compartilhe conosco seus momentos de interação os ídolos.

sábado, 11 de agosto de 2012

Nelson Rodrigues era Pornográfico?



O "Posso Contar Contigo?" sente-se honrado em postar um texto de autoria de um dos leitores mais assíduos/críticos do blog... Antônio Costa é um querido amigo. Postamos agora, já agradecidos pela deferência.  

Chego em casa, ligo na Globo News, e está passando um “Arquivo N” em homenagem aos 100 Anos de Nelson Rodrigues. E, como não poderia deixar de ser, aparece o escritor Ruy Castro, autor do livro: O Anjo Pornográfico.

Curioso, sempre me perguntei de onde tiraram que Nelson Rodrigues era pornográfico?

Quando a TV Globo resolveu adaptar uma de suas obras para o horário das seis “O Homem Proibido” (1982), lembro que nos jornais de Belém/PA, só se liam comentários sobre a censura que a novela poderia sofrer, devido aos textos fortes de Nelson Rodrigues.


Como já trabalhava e estudava. Não consegui acompanhar a novela. Devo ter assistido mais ou menos uns dez capítulos aos sábados e, como não fez minha cabeça, não acompanhei o restante. Nem sei como é que terminou a novela.

Jamais me esquecerei de uma vizinha que não suportava Nelson Rodrigues.

Certa vez, após jogar futebol com seu filho, ao chegarmos à sua casa, a tevê estava ligada e lembro que a TV Globo, estava passando uma reportagem sobre Nelson Rodrigues para promover a novela, e ela, mandou que trocássemos de canal.

“Não paguei caríssimo por um aparelho de tevê, para ficar assistindo reportagens sobre um ser humano pervertido”. – disse ela.


Católica fervorosa, daquelas que confessavam no sábado, comungavam no domingo e só... Como direi... “Transava”, com dias marcados!

E, antes que alguém me pergunte: “Como que você sabia que esta vizinha só transava em “dias marcados””?

Respondo: Foi o próprio marido que numa noite, completamente alcoolizado, ao ser impedido de entrar em casa quase DUAS DA MANHÃ, disse em altos brados, que estava chegando àquela hora porque “Ipsis Litteris”: “MEU PINTO SERVE PRA OUTRAS COISAS, ALÉM DE FAZER XIXI!” É mole?!

Acontece que, o filho dela (que jogava futebol comigo), tinha 17 anos (oriundo do 1º casamento de sua mãe, cujo primeiro marido falecera com 32 anos, após dez anos de casados), e, nada menos que: 1m85 de altura. Tomou as dores da mãe (com razão. Afinal, se um homem não tá satisfeito com a mulher que tem, é melhor separar-se, ao invés de ficar fazendo presepada e, ainda por cima, expondo sua família ao ridículo), e deu um soco tão forte na cara do padrasto, que até quebrou o nariz deste.

Porém, morava na mesma casa, o filho do padrasto (fruto de outro relacionamento), que, é claro, tomou as dores do pai e (mesmo sendo um pouco menor em estatura), engalfinhou-se com o “meio-irmão” na frente da casa.

Em desespero, a mãe, pegou uma faca de cozinha, e ameaçou cortar os pulsos, se os dois não parassem de brigar. Um dos vizinhos (o único que tinha telefone no quarteirão – telefone há 30 anos, era coisa pra “rico”) ligou pra polícia, a história foi parar na delegacia, e etc.

Aliás, já que estou falando de Nelson Rodrigues, acho que essa história, até que poderia fazer parte do universo do próprio.

Quando era adolescente, de tanto me falarem que Nelson Rodrigues era pornográfico, dei um jeito de pegar um de seus livros emprestados em uma biblioteca pública, até para tirar a prova.

Ao ter em mãos o livro “Meu Destino É Pecar” (imaginem o que se passa na cabeça de um adolescente com um livro com esse “título”), uma expressão acompanhada de um olhar maligno, tomou conta de mim. Olhei em volta que nem aqueles personagens de desenhos animados, para ter certeza que ninguém me estava vendo e, corri para o banheiro, achando que ia ler algo do tipo “Cassandra Rios” (nossa escritora mais polêmica), essa sim, pornográfica.


Acabei foi DORMINDO DENTRO DO BANHEIRO, e acordei com alguém de minha família batendo na porta, e dizendo que estava louco para usar o mesmo.

Interessante que, com Jorge Amado, foi a mesma coisa. Fiquei sabendo do livro “Teresa Batista cansada de guerra”, através de uma professora de português, que numa aula sobre literatura, disse que não suportava os livros de Jorge Amado por que: “Ele só sabia escrever histórias de putas, marginais e “batuqueiros” (leia-se frequentador de Cultos Afros, politicamente correto).”.

Ainda disse que ficou horrorizada, pois, logo no primeiro capítulo do livro, Tereza Batista, entra num bordel, e já vai pra um compartimento do mesmo, com uns três homens!

Minha mente (poluída), de adolescente tarado, degenerado, pervertido e tudo o mais que for “ilegal, imoral ou engorda”, já ficou imaginando o quadro. Não resisti, e corri até a biblioteca pública para pegar o livro emprestado. Imagens de orgias “MÃOnogamicas”, se assomavam em minha mente.

“É hoje que eu me acabo” – pensei.

Cheguei até a pensar em colar um cartaz do tipo “Do Not Disturb” na porta do banheiro. Entrementes, DORMI DENTRO DO BANHEIRO DE NOVO!

Tenho a impressão que minha ideia de “pornográfico”, não condiz com a maioria.

trecho de "Meu Destino é Pecar" (TV Globo)



Antônio Costa é Desenhista de arquitetura, Ilustrador, Diretor de arte, Roteirista e Redator.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Caetano e as Novelas!



Por Eduardo Vieira

Não sei se Caetano gosta de novelas, entretanto sei que “Caetanamente” falando, gosto que as músicas dele ou cantadas por ele estejam nas nossas obras. Contudo não me atrevo a  tentar situar de modo cronológico a presença desse grande compositor e intérprete no vasto mundo noveleiro.

A primeira música que sempre me vem à cabeça é a que tocava na abertura de “O Homem Proibido” que estranhamente foi substituída por uma versão instrumental. A letra sobre a submissão e visões de um mesmo amor cabia perfeitamente ao triângulo de Nelson Rodrigues, as duas mulheres aos pés da virilidade do personagem de David Cardoso.


Um pouco antes recordo de uma canção que sabia toda, mesmo sem lê-la, que falava de uma mulher, de unhas negras e íris cor de mel, tema da desbocada e destemida Cintia Levy, personagem de Sônia Braga em Espelho Mágico, que galgava o seu estrelato de modo não muito ético, desta vez a música era cantada pela voz emprestada à persona de Sônia na época, Gal Costa. Mesmo sabendo que a composição fora feita para uma das frenéticas, a imagem de Sônia é a primeira de que me recordo quando ouço os primeiros acordes de guitarra.


Aconteceu algo parecido com a música que o compositor havia feito para sua irmã Irene cujo riso era bem característico e quando no exílio ele disparava de modo infantil que queria voltar para ouvir “Sua Risada”. Na época Betty Faria que fazia uma anti mocinha em Véu de Noiva, de Janete Clair, a outra, oposto da heroína certinha de Regina Duarte, ganhou esse nome na trama e a música-tema. Não vi a novela, mas tenho certeza de que personagem e tema devem ter casado muito bem, pois a risada de Betty não nos deixa indiferentes até hoje.


Por falar em Betty Faria, não há como não lembrar de Tieta e seu teaser com a música que literalmente levantava poeira em um arranjo pop no princípio da chamada axé music, a vibrante “Meia Lua Inteira”, que se não fosse falada que era da autoria de Carlinhos Brown, poderíamos piamente acreditar que Caetano teria feito tal canção, tamanha propriedade como canta a música, tema de  locação de Santana do Agreste, cidade onde acontecia a ação da trama adaptada perfeitamente por Aguinaldo Silva da obra de Jorge Amado, cuja adaptação mais famosa, Gabriela, não tem uma canção sequer do artista baiano. Aliás, as ditas grandes trilhas não possuem uma só música de Caetano, a dizer, O Bem Amado, Gabriela, Roque Santeiro, o que Meia Lua Inteira veio cobrir, dando ao artista um sucesso, voltando às rádios na época.
Como sou apreciador de temas que se relacionem diretamente aos personagens, não posso deixar de citar em “Chega Mais” o tema de um artista musical feito otimamente por Osmar Prado, o igualmente baiano Amaro que recebe a linda “trilhos urbanos” que nos remete a uma mítica cidade da infância de Caetano, Santo Amaro da purificação, uma música-memória.


Também é difícil uma novela do grande Gilberto Braga, famoso pelas escolhas de repertório de suas histórias, não haver em suas trilhas algo de Caetano, seja na voz dele ou de outro. Foi assim que como Tom Jobim já o fizera em Brilhante, Caetano grava o tema da personagem Raquel Acciolly, tema este que transborda do personagem pra locação e vira hino nacional dentro do caminho de integridade que a personagem simboliza, no samba de Ary Barroso, “Isto Aqui o Que é?”, que nos lembra um tempo em que o país era mais puro e as pessoas mais crédulas. Dentro da mesma novela ele cria o tema de amor dos personagens Raquel e Ivan, o bolero urbano “Tá Combinado”, retratando um amor maduro e adulto, mas não menos mágico e frágil, como na letra da canção que fala do “Equilibrista em Cima do Muro”, que embalava as idas e vindas do casal por vezes tão diferente, mas que se amavam pela admiração que um nutria pelo outro.


O baiano também se aventurou em outras línguas como o italiano, e ilustrou o riquíssimo personagem de Raul Cortez, um banqueiro que redescobre o amor nos braços de uma moça linda e simples feita pela estreante na Globo,  Maria Fernanda Cândido... A canção “Luna Rossa” acompanhava o casal em seus encontros na rua, nos banhos que ela preparava para o seu amado e marca muito o personagem do inocente sedutor Francesco.


Caetano Veloso fez 70 anos e até hoje nos brinda com participações com suas composições ou apenas interpretações nas novelas, com perfumarias como a regravação de moça para “Três Irmãs”, canção de Wando, só vou gostar de quem gosta de mim, famosa versão de Rossini Pinto, para “A Lua Me Disse”.


Porém atualmente acertaram em cheio por duas vezes: na abertura de “A Vida da Gente”, estréia da autora Lícia Manzo com Maria Gadu cantando a linda “Oração ao Tempo”, dando o tom do assunto da novela, os conflitos geracionais e o próprio tempo que tudo pode resolver no caso da não muito leve trama das seis e ainda em cordel encantado, outra trilha que já é um clássico com o poema de Haroldo de Campos, que se não fosse por esse trabalho tão esmerado nunca constaria numa trilha. Falo de “Circuladô De Fulô” que era tema de locação geral! mas que me lembra por vezes o beato feito pelo bissexto ator de televisão, Matheus Nachtergaele.


Esse post é uma homenagem ao artista que mesmo bastante combatido ainda exibe a coragem do ineditismo errando  acertando  e sobretudo experimentando com sua musicalidade e  letras altamente sofisticadas que transitam do mais requintado ao mais popular. Salve Caetano e que suas escolhas sejam sempre bem encaixadas nas nossas histórias.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

FABIO OCK - Um artista e muitas facetas



by Sidney Rodrigues

Fabio Ock tem sido nome constante na vida cultural de São Paulo, ele tem 37 anos  e no teatro fez mais de 20 espetáculos como ator e dirigiu outros 15 como diretor, em 13 anos de carreira. Já esteve sob direção de Francisco Medeiros, Paulo José, Gabriel Vilella, Marco Antônio Braz, Gustavo Machado, Denise Weinberg, Rodolfo Garcia Vazquez, Marcelo Rubens Paiva, Renata Melo, Nelson Baskerville, entre outros.

É integrante da Misericórdia Bernadete, banda que atua no underground paulistano veja um trabalho de Fabio Ock que tem feito muito sucesso em um  novo projeto da noite paulista, o PROJETO MIXIRICA

Como DJ toca nas principais casas noturnas de São Paulo como The Week, Pachá, Open Bar, Sonique, Moinho, entre outras Prestou serviços sociais, dando aulas de teatro para crianças de rua. Estendeu sua carreira lecionando em outras escolas públicas e privadas. Atualmente é DJ residente na festa Gambiarra em São Paulo, uma das festas mais badaladas da cidade de São Paulo e ponto de encontro dos moderninhos de plantão além de toda classe artística. (https://www.facebook.com/#!/gambiarraafesta)

O mais engraçado é que mesmo trabalhando muito e a todo vapor, basta cruzar e falar com Fábio Ock e perceber um rapaz tranquilo, bem humorado, educado e atencioso com todos à sua volta e fica quase difícil de acreditar que ele viva no 200 volts o tempo todo.

As atuações de Fábio Ock no teatro são sempre muito bem marcadas, ele trafega livremente pela comédia, drama e musical com igual desenvoltura, é bem o tipo de artista completo, atua, dirige, escreve, toca, canta, dança e vive a vida da melhor maneira possível.


Lembro perfeitamente que quando assisti NA CAMA COM TARANTINO a sensação que tive é que estava mesmo dentro de um filme do diretor, e saí do teatro com uma vontade imensa de participar daquela "brincadeira", seria capaz de topar fazer qualquer papel para participar do projeto, e olha que eu nem canto direito e a peça em questão é um musical.

O mais recente projeto dele é uma peça de teatro que fala sobre A PRIMEIRA VEZ e para isso ser cada vez mais up to date, foi criado um site para que as pessoas passassem por lá e deixassem o seu testemunho, tesmunhos estes que podem ou não fazer parte da próxima montagem

Abaixo uma cena de Fabio Ock e Luiza Tomé me CIDADÃO BRASILEIRO (2006)


E aqui detonando nas pick ups



Abaixo a carreira de Fábio Ock.

Teatro
AnoNomeAutorDireção
2012"Enlace"Karol WoytilaRoberto Lage
2011"E o Vento Não Levou"Ron HutchinsonRoberto Lage
2011"Espartilho"José Antônio de SouzaRoberto Lage
2010 e 2011Enquanto IssoAlan AyckbournIsser Korik
2010Te Amo, São Paulo"Isser KorikIsser Korik
2010Hipóteses Para O Amor E A VerdadeRodolfo Garcia Vazques e Ivam CabralRodolfo Garcia Vazques
2010Os PassageirosFlavio GoldmanFrancisco Medeiros
2010Pornô - Falcatrua 18633Irvine WelshGustavo Machado
2009TPM KatrinaPaulo CoronatoAlexandre Reinecke
2009RéquiemHanoch LevinFrancisco Medeiros
20098x0Ricardo Sawaya e Pedro GarrafaPedro Garrafa
2008CocoricóEnéas Carlos Pereira, Edu Salemi e Fernando GomesFernando Gomes
2008Cabaré da SantaReinaldo MaiaDagoberto Feliz
2007Quem NuncaRenata MeloRenata Melo
2007Camino RealTennessee WilliamsNelson Baskerville
2007Lado BMarcos FerrazFábio Ock, Marcos Okura e Fezu Duarte
2006"O Eclipse"Sérgio RoveriFábio Ock
2006Antônio e CleópatraWilliam ShakespearePaulo José
2006Sessão da Tarde ou Você Não Soube Me AmarMarcos FerrazFábio Ock
2005"Que Bom Que Tá Mal"Euclydes RoccoFábio Ock
2004"Revolução Urbana"Marcos FerrazFábio Ock, Marcos Okura e Fezu Duarte
2004"O Nome"Jon FosseDenise Weinberg
2003"O Reino do Ludovico"Marcos FerrazFábio Ock
2002"Na Cama Com Tarantino"Marcos FerrazFábio Ock, Marcos Okura e Fezu Duarte
2002"A Borboleta Sem Asas"César CavelagnaFábio Ock, Marcos Okura e Fezu Duarte
2001"Ópera do Malandro"Chico BuarqueGabriel Villela
2001"Motorboy"Aimar LabakiDébora Dubois
2001"QAP"Marcos OkuraFábio Ock, Marcos Okura e Fezu Duarte
2000"Bonitinha Mas Ordinária"Nelson RodriguesMarco Antônio Brás
2000"Versões Urbanas"Fezu DuarteGabriel Villela
1999"Pode Ser Que Seja Só o Leiteiro Lá Fora"Caio Fernando AbreuThaia Perez
1999"A História é uma Istória"Millôr FernandesFábio Ock
1998"O Escritor"André SantanaAndré Santana
1998"O Primo Basílio"Eça de Queiroz,Fausto Viana
1998"Zona Contaminada"Caio Fernando AbreuFábio Ock e Marcos Okura
1998“Lorca, Amor y Muerte”André GrynwaskAndree Grynwask

Televisão

AnoNomeEmissora
2011"Força Tarefa"TV Globo
20109MMFOX
2009Especial Luis MelodiaMTV
2008 a 2009Sobre Formigas e GafanhotosTV Ideal
2008Dance Dance DanceBand
2007 a 2009Sobre Formigas e GafanhotosTV Ideal
2007Cidadão BrasileiroTV Record
2007PutzCanal São Paulo
2006BelíssimaTV Globo
2000É Show - Adriane GalisteuTV Record

Cinema

AnoNomeAutorDireção
2008O Signo da CidadeBruna LombardiCarlos Alberto Riccelli
2006Quanto Vale Ou É Por QuiloSérgio BianchiSérgio Bianchi
2003CarandiruDráusio VarellaHector Babenco

Publicidade

AnoProduto
2008NOKIA Campanha Mundial
2005EMBRATEL Campanha SP

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