sábado, 12 de janeiro de 2013

E viva a inocência!


Por André Cavalini

O mundo materialista em que vivemos hoje, onde os bons sentimentos e pensamentos são deixados de lado porque estão fora de moda, e onde essa tal moda é construída em cima de valores cada vez mais sem valores, me chama a atenção e me enche os olhos trabalhados elaborados com base na simplicidade dos bons sentimentos, que tragam em seu conteúdo algo que estamos perdendo dia a dia, mas que deveríamos sempre preservar em nosso interior: a inocência! A pureza que um dia tivemos na melhor fase de nossas vidas, quando acreditávamos na magia, no encanto e na fantasia.
Sim, a realidade é dura, sabemos muito bem. Mas a dureza da realidade é muito melhor enfrentada com as armas do sonho. Temos sim, que ter os pés nos chãos, mas soltar as asas da imaginação de vez em quando, nunca fez mal a ninguém.
Acredito que todos guardam em seu interior o jeito moleque de ser, mesmo que este esteja lá no fundo do fundo da alma. E se pudesse dar um conselho, diria para deixarmos esse jeito saltar pra fora em alguns momentos da vida.

É por isso que não me surpreende quando uma novela sem grande produção, com elenco modesto e roteiro já assistido em outras versões, como Carrossel, alcança incríveis índices de audiência e se transforma num grande sucesso de nossa atualidade.
Ela possui inocência! Sua fórmula se compõe de elementos que nos transportam ao tempo da escola, das artes feitas com os amigos, dos sonhos sonhados em noites estreladas, da fase mais gostosa da vida.
As crianças adoram porque veem nos personagens aquilo que elas são e estão. Os adultos assistem porque veem nos mesmos personagens aquilo que já foram, e é impossível não trazer uma lembrança a mente e uma lágrima ao coração.


Se o roteiro é bom ou não isso pouco importa, porque numa era onde o que faz sucesso são tramas que falam de vingança, sensualidade e afins, a inocência encontra o seu espaço para respirar, sem precisar de nada mais do que a simplicidade para se destacar.
Não há apelo, há carinho no olhar. E como carinho está tão em falta, nos sentimos afagados também pelas doces mãos da professora Helena, que resistiu bravamente e manteve o sucesso da história em tempos de Carminha.
Não ousaria dizer que Carrossel é a melhor novela que já fizeram, mas digo com toda convicção que poucas histórias conseguiram trazer brilho aos meus olhos como essa.

E ao falar de brilho nos olhos, posso citar aqui o romance Meu pé de laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, que trilhando o mesmo caminho da novela, construído com simplicidade e tendo base na inocência de uma criança, também conquistou a minha admiração.

Recomendaria para todas as crianças que desejam ler uma gostosa e divertida história, e para todos os adultos que desejem uma incrível viagem de regresso ao tempo da inocência.

1ª adaptação do romance feita pela TV Bandeirantes em 1980

No cinema, destacaria A corrente do Bem, com os consagrados Kevin Spacey e Helen Hunt e o talentoso Haley Joel Osment. Filme marcante por explorar a ideia simples de um garoto sonhador, que pondo seus planos em prática, mostrou que ser simples também significa ser grande.


E nos seriados, me chama a atenção o atual Once Upon a Time, que resgata de maneira bonitinha e inovadora a magia dos contos de fadas, surpreendendo em muitos momentos e fazendo-nos lembrar da força e da importância do amor.


Todos esses trabalhos citados não foram eleitos sob o olhar de um critico. Não foram escolhidos por serem o the best de nenhuma lista e muito menos por serem exemplos  no ramo em que seguem.
Foram eleitos, simplesmente, porque conseguiram resgatar a inocência adormecida em minha alma, levando esse meu coração a bater com mais alegria.

 Arabastéia!

3 comentários:

  1. Para o amigo AndreKbção (André Cavalini) Carrosel não faz minha cabeça. No entanto, concordo c/ o ponto de vista apresentado pelo amigo e, digo mais, o saudoso escritor e roteirista Marcos Rey, em seu livro "O Roteirista Profissional" de 1989, já fazia um alerta dizendo:"O público Infanto-Juvenil, é muito mal explorado no Brasil".
    Parabéns, pelo texto AndréKção!
    E venham outros.
    Antônio Costa

    ps: Eu também tenho meu lado criança. Meu filme favorito é "Histórias Que Nossas Babás Não Contavam". KKKKKKKK...

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  2. Acho que os roteiristas ficaram tão adultos que esqueceram um pouco que nem só de sensualidade e vingança se constroem boas histórias... Muito bom esse resgate!
    Lucas - www.cascudeando.zip.net

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