quinta-feira, 25 de abril de 2013

Pedido de Ilusão - Capítulo II


Folhetim de Lucas Andrade

CAPÍTULO 2

CENA 01. HOSPITAL. UTI. INTERIOR. DIA.

Continuação imediata da cena anterior. Lúcio entra no quarto do paciente e olha para o homem, faz algumas verificações rotineiras enquanto conversa com ele.

Lúcio       - Fique calmo. Eu sou médico, você está num hospital. Você deve estar se perguntando o que aconteceu, porque você está aqui... Descansa. Você precisa descansar nesse momento.

O homem se acalma. Lúcio sai e se encontra novamente com Dominique.

Dominique   - Ele pareceu assustado.
Lúcio       - Acordar de uma hora pra outra num hospital... É de se esperar...
Dominique   - Sei lá, eu se acordo assim de uma hora pra outra no hospital, primeira coisa que vou pensar é que passei dessa pra melhor, que fui parar no Nosso Lar...
Lúcio       - Não conhecia esse teu lado espiritualista!
Dominique   - Não é lado espiritualista! É medo mesmo! Vai que eu me encontro com um dos seis maridos que tive!
Lúcio       - Você teve seis maridos?
Dominique   - Olha, se eu contar o Vanessão, seriam sete! Só que ela também morreu!
Lúcio       - E nunca te investigaram por assassinato, não? Eu, hein...
Dominique   - Escada não deixa rastro. Aprendi com um tio meu, Aguinaldo. Saudades dele! Esse sim eu gostaria de rever!
Lúcio       - Ele morreu?
Dominique   - Meu tio Aguinaldo? Não! Que é isso! Ele tá bem! Há boatos que abriu um restaurante em Portugal!
Lúcio       - Mudou de vida e resolveu fazer algo diferente. Entendi!

Corta para:

CENA 02. CASA DE VIRGÍNIA. SALA. INTERIOR. DIA.

Freddy entra, deixa alguns livros no sofá, senta-se e abre o notebook, atento tanto nos trabalhos quanto na conversa com a mãe, que entra na sala, preparando-se para sair.

Virgínia    - De novo nesse computador?
Freddy      - Tenho uma pesquisa. (entusiasmado) Você nem sabe: chegou um baleado lá no hospital. O Lúcio que levou.
Virgínia    - (assustado) Baleado?
Freddy      - A bala no lobo temporal, mãe. Coisa linda de ver! E eu que fiz a cirurgia da retirada do projétil. Teve uma hora que baixou a pressão, o Declan se atrapalhou pra injetar a adrenalina, foi me passando soro fisiológico. Olha a patetice! Mas deu tudo certo.
Virgínia    - Meu Deus!
Freddy      - E a minha mão ali, firme. Tô até agora sentindo aquele cheiro de osso, de cauterização.
Virgínia    - Ah, eu não servia pra medicina!
Freddy      - Eu amo muito tudo isso! Se eu pudesse, morava no hospital! Mas como nem só de cirurgia vive o cirurgião, mas de toda pesquisa a ser realizada... Já estou aqui nessa parte chata, envolvido com artigo.
Virgínia    - Mas o paciente tá bem?
Freddy      - Esperar acordar agora, né? Tomara que acorde. E que não dê complicação nenhuma, não quero que o Lúcio perca a confiança em mim!
Virgínia    - O jeito que você fala... Nem parece que tá lidando com ser humano. Esse homem tinha uma história! Uma família!
Freddy      - E daí? Salvei a vida dele! É o que importa, não?
Virgínia    - Desde aquela vez que a Luana/
Freddy      - (interrompe) Pode parar! Não vem apelar que eu perdi a sensibilidade pelo que aconteceu comigo e com a Luana. Essa não cola mais!
Virgínia    - Tá certo então... Não tá mais aqui quem falou!
Freddy      - (muda o assunto) E o pai?
Virgínia    - Tô indo me encontrar com ele. Tá vendo um negócio aí, parece que é um apartamento!
Freddy      - Boa sorte!
Virgínia    - Indo nessa! Novidade eu te ligo!

Virgínia sai. Freddy olha para a sala para ter certeza que não há ninguém em casa. Liga a webcam e vê Yuri. Conversa segue pelo computador.

Yuri        - (cam) Tá atrasado!
Freddy      - (cam) Minha mãe tava aqui.
Yuri        - Quando é que você vai me ver?
Freddy      - (sorri) Espero que logo, né?
Yuri        - Eu estou ansioso!
Freddy      - Eu também. Mas tenho muita coisa pra estudar ainda, tá difícil encontrar uma brecha pra ir pra Curitiba.
Yuri        - Eu não sei o que eu faria se não tivesse te encontrado.
Freddy      - Nem eu. De uma hora pra outra, você virou a minha vida pelo avesso.

Conversa segue em off e corta para:

CENA 03. CASA DE ESTELA. SALA. INTERIOR. DIA.

Estela observa a fotografia de Luana. Entra flashback da morte de Luana, atingida por um tiro durante um assalto. Estela atormentada. Fabiana a segura. Tensão.

Fabiana     - Calma, Estela!
Estela      - Me solta, Fabiana!
Fabiana     - Fica calma!
Estela      - Como posso ficar calma? Minha filha tá morta! Luana tá morta, a culpa é do Lúcio! 

O Lúcio tinha que ter salvado a Luana, não é justo!

Fabiana     - Você não pode voltar no tempo!
Estela      - Perdi minha filha, perdi minha paz interior! E perdi meu marido também! Ele tem outra, Fabiana! Ele me traí, você tem noção?
Fabiana     - O Lúcio não tinha o direito de fazer isso com você!
Estela      - Não tinha! Ele não podia me expor dessa maneira! Eu sei que todo mundo sabe que eu não consigo seguir em frente... Ele devia estar comigo, me apoiando, mas vai encontrar o consolo pra viver com a culpa pela morte da filha nos braços de outra!
Fabiana     - Você não pode se deixar vencer!
Estela      - (se solta) Eu não vou! E eu também não posso deixar o Lúcio me humilhar desse jeito! Não posso!

Estela pega a chave do carro de cima de uma mesa.

Fabiana     - O que vai fazer?

Tensão. Corta rápido para:

CENA 04. HOSPITAL. CONSULTÓRIO DE LÚCIO. INTERIOR. DIA.

Estela invade o consultório e fica cara a cara com Lúcio. A secretária entra em seguida, se desculpando.

Secretária  - Eu não consegui impedir/
Lúcio       - Pode deixar!
Secretária  - Com licença (sai).
Lúcio       - Veio fazer escândalo de novo?
Estela      - Eu sei do seu caso com a Celina!

Tensão. Corta para:
ABERTURA

CENA 05. HOSPITAL. CONSULTÓRIO DE LÚCIO. INTERIOR. DIA.

Continuação imediata da cena anterior. Tensão. Estela quase histérica, enquanto Lúcio tenta manter a calma.

Lúcio       - A gente precisa conversar!
Estela      - Não tem conversa! A traída aqui sou eu! Por que você está acabando com a minha vida?
Lúcio       - As coisas não são como você pensa que são, Estela!
Estela      - (surtada) Eu ouvi! Ontem, eu ouvi você falando com ela no telefone. Foi a certeza que eu tive, você e a Celina têm um caso! Meu Deus! Há quantos anos? Eu lembro... Naquela festa da Virgínia e do Amoroso.... Vocês já estavam juntos, não estavam? Como você pôde continuar com ela depois de tudo o que aconteceu? A gente perdeu a Luana! A nossa filha, você devia estar comigo, me dando suporte!
Lúcio       - E o que você acha que eu tenho feito nesse tempo todo? Tenho aguentado você, cada dia mais desiquilibrada!
Estela      - Aguentado? Que canalha você! Que tipo de homem é você que abandona a mulher quando mais precisa? Não, eu não estou usando a morte da nossa filha como justificativa para ter você do meu lado, mas ao menos a decência de pedir o divórcio se não quer a desequilibrada da sua mulher do seu lado!
Lúcio       - (pega o telefone) Traz um calmante e um copo d’água, faz o favor!
Estela      - Que calmante? Que copo d’água coisa nenhuma! Acha que assim você vai se livrar de mim, não vai! Não vai, Lúcio, não vai, não vai, não vai!
Fora de si, Estela caminha em direção à porta, derruba a água e o calmante que a secretária traz enquanto entra e sai do consultório. Lúcio pega o celular e envia uma mensagem.
Secretária  - Que é isso? (assustada) Ela não tá nada bem!
Lúcio       - Nem precisa ser médico pra saber! Traz outro calmante, mas dessa vez pra mim.
Secretária  - Com licença!
A secretária sai e Lúcio senta-se em sua poltrona, exausto. Olha para a foto de Luana e Freddy. Com Lúcio levemente emocionado, corta para:

CENA 05. HOSPITAL. CORREDORES. INTERIOR. DIA.

Estela caminha descontrolada no meio dos pacientes. Ela não sabe o que fazer. Encontra Fabiana numa sala de espera e se aproxima.

Estela      - Vamos embora daqui!
Fabiana     - Mas o que houve? Olha seu estado!
Estela      - Me tira daqui!
Fabiana     - Você não pode sair desse jeito!

Dominique chega e suspira aliviada.

Dominique   - Ah, você está aqui!
Estela      - O que você quer?
Dominique   - O Lúcio me avisou. Vem comigo.
Estela      - Eu não preciso de você!
Dominique   - Precisa sim!
Estela      - Você vai me dopar de novo, eu sei!
Dominique   - Não, eu só quero te mostrar uma coisa. Vem comigo!

Com receio, Estela olha para Fabiana que, com o olhar, concorda que Estela vá com Dominique. Na confiança que Dominique passa à Estela, corta para:

CENA 06. HOSPITAL. UTI. INTERIOR. DIA.

Dominique mostra a Estela através do vidro o paciente desconhecido que Lúcio e Freddy atenderam. Estela mais calma e Dominique sempre serena.

Dominique   - Aquele paciente ali, está vendo?
Estela      - Estou!
Dominique   - Lúcio e Freddy salvaram a vida dele. Ele tomou um tiro num assalto ontem à noite, mas não se lembra de nada por enquanto. Talvez nunca lembre nem do assalto nem da vida, a bala atingiu uma parte do cérebro responsável pela memória.
Estela      - Lúcio salva a vida de um desconhecido, mas da própria filha não salvou! Ele não salvou a vida da Luana!
Dominique   - Você está sendo injusta! Todos aqui fizemos o possível e o impossível pra recuperar a Luana.
Estela      - Eu queria a minha filha viva, comigo! Eu queria a minha vida como sempre foi! Sempre foi feliz ao lado do Lúcio! Sempre!
Dominique   - O Lúcio não queria que você visse esse paciente. Mas eu acho que você precisa ver para... Para confiar mais nele!
Estela      - Confiar? Você sabe que ele tem um caso com a Celina e quer que eu confie nele? Nesse traidor?
Dominique   - Porque você não segue em frente? Sabe, você tem que superar o que aconteceu!
Estela      - Eu não vou esquecer nunca! Nunca! Eu queria ser igual aquele homem: um completo desconhecido. Desconhecido da vida e de mim. (pensa) Eu... Eu posso vê-lo mais de perto?
Dominique   - Claro!

Corta para:

CENA 07. IMOBILIÁRIA. INTERIOR. DIA.

Amoroso assina um documento e beija Virgínia.

Amoroso     - Mais um apartamento pra nossa coleção, honey!
Virgínia    - Hora de comemorar!

Na felicidade dos dois, corta para:

CENA 08. GRAMADO. EXTERIOR. DIA.

Amoroso dirige pelas ruas da cidade e estaciona perto de uma sex shop. Ambos envergonhados.

Amoroso     - Tá com vergonha?
Virgínia    - Será?
Amoroso     - Eu nunca entrei numa sex shop na vida! Como será que é lá dentro?
Virgínia    - (maliciosa) O importante não é como é lá dentro, mas sim se tem o que a gente quer!
Amoroso     - Ai, assim você mata o papai!
Virgínia    - (olha para a loja) Então? A gente entra juntos?

Na dúvida do casal, corta para:

CENA 09. HOSPITAL. UTI. INTERIOR. DIA.

Estela se aproxima do homem desconhecido. Ele dorme.

Estela      - Um assalto! Um outro assalto! Você teve sorte! A minha filha não teve!

Estela olha atentamente o homem desconhecido. Está angustiada. Entra flashback da morte de Luana. Estela começa a se sentir estranha. Presta bem atenção no rosto do homem enquanto lembra da morte de Luana. Lembra do homem que deu o tiro em Luana. Lembra da movimentação no posto de gasolina. Estela percebe: o homem que Lúcio salvou é o mesmo homem que tirou a vida de Luana. Abalada com a descoberta, Estela não sabe o que fazer.

Estela      - O Lúcio... Ele salvou... Ele salvou a vida do assassino da Luana!

Tensão. Closes alternados entre Estela e o homem desconhecido. Corta.

FIM DO CAPÍTULO 2

Confira o capítulo 3 aqui

3 comentários:

  1. Uau, bom gancho hein rs! Como Lúcio vai reagir ao saber que salvou a vida do cara que matou sua filha? Aguardando os próximos capítulos =)
    Abraços

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  2. Muito bom o gancho. To gostando bastante da história!
    parabéns Lucas

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  3. Pensei muito rápido na história! O título "Pedido de ilusão" estava num arquivo com vários títulos pra histórias que eu tenho no computador, apenas encaixei hehe... Pra montar os cinco capítulos, a primeira coisa que pensei foram nos ganchos de abertura e no gancho final! Tô muito feliz que estejam acompanhando a webnovela! Abraços!!! :D

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