sexta-feira, 3 de maio de 2013

ABBA no Brasil: das rádios para as novelas

Por Daniel Couri *
  
Com a inauguração do museu oficial do ABBA na próxima terça-feira, em Estocolomo, capital da Suécia, o momento é mais do que oportuno para trazer à baila o nome do quarteto que dominou as paradas de sucesso nos anos 70. Ainda que aqui no Brasil o evento não crie a expectativa que vem criando na Europa, não se pode negar que o ABBA tem conquistado mais espaço também entre os brasileiros nos últimos anos.


O crescente interesse pelo grupo só reforça seu carisma internacional. Em 2010, por exemplo, o ABBA entrou para o Rock and Roll Hall of Fame, honra concedida apenas aos gigantes da música (Elvis Presley, Beatles, Rolling Stones, Michael Jackson etc.). Naquele mesmo ano, Mamma Mia!, um dos musicais mais famosos do mundo – composto de canções do ABBA – ganhou uma montagem brasileira e permaneceu um ano em cartaz em São Paulo. Em 2012, finalmente o mercado editorial brasileiro resolveu traduzir um livro sobre o ABBA (O Que Há por Trás de Cada Canção, ed. Larousse), do inglês Robert Scott.

Agora em maio, além da inauguração do museu do grupo, Agnetha Fältskog (a loira do ABBA) lança também seu álbum solo A, depois de quase dez anos em silêncio. A volta de Agnetha também tem causado alvoroço entre os fãs do grupo. Benny e Björn, os homens do ABBA, compuseram We Write the Story, o tema para a edição 2013 do Eurovision Song Contest (o festival musical que catapultou o ABBA para a fama em 1974).


Ainda que o mercado brasileiro seja bem limitado no que diz respeito ao quarteto sueco, as coisas parecem mudar aos poucos. Sorte da nova geração de fãs brasileiros do ABBA, que encurta as distâncias graças à internet. Mas houve um tempo em que a música do grupo era presença constante nas rádios, programas de televisão e lojas de discos no Brasil. Sem falar nas novelas, cujas trilhas sonoras internacionais funcionavam como uma espécie de ‘suprassumo’ do que havia de melhor no hit parade mundial. Aliás, as novelas foram um dos fatores que contribuíram para a descoberta do ABBA no Brasil, na segunda metade dos anos 70.


A canção Honey Honey (que o grupo havia lançado em 1974) foi incluída na trilha sonora internacional da novela O Casarão (1976), de Lauro César Muniz. Isso chamou a atenção dos brasileiros, que começaram a querer conhecer outros trabalhos daquela banda até então misteriosa por aqui. Depois disso, outros sucessos do ABBA apareceriam em trilhas sonoras de telenovelas de sucesso.


 No ano seguinte foi a vez de The Name Of The Game integrar a trilha internacional de outro sucesso da Rede Globo: O Astro (1977-78), de Janete Clair. Nessa época o ABBA já estava entre os mais tocados nas rádios brasileiras. Mas foi em 1980 que um dos maiores hits do grupo, The Winner Takes It All, fez imenso sucesso na trilha internacional de Coração Alado, também de Janete Clair. A música foi tema dos personagens de Vera Fischer e Tarcísio Meira, nos papeis de Vivian e Juca, respectivamente. A canção rendeu bastante por aqui e originou várias versões em português.


Em 1983 o ABBA já havia se dissolvido. Seus ex-integrantes trilharam caminhos separados, mas duas canções solo das mulheres fizeram parte das trilhas sonoras internacionais de duas novelas da Globo naquele ano: I Know There’s Something Going On, do álbum solo de Frida Something’s Going On, entrou no LP internacional da novela Louco Amor, de Gilberto Braga. Wrap Your Arms Around Me, do álbum homônimo de Agnetha, foi usada na trilha de Eu Prometo, última novela de Janete Clair.


Lembranças de um tempo em que o sucesso dos temas internacionais das novelas continuava mesmo após o fim da novela. Exatamente como o sucesso dos indefectíveis hits do ABBA.



Twitter: @danielcouri

(*) Autor de Made in Suécia – O paraíso pop do ABBA (Página Nova, 2008) e Mamma Mia! (Panda Books, 2011).

2 comentários:

  1. Muito bom, parabéns... Achei essa ideia fantástica...

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  2. "Sempre fui fã do grupo ABBA! Ótimo texto! Parabéns ao blog por nos permitir este momento nostálgico!"

    comentário do leitor Joilton Silva (via orkut)

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