sábado, 10 de agosto de 2013

Arbitrário Folhetim - 6º capítulo

De Isaac Santos

Capítulo 6

Cena 1. Loja Duas Américas. Casa de Chá. Interior. Dia.

Alexandro e Clotilde estão lanchando. Em conversa avançada. Há um clima de romance.  

Clotilde (tímida) – Você me olha de um jeito...
Alexandro (galanteador) – Por que será? 
Clotilde – Me deixa sem graça. (sorri)
Alexandro – Só isso que eu consigo, te deixar meio sem graça? (sorri e tenta acarinhar uma das mãos de Clotilde)
Clotilde (permitindo os afagos de Alexandro) – Assim não vale, né?
Alexandro – Tá sendo muito bom estar aqui contigo.
Clotilde (cortando o clima) – Pena que a Telma não tenha querido ficar com a gente. Esse lugar é um luxo! 
Alexandro (apaixonado) – Você me faz tão bem, Clotilde...
Clotilde (corresponde) – Você também tá me fazendo muito bem, Alexandro.
Alexandro – Que bom que você conseguiu deixar o “Seu Alexandro” pra lá...
Clotilde – Ah, foi você quem insistiu, né?
Alexandro – É, eu prefiro assim. Ó, eu quero te ver novamente, hoje ainda.
Clotilde – Hoje? 
Alexandro – Quero te levar ao cinema...
Clotilde (tenta disfarçar uma alegria quase infantil) – Eu num cinema?! Acho que a Telma vai adorar ir com a gente...
Alexandro – Agora eu to convidando apenas você. Aliás, foi a própria Telma quem me disse vários lugares que você adoraria conhecer.
Clotilde – Então tá. (sorri) Eu aceito o convite.

Cena 2. Casa de Telma. Quarto de Telma. Interior. Dia.

Telma sentada no chão, com alguns papéis e fotografias espalhados sobre a cama. Se emociona ao rever fotos do seu falecido marido. Tem um mau pressentimento.

Cena 3. Fazenda Princesa do Sertão. Exterior. Dia.

Cristina (15), moça pura, dona de uma beleza natural, sensualidade despretensiosa, está apenas de calcinha, se banhando no rio que corta a fazenda, sem saber que é observada por um homem.

Cena 4. Casa de Davi Valério. Cozinha. Interior. Dia.

Cadeiras sobre a mesa. Cheiro de produto de limpeza. Olga está fazendo faxina. Davi chega feliz da vida, ansioso pra contar as novidades.

Davi – Cheirinho bom... Que disposição é essa, moça?
Olga – Palhaço! Alguém tem que fazer isso, né? (descontrai)
Davi – Tenho novidades!
Olga (pára um pouco o que está fazendo e olha pra Davi) – Me conta... (repara na roupa de Davi) Essa roupa meio molhada?! Nem tá chovendo...
Davi – Ah, é que eu entrei no mar com roupa e tudo, pra comemorar. 
Olga (sorrindo) – Vai logo trocar essa roupa, antes que acabe ficando doente.
Davi – Eu vou é tomar um bom banho antes. 

Cena 5. Casa de Davi Valério. Banheiro de Davi. Interior. Dia.

Davi tomando banho com a porta entreaberta. Olga em pé perto da porta do quarto. Em conversa avançada.

Davi – Ele quer que eu já comece a preparar o evento de inauguração do bar.
Olga – Pra quando tu acha que é isso?
Davi – Já tá tudo bem adiantado. Acho que daqui a uns 20 ou 30 dias.
Olga – Ele quer que você seja uma espécie de apresentador, animador...
Davi – Mais ou menos isso. Vai ter música ao vivo, espaço pra dança.
Olga – Tô começando a gostar da ideia também. Será que...
Davi (interrompe) – Ele deixou escapar que tem certo interesse numa moça, e essa moça canta muito bem... acho que é carta marcada.
Olga (desanimando) – É, pensei alto demais.
Davi – Deixa de drama. Eu não falei que não vou tentar dar um jeitinho de te botar lá. 
Olga – Fala sério, Davi... Seria um sonho!
Davi – Claro que não tô brincando, sua boba. 

Cena 6. Casa de Telma. Cozinha. Interior. Noite

Telma preparando o jantar. Clotilde chega com ares de apaixonada.

Clotilde – Ai, Telma... 
Telma – Você já tá cedendo aos encantos dele, né? (sorri) 
Clotilde – Ele me convidou pra ir ao cinema.
Telma – E você aceitou?
Clotilde – No inicio fiquei meio assim, mas depois eu disse que sim.
Telma – Sabe o que ele me falou? Você não tava se preparando pra trabalhar lá como camareira? Pois então, ele não quer você metida num uniforme. Eu já havia falado pra ele que tu nasceu pra cantar, tem talento pra música. Aí eu exagerei um pouquinho (ri), disse que tu tinha até aula de canto lá no orfanato.
Clotilde – Telma, tu é maluca. (as duas se acabam de rir)
Telma – A gente tem que apostar alto, minha filha. Ele quer que você comece a ensaiar e se transforme na cantora oficial do Bar do Hotel Palace. Aquilo lá já foi até cassino, o primeiro da Bahia. pense!  
Clotilde – Não me deixe acordar não! (saindo) Vou tomar um banho.

Cena 7. Casa de Davi Valério. Banheiro de Olga. Interior. Noite.

Olga na banheira, relaxando. Pensamento em Clotilde.

Cena 8. Casa de Telma. Banheiro. Interior. Noite.

Clotilde no chuveiro. Pensamento em Alexandro.

Cena 9. Casa de Alexandro. Banheiro de Alexandro. Interior. Noite.

Alexandro no chuveiro. Pensamento em Clotilde.

Cena 10. Fazenda Princesa do Sertão. Casarão. Sala de Jantar. Interior. Noite.

Antero Pedroso Magalhães (75), rico fazendeiro, é servido pela criada.

Antero – Onde está a Cristina?
Criada – Tá no quarto, Seu Antero.
Antero – Ela não vai jantar?
Criada – Disse que tá sem fome.
Antero – Pois vá chamá-la que eu quero falar com ela. (criada sai)

Entra Augusto (53), negro alto, forte, bem afeiçoado. Chofer de Antero.

Augusto – Licença, Seu Antero. O Senhor me chamou?
Antero – Chamei sim...

A criada volta com Cristina.

Cristina – Me chamou, padrinho?
Antero – Sente aí. (para Augusto) Acho que depois do almoço tá bom pra sairmos. A gente vai dar um pulo em Salvador. Tenho umas coisas pra resolver, vou dar uma passada no hotel Palace. Você aproveita e leva o carro na oficina mecânica. É só isso. Pode ir.

Augusto se retira.

Antero – Aconteceu alguma que eu não esteja sabendo? Você não quer jantar.
Cristina – Não, não aconteceu nada, padrinho. Eu que comi fora de hora, agora tô sem fome.
Antero – Mas não quero que a mocinha fique deixando de jantar, hein?
Cristina – Certo. (mudando de assunto) O senhor vai me levar amanhã? Eu queria dar um pulinho na casa de minha mãe. Tô com saudade.
Antero – Amanhã não. Mas a gente vai combinar direitinho. 
Cristina – O senhor acaba sempre me dizendo a mesma coisa. 
Antero – Qualquer dia vou convidar a sua mãe pra passar uns dias aqui.

Cena 11. Casa Branca do Engenho Velho. Entrada. Exterior. Noite.

Telma saindo com uma expressão de paz, tranquilidade na alma.  

Cena 12. Rua. Exterior. Noite.

Davi e Olga caminham por uma rua, já se aproximando do terreiro de Mãe Zaida. Estão em conversa avançada.

Davi – Deixa de besteira, Olga. Já falei que lá é tranquilo. 
Olga – E se baixar alguma coisa... Em mim não vem não, né? 

Davi nada responde, mas solta uma gargalhada. A risada é ouvida por Telma que caminha num passeio do outro lado da rua. A iluminação por ali é pouca, mas Olga é reconhecida por Telma, que tenta se esconder atrás de uma árvore.

Corta para


Fim do 6º capítulo.   

Confira o 7º capítulo aqui.

E se perdeu o capítulo anterior, clique aqui.

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6 comentários:

  1. Ois tem selinho lá no meu blog pra você pequenodiamantteazul.blogspot.com.br espero que você goste

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    1. Olá, Thamy... embora eu tenha optado por não aplicar selos na página do blog, te agradeço. Volte sempre!

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  2. Tô achando que o tempo vai fechar entre Clotilde e Olga!

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    1. Você tá doido pra ver o circo pegar fogo, hein moço?! hehehe

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  3. olá!
    Perdi os capítulos anteriores. Gostei desse capítulo. É um texto simples e de fácil entendimento.

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    1. Olá, Anderson... clique no link do capítulo anterior, logo abaixo do capítulo postado.

      Bom saber que gostou. Obrigado pela sua leitura. Continue acompanhando!

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