sábado, 5 de outubro de 2013

Novelas Infantis: Um gênero promissor e lucrativo

Por Henrique Domingos de Melo

Quem não parou, ao menos uma vez, para acompanhar as novelas infantis exibidas pelo SBT? Vamos lá, pode confessar, não tem ninguém olhando... Nestes tempos em que o canal entra no horário nobre com a divertida abertura de “Chiquititas”,  ao som de “mexe, mexe, mexe com as mãos/mexe, mexe, mexe com os pés”,  lembranças de um passado assistindo – quase sempre escondido – à versão da década de 90 me vieram à mente. 

Mas embora muitos se sintam constrangidos ao admitir que  gostam ou gostaram deste tipo de atração,  provavelmente já pararam em frente à TV para acompanhar as historinhas cheias de inverossimilhanças, romances inocentes, vilões caricatos e tramas rocambolescas.  O exemplo mais recente disso é o bem sucedido remake do sucesso mexicano Carrossel que, ao longo de seus 310 capítulos, manteve o fôlego e a atenção dos pequenos (e grandes), tornando-se referência no assunto.

Com a direção segura de Reinaldo Boury e o texto criativo de Íris Abravanel, Carrossel tratou com muita leveza de assuntos como discriminação racial e social, bullying e ascensão da classe C. Sem muitas pretensões, poucos esperavam que professora Helena e sua turma fossem agradar tanto a ponto de se tornar um fenômeno.  Dentro e fora da TV, uma vez que dominou as redes sociais até seu último capítulo, marcando presença nos Trending Topics e ultrapassando meio milhão de curtidas em sua página do Facebook. Outro ponto positivo para a novelinha,  foi seu número de vendas de produtos licenciados, que quase fez dela uma “galinha dos ovos de ouro da emissora”. Mas como na fábula, onde os donos matam a ave para conseguir mais rápido o ouro que há em seu interior, o SBT também quis explorá-la além do recomendado e arriscou em uma reprise precipitada. Claro que  não deu certo.


Novelas voltadas a um público-alvo menor ganharam presença na televisão. A Rede Vida, canal religioso,  está reprisando as peripécias do menino Zezé em “Meu pé de laranja lima”, produzido pela Band. O SBT, devido ao sucesso de Carrossel, resolveu investir pesado e abriu um horário específico para o gênero. E até a Globo, que diminuiu consideravelmente o espaço da criançada em sua grade,  está se preparando para estrear “Gaby Estrella”, sobre uma garotinha da cidade que vai morar no campo , em seu canal a cabo Gloob.

O segredo do sucesso talvez seja único. Que todos, crianças e adultos, gostam de sonhar. Ou, como diria uma famosa novelista global, “voar”.  Atualmente existe certa intolerância por parte dos telespectadores, que exigem um nível máximo de verossimilhança  e não perdoam nada que julguem irreal demais. Claro que é mesmo difícil aceitar que, em pleno século XXI, alguém não conheça a existência de um  pen drive ou que uma mulher de quase dois metros de altura consiga sair por aí matando pessoas com na base da seringada.  Mas quando se trata de novela infantil a conversa é outra! Suas histórias conseguem resgatar a essência da infância. Ver as coisas através daquela ótica onírica, onde tudo tem  gosto de faz-de-conta.

E o que é a telenovela brasileira senão um grande faz-de-conta? Muitas vezes sério, crítico, mas que nos leva a viajar em histórias incríveis. Novelas infantis trazem muito disso. Às vezes é gostoso fugir um pouco dos dramas pesados de produções adultas e entrar neste universo paralelo que pode até ser pouco condizente com a realidade, mas exerce atração irresistível. 


Aliás, quem observou mais atentamente deve ter percebido que os alunos da Escola Mundial muitas vezes apresentavam  nuances melhor trabalhadas do que personagens de tramas ditas “maduras”, transmitidas na mesma época. O que se pode concluir: mesmo sendo “infantil” este gênero tem se mostrado competente na construção de boas personalidades. E gerando lucros grandiosos para quem acredita nele. 

2 comentários:

  1. Que texto perfeito, cara. Parabéns!
    Voar nas tramas infantis é sempre um boa pedida.

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  2. Sem dúvida é uma bela fatia de mercado que poucos estão interessados... é só explorar o conteúdo e deixar de lado a sofisticação exagerada na forma... valorizar o contar histórias e aproveitar as oportunidades... criar um produto de categoria, investir MUITO no conteúdo e na perspicácia da escolha dos atores...
    Parabéns, Henrique Domingos de Melo... você se esmerou no texto e colocou, de fato, uma situação abrangente... vamos esperar o que os "homens do poder" vão nos oferecer... Salute!!
    Mauro Gianfrancesco

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