sexta-feira, 11 de julho de 2014

Ei, Júlia - penúltimo capítulo

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EI, JÚLIA
PENÚLTIMO CAPÍTULO

WEB NOVELA DE
ISAAC SANTOS

ESCRITA COM A COLABORAÇÃO DE:

ALEX SPINOLA
LEANDRO BRASIL
RAFAEL BARBOSA
RAUL FELIPE SENNGER

CENA 1. HOSPITAL. CORREDOR. INT. MADRUGADA
Rosana, Mercedes e Marcelo estão sentados em cadeiras no corredor de um hospital público. Médico vem chegando e faz sinal pra que Marcelo se aproxime dele. À parte os dois conversam.
MARCELO      - (nervoso) E então? Como é que ela tá?
MÉDICO          - Calma, a Júlia está bem. Sofreu apenas escoriações leves. Mas vocês erraram muito, removendo ela do local antes de chamar o SAMU. Se fosse algo mais sério, isso poderia ter agravado a situação dela.
MARCELO      - (mais tranquilo) Eu sei, mas é que na hora eu fiquei muito nervoso, nem sabia direito o que eu tava fazendo, só pensava em salvar a Júlia. Mas agora... Só de saber que ela tá bem, eu tô mais aliviado. (sorri) Obrigado, cara! Obrigado mesmo, viu!
MÉDICO          - Tô aqui pra isso, Marcelo. (olha para Mercedes e Rosana e sorri para Marcelo, com cumplicidade) Agora toma mais cuidado quando for pegar mulher, rapaz! O que aconteceu hoje podia te meter numa encrenca das brabas!
MARCELO      - Não, pode deixar. Hoje eu aprendi a lição. (T) E você também precisa aparecer mais, hein, cara! Vive trancado nesse hospital! A vida não pode ser só trabalho, não!
MÉDICO          - Ih, meu amigo, você não tem ideia da correria que é isso aqui. (T) Eu adoraria continuar o nosso papo, mas o meu plantão tá só no começo. A noite vai ser longa.
Médico estende a mão para Marcelo, mas é surpreendido por um abraço dele.
MARCELO      - (cheio de gratidão) Brigadão, viu, cara!
O médico sorri, faz um gesto de despedida e se afasta. Marcelo se aproxima de Mercedes e Rosana, que estão muito preocupadas.
MERCEDES   - O que foi que o médico disse?
Marcelo olha para elas muito sério, sem falar nada.
ROSANA         - (nervosa) Vai, Marcelo, fala logo, pô!
MARCELO      - (rindo) Ela tá ótima! Não foi nada grave!
Expressão de alívio das duas, que fingem bater nele.
MERCEDES   - Palhaço! Tá querendo matar a gente de susto?
Marcelo ri, enquanto tenta se livrar dos tapinhas das duas. Os três felizes e aliviados. Corta para:

CENA 2. APTO/ QUARTO DE TERCIA. INT. MADRUGADA
Abre em Tercia, que está dormindo. CAM detalha o seu celular vibrando numa mesinha de cabeceira. Ela não acorda. Instantes. Ouvimos o toque do telefone fixo do quarto. Tercia desperta no susto e atende.
TÉRCIA           - (ao telefone) Alô! (pausa) Marcelo? O que houve meu filho?!
Corta rápido:

CENA 3. CASA DE MERCEDES. SALA. INT. MADRUGADA
Abre na sala iluminada apenas pela luz que vem do banheiro. Silêncio. Vemos a porta se abrindo, alguém entrando. É Rosana. Ela fecha a porta novamente. O cachorrinho Tico, que estava deitado no sofá, vem ao encontro de Rosana.
ROSANA         - (faz um afago em Tico) Eita que tu tava no meu sofá de novo, hein, Tico?
Tico faz aquelas gracinhas de cachorro quando recebe atenção.
ROSANA         - (ela toma Tico nos braços) Olha aqui, eu gosto de tu, ô seu cheio de pulgas. (ela ri de se mesma e da festa que Tico faz em seus braços) Mentira, você não tem pulga não, é um fofo. Só não lhe dou muita moral, pra você não ficar se achando, viu?
De tanta festa nos braços de Rosana, Tico se arremessa para o chão e faz mais festa ao redor dela.
ROSANA         - Tu tá é fazendo muita festa pra mim, seu pestinha! Será que você fez xixi no meu sofá de novo? (Rosana passa a mão pelo assento do sofá) Fez nada, tá tudo sequinho! Ah, e mesmo se tivesse feito, eu não ia brigar com você não... A vida da gente é tão maior que isso.
Olhar perdido de Rosana a encarar Tico. Entra insert da cena 27 do capítulo 04: Rosana, Mercedes e Júlia no carro de Marcelo. Júlia pedindo para sair do carro. Marcelo negando. Júlia a se jogar fora do veículo. Fim do insert.
Rosana volta de suas memórias. Tico ali, a encará-la, agora mais quietinho. Rosana lhe faz outro afago.
ROSANA         - Quando eu digo que bicho entende a gente, é porque entende mesmo. Tá com fominha? Deixa só eu tomar um banho e vou lhe dar comida. Mas não vai ser ração, não. Tu é vai é comer do mexido que só a dona Rosana aqui saber fazer.
E Tico parece entender mesmo. E no cãozinho a seguir Rosana, corta para:

CENA 4. APTO DE TERCIA. SALA. INT. MADRUGADA
Marcelo em conversa ao meio com Tercia. Ele já lhe contou tudo.
TERCIA           - (calma, mas demonstrando firmeza) Você tem que tomar mais cuidado, meu filho! (T) Olha, longe de mim querer me meter na sua vida! Pelo contrário. Você é jovem, bonito, tem mais é que curtir a vida, mas com responsabilidade. Você tem um nome a zelar, Marcelo. Já imaginou se essa moça morresse? Seria o fim da sua carreira de professor universitário. Isso ia estragar a sua vida pra sempre!
MARCELO      - Deus me livre, mãe, vira essa boca pra lá!
TERCIA           - Eu só tô tentando abrir os seus olhos e fazer você enxergar a gravidade dessa situação!
Os dois ficam em silêncio um pouco. Marcelo triste. Tercia tenta consolá-lo.
TERCIA           - Não fica assim, querido. Eu tô do teu lado, sei que você é um rapaz de bom caráter, que seria incapaz de fazer mal a alguém. Só o fato de ter socorrido a moça demonstra isso, embora você tenha errado ao não pedir ajuda antes.
MARCELO      - A sorte é que não ia passando nenhum carro. Podia ter acontecido uma tragédia muito maior.
TERCIA           - E quem é essa moça? Vocês se conhecem há muito tempo?
MARCELO      - Não. Conheci hoje. Ela é bem jovem. Pra te falar a verdade, nem sei se é maior de idade.
TERCIA           - Olha aí, tá vendo? Mais um motivo pra você ficar bem atento. (T) Mas não vamos mais pensar nisso. O importante é que agora você dê toda a assistência pra essa moça, até ela se recuperar totalmente. Quando é que ela sai do hospital?
MARCELO      - Acho que amanhã mesmo.
TERCIA           - (muda de assunto) Bom, depois de tudo isso, acho que eu perdi o sono. Mas vou tentar dormir. Quanto a você, acho melhor tomar uma ducha e ficar aqui mesmo por hoje. (beija-o no rosto) Boa noite.
MARCELO      - Boa noite, mãe.
Tercia sai. Marcelo continua um pouco preocupado. Corta para:

CENA 5. APTO DE TERCIA. BANHEIRO. INT. MADRUGADA
Marcelo no banho. CAM explora seu corpo ensaboado. Ele pensa em Júlia. Entra pequeno flashback de ele a encará-la pelo retrovisor interno do seu carro na noite do acidente. Júlia no banco de trás, os olhos de Marcelo se encontram com os dela. Fim do flashback. A imagem dela não sai de sua cabeça. Ele sorri, morde os lábios, num misto de encantamento e desejo. E no sorriso dele, corta para:

CENA 6. STOCK-SHOTS. EXT. NOITE/DIA
Imagens da cidade amanhecendo, terminando na fachada da faculdade onde Marcelo trabalha. Corta para:

CENA 7. FACULDADE NOVOS HORIZONTES. CORREDOR. INT. DIA
Marcelo terminando de falar ao celular com Rosana.
MARCELO      - A Mercedes é quem deve estar arriada, né? Passou o resto da noite aí. Tú chegou cedo? (pausa) Vocês são maravilhosas mesmo. (pausa) Não entendi. (pausa) Ah, tá, entendi. Não vai dar pra eu ir buscar vocês. Tô aqui já prestes a entrar na sala, tenho provas a aplicar. Mas vou ligar pra mainha e ver se ela pode quebrar esse galho pra mim. (pausa) Valeu, Rosana!
Marcelo desliga e disca logo em seguida pra sua mãe. Instantes. Tércia atende.
MARCELO      - Sou eu, mainha. (pausa) Não, tá tudo bem. É que eu tô precisando de um favorzão da senhora: Tem como a senhora dar um pulinho lá no hospital pra pegar a garota lá e levar na casa dela. (pausa) Não, mainha, não é questão de pegar um táxi, mas não foi a senhora mesma que tava me orientando a dar uma assistência digna a ela? (pausa) Eu tô aqui na porta da sala de aula, vou aplicar provas. (pausa) A senhora é a melhor mãe do mundo. (pausa) Eu cheguei a falar o nome do hospital pra senhora, né? (pausa) Isso, é naquele hospital que o Bruno trabalha. (pausa) Beijo!

CENA 8. HOSPITAL. RECEPÇÃO. INT. DIA
 Tercia está pedindo informação no balcão, um pouco afastada, Rosana a observa e intui que ela seja a mãe de Marcelo. Rosana se aproxima.
ROSANA         - Oi, bom dia!
TÉRCIA           - (alheia ao cumprimento da outra) Bom dia!
ROSANA         - Eu sou a Rosana. A senhora deve ser a mãe do Marcelo, não é?
TÉRCIA           - (estranha) Sou sim, por quê?
ROSANA         - Ele avisou: “minha mãe é quem vai pegar vocês”. Aí imaginei que fosse a senhora. Se bem que eu já dei um fora: Comecei a conversar com uma outra mulher, eu acho até que ela era surda. Minha vontade era de enfiar a cara num/
TÉRCIA           - (cortando, sem soar ríspida) Sim, sim, mas cadê a moça acidentada?
ROSANA         - (aponta para o final do corredor) Tá vindo bem ali ó, com a enfermeira.
Tércia volta sua atenção para o corredor. Close de Tércia ao reconhecer Júlia. Lemos um misto de carinho e preocupação em seu rosto. Júlia ergue o olhar. Closes alternados de Júlia e Tércia. Corta para:

CENA 9. APTO DE TERCIA. SALA. INT. DIA
Aurora abrindo a porta para Tercia, Julia e Rosana.
TÉRCIA         - (Indica o sofá a Júlia) Sente-se aqui Júlia, você precisa descansar!
JULIA             - (já sentando) Obrigada. Eu ainda sinto um pouco de dor, mas já estou bem melhor.
TÉRCIA         - Isso logo passa! (a Rosana) Rosana, fique à vontade.
ROSANA       - (já se sentando e apreciando o conforto do sofá) Hospital cansa a gente! (a Tércia) Obrigada.
TÉRCIA         - (a Aurora) Aurora, prepare um lanche bem reforçado pras meninas.
AURORA      - Pode deixar, dona Tércia!
ROSANA       - Não precisa se incomodar!
TÉRCIA         - Vocês devem estar morrendo de fome. (a Aurora) Vai lá, Aurora.
JULIA             - A dona Tércia é uma querida, Rosana. A gente não precisa nem fazer cerimônia.
Tercia e Rosana sorriem uma pra outra.
TÉRCIA         - Bom, Júlia, trate de ficar aí bem quietinha, pra se recuperar o mais rápido possível, tanto das dores, como do susto.
ROSANA       - Mas, dona Tercia, a senhora me desculpe... É que o Marcelo pode não gostar de saber que a gente não foi direto pra casa!
TÉRCIA         - (suave) Não se preocupe, Rosana! Depois me entendo com meu filho. (T) E eu sei o que estou fazendo.
JULIA             - Eu tava aqui pensando: Que mundo pequeno! A senhora é a mãe do carinha que/
TÉRCIA         - (corta, sem parecer grossa) Mãe do Marcelo, um rapaz de ouro. Júlia, eu te peço que não fique com uma má impressão do meu filho. (se levanta) Bom, eu tenho que voltar pra clínica. Quando eu voltar, a gente conversa mais sobre isso. (Olha bem para Júlia) Ah, e fique tranquila: Sou médica, não juíza!
Julia e Rosana se olham e sorriem.
TERCIA         - Deixa eu ir ali na cozinha, fazer umas recomendações a Aurora. Com licença, meninas. (elas fazem que sim)
Tércia se retira.
ROSANA       - Bacanuda, hein?! Tô impressionada com o jeito de ela entender as coisas.
JULIA             - Eu também! Mas ela é realmente gente fina!
Rosana continua a falar fora de áudio. Júlia, com olhar distante, parece estar fora dali. Um leve sorriso brota em seus lábios. Ela olha em volta, o sorriso aumenta, parece sentir-se protegida. Rosana percebe.
Corta para:

CENA 10. CASA DE MERCEDES. COZINHA/BANHEIRO. INT. DIA
Mercedes está cozinhando e conversando com Rosana, que está no banho.
MERCEDES   - Quando que eu imaginar a Júlia aqui em casa, tentando entrar nessa vida. Mundo pequeno...
ROSANA         - (off)  Né?  Mas parece que ela tirou a sorte grande.
MERCEDES   - Como assim?
ROSANA         - (off) Tô falando do jeito como a coroa lá olhou pra ela. Olha, eu posso até estar enganada, mas/
MERCEDES   - (corta) Tu reparou nelas duas? Rolou alguma coisa? Me conta!         
ROSANA         - (off) Sei lá, eu acho que a madame tem um certo interesse na Júlia. E não é coisa de mãe pra filha, não. (T) Cê lembra que teve uma vez que o Marcelo comentou alguma coisa sobre a mãe dele? Que ela é discreta e tal. Eu acho que ele tava falando nesse sentido.
MERCEDES   - (experimenta o sabor do tempero na palma da mão) É, pode ser mesmo...
ROSANA         - (off) E tem outra: Quando digo que a Júlia tirou a sorte grande, tô falando também do Marcelo. Não é todo homem que faz o que ele fez. Outro, no lugar dele, pararia o carro, mandaria a gente cair fora. E as três que se danassem.
MERCEDES   - Verdade. Com certeza tem algo nesse zelo todo.
ROSANA         - (off, tom de queixa) Mas a vida é assim mesmo: Uma com tanta sorte e outras tomando no redondo.
As duas caem na gargalhada. Corta para:

CENA 11. APTO DE TERCIA. QUARTO DE HÓSPEDES. INT. DIA
Júlia, recostada na cama, conversando ao celular com sua mãe.
JULIA               - (ao telefone) Pode ficar sossegada, mainha! Tá tudo bem, sim senhora. (pausa) Sim, eu prometo que vou ligar mais. Agora eu tenho que desligar, mainha. Depois a gente se fala mais. Benção, mainha. (pausa) Um beijo.
Julia desliga o celular. Instantes. Alguém bate à porta.
JULIA               - Pode entrar.
A porta se abre e surge Marcelo.  
MARCELO      - Incomodo?
Júlia nada responde. Ele insiste:
MARCELO      - Posso me sentar?
Júlia apenas faz que sim. Marcelo se senta na beirada da cama e a olha com ternura.
MARCELO      - Eu te devo um pedido de desculpas. (T) Eu reconheço que agi de maneira errada, inconseqüente. Você me perdoa?
Agora Júlia olha fixamente no fundo dos olhos de Marcelo. 
JULIA               - Eu senti muita de você antes de pular do seu carro. Mas eu também errei: Arrisquei a minha própria vida. E poderia ter até. Sei lá, ter complicado a vida de vocês. (T) Eu também te peço desculpas.
MARCELO      - (sorri) Então nos desculpemos!
Ele olha encantado pra Júlia. Ela desvia o olhar. 
JULIA               - Nem acreditei, quando soube que a dona Tercia é sua mãe.
MARCELO      - É, eu também fiquei muito surpreso quando ela me contou que já te conhecia. Que você é a famosa Júlia, dona do cachorrinho sapeca.
Júlia sorri.
MARCELO      - Que bom que ela te trouxe pra cá! (T) Engraçado como são as coisas. Dá até pra acreditar em destino!
Marcelo encara Júlia com firmeza, desejando-a.
MARCELO      - Eu tô com um tempinho livre, vou te acompanhar no almoço. A gente aproveita pra conversar mais, se conhecer melhor.
Closes alternados dos dois.
Corta para:

CENA 12. STOCK-SHOTS. EXT. NOITE
Clipe de belas imagens de Salvador já sob a luz da lua, terminando no apartamento de Tercia. Música “Saudade da Bahia - São Salvador”, de Gal Costa & Quarteto Em Cy, de fundo. Corta para:

CENA 13. APTO DE TERCIA. TERRAÇO. INT. NOITE
Tercia e Júlia, que está vestida numa roupa confortável emprestada de Tercia. As duas admirando a beleza da noite.
TERCIA           - Eu costumo passar muito tempo aqui, todas as noites. Gosto de olhar as estrelas, admirar a lua, contemplar toda essa beleza, agradecer a Deus pelas coisas boas da minha vida... Apesar de tudo, apesar de todas as dificuldades do dia a dia, vale a pena ser grata. (T) Você não acha que o simples fato de estarmos vivos é um motivo pra agradecer sempre?
JÚLIA               - (um pouco triste) Depende da vida de cada pessoa. No meu caso... Não sei...
TERCIA           - Não diga isso, Júlia. Eu acho que nada na vida da gente é por acaso, sabe? Tudo que acontece tem um propósito, um motivo maior. (T) Eu sei que você passou por muitas coisas ruins, mas tudo isso acabou servindo pra nos aproximar. Hoje você está amparada, entre amigos.
JÚLIA               - Eu acho que devo algumas explicações.
TERCIA           - De maneira nenhuma.
JÚLIA               - Devo, sim. Eu vou te contar tudo o que aconteceu desde que eu saí da minha cidade.
TERCIA           - Se você vai se sentir melhor assim...
E Júlia começa a falar, fora de áudio. Música abafando a sua voz.           Tercia escuta com muita atenção. Cortes descontínuos de vários momentos da conversa. Júlia vai ficando emocionada à medida que conta tudo. No final, ela está triste, frágil, quase chorando. Tercia tenta consolá-la.
TERCIA           - Você é mesmo uma menina muito forte. Não é qualquer um que tem forças pra enfrentar tudo isso.
Júlia está de cabeça baixa, chorando. Delicadamente, Tercia levanta a cabeça dela e seca suas lágrimas.
TERCIA           - Eu te admiro muito, viu, Júlia? Gosto muito de você... Você é uma moça boa, sincera, delicada, incapaz de ferir os sentimentos dos outros. Não tem que ter vergonha de nada, viu? Os erros que você cometeu, as suas imperfeições, só mostram que você é um ser humano normal, cheia de virtudes e defeitos. E esses defeitos não me impediram de me apaixonar por você...
Julia não demonstra muita surpresa com o que Tercia falou; não lhe é indiferente. Tercia se aproxima ainda mais de Júlia e as duas se beijam, com muita delicadeza. Aqui entra a música “Te amo” de Biafra, de fundo. Marcelo, que vinha chegando, para ao ver a cena. Elas não percebem a presença dele. Meio decepcionado com o que viu, Marcelo volta por onde veio. Elas continuam ali, envolvidas. Corta para:

CENA 14. APTO/QUARTO  DE TERCIA. INT. NOITE
Tercia, recostada num travesseiro, fumando um cigarro. Júlia está deitada ao lado. Ambas estão nuas, embaixo dos lençóis. Acabaram de fazer amor. Conversa já ao meio.
TERCIA           - A Aurora me disse que o Marcelo esteve aqui enquanto a gente estava lá no terraço. Ele deixou umas coisinhas suas aí.  
JULIA               - Ah, então ele deve ter buscado lá na casa da Mercedes.
TERCIA           - Mas é estranho, ele não ter subido pra falar comigo. (T) Bom, deve ser bobagem minha. Ele vive numa correria naquela faculdade.  
Tercia volta a tragar seu cigarro. Close da expressão de incerteza de Julia.
Corta para:

CENA 15. APTO/QUARTO DE MARCELO. INT. NOITE
Marcelo está corrigindo provas, numa escrivaninha. É visível a sua falta de concentração. Ele joga a caneta sobre os papeis, se levanta e vai até a janela. Música “Mil e um noites de amor” de Pepeu Gomes, de fundo. Insert da cena 11 deste capítulo: Marcelo encara Júlia com firmeza, desejando-a. Fim do insert. Marcelo volta ao seu trabalho. CAM vem recuando lentamente, sai pela janela e vai buscar a lua cheia. Fusão: da lua no sol nascendo.

CENA 16. FACHADA DO PRÉDIO DE TÉRCIA. EXT. DIA
Abre em Júlia saindo do prédio. Ela está carregando uma mala. A mesma mala que Marcelo havia buscado pra ela na casa de Mercedes. Corte descontínuo: Júlia entrando num táxi. Taxi vai se distanciando devagar. Corta para:

CENA 17. CASA DE MERCEDES. COZINHA. INT. DIA
Júlia saboreando um cuscuz com banana terra feito por Mercedes. Mercedes e Rosana já tomaram café, apenas fazem companhia enquanto conversam. O cachorro brinca ali pelo chão.
MERCEDES   - Tô gostando de ver. Tu tá outra desde que voltou da casa da madame. Tá bem mais animada.
JÚLIA               - É, a dona Tercia é uma pessoa muito boa. E o Marcelo também é um cara legal. Tem bom caráter.
ROSANA         - E por que é que tu resolveu vir embora de repente, sem nem se despedir da mãe dele?
MERCEDES   - É verdade, Júlia. Deixar um bilhete é uma forma bastante indelicada de se despedir, principalmente depois dela ter te tratado tão bem.
JÚLIA               - Vocês dizem isso porque não sabem o que aconteceu...
ROSANA         - O que foi? Diz pra gente!
JÚLIA               - Deixa pra lá. Vocês não iam entender...
Mercedes e Rosana se entreolham, desconfiadas do que houve. Corte:

CENA 18. APTO/QUARTO DE TERCIA. INT. DIA
Tércia desolada diante de Aurora, sua empregada. Conversa ao meio.
EMPREGADA         - E foi isso.
Tércia calada.
EMPREGADA         - E ela também pediu que eu entregasse esse bilhete pra senhora, dona Tércia.
TÉRCIA           - (pegando o bilhete) Obrigada, Aurora.
Instantes. A empregada a encarar Tércia, como se quisesse consolá-la, mas julga isso inoportuno.
EMPREGADA         - (já saindo) Se a senhora precisar de alguma coisa...
Como se esperasse ardentemente estar sozinha no quarto, Tércia desaba em sua emoção, fecha a porta, e se permite chorar toda a dor que está sentindo. Ela abre o bilhete e sobre esta cena entra a voz off de Júlia:
JÚLIA               - (voz off) “Tércia, eu não sei o que escrever. Eu poderia preencher esta folha com “Você é meu anjo da guarda”, enquanto tivesse espaço nela. E mesmo assim eu estaria em falta com você. Eu só quero botar nesse pedaço de papel todo o meu carinho, toda a minha admiração por você. E mesmo assim não cabe, porque é coisa demais. Tércia, você é maior que o mundo.”
Mesmo chorando, Tércia sorri nesse trecho,
JÚLIA               - (continua, voz off) “Eu não sei se estou agindo certo indo embora desse jeito, sem me despedir direito. Na verdade, eu não sei de mais nada. Eu to confusa, e não quero te magoar. Às vezes, eu não sei nem quem sou, e isso me faz sofrer. Mas eu não quero fazer sofrer quem eu gosto demais. Eu não quero colocar você dentro da minha confusão, por isso eu voltei pra casa da Rosana e da Mercedes. Existe dentro de mim a vontade de dizer sim a tudo que vem de você, a tudo que a gente pode viver, mas aí grita dentro de mim o desacerto que vivi com a Rosa Maria. Eu sei que fiz ela sofrer, e não quero isso pra você. Eu já errei muito, e não vou me permitir errar com você. Eu posso estar escrevendo um monte de bobagem, de não ser nada disso, mas no fundo, eu sei que não é, e por isso estou com medo, estou confusa. O que a gente viveu ontem foi lindo, e eu não quero estragar essa memória. Olha, nós merecemos ser felizes. Eu serei de algum jeito, e você também será. Você é maior que o mundo, e merece um amor do mesmo tamanho. Beijos, carinho, Júlia.”
Tércia bota o bilhete contra o peito, como se quisesse guardar Júlia ali dentro, pra sempre. E nesse momento triste, a CAM recua, deixando Tércia ali, com sua dor, com seu pranto, e corta para:

CENA 19. CASA DE MERCEDES. COZINHA. INT. DIA
Júlia, Mercedes e Rosana estão almoçando. Alguém bate à porta.
MERCEDES   - Mas quem será?
JULIA               - Eu abro!
Julia vai até a porta. Abre e se depara com Marcelo com um sorriso de orelha a orelha.
JULIA               - Marcelo!
Eles se abraçam. Ela faz sinal para ele entrar.
MARCELO      - Fiquei sabendo que você voltou pra cá. Minha mãe até tentou disfarçar, mas ela ficou um pouco magoada pela forma como que você saiu de lá.
Reação de Júlia. Corte descontinuo:  Marcelo almoçando com as meninas.
MARCELO      - Adoro um bifezinho com arroz!
As meninas sorriem.
JULIA               - Eu sou muito grata a sua mãe por tudo o que fez por mim, Marcelo. Ela foi um anjo na minha vida. Mas não fazia sentido eu continuar lá, dando trabalho. Além disso, já tava me sentindo boa, pronta pra outra.
Todos riem novamente. Mercedes bate na mesa.
MERCEDES   - Bate na madeira, menina!
ROSANA         - Bom, pra outra daquelas não. Mas pra abraçar a profissão como eu e a Mercedes fizemos, tudo bem.
Um instante em Júlia pensativa.
JULIA               - Eu tô é pensando em procurar a dona Flávia de novo. Mesmo que ela diga que não tenho vergonha na cara. Vou tentar pelo menos uma carta de referência, sei lá. (T) Sabe, não sou nenhuma santa, já aprontei das minhas lá na minha cidade. E também não quero desmerecer o trabalho de vocês. Mas eu não consigo me ver nessa vida... Não é a minha.
Rosana e Mercedes a olham, compreensivas. Marcelo, que parou de comer enquanto Júlia falava, a olha com ainda mais encantamento.
MARCELO      - Olha, Júlia, de jeito nenhum eu vou deixar você procurar a Flávia. Se humilhar pra ela de novo? Conheço a peça. (T) Você não está mais sozinha em Salvador, como quando você chegou na cidade.
Ele coloca suas mãos sobre a de Júlia.  
MARCELO      - Agora você tem amigos, tem a mim.
Marcelo e Júlia se olham fixamente. Rosana e Mercedes se olham, riem uma pra outra, percebendo o clima. Júlia e Marcelo riem também ao notarem.
Corta para:

CENA 20. FACHADA DA CASA DE MERCEDES. EXT. DIA
Marcelo está recostado na porta do carro, Julia de frente pra ele. Eles já estavam conversando, fora de áudio, mas ele se cala. Júlia procura interpretar o silêncio dele, e o encara por um breve instante.
JÚLIA               - O que foi, Marcelo? Parece que tá querendo me dizer alguma coisa.
Marcelo vai se pronunciar, entra insert da cena 13 deste capítulo: O exato momento em que Marcelo flagra o beijo entre Tércia e Júlia. Fim do insert. Marcelo fica calado por alguns segundos, até que se pronuncia, com certo charme:
MARCELO      - Não, não tenho nada pra falar, não. Impressão sua, Júlia.
JÚLIA               - Vá, diga logo, moço!
MARCELO      - Bobagem minha. Distração... Mas eu tenho uma coisa bem mais importante pra te dizer. Vai custar a sua mão!
Ele toma a mão dela.
JÚLIA               - (digerindo a ação dele) Ah, fala sério, Marcelo!
MARCELO      - Sim, é isso mesmo, garota. (T) Eu quero me casar contigo, Júlia! E eu não aceito não como resposta!
Marcelo a puxa para perto de si. O tranco faz Júlia se lembrar de seu momento com Tércia. Entra insert da cena 13 deste capítulo: Tércia e Júlia se beijam. Fim do insert. Júlia se percebe quase colada a Marcelo.
JÚLIA               - Casamento? Não acha que tá muito cedo pra gente...
Marcelo a silencia com um beijo quente e apaixonado. Júlia é tomada de assalto, mas se entrega, até que o beijo se dissolve.
JÚLIA               - Você sabe quase nada de mim, seu doido. Vida real não é novela!
MARCELO      - Ah, o que eu sei me basta. Eu não tiro você da cabeça, desde que a gente se conheceu, e você sabe disso. E também sabe que tem sentimento ai dentro, (aponta para o peito dela) de você por mim.
Júlia não diz nada, não sabe o que dizer.
MARCELO      - Mas também não é coisa pra hoje ou amanhã... Eu só tô te falando do que eu quero pra nós dois. Quero ser teu namorado, teu noivo, teu amigo, quero ser tudo pra você. E então, o que você me diz?
Júlia suspira.
JÚLIA               - Ai, meu Deus! (pensativa) Eu espero estar tomando a decisão certa... Eu digo sim. Eu acho que o meu coração tá dizendo sim.
MARCELO      - E é isso que importa. (T) Olha, minhas férias tão aí, pra a gente passar uma semana na casa de praia em Itaparica. Topa?
JÚLIA               - Eu acho ótimo!
Marcelo a puxa pela cintura de novo. Eles se encaram. Ambos sorriem e se beijam.  A CAM faz um chicote rápido para a fachada da casa e flagra Rosana, Mercedes e Tico vendo toda a cena de camarote. Mercedes faz aquele assobio de “fiu-fiu”, e chama a atenção do casal. Rosana, mais afoita, grita de lá:
ROSANA         - É isso aí, Marcelo, não perca tempo não! Manda ver!
Tico late como quem faz parte da brincadeira. Todos riem e a CAM volta para mais um beijo quente do casal. Entra a música “Yes” de Tim Moore, de fundo. Tempo no beijo deles. Corta para:

CENA 21. CENÁRIOS DIVERSOS. EXT/INT. DIA/NOITE
Clipe de imagens marca passagem de tempo:
A – Tercia, na clínica, em atendimento a uma cliente com seu gatinho.
B – Marcelo e Júlia passeando pela orla da praia. Tico atrás deles. Corta para os dois num banho de mar, com roupa e tudo. Tico correndo na areia a vigiá-los.
C – Tercia, no cinema, assistindo a algum filme de comédia romântica. Corta para ela em um restaurante com um grupo de amigos.
D – Marcelo dando aulas a Júlia em seu apartamento. Ela bastante animada, sorri para ele, que a beija. Voltam a se concentrar nos estudos. Corta para os dois na cozinha, preparando algo para comer. Felizes, trocam carinhos. Eles estão morando juntos.
E – Mercedes e Rosana, em casa, no meio de uma faxina.
F – Rosana e Mercedes fazendo ponto em uma calçada. Um carro se aproxima delas.  
G – Júlia, Rosana e Mercedes, numa loja, escolhendo roupas para comprar.
H – Marcelo dando aula na faculdade.
I – Tercia fumando, sozinha, na sala escura de seu apartamento.  
J – Júlia entristecida em seu quarto.  
K – Marcelo colocando uma aliança no dedo de Julia, que sorri emocionada. Se beijam felizes.
L – Marcelo e Júlia jantando com Tercia em seu apartamento. Riem de algum caso contando por Marcelo. Close de Tercia observando os dois, constatando que estão realmente felizes.
M – Marcelo e Julia recebendo Tercia em casa. Ela os abraça. Clima de harmonia.
N – Júlia experimentando o vestido de noiva, feliz. Tercia que está presente a observa.
Fim do clipe.
Corta para:

CENA 22. FACHADA DA CASA DE MERCEDES/RUA/CARRO. EXT/INT. DIA
Carro de Tercia na porta. Vemos Mercedes e Rosana saindo de casa e entrando no carro. Carro vai saindo devagar. Corta pro interior: Tércia dirigindo, Júlia no banco do carona, Mercedes e Rosana no banco de trás. Todas muito animadas.
ROSANA         - Então logo mais vamos conhecer toda a família da Júlia.
JÚLIA               - Sim, eles estão vindo em peso. Eu expliquei que será uma cerimônia simples, só pra família e pros amigos mais íntimos.  
MERCEDES   - Vai ser muito bom rever o pessoal lá de Entre Sertões, Júlia. (Júlia faz que sim)
ROSANA      - Eu não entendi uma coisa: A festa vai ser no apartamento da mãe do noivo. Não era pra ser no apartamento do Marcelo, o noivo? 
MERCEDES - (tom de reprovação) Que pergunta besta, Rosana!  
ROSANA         - Ave Maria! Eu só fiz uma pergunta.
JÚLIA               - Não tem problema algum, Rosana. A Tercia nos ofereceu o apartamento dela por ser bem maior que o do Marcelo, e nós aceitamos numa boa.
Tercia olha rapidamente para Júlia, ri discretamente e volta a olhar pra direção.
MERCEDES - (a Júlia) Foi como quando você me convidou pra ser madrinha: Eu aceitei logo de cara.
ROSANA         - Tenho nada com isso não, mas que escolha de madrinha fuleira, Júlia: Uma lisa como a Mercedes vai poder te dar o que de presente?
MERCEDES   - (a Rosana) Vai pra lá, despeitada!
 Todas caem na gargalhada. Instantes.
JÚLIA              - Eu tô é muito contente pelos dois padrinhos, Rosana. Tanto pela Mercedes quanto pelo Aurélio.
TÉRCIA           - A ironia fica por conta da Flávia, que aceitou o convite do Marcelo pra ser a organizadora da festa.
Júlia pensativa. Insert da cena 1 do capítulo 4: Júlia finalmente enfrenta Flávia e lhe diz verdades. Fim do insert.
Corta para:

CENA 23. INSTITUTO DE BELEZA. INT. DIA
CAM abre ainda na rua. Do carro saltam Júlia, Mercedes, Rosana e logo atrás Tércia, falando ao celular fora de áudio, ao som de “Man! I feel like a Woman”, de Shania Twain. E desse modo, com a canção a permear toda a cena, elas entram no instituto de beleza. E entrecortes, seguimos esse dia de princesa na vida das meninas:
Uma SENHORA, com ar de aristocrata, se espanta com a chegada delas. Tércia se diverte com isso.
Rosana, já a tratar dos cabelos, orienta, sem cerimônia, a profissional que a atende:
ROSANA         - (fazendo o gesto com a mão) Olha, minha filha, eu quero é um belo de um topete nesse penteado, viu? Um topete simples, porque eu sou uma pessoa discreta. Mas tem que ser um topete de respeito, entendeu?
No vapor escaldante do secador, a cabelereira se mostra pronta a atender ao pedido de Rosana. Júlia que está na bancada ao lado, ri e pisca para a amiga.
Logo ali, com a cabeça envolta numa touca térmica, e isso parece irritá-la um pouco, vemos Mercedes a fazer as unhas. A manicure lhe apresenta um farto arsenal de esmaltes. Mercedes não sabe qual escolher. Põe o dedinho na boca em sinal de dúvida. Discreta, Tércia lhe indica uma cor neutra.
Agora, Júlia mira-se diante do espelho da bancada e aprova o novo visual. Tércia fica feliz ao vê-la feliz.
Noutro ponto, enquanto Mercedes enfrenta a chapinha, Rosana comenta:
ROSANA         - Mas a Júlia é porreta, mesmo, hein, Mercedes? Não se esqueceu da gente!
MERCEDES   - Essa daí é amiga pra se carregar pra vida toda.
Tércia já acerta a conta na recepção. Júlia nota uma certa preocupação nela.
JÚLIA               - (descontraindo) Ih, deu ruim aí? Será que foi a farra minha e das meninas?
TÉRCIA           - Imagina, Júlia, tudo nos conformes.
JÚLIA               - (tom) Mas você parece preocupada.
TÉRCIA           - Ah, não vou mentir pra você: Esse compromisso do Marcelo lá em Feira de Santana, pra tomar posse como professor na Universidade... Sei que não tinha como mudar a data. Mas é que eu fico preocupada de ele não conseguir voltar em tempo hábil.
JÚLIA               - Mas Feira é logo ali. Há de dar tempo. (T) Ele acordou numa felicidade só!
TÉRCIA           - Ah, eu imagino.
E na carinha de felicidade de Júlia já sendo espremida pelo abraço amigo de Rosana e Mercedes que fazem festa e zoada ao redor delas, corta para:

CENA 24. APTO DE TERCIA. SALA PRINCIPAL. INT. DIA
Decoração bastante luxuosa. Flashes vindos da câmera do fotografo contratado. Elegantes convidados. Todos na expectativa pela entrada da noiva. Mas Marcelo ainda não está presente e isso rouba a atenção de todos. CAM vai buscar alguns grupinhos cochichando. Corta para Tercia, um tanto aflita. Ela observa o juiz de paz que se mostra incomodado. Corta para Amélia, Justiniano, Osvaldo, Zoraide, e Danilo em algum canto. Todos estão preocupados.
Corta para:

CENA 25. APTO DE TERCIA. QUARTO DE HÓSPEDES. INT. DIA
Júlia linda, vestida de noiva e muito nervosa tentando falar ao celular. Tercia e Amélia tentando acalmá-la.
JÚLIA               - (desliga o celular desanimada) Não adianta! O Marcelo não atende! Daqui a pouco o juiz vai embora e ele ainda não chegou! Aposto que os convidados tão reparando!
TERCIA           - Que é isso, Júlia! Daqui a pouco o Marcelo está aqui. E quanto aos convidados, deixa comigo. Eu vou descer, dar um pouco de atenção a eles e tranquilizá-los. (a Amélia) Tenta acalmar a sua filha, tá bom?
Tercia sai. Amélia se aproxima de Júlia.
AMÉLIA           - A dona Tercia tem razão, Júlia. Num dia como hoje, você tem que ficar calma, de cabeça fria.
JÚLIA               - Ai, mainha, tô tão nervosa, tão insegura, tão/
AMÉLIA           - (corta) Pois você tem que ser é forte, menina! Mais forte do que nunca! Calma! Vai dar tudo certo!
Amélia abraça Júlia, que continua muito tensa. Corta para:

CENA 26. RODOVIA BAIANA. EXT. DIA
Carro de Marcelo passa por um trecho da rodovia em alta velocidade. Corta para o interior: Marcelo está tentando achar sinal para poder falar com Júlia. Instantes. Ele finalmente consegue.
MARCELO      - (ao tel) Oi, meu amor. Desculpa pelo atraso, viu? Eu tô ligando só pra te dizer que... (pausa) Que é isso? Você tá chorando? (pausa) Não fica assim, Júlia! A cerimônia da posse foi muito longa, eu tive que sair antes do final. Mas fica tranquila, tá? Daqui a pouco eu tô aí, nem que eu chegue em cima da hora, só a tempo de dizer o sim. (pausa) Tá mais calma? (sorri) Isso. Assim que eu gosto. Quero te ver linda quando eu chegar. Olha, eu quero que você saiba que eu te/
Marcelo fica chateado ao perceber que o sinal caiu e tenta rediscar.
MARCELO      - Droga de operadora!
Imprudente, Marcelo continua tentando ligar para Júlia e de repente perde o controle do carro, que capota várias vezes.

Corta.

FIM DO PENÚLTIMO CAPÍTULO.
Confira o último capítulo.

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