segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Os seriados da TV Cultura que marcaram a minha, a sua, a nossa infância


Por Henrique Melo

Uma boa maneira de celebrar a infância, neste dia 12 de outubro, é relembrar as saudosas atrações infantis da TV Cultura. Para quem foi criança na década de 80, 90 e até no comecinho dos anos 2000, é um banho de nostalgia voltar aos velhos tempos de fazer o dever de casa correndo e grudar em frente à televisão.
Fundada em 1960, pelos Diários Associados, a emissora paulistana se popularizou pelo seu conteúdo de qualidade. No que diz respeito ao segmento infantil, sempre foi uma grande alternativa às atrações importadas de fora, exibidas pelas outras emissoras, comprovando a eficácia da união entre algo educativo e atraente aos olhos dos pequenos.

Abaixo, vou elencar alguns programas que fizeram parte da minha infância. E da de muita gente também, COM CERTEZA!


     01.  Vila Sésamo (1972 a 1974)



Há exatamente 43 anos estreou o programa Vila Sésamo, produzido pela Cultura em parceria com a Rede Globo. Inspirado no sucesso norte-americano Sesame Street, foi uma atração de grande repercussão na década de 70. Apesar de não ter feito parte da minha infância, achei legal citá-la aqui, principalmente pela importância que teve para nossos pais e avós.

Vila Sésamo foi exibida pela Cultura até 1974, quando sua parceira Vênus Platinada assumiu inteiramente a produção do programa. Mesclando assuntos educativos, como higiene e trânsito, por exemplo, com uma grande dose de humor e diversão, o programa lançou personagens que até hoje povoam o universo infantil. 

O atrapalhado pássaro Garibado (confesso que tenho medo dele), o tamanduá Funga-Funga e os Mupets são figuras conhecidas até por quem – assim como eu – nunca chegaram a acompanhar o programa.






     2.  Bambalão (1977 a 1990)




“Esta história entrou por uma porta e saiu pela outra. Quem souber, que conte outra!” Este bordão marcou a infância de muitos pequenos da década de 80. Um premiado programa educativo, cheio de competições, brincadeiras, e é claro, muita história! Tudo isso remetendo ao universo circense.



     03.  Rá Tim Bum (1990 a 1994) 


A minha atração favorita da Cultura. O sucesso de Rá Tim Bum foi tão grande que chegou a ganhar o prêmio Medalha de Ouro, no Festival de Nova York. Ao longo de seus 192 episódios, reprisados constantemente com sucesso, a série revolucionou a forma de se fazer um programa infantil, indo de encontro aos moldes tradicionais.

Quem não se lembra do bordão “Senta que lá vem história”? Ou do Jornal da Criança? Ou do Professor Tibúrcio? Da Nina e da Boneca Careca? Se eu for citar todos os quadros consagrados da atração, terei que fazer um post exclusivo! O clipe de abertura fazia referência a Máquina de Rube Goldberg e é impossível não ser atacado por uma onda de nostalgia ao revê-la. 

Sem subestimar a inteligência dos pequenos, Rá Tim Bum tratava de forma lúdica sobre assuntos de grande importância, como alfabetização, cuidados com a higiene, matemática, saúde e entre outros. Entrou para o hall da cultura cult, quando se trata de algo voltado para o público infantil. 




     04.  Glub Glub (1991 a 1999)


Outro programa que fez a alegria das crianças na década de 90. Era apresentado por um casal de peixes, ambos chamados Glub, que assistiam desenhos animados em uma televisão caída no fundo do mar e abastecida por um peixe-elétrico. 


Muitas animações vindas de países como Alemanha, República Tcheca, Inglaterra, França e Bélgica foram exibidos no Glub Glub. Alguns deles se tornaram icônicos, como o Pingu, onde uma família de pinguins se comunicavam por um dialeto incompreensível.

     05.  X Tudo (1992 a 2002)


Outro programa assistido por pelo menos nove em cada dez crianças noventistas, X Tudo foi um grande sucesso da Cultura em parceria com o SESI. Mais uma vez, a emissora inovou com uma atração infantil educativa e diferente, tratando de todo tipo de assuntos, como biologia, química, matemática, culinária, esportes, física e por ai vai! Ensinava sem adotar um ar professoral. Pelo contrário, nós nem percebíamos que aquilo na verdade era uma grande “aula” disfarçada. Quem não cantava junto aquela musiquinha de abertura: “Xiiiiiiiiiiiiiiiiis... Tuuuuuuuuuuuuuuuuudo!”?


     06.  Cocoricó (1996 a 2013)


Talvez o mais famoso e duradouro programa infantil da TV Cultura, já ganhou quatro prêmios, um deles internacional, e é exibido fora do Brasil. Fez parte da vida de muitas crianças, inclusive aquelas que nasceram após a década de 90.

Cocoricó conta a história de Júlio, um garoto da cidade grande que vai passar as férias na fazenda de seus avós. Lá ele encontra vários amigos, como o cavalo atrapalhado Alípio, o papagaio Caco, a vaca Mimosa, as galinhas Lilica, Lola e Zazá e outros personagens que foram aparecendo no decorrer dos anos.  Impossível ouvir a música da abertura e não lembrar daqueles finais de tarde da infância... “Tá na hora do Cororicó/O Júlio na gaita/E a bicharada no coco-coral".


     07.  Confissões de Adolescente (1994 a 1995)


Apesar de não ser exatamente voltado ao público infantil, essa série também é um marco. Com um elenco jovem, afiado e muito bonito, levantou questões tabu (para a época, principalmente) de um jeito que só a Cultura sabe fazer. A trilha sonora é um outro grande destaque.


     08.  O Mundo da Lua (1991 a 1992)


Outro campeão de audiência da emissora, Mundo da Lua povoou a imaginação de muitas crianças. Todos os meninos e meninas sonhavam em ter um gravador igual ao do Lucas Silva e Silva. Afinal, qual foi a criança que nunca sonhou em criar um mundo alternativo para viver? Cada episódio era uma aventura diferente, nos quais – como não poderia deixar de ser- lições importantes sempre ganhavam espaço no desfecho. 


O programa nos ensinou que não há como fugir dos problemas do mundo real, pois até mesmo numa realidade paralela as coisas podem sair de controle. Crescer é enfrentar as situações difíceis de frente... E o sonhador Lucas estará para sempre em nossos corações. “Planeta terra chamando!”.

     09.  Castelo Rá Tim Bum (1994 a 1997)



Clift, cloft, still... A porta se abriu! E mais uma vez temos acesso ao mundo mágico do Castelo Rá Tim Bum. De todos os programas infantis da Cultura, Castelo foi o de maior audiência até hoje, tendo sido adaptado para o cinema e até mesmo recebido uma exposição em sua homenagem, no Museu da Imagem e do Som. 

Acompanhar as peripécias de Nino, um solitário garoto de 300 anos, Biba, Pedro e Zequinha era como fazer uma viagem a um mundo lúdico, surreal e quase bizarro. No universo deste castelo, há duas botas roqueiras chamadas Tap e Flap, também uma cobra falante conhecida como Celeste, duas fadas gêmeas que moram no lustre do lugar, Lana e Lara, os dedos (também roqueiros) que ensinam a contar e lavar as mãos, um monstro habitante dos encanamentos, conhecido como Mau e seu amigo Godofredo, espécie de elfo-ratazana, o Porteiro, o Relógio, a gralha Adelaide, o João de Barro instrumentista e as patativas, os cientistas Tíbia e Perônio, Miau, o gato bibliotecário, o Telekid e até um Ratinho que toma banho e escova os dentes.

Considero Castelo Rá Tim Bum o melhor programa infantil que já vi, em termos de produção, roteiro e conteúdo. Tudo era muito bem encaixado e sempre com um propósito educativo. Números musicais antológicos como “Meu pé, meu querido pé” e “Uma mão lava a outra” ensinavam hábitos de higiene para as crianças, sem cair na pieguice. 


Outro destaque do programa eram seus “personagens adultos”, muito bem construídos e que interagiam brilhantemente com os bonecos e o elenco infantil. A bruxa Morgana, Dr. Victor e seu bordão “Raios e Trovões”, que quase provocava uma tempestade, o entregador de pizza Bongô, a jornalista Penélope, o ET Etevaldo, a Caipora e o Dr. Abobrinha eram divertidos e sempre pareciam estar muito à vontade em cena. Infelizmente, raramente encontra-se algo assim nos dias de hoje. 



     10.  Ilha Rá Tim Bum (2001 a 2002)



  Pelo menos na minha infância, este seriado foi histórico! Três adolescentes e duas crianças perdidos numa ilha deserta. A história poderia ser clichê, se não fosse tão bem desenvolvida e construída. Era lei chegar na escola e conversar sobre a Ilha, defender meus personagens favoritos, ficar ansioso para saber o que aconteceria no próximo episódio...


Uma diferença entre este programa e os outros da trilogia Ra Tim Bum, era a narrativa serializada, concentrada nos personagens principais e sem quadros avulsos, muito semelhante aos seriados americanos que começavam a se popularizar na época. O sucesso da produção saiu das telas da TV e ganhou os cinemas com o filme O Martelo de Vulcano.

     11.  Tudo o que é sólido pode derreter (2009)


Mais uma produção que não era voltada especialmente para as crianças e nem fez parte da minha infância, mas vou citá-la por sua importância tele dramática. Tudo o que é sólio pode derreter mesclava literatura brasileira com problemas da adolescência, através da ótica de Thereza, sua protagonista, que associava os dilemas do seu dia a dia aos vividos por personagens de clássicos como Dom Casmurro.


     12.  Pedro e Bianca (2012)


Provavelmente daqui a 10 anos, as futuras gerações lembrarão de Pedro e Bianca com a mesma saudade que nós, hoje, lembramos de Castelo Rá Tim Bum, Mundo da Lua e cia. Mais um grande acerto da Cultura no segmento jovem, assim como Confissões de Adolescentes e Tudo o que é Sólido Pode Derreter, essa série retrata com muito humor e realismo a vida de dois irmãos gêmeos de classe média.


Pedro e Bianca são gêmeos bivitelinos. Ele branco e ela negra. Os dois se veem envolvidos em muitas confusões por causa disso, mas gostam muito do outro. Assuntos como orientação sexual, preconceito racial, ascensão da Classe C, perda da virgindade e tantos outros são abordados pela série, sempre com o selo TV Cultura de qualidade.


Infelizmente, todos sabemos da atual situação da TV Cultura. Seja como for, espero que Pedro e Bianca não seja o canto do cisne desta grandiosa emissora e que ela possa nos brindar com muitas outras produções primorosas. Com um histórico de dar inveja, a segunda melhor emissora do mundo, em termos de qualidade, nunca morrerá, independente do que acontecer futuramente. A Cultura vai continuar Viva, juntamente com a criança que habita dentro de cada um de nós.

3 comentários:

  1. Post incrível! Me emocinei com algumas atrações com Glub Glub e xis tudo que fizeram parte da minha infância e eu já nem lembrava mais.

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  2. Nossa sem palavras!! Sempre posts nostálgicos mexem comigo.. Atrações que me lembram da minha infância, o que falar de rá-tim-bum meu preferido? Mas ver a abertura de X-tudo foi emocionante!! Parabéns pelo post Henrique.. ameei!

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  3. Viajei para os anos 80, minha infância. Bela postagem, Henrique. Até a próxima!

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