26 de setembro, dia de aniversário de Gal Costa, uma das artistas mais completas da Música Popular Brasileira. Convidei o amigo Robério Silva, um de seus fãs mais fervorosos, a desenvolver um texto sobre a presença marcante da cantora nas trilhas sonoras da teledramaturgia brasileira. Ele topou, e o fez primorosamente. Obrigado pela sua participação especial, meu caro. Confiram!
Robério Silva é professor universitário, Doutor em Literatura pela UFF. |
Escrever sobre a participação de uma de nossas maiores
cantoras no repertório já extenso das trilhas televisivas no Brasil é uma
tarefa das mais saborosas, pois me faz voltar a momentos preciosos de nossa
teledramaturgia bem como, no caso das canções mais antigas, a lembranças
saborosas da infância e adolescência.
Talvez uma das vozes mais
presentes nas trilhas de nossas telenovelas, Gal Costa está presente em obras
históricas da teledramaturgia, chegando mesmo a participar de cenas, sobretudo
de uma já antológica, em Dancin’ Days, e outras também da fatura de
Gilberto Braga.
Tentei aqui reunir dois critérios
na classificação e apresentação das canções que mais marcaram a obra televisiva
e a carreira da cantora junto ao aspecto afetivo que sempre permeia os textos
que escrevemos sobre teledramaturgia. Também segui nosso querido blogueiro e
roteirista Vìtor de Oliveira e criei um
rank de melhores canções da Gal. Vamos a elas.
10 – Caminhos Cruzados (Mulheres
de Areia – 2a. versão, 1993; O Profeta – 2a. versão, 2006):
nessa bela canção, Gal Costa mostra seu canto límpido e disciplinado nos
acordes da bossa nova de Tom Jobim, que a considerava uma de suas melhores
intérpretes. A gravação se adaptava bem aos rumos amorosos das duas tramas
globais, acentuando o clima romântico de ambas.
9 – Meu bem, meu mal (Brilhante
– 1981; Queridos Amigos – 2008) esta parceria sexy com seu irmão artístico
e principal influência nos primeiros anos de carreira, Caetano Velloso, foi um
hit romântico durante quase toda a década de 80, e ajudou a compor o clima
chique de Brilhante e os desencontros amorosos da minissérie Queridos
Amigos.
8 – Futuros Amantes (História de Amor – 1995): curiosamente, tinha quase certeza de que esta bela canção de Chico Buarque que encontrou uma suave tradução na voz de Gal, também fazia parte da trilha de A idade da Loba, exibida pela Bandeirantes no mesmo ano em que a Globo transmitia mais uma trama envolvendo uma Helena de Manoel Carlos, a primeira encarnada por Regina Duarte e que alcançou grande sucesso. Ao som da bela interpretação de Gal Costa, acompanhávamos a luta de Helena por seu amor e pela formação final da terrível filha. Na verdade, a canção que soava na trama da Band era Lindeza, mais uma bela composição do Mano Caetano.
7 – Dez Anos (Ciranda
de Pedra – 1981; Dinheiro Vivo [Tupi]- 1979) – esse bolerão
romântico até a raiz encontrou uma interpretação sofisticada na voz cristalina
de Gal, criando um clima todo especial para a personagem Laura, de Ciranda
de Pedra. Tenho uma relação especial com esse tema por já possuir o disco
“Gal Tropical” à época em que a adaptação do romance homônimo de Lygia Fagundes
Telles ia ao ar no horário das seis. Deliciava-me com Gal e me assustava um
pouco com a trama algo sombria da novela.
6 – Baby (Transas e
Caretas – 1984 ; Ninho da Serpente – 1982 ; Anos Rebeldes – 1992): chegamos
ao terreno dos clássicos de Gal, encontrando aquele que foi seu primeiro hit
radiofônico e encontrou repercussão em três produções da teledramaturgia. Acredito
que a versão presente na trilha de Transas e Caretas seja a de 1982,
gravada em parceria com o Roupa Nova. A versão clássica compôs a trilha do
grande melodrama Ninho da Serpente, exibido pela Bandeirantes, trilha,
aliás, composta por grandes clássicos. No entanto, é na minissérie Anos
Rebeldes que a canção ganha um status de grande tema de toda a história,
sendo repetida em diversas cenas, ajudando a compor e embalar os conflitos dos
jovens, revolucionários ou não. “Baby” é quase uma personagem da obra.
Impossível pensar na minissérie e não nos remetermos à gravação da jovem Gal.
5 – Força Estranha (Os
Gigantes – 1979): se a novela foi um fracasso – uma pena, pois lá estava
uma das maiores interpretações de Dina Sfat, no papel de Paloma – o mesmo não
se pode dizer desse registro de Gal Costa, uma de suas mais fortes
interpretações, dessa maravilhosa letra de Caetano Velloso. Em nossa modesta
opinião, nenhuma versão, nem mesmo a de Roberto, superou a de Gal. Neste caso,
venceu a música.
4 – Só Louco (O Casarão
– 1976): Gal Costa como abertura de novela e cantando Dorival Caymmi, eis
um paradigma das trilhas de novela. Embora não tenha sido a primeira vez, a
canção se colava imediatamente à novela, uma das mais líricas da história
televisiva. Todo o clima romântico da obra já aparecia embalado na
interpretação intimista da cantora e no arranjo sutil.
3 – Folhetim (Dancin’ Days - 1978): não bastava a canção para representar a sofrida, mas batalhadora Júlia Mattos, vivida inesquecivelmente por Sônia Braga, Gal acabou aparecendo em uma cena da novela cantando numa festa de Yolanda Pratini (Joana Fomm), que pede à irmã heroína que preste atenção à letra de Chico. Momento e gravação antológicos.
2 – Brasil (Vale Tudo – 1988): embora cantada pelo próprio compositor, Cazuza, e por outros artistas, foi na voz de Gal que o grito de impaciência da nação diante da cultura da Lei de Gèrson encontrou a mais forte transmissão. Já no primeiro capítulo, com a abertura da novela, os telespectadores sabiam o que esperar; a intensidade da interpretação de Gal não cansou o público que se viu preso às aventuras e dramas de Raquel e Maria de Fátima Aciolly e os Roitman, nessa que, com certeza, é uma das cinco mais importantes telenovelas da história.
1 – Modinha para Gabriela (Gabriela – 1975 e 2012). Será mesmo uma coincidência escrever sobre o clássico de Caymmi, no momento em que mais uma vez a Globo adapta o romance de Jorge Amado, e mais uma vez a gravação histórica de Gal é utilizada para a abertura da novela? Talvez. Mas o que poderia traduzir e resumir melhor uma telenovela através de sua canção-tema? Pouquíssimas vezes uma canção pode estar tão ligada a uma telenovela como neste caso. Gal empresta toda a brejeirice baiana para dar vida à voz de Gabriela, interpretando quase como atriz a canção do baiano maior da música. É sintomático que se tenha recorrido à mesma gravação para o remake da clássica novela. Na minha cabeça de criança pequena, a imagem de Sônia Braga e a voz de Gal se fundiam para formar essa figura maior chamada Gabriela. Clássico dos Clássicos das trilhas e das aberturas.
Gal Costa é definitivamente uma das vozes maiores da teledramaturgia musical.
como gostar de novelas e não apreciar as músicas de Gal que embalaram a gente...mesmo modinha pra gabriela sendo tema da novela eu tinha um tema particular que tocava muito na mesma época, Teco Teco....que era a cara da personagem tb. Como eleger apenas uma? cito Tigresa, mais uma canção a cara de Sônia Braga e seu tema em Espelho Mágico. Talvez a única que não goste em sua voz seja Brasil....acho que a versão definitiva é mesmo do autor.Legal ainda ver que ela sempre é lembrada nas nossas trilhas. Muito bom, Robério!!
ResponderExcluirParabéns bela Gal Costa, que Deus te abençoe! Vc é a top das tops dos temas de novelas.
ResponderExcluirAdorei, amigo! Coincidiu com meu TOP 10 em muitos itens..rs! Salve Gal!
ResponderExcluirRobério, gosto bastante de toda a trilha sonora de Tieta e dela consta a linda "alguém me disse"... senti falta desta em sua lista (risos).
ResponderExcluirBelas escolhas, meu caro. Valeu por ter você por aqui. Até uma próxima! :)
A Gal tem muito estilo,uma voz inconfundível,conheço poucas cantoras que conseguem mexer profundamente com nosso lado mais sensível,Gal Costa é um grande ícone na música brasileira e o que se comentar dela será pouco.
ResponderExcluirGal Divina Maravilhosa, uma voz linda e cristialina e uma presença que magnetiza a gente.
ResponderExcluirExcelente Top 10!
Parabéns!!!!!!!
Grandes canções! Grande Gal! Gosto muito da música que fez parte da trilha da novela Alma Gêmea também...
ResponderExcluirGal, diva da mpb e das trilhas de novela.
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