José Raimundo Oliveira ou simplesmente Zé Raimundo, é um jornalista conceituado, repórter da TV Globo, um dos mais respeitados profissionais da área. Autêntico e solícito, como de costume, ele topou bater um papo com o blog. O agradeço por isso. Confiram:
Por Denis Pessoa
Como aconteceu o seu primeiro encontro
com o jornalismo?
Foi no serviço de alto-falante da minha cidade, Riachão do Jacuípe
[Bahia]. O dono era Plínio Enoy, locutor famoso na região. Depois, já em Feira
de Santana, fui noticiarista da Rádio Sociedade de Feira. O meu amigo Jair
Cesarinho naquela época era o titular do horário. Eu era o reserva dele, com
muito orgulho.
Fale um pouco a respeito de sua
experiência com o Jornal A Cidade, de Riachão do Jacuípe.
Ainda no ginásio (hoje é ensino fundamental) tive a idéia de criar o
Jornal "A Cidade". Começou lá, na Escola N. S. Da Conceição, em
Riachão. A idéia evoluiu para o jornal impresso, já com a participação de
colegas e amigos da cidade. Ninguém tinha experiência, muito menos formação
acadêmica. Éramos todos, digamos, aventureiros da escrita querendo aprender. E,
claro, descobri que levava jeito, pelo menos para jornaleiro. Além de escrever
eu também vendia o jornal nas ruas de Riachão.
Em sua opinião, quais as características
de um bom repórter?
Ser honesto com a informação e com as fontes, nunca esquecer que existem
os dois lados da notícia, sempre duvidar das facilidades que muitas vezes
cercam o repórter, ouvir muito, ficar atento ao que acontece em volta do
assunto da pauta e ter a ética como guia.
Existe algum trabalho que te trouxe
frustração por ter saído abaixo de suas expectativas? Qual?
Sempre há reportagens que gostaríamos de esquecê-las. Mas o tempo acaba
se encarregando de resolver as frustrações. Não consigo eleger agora qual foi a
que menos gostei de ter feito. Foram várias, certamente.
Qual reportagem te trouxe mais
realização ao concluí-la?
Do mesmo jeito que tenho dificuldade de eleger as reportagens que não
gostaria de ter feito, também para as melhores sinto o mesmo dilema. Claro, me
sinto realizado quando consigo, através do meu trabalho, ajudar a resolver
algum problema, preferencialmente, de famílias e comunidades que têm o
jornalista como interlocutor. As reportagens que denunciam distorções e
injustiças são feitas com esse intuito. Só pra citar uma das últimas, as
crianças que foram levadas de forma arbitrária por casais paulista. Fizemos a
denuncia no Fantástico e pouco mais de 2 meses depois elas voltaram pra Monte
Santo. É gratificante alcançar resultados assim. Acompanhamos tudo desde o
momento da denuncia, cobramos providencias e elas aconteceram da forma que
deveria: corrigindo uma decisão equivocada de um juiz que pensa que a justiça
foi feita para os ricos.
Você já foi assediado pela concorrência
alguma vez?
Sim.
Programas sensacionalistas ocupam cada
dia mais a programação das emissoras de TV, tanto pela audiência quanto pelo
retorno financeiro. Fosse feita uma proposta para você compor a equipe de um
programa tal, como lidaria com o desafio?
Acho que não seria capaz de negociar algum trabalho que tenha o
sensacionalismo como foco. Não tenho perfil pra isso, não me vejo explorando a
tragédia humana, por exemplo, pra ganhar audiência e dinheiro. Há formas mais
dignas de se conquistar o público. A mais importante é a credibilidade.
Quais foram seus maiores aprendizados em
sua trajetória no rádio e na TV?
Aprendi muita coisa, principalmente na TV. Aprendi que tenho um
instrumento poderoso nas mãos e que devo usá-lo com responsabilidade.
Como surgiu sua relação com assuntos
relacionados ao meio ambiente?
Desde que me entendo como repórter cultivo as pautas
relacionadas ao meio ambiente. É uma atração que me acompanha há muitos anos.
Talvez seja a preocupação com futuro do planeta, com o futuro dos meus filhos,
netos, bisnetos, enfim, com as gerações que estão começando a viver e com as
que ainda virão ao mundo.
Qual a relevância do trabalho das ONG’s
na preservação ambiental? Você acredita que o trabalho das ONG’s que visam à
preservação do meio ambiente é divulgado de forma satisfatória ao público?
Acho importante a participação das ONGs no trabalho de Educação
ambiental, principalmente. Mas é importante saber distinguir as que realmente
são comprometidas com a causa das são oportunistas. Há organizações não
governamentais que foram criadas com a única intenção de tirar dinheiro do
governo e de outras instituições. Os espaços na mídia são conquistados
naturalmente, de acordo com o merecimento. Os bons exemplos e os resultados do
trabalho, em minha opinião, são divulgados de forma satisfatória.
Em sua premiação para a ABI (Associação
Baiana de Imprensa), como Personalidade da Comunicação do ano de 2009, você
citou que “o jornalista é um coadjuvante”. Em sua visão, o que pode acontecer
caso um jornalista esqueça este detalhe, e queira passar a “brilhar” mais que a
notícia, mais que a reportagem, e mais que a pessoa que o
entrevistado/pesquisado?
Em minha opinião, o repórter, em nenhuma
hipótese é mais importante que a notícia. Nenhuma boa reportagem se sustenta
sem bons personagens. São eles as estrelas da história, portanto, o alvo do
trabalho de reportagem. Insisto: o repórter é sim um coadjuvante, o
interlocutor entre a notícia e o publico. Reportagem em que o repórter se
considera mais importante que a notícia não merece confiança. Ainda mais em
televisão que, obrigatoriamente, prioriza a imagem da notícia, do fato.
Ano passado, foi ao ar uma matéria sua
no Jornal da Globo, falando sobre o desmatamento da Mata Atlântica do Piauí por
conta das carvoarias. O que você sentiu ao ver tamanha destruição ilegal, e
trabalhadores em condições tão precárias?
Na verdade foi uma região do Piauí, Sul do
estado, que concentra três biomas: mata atlântica, cerrado e caatinga. A
caatinga predomina e, infelizmente, está desaparecendo para alimentar as
siderúrgicas de Minas. É um crime ambiental grave patrocinando a indústria do
ferro gusa. E quem vai pagar esse passivo quando tudo virar cinza? Essa
reportagem foi feita para o Jornal da Globo e Ganhou uma versão para o Globo
News Especial. Ela conquistou dois grandes prêmios nacionais: Embratel e
Allianz.
Você já recebeu alguma represália por
suas matérias que denunciam este tipo de ato?
Já fui ameaçado algumas vezes. A última foi no
Pará, no município de Anapu, aquele mesmo que foi palco do assassinato covarde
da Irmã Dorothy. O dono de uma serraria clandestina, insatisfeito com o nosso
trabalho, chegou a coçar a cintura pra puxar uma arma. Consegui sair com a
equipe antes que acontecesse o pior. Geralmente, as denúncias provocam a ira
dos denunciados e o risco vem acompanhando os crimes. Mas nunca espero pra ver.
Cerco-me de todas as precauções possíveis. A vida está acima da profissão, sem
dúvida.
Você é adepto do Candomblé ou de alguma
outra religião de matriz africana? Se sim, já sofreu/sofre discriminação por
conta disto?
Nunca sofri nenhum tipo de discriminação
religiosa. E sou radicalmente contra preconceitos de qualquer natureza. Sou de
família Católica e admirador do Espiritismo e do Candomblé. Os rituais
africanos me emocionam, assim como as evidências do mundo espiritual. Agora, o
respeito a toda e qualquer manifestação de fé é regra básica na minha conduta.
Não morasse na Bahia, onde seria?
Não troco Salvador, apesar da péssima fase que
atravessa, por nenhuma outra cidade. Mas se fosse obrigado a escolher outra
capital pra morar escolheria o Rio de Janeiro.
O “Posso Contar Contigo?” agradece a sua
gentileza.
Desejo muito sucesso e vida longa ao Blog “Posso
Conta Contigo?”.
Um abraço!
Um abraço!
Ótima entrevista! Sempre gosto das reportagens que esse jornalista faz!
ResponderExcluirVocê não passa de mais um repórter mentiroso e safado que faz de tudo para se aparecer.
ResponderExcluirMentiu deslavadamente sobre as crianças de Monte Santo. FORA DA IMPRENSA MENTIROSO! COMPARSA DE MARIE DO ROSÁRIO.
Protetora de mãe biológica que espanca seus próprios filhos!
Quem é essa louca?
Excluirlouca é pouco!
ExcluirTanta coisa boa que voce fez e permitir-se fazer uma reportagem denegrindo a imagem de um ser humano como foi o caso das crianças de monte santo é VERGONHOSO!!! Durma com sua consciencia em paz, se puder !!!
ResponderExcluirVocê diz na entrevista q "para ser um bom repórter tem q ser honesto com as informações e as fontes e ouvir os dois lados da história". Parece q no caso das adoções em Monte Santo,vc esqueceu de fazer isso. Que pena!!! destruiu a vida de cinco crianças, q tiveram a oportunidade de ter um lar digno e serem amadas pelas suas verdadeiras família, q são as adotivas.
ResponderExcluirFlavia, vai lavar roupa. Recalcada e mal amada.
ExcluirESSE JORNALISTA É UMA VERGONHA PARA A CLASSE. RECEBEU DINHEIRO PARA FORJAR A MATERIA DE MONTE SANTO, DAVA DINHEIRO PARA O PAI BIOLOGICO QUE É UM BANDIDO E AGORA SUMIU COM AS CRIANCAS DA CIDADE. FORA QUE COM A SUA MATÉRIA MENTIROSA DESTRUIU VÁRIOS LARES E DESTRUIU A VIDA DAS CRIANÇAS. A GLOBO E ESSE JORNALISTAZINHO MEDIOCRE SÃO LAMENTÁVEIS. CADA UM TEM O QUE MERECE. PODE DEMORAR, MAS COM CERTEZA, CAPPIO, ZÉ RAIMUNDO E A REDE ESGOTO DE TELEVISÃO TERÃO O QUE MERECEM.
ResponderExcluirGabriela a recalcada
ExcluirPois é, esse Sr. caiu no conceito de muita gente com essa farsa que ele preparou para as famílias dessas crianças e comprometendo o futuro dos mesmos...Se vendeu!
ResponderExcluirSerá que ele consegue dormir à noite? Tenho fé que ele ainda irá pagar por isso! Já vi muitos dessa empresa que ele trabalha na pior, e ela nem aí, tenho certeza que irá te dar um pontapé nos fundilhos,deixa estar...logo é você viu Sr. Raimundo que irá sofrer por uma injustiça!!!! Não posso nem mais te ver na TV, me dá nojo, aliás já faz tempo que o Sr. não aparece, já te encostaram?????
ra ra ra ra! Sua bruxa! ele foi premiado. Recalcada!
Excluirele tem twitter?
ResponderExcluirJose raimundo minha familia sofre com um processo a 70 anos no tjgo, Com os mesmo modos operantes do tjba na venda de sentencas com grilagem de terra, queria ver se tem interesse em fazer a materia, tenho muito materiais.
ResponderExcluirQuando foi a morte
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