by Sidney Rodrigues
Entrevistar o Eucir é uma tarefa que me deixa muito feliz, pois acompanho a carreira dele há muito tempo e sempre que o vejo em cena me surpreendo como ele mergulha de cabeça em tudo o que faz, e faz bem feito.
Ele foi atencioso, receptivo. Desde já agradeço.Confira!
Você fez uma participação muito bacana em TAPAS &
BEIJOS, como foi a experiência?
Fazer o Papai Noel do Tapas e Beijos foi um presente de
Natal. A experiência foi muito boa mesmo. Quando li o roteiro já achei muito
engraçado, ria alto, sozinho em casa. A gravação foi bem divertida e
harmoniosa. Todos os profissionais envolvidos, direção, atores, produção e
técnicos com muita leveza, boa vontade e talento. Delícia!
Costuma ver TV aberta/fechada? Que gênero de programa te atrai?
Costuma ver TV aberta/fechada? Que gênero de programa te atrai?
Assisto de tudo, TV aberta ou fechada. Não tenho horário
fixo para ver TV, fico dias sem ver, então não sigo nenhum programa. Quando
ligo, vou procurando do começo ao fim e paro no que mais me interessar, pode
ser um filme, um programa desses da vida real, um documentário sobre uma terra
distante, um desenho animado antigo...
O que mais me atrai são filmes, principalmente os nacionais ou
clássicos do mundo todo, que porventura ainda não tenha visto ou que gostaria
de rever.
A série "FDP", que você fez na HBO, foi um grande sucesso,
teremos uma segunda temporada do Juarez da Silva? É amante do futebol ou teve
que ralar muito pra entrar na pele do juiz?
Não sei nada sobre uma segunda temporada de FDP. Só sei que
todos os profissionais envolvidos ficaram muito satisfeitos, durante as
gravações e depois da série pronta e gostariam de continuar!
Não sou exatamente um amante de futebol. Quando criança
ainda torcia, por influência do meu pai. Depois nunca mais acompanhei nenhum
time. Vi muito futebol a vida toda porque sou brasileiro e simpatizante.
Mas acontece um fenômeno comigo! Quando pego um personagem,
me apaixono pelo seu universo. Na época do Juarez, acompanhava todos os jogos,
todos os campeonatos, tenho 5 canais de esporte na TV e era só o que eu via. E
pensava, nossa, como é maravilhoso o futebol, como pude ficar tanto tempo sem
acompanhar. Via filmes documentários antigos e ficava comparando o futebol de
hoje com o de ontem. Hoje não vejo mais nada! E já foi assim com diversos
assuntos, escultura, equitação...
E esse é meu objetivo maior como ator, abrir mão da minha
personalidade por um tempo e ser outra pessoa. Quando me confundem com o
personagem fico feliz e satisfeito!
Que atores/atrizes ou diretores são referências para você? Como um ator que já fez drama/comédia com bastante propriedade, tem algum gênero de preferência?
Não tenho hoje nenhuma referência específica. Admiro muitos
atores e diretores e tenho uma preferência pelos brasileiros, mas sou muito
aberto a novidades, um ator ou diretor que nunca vi pode me impressionar e
passar a me influenciar, esteticamente, pelo assunto, pela ética envolvida,
etc. Depois vem outro e muda.
Mas fui muito
influenciado no início pelo Artaud, pelo Peter Brook e também pelo teatro
antropológico.
No Gênero se dá o mesmo. Vou num rumo, me esgoto, vou para
outro, depois volto.
Como não gosto muito de me repetir, a preferência depende do
que acabo de fazer, do que estou vivendo na vida pessoal, do que acho
necessário dizer naquele momento e do que acho mais interessante como carreira
também.
Que livros nós podemos encontrar na cabeceira do Eucir?
Tem alguma indicação a fazer?
Atualmente, na cabeceira tem “O Jardim e a Primavera – A
História dos Quatro Dervixes” – de Amir Khusru. É uma compilação de contos de
ensinamento do antigo Oriente Médio. É esse que agora estou lendo e relendo.
Tenho esse hábito e os que mais li até hoje foram o Werther
do Goethe, o Dorian Gray do Oscar Wilde, e o Sidarta do Hermann Hess. Esses
passaram anos ao meu lado, sendo relidos, e os recomendo muito!
O Hamlet do Shakespeare também não sai nunca da minha
cabeceira, por vezes abro em alguma página e leio, e sempre ajuda e ensina.
Toda a obra dele eu recomendo também! É o melhor escritor de todos os tempos,
tudo que existe no homem e no mundo está na sua obra.
Qual trabalho no cinema te fez mais realizado? Que filme marcou sua vida como espectador?
Difícil escolher o filme que mais gostei de fazer. Cada um é
bom do seu jeito. Fico feliz quando o ambiente criado durante a gravação é
amigável e propício para a criação, sem muita tensão, porque assim consigo
fazer o melhor que posso naquele momento. Gosto também quando o resultado final
agrada a critica e quando o público se identifica. Até pensei em alguns aqui,
mas tenho medo de esquecer-me de outros e ser injusto.
Como espectador, Asas do Desejo do Win Wenders é o mais
forte para mim porque foi a primeira vez que passei por uma transformação
visível. Entrei no cinema, vi o filme e ao sair era outra pessoa, pensava e via
tudo diferente e não voltaria mais a ser o que eu era. Foi muito impactante.
Depois isso voltou a acontecer outras vezes, com filmes e peças, mas esse virou
minha referencia do que uma obra pode causar.
Você consegue tempo para ver os amigos em cena no teatro, cinema ou tv? O que pensa dos colegas que pedem convites e não ficam pra falar com o ator depois da peça?
Sim, consigo. E gosto muito! Meu programa preferido é ver os
amigos no teatro, depois sair com eles para jantar ou beber. Também vou muito
ao cinema ver os filmes nacionais, onde sempre tem um, e na TV também assisto, e
se tiver amigo paro para ver. Torço e me emociono sempre! Sou um péssimo
critico para os amigos!
Como espectador, tenho um critério para pedir convite. Se o
dinheiro do ingresso vai para o grupo que está fazendo a peça eu pago, se vai
para o patrocinador ou para a instituição eu aceito convite ou meia.
Particularmente, não me importo de dar convites. Seja qual
for o motivo, às vezes a pessoa pede porque realmente não tem como pagar, ou
porque quer se sentir privilegiada. Se for possível, se tiver uma cota e se a
peça e os profissionais envolvidos não estiverem precisando do dinheiro não me
importo. Mas é claro que prefiro que a pessoa pague, porque é um serviço como
qualquer outro!
Quanto a ficar ou não para falar comigo no final, prefiro
que seja sincero. Se a pessoa, pagando ou não, preferiu ir embora, ou porque
ficou tocada ou porque odiou a peça, acho um direito dela! Às vezes é melhor do
que receber todas as criticas ali no calor da hora, saindo de cena, quando
estamos muito vulneráveis!
No fundo a gente sempre sabe se o que estamos fazendo é bom
ou ruim...
Tive um professor que dizia que “o ator só cria no caos!”. Acha que essa frase faz sentido?
Acho que faz sim, mas não para mim!
Conheço atores e diretores que gostam de climas, de
loucuras, de quebrar tudo... acho um processo bom também, pode dar ótimos
resultados, já passei por alguns e o resultado variou.
Eu prefiro amor, calma, respeito. Crio muito mais quando
estou lúcido, tranqüilo e estou sendo bem tratado e tratando bem dos parceiros,
fico mais livre, vou me sentindo bem, relaxado, seguro, e daí vêm os meus
melhores desempenhos.
Também, hoje, não ponho o resultado final acima de tudo.
Acho mais importante que as pessoas se conheçam e fiquem amigas, melhor
investimento para o futuro!
Eu gostaria de fazer tudo! Tenho essa loucura. Por mim
estaria envolvido em todos os processos, faria todos os personagens na TV, no
cinema e no teatro. Mas me controlo porque sei que isso não existe. Luto muito
contra a avidez e a compulsão no trabalho!
Qual a trilha sonora para a sua vida?
Ouço de tudo! Atualmente tenho curtido muito o Odair José!
Mas sempre ouço uma radio na internet que se chama radiodarvish, música
clássica persa, alimento para a alma.
Tem algum vídeo que tenha visto na internet que tenha feito você rir muito?
Muitos. Outro dia morri de rir com os vídeos da Roxane e da
Taty Piriguete, personagens da Tata Werneck, bem louca. Só não acho engraçada gente sofrendo acidente, ou sendo humilhada. Meu humor não vai nesse sentido.
Como é sua relação com as redes sociais? Compartilha da ideia de que as pessoas têm se sentido donas da verdade no Facebook ou Twitter, ou acha que isso é apenas um passatempo? Tem algum blog?
Não tenho blog não! Acho que não tenho tantas ideias
interessantes assim!
O Facebook é o que tenho de mais próximo disso, mas lá falo
basicamente de meus trabalhos e publico uma ou outra coisa que acho relevante.
Gosto muito do Facebook, encontro amigos distantes no tempo e no espaço, e estreitamos novamente os laços.
Quanto aos que não conheço pessoalmente ajo como na vida, tem gente que sabe chegar, com delicadeza, sutileza e respeito, para esses as portas estão abertas.
Mas tem gente estranha também, às vezes aparece uns excessivos, que mandam mensagens como se fossem amigos íntimos, normalmente apago sem responder. Se você reparar, meus amigos íntimos não me mandam mensagens abertas via Facebook...
Gosto muito da internet e das redes sociais, elas
possibilitaram uma imensa abertura de ideias, opiniões e conceitos. Hoje
podemos saber o que pensam e como vivem as pessoas em qualquer parte do mundo e
de qualquer meio sociocultural. Isso ajuda muito a quebrar preconceitos, o que
é essencial para a convivência pacífica e a tolerância.
Acho que os impactos reais disso ainda sentiremos daqui a
alguns anos, mas as novas gerações já mostram como o mundo está mudando. Os
jovens de hoje, na faixa dos seus 18 anos, são infinitamente mais abertos a
outras formas de vida, de política, de religião, de sexualidades. Isso é muito
positivo.
Tem um movimento acontecendo hoje em alguns lugares de São
Paulo, que é fascinante. Você vai a uma rua, como a Peixoto Gomide, por exemplo,
e lá estão todos! O rico, o pobre, o hippie com seu violão, o punk, o nerd, o
gay, o hetero, meninos, meninas... Todos convivendo em paz e no mesmo espaço.
Isso é maravilhoso e a internet ajuda muito nisso.
Acho ótimo cada um ter e manifestar sua opinião. Acho bom
também poder trocar, se eu curtir a ideia, comento positivamente, se não curtir
ignoro, se repudiar muito falo contra e assim vamos nos norteando!
Grande Eucir!!!
ResponderExcluirUAU!!!!!EUCIR
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