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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Mas será o Benedito... quando o Ruy Barbosa volta ao ar?!



Por Isaac Santos

Confesso que estou numa fase de completa infidelidade às tramas inéditas da teledramaturgia. Mas, um dos momentos prazerosos aos quais me acostumei, é acompanhar as novelas reprisadas pelo Canal Viva, de segunda a sexta. Muito bom poder conferir três histórias marcantes, três estilos distintos, autores inspiradíssimos... muito bom poder revisitar épocas tão memoráveis. Rainha da Sucata, Felicidade e Renascer super valem a pena!

O Silvio de Abreu, autor principal de Rainha da Sucata, está no ar com a atual novela das sete e já se fala em seu retorno numa das próximas novelas das nove. Manoel Carlos, autor principal de Felicidade, esteve mal de saúde, mas felizmente em breve retoma os seus trabalhos na Globo. Benedito Ruy Barbosa, autor de Renascer, em bre... Não, eu não saberia dizer quando ele terá novamente uma novela inédita no ar. Leio notícias sobre um provável retorno com mais um de seus remakes pro horário das seis. Mas sinto tudo tão na base do "o que há de ser será!", e a história mostra que a telinha é um caixa de surpresas, então prefiro aguardar. 

Talvez seja muito entusiasmo meu, excesso de positividade de minha parte, mas o fato é que eu acredito ser possível um retorno do Benedito ao horário das nove, desde que haja uma base que isto favoreça. 
Antes que alguém diga que eu  não sou conhecedor dos reais motivos que o impedem, reconheço que não faço parte dos bastidores, mas considerando apenas o pouco do que sei, questiono se não seria mais equânime se a ele fosse dispensado o mesmo tratamento dado ao Manoel Carlos. Adoraria uma trama brasileiríssima de volta ao horário nobre da Globo. Opinião de telespectador e não de especialista, obviamente. 


Enquanto isso,  continuemos a nos emocionar, divertir com Renascer!


Depois de uma bem sucedida passagem pela extinta TV Manchete, onde fez Pantanal, foi com Renascer que o Benedito voltou ao seleto grupo de autores da Globo. O título da novela seria Bumba-meu-boi, mas o Boni achou muito folclórico e o Benedito concordou em mudar. Muito do que é retratado na novela é baseado em experiências dele com sua família, enquanto passavam pela Bahia. Em depoimento ao "Memória Globo", ele declarou: " - Em Renascer, duas passagens da trama foram inspiradas no que eu vivi enquanto estava na Bahia. A primeira foi com a minha mulher e meus quatro filhos, quando eles ainda eram pequenos. [...] Nós estávamos numa região chamada Floresta Negra [...]. Uma noite fui ver os tabaréus da fazenda rastelando cacau, numa fornalha igual àquela que aparecia na novela. [...] Eles se submetem a uma temperatura de 100º dentro da fornalha, enquanto lá fora bate uma brisa fria. Mas são muito fortes. Tomam pinga na garrafa e lhe oferecem: e se você limpar a garrafa é uma ofensa; tem que pegar e beber direto. Fiquei ali ouvindo histórias e levantando a bola pra eles chutarem. Eu tinha ouvido um causo sobre um tal de seu Firmo, o fundador das fazendas da região, que havia dividido suas terras entre os sete filhos, e eu queria saber o que os tabaréus tinham a dizer. A história era que esse seu Firmo tinha a proteção do capeta, e guardava o diabo na garrafa. Eles confirmaram: "É mentira não, sô! O homem tinha o capeta na garrafa. Tinha o coisa ruim ali, o 'cramulhão'". Contaram que,  um dia, seu Firmo havia aparecido com essa garrafa, botado dentro de casa e, a partir de então, virado protegido: nenhuma bala entrava nele. Todo mundo ali confirmava a história. Um dos tabaréus disse que, nas noites de florada, seu Firmo abria a garrafa, o diabinho pulava para fora e virara um bode enorme, com os olhões brilhando feito brasa. Seu Firmo montava nele, e o bode saía voando, mijando no cacau. Quando ele voltava para casa, abria a garrafa, e o bode virava de novo o capetinha. Na manhã seguinte, o que nascia de flor era uma maravilha! Por isso que não tinha cacau. Quando ele voltava para casa, abria a garrafa, e o bode virava de novo o capetinha. Na manhã seguinte, o que nascia de flor era uma maravilha! Por isso que não tinha cacau que desse mais do que o do seu Firmo, por causa do mijo do diabo, que adubava. Ninguém ali sabia que fim levara a garrafa: se fora enterrada com ele , se alguém arrumara um jeito de botar dentro do caixão. Os tabaréus contaram que uma mulher que trabalhava na casa , Donana, largara o serviço porque tinha visto o diabo. Ela disse ao patrão que não serviria enquanto o capeta estivesse ali, em cima da mesa. Seu Firmo deu um jeito de sumir com a garrafa, e Donana ficou trabalhando com ele até morrer. Todos aqueles homens acreditavam de verdade nessa história." 


O elenco também é um trunfo da novela. Para protagonizar a saga do fazendeiro José Inocêncio, ninguém melhor que o Antônio Fagundes, e o autor sabia muito bem disso. Tanto que foi pessoalmente convidá-lo: " - Eu estava com todo o elenco escalado, mas faltava o intérprete para o personagem principal, o Painho. Já tínhamos o Painho da primeira fase, que foi um sucesso danado, mas precisava do Painho mais velho. Fui ver o Fagundes, que estava encenando uma peça de Shakespeare no Teatro Rui Barbosa, e o convidei para jantar depois do espetáculo. Expliquei que precisava de um ator para o papel, mas ele disse que não queria fazer novela naquele momento. "Mas você nunca fez novela minha", argumentei. Ele disse que teria prazer, mas que não dava. Fagundes estava irredutível. Então, resolvi contar a ele o primeiro e o último capítulos da história, coisa que nunca faço. Quando escrevo novela, já sei exatamente o começo, o meio e o fim da trama. O primeiro capítulo não seria com ele, mas com o personagem ainda jovem, que chegava na região, desbravava as terras para fazer sua roça de cacau e se apaixonava por uma menina que dançava o bumba-meu-boi. Ela seria a mãe dos quatros filhos dele. Com a passagem de tempo, os filhos já crescidos, o Fagundes faria o personagem mais velho: um homem que nunca havia esquecido aquela menina, que morrera no parto do último filho. Toda vez que o Painho se sentasse na cadeira de balanço e se cobrisse com o cobertor, o público saberia que ele estava pensando nela. Ela aparecia para ele em sonho, e ele achava que ela não tinha morrido, No começo da história, ele havia fincado um facão na terra, junto a um jequitibá, e jurado que, enquanto eles existissem, ele não morreria nem de morte matada, nem de morte morrida. E contei ao Fagundes o final da história. Ele começou a chorar. Esse choro se repetiu depois, quando ele gravou a cena. Fagundes perguntou se eu garantiria que seria assim, e eu assegurei que não mudaria a história. Então, ele aceitou fazer. Eu quis saber se já podia começar a escrever pensando nele, ele confirmou, e fiz as cenas. Foi assim."



Não há como falar de Renascer e não mencionar as belíssimas músicas que tão bem casaram com cada trama da novela. As trilhas sonoras estão entre as mais vendidas da Rede Globo. 



De igual modo, seria injusto não destacar a qualidade das cenas primorosas dirigidas com a sensibilidade ímpar do Luiz Fernando Carvalho, com quem o Benedito tem uma identificação muito grande e falando ao "Memória Globo" ele dá testemunho disso: " - Ele lê o texto e parece que aquilo é dele. Eu me identifico muito com a sua direção. Gostei demais quando fizemos Renascer, um trabalho brilhante, que depois ele repetiu em O Rei do Gado, novela que também achei maravilhosa. Tenho paixão de trabalhar com o Luiz Fernando, porque sinto que ele tem a minha origem. Ele tem a sola do pé cheia de barro, como a minha. Já viveu muito. Faz bem porque conhece. Há diretores que trabalharam com ele que estão muito bem, seguindo a mesma linha. Além disso, o Luiz Fernando tem uma forma especial de trabalhar com o elenco."     


11 comentários:

  1. ME RECONHEÇO COMO ROTEIRISTA E ASPIRANTE A NOVELISTA - ESTUDO MUITO PRA ISSO - PORQUE ME ESPELHO NA BRASILIDADE DE BENEDITO RUY BARBOSA.

    É LAMENTÁVEL QUE A TV BRASILEIRA PREFIRA RETRATAR A TURQUIA EM VEZ DE FALAR DO PRÓPRIO BRASIL, COMO TÃO BEM BENEDITO FALAVA

    QUE ELE VOLTE LOGO À TV, OU QUE PELO MENOS AS FILHAS DELE VOLTEM EM OBRA ADAPTADA DO PAI

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    1. sim, Michel, que ele volte logo à telinha. Tenho impressão que ele seria melhor aproveitado, no cenário atual da teledramaturgia, numa outra emissora. Mas torçamos por um retorno bem sucedido onde quer que seja.

      Valeu pelo comentário!

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  2. Eu, particularmente, não curto as novelas dele. Acho muito chatas.

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    1. Mas todos os autores têm um estilo e escrevem objetivando agradar a todos, mas sempre há aquele público específico que se identifica mais.

      Valeu pelo comentário, Luiz. Volte mais vezes!

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  3. Sinceramente eu espero que ele se aposente e não volte nunca mais.

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    1. kkkk sempre bem humorado, hein Serginho?!

      Volte sempre, moço. Abraço!

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  4. Talvez saiba, mas sempre eh bom esclarecer quem nao sabe : nao existe tratamento diferenciado entre Benedito e Manoel Carlos. Manoel Carlos ano passado esteve com graves problemas emocionais e pessoais, seu filho havia falecido. Ja Benedito, ele se afastou das 21hs na epoca na novela Esperanca, por um grave problema de saude .

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    1. Não acho que o Benedito esteja afastado do horário nobre "apenas" pelos seus problemas de saúde, fosse assim o Manoel Carlos também não voltaria. Mas a emissora parece não querer mais o estilo do autor naquele horário.

      Havendo uma equipe e tempo suficiente pra começar a escrever uma novela das 21, como o Maneco [que já tá preparando a sua próxima], o Benedito poderia ser novamente feliz no horário.

      Valeu pelo comentário, Daniel. Volte mais vezes. Abração!

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  5. a novela dele que eu mais gostei foi pantanal, e estou gostando muito de renascer, acho que ele se dá melhor no horário das 6, não gostaria de assistir uma novela dele as 9 horas, pq nesse horário as novelas tem temas mais pesados, que na minha opinião as dele são bem leves

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  6. Pertinente seu comentário, Celo. Abração!

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  7. A novela dele “Meu Pedacinho de Chão" estreia ano que vem.

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