CAPÍTULO 3
Cena 18. Interior.
Escritório de Dr Henrique. Noite
Margot, Vivian, Terry e
Henrique conversam. Terry e o advogado estão bem tensos.
DR HENRIQUE - Eu não posso acreditar no que está falando.
TERRY - Eu também não acreditei, por isso trouxe ela até você, pra que
escutasse com seus próprios ouvidos.
DR HENRIQUE - É tudo absurdo demais.
VIVIAN - O fato de você achar absurdo não significa que não seja
possível. Eu posso garantir que é.
MARGOT - Ninguém pode garantir mais do que eu, que vivi na pele tudo
isso. Vocês podem negar, podem não acreditar, mas a verdade é essa. O que vão
fazer com ela eu não sei. Mas a solução do caso está aí. Se realmente querem a
verdade, é essa que contei. E esses papéis podem confirmar o que estou dizendo.
Ela entrega uns papéis e
todos lêem, se entreolhando com SURPRESA.
TERRY - Porque não apareceu antes pra nos contar
tudo isso? Poderíamos ter evitado esse crime. A pequena Elisabeth poderia estar
viva.
MARGOT - Eu procurei a minha neta durante todos esses anos. Não sabia pra
onde ela... elas... tinham ido. Quando acordei no hospital após o incêndio que
quase me matou, levei muitos anos para recuperar. Fiquei um bom tempo em coma e
foram cirurgias atrás de cirurgias até que conseguiram recompor parte de meu
corpo queimado. Fisioterapias, enfim... Nunca mais tive noticias. Procurei, mas
nunca mais soube dela... delas. Quando vi sobre o assassinato no Fantástico,
fiquei feliz em ter encontrado minha menina, mas triste pelas circunstâncias
que eu a encontrei. Eu precisava vir. Precisava tentar ajudá-la. E a única
maneira de fazer isso, é afastar a irmã dela.
DR HENRIQUE - Mas o que podemos fazer? Se o que a senhora diz, é verdade
mesmo, como podemos ajudá-la?
VIVIAN - Eu acho que sei como fazer. Se vocês confiarem em mim e me
permitirem agir, é claro.
CORTA PARA
Cena 19. Interior. Fazenda
dos Sabatini. Sala. Noite
Joaquim, Sueli e Martim
estão reunidos, todos com os ânimos exaltados. Joaquim impaciente. A cena
começa numa continuação de um papo que já está rolando.
JOAQUIM - ... Não concordo! De jeito nenhum! Esse julgamento só vai
enrolando, enrolando, e não tem fim. Todo mundo sabe o que aconteceu. A própria fia da mãe já contou como foi. Do jeito
dela, se fazendo de santa, mas contou. A casa já ficou cheia de gente da
policia e do “inferno” lá da perícia e da imprensa. Tá tudo na cara, mas não, aquele
advogadozinho fica enrolando e o juiz cai na dele.
SUELI - É assim que tem que ser, meu bem. O júri
precisa ter certeza de tudo pra não cometerem nenhum equívoco. Eu sei que é
difícil acreditar na inocência da Eulália, mas o juiz está conduzindo da
maneira correta. E se existe mesmo essa irmã, se existe uma possibilidade dela
estar envolvida, precisamos saber.
JOAQUIM – Eu bem que tentei ir atrás da história dessa mulher quando ela
apareceu aqui casada com você, né Martim? Mas não, ninguém me deixou
fazer isso, ninguém me deixou saber de onde ela surgiu. E como as suas vontades
sempre foram feitas, seu moleque, olha aí no que deu!
SUELI – Do que ia adiantar saber do passado dela? Já estavam casados,
apaixonados...
JOAQUIM – Ia adiantar que talvez nossa neta estivesse viva hoje.
MARTIM – Ou talvez ela nem tivesse existido, pai.
Porque se o senhor descobre isso na história de Eulália, com certeza teria
feito de tudo pra separar a gente e aí talvez as meninas nem tivessem nascido.
JOAQUIM – E separava mesmo! Você sabe que eu zelo pela nossa família,
sempre zelei. Sou um homem preocupado com o futuro de vocês...
Joaquim e Martim vão se
alterando.
MARTIM – Preocupado com a sua conta bancária, isso sim!
JOAQUIM – O quê?
MARTIM – É com isso que o senhor se preocupa. Sempre querendo saber quem
eram as minhas namoradas, com medo de que elas estivessem de olho na sua grana.
Por isso me casei sem falar nada.
JOAQUIM – E eu to errado? Você nunca teve cabeça, sempre teve tudo fácil,
mimado pela sua mãe. Nunca soube o valor de nada. O mínimo que eu podia fazer
era cuidar pra que você não caísse no golpe das vadias que você pegava por aí...
Uma grande discussão
começa. Sueli interfere.
SUELI – Quietos! Os dois, e já! Não quero ver vocês brigando agora. Não
é hora para brigas. Depois vocês acertam suas diferenças, agora não. Nossa
família já está por demais afetada com tanta coisa acontecendo. Façam o favor
de se acalmarem.
Pai e filho respiram
fundo, e respeitam o pedido de Sueli, que olha autoritária para o marido.
SUELI (continua) - Martim, o que deve acontecer agora?
MARTIM - O juiz deve dar uma pausa de uns dias para que a defesa encontre
a tal irmã. Aí vão ver se ela pode estar mesmo envolvida...
JOAQUIM - O sapato era o número da vagabunda. No revólver tinha as
digitais dela e nas mãos dela tinha pólvora. O fio de cabelo no corpo da menina
era dela. E querem me convencer de que havia outra pessoa aqui?
MARTIM - O sapato era de salto pai, Eulália nunca
usou salto. A arma disparou dois tiros, meu pai. Um acertou Elizabeth, o outro
tiro não foi encontrado a bala. Eulália tinha marcas no corpo, arranhões. Ela
não quis fazer os exames que poderiam revelar algo a mais...
JOAQUIM – Mais uma prova de que é culpada!
SUELI – Vamos pensar juntos... Se essa irmã esteve aqui, ela pode ter
entrado, se deparado com Eulália e discutido...
Enquanto Sueli fala, são
mostradas cenas do dia do crime, conforme a narração dela.
CENA: Elvira entrando na
casa. CLOSE no sapato de salto. Encontra Eulália na sala e as duas discutem.
SUELI (continua) - ... Eulália, que pra se defender da irmã já estaria
com a arma de Martim, afinal, ou sabia que ela viria, ou se espantou com o
barulho de gente na casa, aponta o revólver para ela...
CENA: A discussão aumenta
e Eulália saca a arma, apontando para a irmã.
SUELI (continua) - ... Muito mais esperta, Elvira avança pra cima da
irmã e lhe tira o revólver da mão. As duas brigam e Elvira perde um dos
sapatos. É quando Elizabeth, que escutando o barulho deve ter aparecido e sido atingida
pela tia, que foge deixando a arma e o sapato. Eulália pra tentar impedi-la
pega o revólver e atira, errando o alvo... fica a pergunta de onde essa bala
foi parar... mas enfim...
CENA: Elvira avança pra
cima de Eulália e depois de arranhá-la toda tira o revólver das mãos da irmã.
Eulália a empurra e ela se desequilibra e perde o sapato. É quando Elizabeth é
percebida e vê a tia, igualzinha a mãe. Ela se espanta e sem tempo pra pensar,
Elvira aponta a arma para a menina. Eulália grita. No quarto, dentro do
armário, Diana escuta o grito de suplica da mãe, e após ouve o tiro. Na sala,
Elizabeth está morta. Eulália, em desespero pega a arma e corre atrás da irmã,
onde dá um tiro. Ela volta e ao ver a filha morta a abraça em desespero,
gritando.
Voltamos para a cena na
sala da fazenda.
JOAQUIM - Besteira! Essa segunda bala sumiu porque a
bandida achou e escondeu. Aposto até que a engoliu.
SUELI (autoritária) – Chega Joaquim!
Sueli se aproxima do
marido e fala num tom de voz que Martim não ouve.
SUELI (continua) – Durante todo esse tempo você gostou da sua nora.
Mesmo tendo vasculhado o passado dela, e fingido não ter feito nada, você
gostou dela. E gostou porque encontrou uma história triste e uma pessoa sofrida.
Não descobriu nada sobre a irmã, mas descobriu muito sobre a pessoa que Eulália
foi e por isso você foi capaz de amar sua nora. Se esse sentimento mudou dentro
de você, respeito o seu filho, que ainda mantém o mesmo sentimento por ela.
Joaquim não gosta, mas
acaba cedendo à esposa.
JOAQUIM – Pra mim estão todos cegos. Mas se assim querem, que assim
fiquem. Eu acredito mesmo é na versão da promotoria.
CORTA RÁPIDO PARA
Cena 20. Interior. Boteco
de Água Negra. Noite
O promotor Maurício toma
uma cerveja com Bento.
DR. MAURÍCIO - Ainda que exista uma irmã na história, isso não muda o que
aconteceu lá, meu amigo.
Enquanto o promotor fala,
as cenas são mostradas.
DR. MAURÍCIO (continua) - Após saber todo o procedimento para pegar a grana do
seguro das filhas, Eulália chegou em casa naquela noite, já com a decisão de
matar. Comprou até um tipo de sapato que nunca usava...
CENA: Eulália entra na
casa, já com uma arma que tira de dentro da bolsa.
DR. MAURÍCIO (continua) - ... ela finge brigar com alguém, pra chamar a atenção
das filhas, enquanto isso bagunça os móveis da sala pra simular uma briga e
deixa um dos sapatos a vista. Ela mesma se arranha, afinal, porque negaria o exame
de corpo delito?
CENA: Eulália bagunça os
móveis, tira um dos sapatos, como se o tivesse perdido no chão e coloca o outro
dentro da bolsa. Então simula uma briga com alguém, se arranha toda.
DR. MAURÍCIO (continua) - ... a intenção era atrair as duas meninas, mas só uma
desce, e como um milhão de dólares é melhor do que nada, ela acerta em cheio a
testa da filha. Sabendo que a outra filha está em algum lugar da casa, ela
grita para disfarçar. E ainda acha a bala desse segundo tiro e a esconde para jamais
ser achada.
CENA: Elizabeth é
percebida. Eulália grita para disfarçar. Diana, do armário escuta o grito da
mãe e depois o tiro. Elizabeth está morta no chão. Eulália corre para fora da
casa, dá mais um tiro, pega a bala e esconde no bolso. Vai até os fundos da
fazenda e joga o sapato dentro do triturador de lixo. Ele vira picadinho. Ela
volta e abraça o corpo da filha, fingindo desespero.
BENTO - O Joaquim pensa o mesmo que você. Eu não sei.
Sempre achei que tinha alguma coisa por trás dessa história. Conheci seu pai,
Maurício, sei que você é bem igual a ele e que por isso não adianta discutir.
Respeito seu trabalho e não vou me meter na sua maneira de pensar, mas pra mim, cê tá tentando condenar quem não tem culpa.
DR MAURÍCIO - Você é um típico morador de cidade pequena, Bento. Tem fé nas
pessoas, inocência na cabeça. Eu já rodei muito por ai. Já vi de tudo na vida.
É filha que mata pais por herança, pais que jogam a filha de prédio e mais
tantos outros casos que a mídia não divulga. Sinceramente, não vejo inocência
nessa mulher. Ela é culpada e eu vou conseguir fazer com que ela pague pelo
crime que cometeu.
BENTO - É, o mundo tá maluco mesmo. As pessoas perderam o
sentido de família, de amor ao próximo. E se é isso que acha, faça seu
trabalho, não vou me intrometer. Vai pousar lá em casa hoje?
DR MAURÍCIO - Amanhã bem cedo preciso estar na sala do juiz. E se a casa do
velho Bento tá de portas abertas, eu vou sim. Não
compensa ir até Devaneiro e voltar amanhã. Fico por aqui, se você permitir.
BENTO - A casa é sua, você sabe meu filho.
CORTA PARA
Cena 21. Interior.
Delegacia. Cela de Eulália. Noite.
Eulália está pensativa e
chorosa. Ela recorda momentos com as filhas e um especial com Martim, conforme
descrito a seguir.
FUSÃO COM
Cena 22. Exterior. Prainha
de Água Negra. Noite
A caminhonete de Martim
pára num ponto próximo ao rio. Os dois descem felizes.
EULÁLIA - Que loucura, meu bem! Louco você de propor, e
mais louca ainda eu, de aceitar.
MARTIM - E é por isso que eu te amo cada vez mais,
minha nega branca. Porque você é louca o bastante pra dizer sim a tudo que eu
te proponho...
Ele começa a beijá-la, já
tirando a roupa e a dela também.
MARTIM (continua) - Hoje eu quero você na areia
desse chão, na água desse rio. Nós dois e a natureza sendo um só. Hoje, minha
nega branca, nós vamos encomendar do jeito mais bonito o nosso bacurizim. E eu vou caprichar pra sair bonitão que nem o
pai.
Eles já estão nus.
EULÁLIA - Eu acho que agora vai ser meio difícil de seu bacurizim ser encomendado.
MARTIM - Uai, por quê?
EULÁLIA - Porque a encomenda já foi feita...
Ela põe a mão na barriga e
ele a olha com paixão e surpresa.
MARTIM - Ju... séri... jura?
EULÁLIA - E embora o exame não tenha dito nada sobre
quantos são, eu tenho certeza de que é uma encomenda em dobro.
Martim a abraça e a beija
ardentemente. Depois a pega no colo e a leva pra dentro do rio, onde se amam
sob o luar das estrelas.
VOLTA PARA CENA 21, na
delegacia, Eulália pensando.
Eulália continua a
lembrar, mas agora suas lembranças vão para outro ponto de sua vida.
SUSPENSE
/ FUSÃO COM
Cena 23. Exterior. Casa do
campo. Noite
FLASHBACK
Eulália, a mesma menina da
cena 17, observa a casa em que morava pegar fogo. Ela está desesperada e sem
saber o que fazer. Nota-se que está suja e com alguns ferimentos, o que faz
pensar que ela escapou do incêndio.
A casa da avó se incendiou
e ela se salvou. Ela está chorosa. É revelado então que não está sozinha.
ELVIRA - Pára de chorar, gata borralheira. Você fez a
coisa certa. Estamos livres da velha má. Sem casa pra limpar, sem louça pra
lavar... Amanhã os passarinhos estarão cantando a sua volta, como eu estou
agora.
FIM DO FLASHBACK.
CORTA PARA
Cena 24. Interior.
Delegacia. Sala de Visitas. Dia
Martim espera por Eulália,
que chega com a aparência de quem não dormiu nada a noite. Ele se controla para
não abraçá-la.
MARTIM - Como cê tá?
EULÁLIA - Como você pode ver, levando.
MARTIM - Pensei muito se deveria vir aqui, e quando percebi já tava aqui
te esperando...
Eulália nada diz.
MARTIM - Não foi você, não é mesmo? Tudo o que disse até agora, tudo que
foi falado, nada disso é verdade, não é? Você nunca quis o dinheiro do seguro
de vida das meninas. Você nunca levantaria uma arma pra Elizabeth, nem mesmo
por engano.
Eulália continua muda.
MARTIM - Havia outra pessoa na casa, não havia? Pelo amor de Deus minha
nega branca, me fala a verdade. Me deixa te ajudar.
MARTIM - Estou te dando a chance de lutar. Eu sei que duvidamos de você,
que te julguei desde o princípio. Eu tava perdido... foi tudo tão rápido.
Quando apareceu essa foto, essa possibilidade de sua irmã estar envolvida no
caso, por um momento eu senti que havia uma chance de não te perder. Uma chance
de você não ter se perdido do meu mundo. De tudo que tá acontecendo ser um grande engano.
Eulália tenta controlar a
emoção, e continua sem nada dizer.
MARTIM - Por favor, me diz que é. Me diz que foi sua irmã e revela pra
mim o porque você tá acobertando ela. A dor de perder nossa
filha ninguém pode diminuir, mas a dor de perder você... essa você pode
arrancar de dentro de mim.
Eulália olha com paixão
para o marido. Ao mesmo tempo endurece o coração e engole os sentimentos.
EULÁLIA - Você não pode me ajudar, Tim. Ninguém pode. Eu tenho dito a
verdade, eu sou culpada e o melhor a fazer é deixar a minha condenação ser
dada. Não quero mais machucar ninguém. Eu já causei muitos estragos. Acredite,
vocês estarão melhor sem mim. Vou pedir para o Dr. Henrique cancelar o
testemunho de Diana e andar logo com o julgamento...
MARTIM - Você não pode...
EULÁLIA - Sim, eu posso. E vou pedir isso. Recomece sua vida. Encontre
alguém que te ame, que possa cuidar de você e de nossa filha. Ame-a, por você e
por mim também. E procure cultivar na cabecinha dela alguma lembrança boa da
mãe dela. Não poderei mais abraçá-la todos os dias, abrace-a por mim.
Martim chora. Eulália
controla sua emoção.
MARTIM - Não. Não quero ninguém que não seja você. O
que quer que seja que você não possa contar, conte. A gente enfrenta junto,
passa junto por cima. Não se negue a chance de abraçar sua filha todos os
dias.Não me negue a chance de te ajudar, de te trazer pra mim, pra nós de novo.
EULÁLIA - Por onde eu me perdi, Tim, ninguém pode me trazer de volta.
Martim vai falar, mas
Eulália levanta e pede à guarda que lhe leve pra cela. E os dois se separam,
cada um com sua dor. Depois que Eulália é levada, vê-se Dr. Henrique chegar a
sala e encontrar Martim.
Cena 25. Interior. Fórum.
Sala Do Juiz Machado. Dia
Dr. Henrique chega
apressado. O juiz o espera.
DR. HENRIQUE - Desculpe excelência, mas minha cliente pediu para me ver hoje e
precisei passar na delegacia antes de vir pra cá.
JUIZ MACHADO - Devia ter me avisado de seu atraso. Ligamos insistentemente para
você. O promotor esteve aqui até agora, foi resolver algumas coisas no Fórum e
já deve voltar. Queira ir me adiantando o assunto. Sabe que não tenho muito
tempo e este julgamento precisa ser encerrado. Espero ouvir que há novidades
concretas.
DR. HENRIQUE – É... quase isso, excelência. Primeiro preciso dizer que minha
cliente não quer mais o testemunho da filha e nem que o julgamento seja adiado.
Ela quer a condenação e ponto. Foi o que ela me disse hoje cedo. No entanto, eu
tenho outras novidades, e antes de revelá-las, gostaria de fazer uma pergunta.
JUIZ MACHADO - Pois faça.
DR .HENRIQUE – Minha cliente quer a condenação, mas é inocente. Para provar a
inocência dela, seria possível que promotoria e defesa atuassem juntos nesse
caso? Uma ligação sigilosa, mas necessária para desvendarmos o fio da meada.
Dr. Mauricio chega. Ele
ouviu a última fala de Henrique.
DR. MAURÍCIO - Mas isso é ridículo. É óbvio que promotoria e defesa não podem
estar do mesmo lado. Não necessariamente.
JUIZ MACHADO – Também não vejo sentido.
DR. HENRIQUE – Eu já esperava por isso. No entanto, olhem estes papéis, e
escutem o que tenho pra falar. Acho que depois disso, os dois irão mudar
de ideia.
Corta para:
Cena 26. Exterior. Fazenda
dos Sabatini. Área da Piscina. Dia
Joaquim e Sueli observam
Diana brincar com sua boneca. A menina está triste.
JOAQUIM - Pobre criança. O demônio da mãe dela não sabe
o mal que causou na vida da filha. A menina nunca mais vai ser a mesma. Sempre
que tentar seguir em frente vai se lembrar desse passado escuro que a mãe
causou na vida dela. Se eu soubesse que uma coisa dessas ia acontecer, nunca
teria feito aquele maldito seguro.
SUELI - Meu véi,
nós não temos certeza de nada. Até agora tudo apontava para Eulália, mas
apareceu essa nova evidência. Se houver uma chance, uma única chance de ela ser
inocente, precisamos nos apegar a isso. Ela sempre foi uma pessoa tão querida
por todos, sempre fez nosso filho tão feliz, e sempre teve tanto amor por essas
meninas.
JOAQUIM (nervoso) - Um amor que se corrompeu por um
milhão de dólares! Que amor é esse? É bandida sim. Assassina!
Diana escuta os gritos do
avô e os surpreende com sua fala:
DIANA - A minha mãe é inocente! Inocente viu?! Eu sei
que é. Não foi ela que matou minha irmã. Foi a outra, a outra! (CHORANDO) A
outra é uma assassina e não minha mãe. Ela me avisou que ia fazer, ela me
avisou!
Diana corre para dentro da
casa, aos prantos. Sueli e Joaquim se espantam com a revelação da menina.
CORTA RÁPIDO PARA:
Cena 27. Interior. Fazenda
dos Sabatini. Sala de Estar. Dia
FLASHBACK
Diana entra em casa pela
porta principal. Distraída.
DIANA (ao celular) - Tudo bem Betinha, eu aviso a mamãe que você ficou
na casa da Laurinha. (T) Não, não vou esquecer de falar, fique tranqüila. A
gente não tem aula hoje à tarde, ela não vai se importar.
Uma mulher sai apressada,
e as duas se trombam. Com o impacto, Diana cai ao chão e se assusta, até
reconhecer a mulher.
DIANA - Nossa mãe, aonde tá indo com tanta pressa? Nem me viu aqui?
ELVIRA - Não me chama de mãe, “pequeno Polegar”. Posso ter a mesma cara,
mas não sou sua mãe.
DIANA - Como assim, mamãe? É claro que é a senhora.
ELVIRA (estúpida) - Escuta aqui, Maria sem João, e
presta bem atenção no que vou te dizer. Eu não sou sua mãe e você não me viu
aqui hoje, entendeu. E mais uma coisa...
Elvira fala sério, grossa
e sem educação, e segura forte no braço de Diana, a ponto de machucá-la.
ELVIRA (continua) - ... se você falar pra alguém sobre isso, sobre esse
nosso encontro e sobre essa nossa conversa, eu te mato, entendeu bem. Mato você
ou então mato a sua irmãzinha, que é a sua cara e vale o mesmo tanto que você.
E olha lá se eu não matar as duas pra ficar ainda mais rica. Estamos entendidas?
Já chorando, Diana diz que
sim com a cabeça. Elvira a solta e sai.
ELVIRA - Não precisa chorar, bebê. Mamãe já está chegando pra trocar sua
fraldinha.
Eulália ao sair para em
frente a um espelho que tem na parede da sala. Diana a observa.
ELVIRA - Ah! Espelho, espelho meu. Em breve a única linda, poderosa e
soberana desta história serei eu! (RISADAS)
CORTA para fora da casa,
Elvira saindo. Ela faz um gesto de comemoração e está feliz.
ELVIRA (consigo) - Ponto pra mim!
O FLASHBACK termina. Cena
seguinte continua a partir do braço de Diana. Agora revelando a cicatriz que
ficou do machucado dos anéis de Elvira no braço da menina.
DISSOLVE PARA
Cena 28. Interior. Fazenda
dos Sabatini. Sala de Estar. Dia
Diana entra em casa e olha
para o exato local onde ocorreu a cena do encontro com Elvira.
Seus olhos estão marejados.
DIANA - Eu não falei nada, porque então você matou minha irmã?
CORTA PARA
FIM DO TERCEIRO CAPÍTULO.
Confira também o capítulo 2 aqui.
Ótimo uso dos flashbacks! Do lado leitor, já imagino a espetaculosa Letícia Spiller em cena, sendo doce e misteriosa como Eulália ou malévola como Elvira!
ResponderExcluirMuito bom =)
ResponderExcluirAlex
ResponderExcluirRealmente pensei na Letícia Spiller para esse papel. Acho que ela daria a dose certa pra Eulália e também pra Elvira.
Rafael
obrigado por sempre prestigiar.
Abraço
Nossa, Letícia Spiller seria realmente PERFEITA para esse papel!
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