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terça-feira, 2 de julho de 2013

Lado Oposto - Folhetim de André Cavalini [3º capítulo]


CAPÍTULO 3

Cena 18. Interior. Escritório de Dr Henrique. Noite

Margot, Vivian, Terry e Henrique conversam. Terry e  o advogado estão bem tensos.

DR HENRIQUE - Eu não posso acreditar no que está falando.
TERRY - Eu também não acreditei, por isso trouxe ela até você, pra que escutasse com seus próprios ouvidos.
DR HENRIQUE - É tudo absurdo demais.
VIVIAN - O fato de você achar absurdo não significa que não seja possível. Eu posso garantir que é.
MARGOT - Ninguém pode garantir mais do que eu, que vivi na pele tudo isso. Vocês podem negar, podem não acreditar, mas a verdade é essa. O que vão fazer com ela eu não sei. Mas a solução do caso está aí. Se realmente querem a verdade, é essa que contei. E esses papéis podem confirmar o que estou dizendo.

Ela entrega uns papéis e todos lêem, se entreolhando com SURPRESA.

TERRY - Porque não apareceu antes pra nos contar tudo isso? Poderíamos ter evitado esse crime. A pequena Elisabeth poderia estar viva.
MARGOT - Eu procurei a minha neta durante todos esses anos. Não sabia pra onde ela... elas... tinham ido. Quando acordei no hospital após o incêndio que quase me matou, levei muitos anos para recuperar. Fiquei um bom tempo em coma e foram cirurgias atrás de cirurgias até que conseguiram recompor parte de meu corpo queimado. Fisioterapias, enfim... Nunca mais tive noticias. Procurei, mas nunca mais soube dela... delas. Quando vi sobre o assassinato no Fantástico, fiquei feliz em ter encontrado minha menina, mas triste pelas circunstâncias que eu a encontrei. Eu precisava vir. Precisava tentar ajudá-la. E a única maneira de fazer isso, é afastar a irmã dela.
DR HENRIQUE - Mas o que podemos fazer? Se o que a senhora diz, é verdade mesmo, como podemos ajudá-la?
VIVIAN - Eu acho que sei como fazer. Se vocês confiarem em mim e me permitirem agir, é claro.

CORTA PARA

Cena 19. Interior. Fazenda dos Sabatini. Sala. Noite

Joaquim, Sueli e Martim estão reunidos, todos com os ânimos exaltados. Joaquim impaciente. A cena começa numa continuação de um papo que já está rolando.

JOAQUIM - ... Não concordo! De jeito nenhum! Esse julgamento só vai enrolando, enrolando, e não tem fim. Todo mundo sabe o que aconteceu. A própria fia da mãe já contou como foi. Do jeito dela, se fazendo de santa, mas contou. A casa já ficou cheia de gente da policia e do “inferno” lá da perícia e da imprensa.  tudo na cara, mas não, aquele advogadozinho fica enrolando e o juiz cai na dele.
SUELI - É assim que tem que ser, meu bem. O júri precisa ter certeza de tudo pra não cometerem nenhum equívoco. Eu sei que é difícil acreditar na inocência da Eulália, mas o juiz está conduzindo da maneira correta. E se existe mesmo essa irmã, se existe uma possibilidade dela estar envolvida, precisamos saber.
JOAQUIM – Eu bem que tentei ir atrás da história dessa mulher quando ela apareceu aqui casada com você,  Martim? Mas não, ninguém me deixou fazer isso, ninguém me deixou saber de onde ela surgiu. E como as suas vontades sempre foram feitas, seu moleque, olha aí no que deu!
SUELI – Do que ia adiantar saber do passado dela? Já estavam casados, apaixonados...
JOAQUIM – Ia adiantar que talvez nossa neta estivesse viva hoje.
MARTIM – Ou talvez ela nem tivesse existido, pai. Porque se o senhor descobre isso na história de Eulália, com certeza teria feito de tudo pra separar a gente e aí talvez as meninas nem tivessem nascido.
JOAQUIM – E separava mesmo! Você sabe que eu zelo pela nossa família, sempre zelei. Sou um homem preocupado com o futuro de vocês...

Joaquim e Martim vão se alterando.

MARTIM – Preocupado com a sua conta bancária, isso sim!
JOAQUIM – O quê?
MARTIM – É com isso que o senhor se preocupa. Sempre querendo saber quem eram as minhas namoradas, com medo de que elas estivessem de olho na sua grana. Por isso me casei sem falar nada.
JOAQUIM – E eu to errado? Você nunca teve cabeça, sempre teve tudo fácil, mimado pela sua mãe. Nunca soube o valor de nada. O mínimo que eu podia fazer era cuidar pra que você não caísse no golpe das vadias que você pegava por aí...

Uma grande discussão começa. Sueli interfere.

SUELI – Quietos! Os dois, e já! Não quero ver vocês brigando agora. Não é hora para brigas. Depois vocês acertam suas diferenças, agora não. Nossa família já está por demais afetada com tanta coisa acontecendo. Façam o favor de se acalmarem.

Pai e filho respiram fundo, e respeitam o pedido de Sueli, que olha autoritária para o marido.

SUELI (continua) - Martim, o que deve acontecer agora?
MARTIM - O juiz deve dar uma pausa de uns dias para que a defesa encontre a tal irmã. Aí vão ver se ela pode estar mesmo envolvida...
JOAQUIM - O sapato era o número da vagabunda. No revólver tinha as digitais dela e nas mãos dela tinha pólvora. O fio de cabelo no corpo da menina era dela. E querem me convencer de que havia outra pessoa aqui?
MARTIM - O sapato era de salto pai, Eulália nunca usou salto. A arma disparou dois tiros, meu pai. Um acertou Elizabeth, o outro tiro não foi encontrado a bala. Eulália tinha marcas no corpo, arranhões. Ela não quis fazer os exames que poderiam revelar algo a mais...
JOAQUIM – Mais uma prova de que é culpada!
SUELI – Vamos pensar juntos... Se essa irmã esteve aqui, ela pode ter entrado, se deparado com Eulália e discutido...

Enquanto Sueli fala, são mostradas cenas do dia do crime, conforme a narração dela.

CENA: Elvira entrando na casa. CLOSE no sapato de salto. Encontra Eulália na sala e as duas discutem.

SUELI (continua) - ... Eulália, que pra se defender da irmã já estaria com a arma de Martim, afinal, ou sabia que ela viria, ou se espantou com o barulho de gente na casa, aponta o revólver para ela...

CENA: A discussão aumenta e Eulália saca a arma, apontando para a irmã.

SUELI (continua) - ... Muito mais esperta, Elvira avança pra cima da irmã e lhe tira o revólver da mão. As duas brigam e Elvira perde um dos sapatos. É quando Elizabeth, que escutando o barulho deve ter aparecido e sido atingida pela tia, que foge deixando a arma e o sapato. Eulália pra tentar impedi-la pega o revólver e atira, errando o alvo... fica a pergunta de onde essa bala foi parar... mas enfim...

CENA: Elvira avança pra cima de Eulália e depois de arranhá-la toda tira o revólver das mãos da irmã. Eulália a empurra e ela se desequilibra e perde o sapato. É quando Elizabeth é percebida e vê a tia, igualzinha a mãe. Ela se espanta e sem tempo pra pensar, Elvira aponta a arma para a menina. Eulália grita. No quarto, dentro do armário, Diana escuta o grito de suplica da mãe, e após ouve o tiro. Na sala, Elizabeth está morta. Eulália, em desespero pega a arma e corre atrás da irmã, onde dá um tiro. Ela volta e ao ver a filha morta a abraça em desespero, gritando.

Voltamos para a cena na sala da fazenda.

JOAQUIM - Besteira! Essa segunda bala sumiu porque a bandida achou e escondeu. Aposto até que a engoliu.
SUELI (autoritária) – Chega Joaquim!

Sueli se aproxima do marido e fala num tom de voz que Martim não ouve.

SUELI (continua) – Durante todo esse tempo você gostou da sua nora. Mesmo tendo vasculhado o passado dela, e fingido não ter feito nada, você gostou dela. E gostou porque encontrou uma história triste e uma pessoa sofrida. Não descobriu nada sobre a irmã, mas descobriu muito sobre a pessoa que Eulália foi e por isso você foi capaz de amar sua nora. Se esse sentimento mudou dentro de você, respeito o seu filho, que ainda mantém o mesmo sentimento por ela.

Joaquim não gosta, mas acaba cedendo à esposa.

JOAQUIM – Pra mim estão todos cegos. Mas se assim querem, que assim fiquem. Eu acredito mesmo é na versão da promotoria.

CORTA RÁPIDO PARA

Cena 20. Interior. Boteco de Água Negra. Noite

O promotor Maurício toma uma cerveja com Bento.

DR. MAURÍCIO - Ainda que exista uma irmã na história, isso não muda o que aconteceu lá, meu amigo.

Enquanto o promotor fala, as cenas são mostradas.

DR. MAURÍCIO (continua) - Após saber todo o procedimento para pegar a grana do seguro das filhas, Eulália chegou em casa naquela noite, já com a decisão de matar. Comprou até um tipo de sapato que nunca usava...

CENA: Eulália entra na casa, já com uma arma que tira de dentro da bolsa.

DR. MAURÍCIO (continua) - ... ela finge brigar com alguém, pra chamar a atenção das filhas, enquanto isso bagunça os móveis da sala pra simular uma briga e deixa um dos sapatos a vista. Ela mesma se arranha, afinal, porque negaria o exame de corpo delito?

CENA: Eulália bagunça os móveis, tira um dos sapatos, como se o tivesse perdido no chão e coloca o outro dentro da bolsa. Então simula uma briga com alguém, se arranha toda.

DR. MAURÍCIO (continua) - ... a intenção era atrair as duas meninas, mas só uma desce, e como um milhão de dólares é melhor do que nada, ela acerta em cheio a testa da filha. Sabendo que a outra filha está em algum lugar da casa, ela grita para disfarçar. E ainda acha a bala desse segundo tiro e a esconde para jamais ser achada.

CENA: Elizabeth é percebida. Eulália grita para disfarçar. Diana, do armário escuta o grito da mãe e depois o tiro. Elizabeth está morta no chão. Eulália corre para fora da casa, dá mais um tiro, pega a bala e esconde no bolso. Vai até os fundos da fazenda e joga o sapato dentro do triturador de lixo. Ele vira picadinho. Ela volta e abraça o corpo da filha, fingindo desespero.

BENTO - O Joaquim pensa o mesmo que você. Eu não sei. Sempre achei que tinha alguma coisa por trás dessa história. Conheci seu pai, Maurício, sei que você é bem igual a ele e que por isso não adianta discutir. Respeito seu trabalho e não vou me meter na sua maneira de pensar, mas pra mim,   tentando condenar quem não tem culpa.
DR MAURÍCIO - Você é um típico morador de cidade pequena, Bento. Tem fé nas pessoas, inocência na cabeça. Eu já rodei muito por ai. Já vi de tudo na vida. É filha que mata pais por herança, pais que jogam a filha de prédio e mais tantos outros casos que a mídia não divulga. Sinceramente, não vejo inocência nessa mulher. Ela é culpada e eu vou conseguir fazer com que ela pague pelo crime que cometeu.
BENTO - É, o mundo  maluco mesmo. As pessoas perderam o sentido de família, de amor ao próximo. E se é isso que acha, faça seu trabalho, não vou me intrometer. Vai pousar lá em casa hoje?
DR MAURÍCIO - Amanhã bem cedo preciso estar na sala do juiz. E se a casa do velho Bento  de portas abertas, eu vou sim. Não compensa ir até Devaneiro e voltar amanhã. Fico por aqui, se você permitir.
BENTO - A casa é sua, você sabe meu filho.

CORTA PARA

Cena 21. Interior. Delegacia. Cela de Eulália. Noite.

Eulália está pensativa e chorosa. Ela recorda momentos com as filhas e um especial com Martim, conforme descrito a seguir.

FUSÃO COM

Cena 22. Exterior. Prainha de Água Negra. Noite

A caminhonete de Martim pára num ponto próximo ao rio. Os dois descem felizes.

EULÁLIA - Que loucura, meu bem! Louco você de propor, e mais louca ainda eu, de aceitar.
MARTIM - E é por isso que eu te amo cada vez mais, minha nega branca. Porque você é louca o bastante pra dizer sim a tudo que eu te proponho...

Ele começa a beijá-la, já tirando a roupa e a dela também.

MARTIM (continua) - Hoje eu quero você na areia desse chão, na água desse rio. Nós dois e a natureza sendo um só. Hoje, minha nega branca, nós vamos encomendar do jeito mais bonito o nosso bacurizim. E eu vou caprichar pra sair bonitão que nem o pai.

Eles já estão nus.

EULÁLIA - Eu acho que agora vai ser meio difícil de seu bacurizim ser encomendado.
MARTIM - Uai, por quê?
EULÁLIA - Porque a encomenda já foi feita...

Ela põe a mão na barriga e ele a olha com paixão e surpresa.

MARTIM - Ju... séri... jura?
EULÁLIA - E embora o exame não tenha dito nada sobre quantos são, eu tenho certeza de que é uma encomenda em dobro.

Martim a abraça e a beija ardentemente. Depois a pega no colo e a leva pra dentro do rio, onde se amam sob o luar das estrelas.

VOLTA PARA CENA 21, na delegacia, Eulália pensando.

Eulália continua a lembrar, mas agora suas lembranças vão para outro ponto de sua vida. 

SUSPENSE / FUSÃO COM

Cena 23. Exterior. Casa do campo. Noite

FLASHBACK

Eulália, a mesma menina da cena 17, observa a casa em que morava pegar fogo. Ela está desesperada e sem saber o que fazer. Nota-se que está suja e com alguns ferimentos, o que faz pensar que ela escapou do incêndio.

A casa da avó se incendiou e ela se salvou. Ela está chorosa. É revelado então que não está sozinha.

ELVIRA - Pára de chorar, gata borralheira. Você fez a coisa certa. Estamos livres da velha má. Sem casa pra limpar, sem louça pra lavar... Amanhã os passarinhos estarão cantando a sua volta, como eu estou agora.

FIM DO FLASHBACK.

CORTA PARA

Cena 24. Interior. Delegacia. Sala de Visitas. Dia

Martim espera por Eulália, que chega com a aparência de quem não dormiu nada a noite. Ele se controla para não abraçá-la.

MARTIM - Como  tá?
EULÁLIA - Como você pode ver, levando.
MARTIM - Pensei muito se deveria vir aqui, e quando percebi já tava aqui te esperando...

Eulália nada diz.

MARTIM - Não foi você, não é mesmo? Tudo o que disse até agora, tudo que foi falado, nada disso é verdade, não é? Você nunca quis o dinheiro do seguro de vida das meninas. Você nunca levantaria uma arma pra Elizabeth, nem mesmo por engano.

Eulália continua muda.

MARTIM - Havia outra pessoa na casa, não havia? Pelo amor de Deus minha nega branca, me fala a verdade. Me deixa te ajudar.
MARTIM - Estou te dando a chance de lutar. Eu sei que duvidamos de você, que te julguei desde o princípio. Eu tava perdido... foi tudo tão rápido. Quando apareceu essa foto, essa possibilidade de sua irmã estar envolvida no caso, por um momento eu senti que havia uma chance de não te perder. Uma chance de você não ter se perdido do meu mundo. De tudo que  acontecendo ser um grande engano.

Eulália tenta controlar a emoção, e continua sem nada dizer.

MARTIM - Por favor, me diz que é. Me diz que foi sua irmã e revela pra mim o porque você  acobertando ela. A dor de perder nossa filha ninguém pode diminuir, mas a dor de perder você... essa você pode arrancar de dentro de mim.

Eulália olha com paixão para o marido. Ao mesmo tempo endurece o coração e engole os sentimentos.

EULÁLIA - Você não pode me ajudar, Tim. Ninguém pode. Eu tenho dito a verdade, eu sou culpada e o melhor a fazer é deixar a minha condenação ser dada. Não quero mais machucar ninguém. Eu já causei muitos estragos. Acredite, vocês estarão melhor sem mim. Vou pedir para o Dr. Henrique cancelar o testemunho de Diana e andar logo com o julgamento...
MARTIM - Você não pode...
EULÁLIA - Sim, eu posso. E vou pedir isso. Recomece sua vida. Encontre alguém que te ame, que possa cuidar de você e de nossa filha. Ame-a, por você e por mim também. E procure cultivar na cabecinha dela alguma lembrança boa da mãe dela. Não poderei mais abraçá-la todos os dias, abrace-a por mim.

Martim chora. Eulália controla sua emoção.

MARTIM - Não. Não quero ninguém que não seja você. O que quer que seja que você não possa contar, conte. A gente enfrenta junto, passa junto por cima. Não se negue a chance de abraçar sua filha todos os dias.Não me negue a chance de te ajudar, de te trazer pra mim, pra nós de novo.
EULÁLIA - Por onde eu me perdi, Tim, ninguém pode me trazer de volta.
Martim vai falar, mas Eulália levanta e pede à guarda que lhe leve pra cela. E os dois se separam, cada um com sua dor. Depois que Eulália é levada, vê-se Dr. Henrique chegar a sala e encontrar Martim.

Cena 25. Interior. Fórum. Sala Do Juiz Machado. Dia

Dr. Henrique chega apressado. O juiz o espera.

DR. HENRIQUE - Desculpe excelência, mas minha cliente pediu para me ver hoje e precisei passar na delegacia antes de vir pra cá.
JUIZ MACHADO - Devia ter me avisado de seu atraso. Ligamos insistentemente para você. O promotor esteve aqui até agora, foi resolver algumas coisas no Fórum e já deve voltar. Queira ir me adiantando o assunto. Sabe que não tenho muito tempo e este julgamento precisa ser encerrado. Espero ouvir que há novidades concretas.
DR. HENRIQUE – É... quase isso, excelência. Primeiro preciso dizer que minha cliente não quer mais o testemunho da filha e nem que o julgamento seja adiado. Ela quer a condenação e ponto. Foi o que ela me disse hoje cedo. No entanto, eu tenho outras novidades, e antes de revelá-las, gostaria de fazer uma pergunta.
JUIZ MACHADO - Pois faça.
DR .HENRIQUE – Minha cliente quer a condenação, mas é inocente. Para provar a inocência dela, seria possível que promotoria e defesa atuassem juntos nesse caso? Uma ligação sigilosa, mas necessária para desvendarmos o fio da meada.
Dr. Mauricio chega. Ele ouviu a última fala de Henrique.
DR. MAURÍCIO - Mas isso é ridículo. É óbvio que promotoria e defesa não podem estar do mesmo lado. Não necessariamente.
JUIZ MACHADO – Também não vejo sentido.
DR. HENRIQUE – Eu já esperava por isso. No entanto, olhem estes papéis, e escutem o que tenho pra falar. Acho que depois disso, os dois irão mudar de ideia.

Corta para:

Cena 26. Exterior. Fazenda dos Sabatini. Área da Piscina. Dia

Joaquim e Sueli observam Diana brincar com sua boneca. A menina está triste.

JOAQUIM - Pobre criança. O demônio da mãe dela não sabe o mal que causou na vida da filha. A menina nunca mais vai ser a mesma. Sempre que tentar seguir em frente vai se lembrar desse passado escuro que a mãe causou na vida dela. Se eu soubesse que uma coisa dessas ia acontecer, nunca teria feito aquele maldito seguro.
SUELI - Meu véi, nós não temos certeza de nada. Até agora tudo apontava para Eulália, mas apareceu essa nova evidência. Se houver uma chance, uma única chance de ela ser inocente, precisamos nos apegar a isso. Ela sempre foi uma pessoa tão querida por todos, sempre fez nosso filho tão feliz, e sempre teve tanto amor por essas meninas.
JOAQUIM (nervoso) - Um amor que se corrompeu por um milhão de dólares! Que amor é esse? É bandida sim. Assassina!

Diana escuta os gritos do avô e os surpreende com sua fala:

DIANA - A minha mãe é inocente! Inocente viu?! Eu sei que é. Não foi ela que matou minha irmã. Foi a outra, a outra! (CHORANDO) A outra é uma assassina e não minha mãe. Ela me avisou que ia fazer, ela me avisou!

Diana corre para dentro da casa, aos prantos. Sueli e Joaquim se espantam com a revelação da menina.

CORTA RÁPIDO PARA:

Cena 27. Interior. Fazenda dos Sabatini. Sala de Estar. Dia

FLASHBACK

Diana entra em casa pela porta principal. Distraída.

DIANA (ao celular) - Tudo bem Betinha, eu aviso a mamãe que você ficou na casa da Laurinha. (T) Não, não vou esquecer de falar, fique tranqüila. A gente não tem aula hoje à tarde, ela não vai se importar.

Uma mulher sai apressada, e as duas se trombam. Com o impacto, Diana cai ao chão e se assusta, até reconhecer a mulher.

DIANA - Nossa mãe, aonde  indo com tanta pressa? Nem me viu aqui?
ELVIRA - Não me chama de mãe, “pequeno Polegar”. Posso ter a mesma cara, mas não sou sua mãe.
DIANA - Como assim, mamãe? É claro que é a senhora.
ELVIRA (estúpida) - Escuta aqui, Maria sem João, e presta bem atenção no que vou te dizer. Eu não sou sua mãe e você não me viu aqui hoje, entendeu. E mais uma coisa...

Elvira fala sério, grossa e sem educação, e segura forte no braço de Diana, a ponto de machucá-la.

ELVIRA (continua) - ... se você falar pra alguém sobre isso, sobre esse nosso encontro e sobre essa nossa conversa, eu te mato, entendeu bem. Mato você ou então mato a sua irmãzinha, que é a sua cara e vale o mesmo tanto que você. E olha lá se eu não matar as duas pra ficar ainda mais rica. Estamos entendidas?

Já chorando, Diana diz que sim com a cabeça. Elvira a solta e sai.

ELVIRA - Não precisa chorar, bebê. Mamãe já está chegando pra trocar sua fraldinha.

Eulália ao sair para em frente a um espelho que tem na parede da sala. Diana a observa.

ELVIRA - Ah! Espelho, espelho meu. Em breve a única linda, poderosa e soberana desta história serei eu! (RISADAS)

CORTA para fora da casa, Elvira saindo. Ela faz um gesto de comemoração e está feliz.

ELVIRA (consigo) - Ponto pra mim!

O FLASHBACK termina. Cena seguinte continua a partir do braço de Diana. Agora revelando a cicatriz que ficou do machucado dos anéis de Elvira no braço da menina.

DISSOLVE PARA

Cena 28. Interior. Fazenda dos Sabatini. Sala de Estar. Dia

Diana entra em casa e olha para o exato local onde ocorreu a cena do encontro com Elvira.
Seus olhos estão marejados.

DIANA - Eu não falei nada, porque então você matou minha irmã?

CORTA PARA 


FIM DO TERCEIRO CAPÍTULO.

Confira também o capítulo 2 aqui. 

4 comentários:

  1. Ótimo uso dos flashbacks! Do lado leitor, já imagino a espetaculosa Letícia Spiller em cena, sendo doce e misteriosa como Eulália ou malévola como Elvira!

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  2. Alex
    Realmente pensei na Letícia Spiller para esse papel. Acho que ela daria a dose certa pra Eulália e também pra Elvira.

    Rafael
    obrigado por sempre prestigiar.

    Abraço

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  3. Nossa, Letícia Spiller seria realmente PERFEITA para esse papel!

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