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terça-feira, 2 de abril de 2013

Trinta anos de novelas no SBT - Parte III (final)




Por Fábio Costa

Nesta terceira e última parte do texto sobre a produção de novelas pelo SBT, vamos relembrar as histórias dos últimos quinze anos, desde Fascinação, de Walcyr Carrasco, exibida em 1998 às 20h50. Tendo como protagonistas os então estreantes Regiane Alves e Marcos Damigo, era a história de amor do casal Ana Clara e Carlos Eduardo, separados pelas intrigas da mãe do rapaz, Melânia (Glauce Graieb). Grávida, Ana Clara acaba indo parar num bordel graças a Melânia e Alexandre (Heitor Martinez), enquanto Carlos Eduardo se casa com Berenice (Samantha Dalsoglio). Tinha ainda no elenco Lia de Aguiar, Luiz Carlos de Moraes, Caio Blat, Mariana Ximenes, Miriam Lins, Eliana César, Tadeu Menezes, Breno Bonin e Miriam Mehler.


Em seguida entrou no ar Pérola Negra, original argentino de Enrique Torres traduzido por Henrique Zambelli com direção de Nilton Travesso, Antonino Seabra e Henrique Martins. Sucesso da emissora, que já a reprisou em duas ocasiões, contava a história de Pérola (Patrícia de Sabrit), jovem criada num colégio interno desde que nascera e que tem como grande amiga Eva (Vanusa Spindler), que vive a mesma situação. Eva é seduzida por Tomás (Dalton Vigh) e dá à luz um filho, Carlinhos (Giovane C. Paravela). Eva morre e pede à amiga Pérola que cuide da criança. Órfã, Pérola assume a identidade de Eva e vai viver com sua família, os Pacheco Oliveira, liderados pela matriarca Rosália (Maximira Figueiredo) e que travam uma batalha empresarial com os Álvares Toledo pela liderança no ramo de cosméticos e produtos de beleza. Fernando (Luiz Carlos de Moraes) é o chefe da família – e pai de Tomás, que se apaixona por Pérola, que, assim, se vê dividida entre seus interesses (como a descoberta de sua origem) e a promessa de cuidar de Carlinhos e fazer o pai da criança pagar pelo sofrimento que impôs à verdadeira Eva, que aparece para ela depois de morta e a orienta quanto ao que deve fazer. Como se não bastasse, Eva/Pérola tem de enfrentar a ira da prima Malvina (Cibele Larrama), noiva de Tomás, e as chantagens de Zacarias (Blota Filho), empregado do colégio que se emprega na mansão dos Pacheco Oliveira como motorista e se diz pai de Carlinhos. Quem assistiu a novela não consegue ouvir Paulo Ricardo cantando “Tudo por Nada” (“Você nunca me disse ‘te amo’/Mas também não disse que não...”) sem se lembrar da história.




Em maio de 2001, após dois anos sem exibir uma produção nacional inédita, o SBT colocou no ar sua versão de O Direito de Nascer, do cubano Félix Caignet, clássico absoluto da teledramaturgia. Adaptada por Aziz Bajur e Jayme Camargo, a história foi dirigida por Roberto Talma e gravada em 1997, na mesma época que Pérola Negra – ambas foram ao ar totalmente concluídas. Na virada do século XIX para o XX, em Havana, Maria Helena (Guilhermina Guinle) se torna mãe solteira ao ser enganada e abandonada pelo namorado Alfredo (Fernando Eiras). Dom Rafael de Juncal (Luiz Guilherme), pai da jovem, manda-a para uma de suas fazendas em companhia da empregada Mamãe Dolores (Dudu Moraes). Seu plano é dar fim ao neto assim que nasça, para apagar as evidências do ultraje ao bom nome de sua família. Ao saber disso, Mamãe Dolores foge levando consigo a criança, à qual dá o nome de Albertinho. Os anos passam e Albertinho (Jorge Pontual) se torna médico e se apaixona pela prima Isabel Cristina (Ana Cecília Costa) sem saber do parentesco. Salva a vida do avô impiedoso e se casa com a prima, conforme a verdade vem à tona.



Esta versão de O Direito de Nascer não fez o sucesso das anteriores, mas garantiu uma audiência cativa à emissora no horário (18h30), o que comprova que há público para os dramalhões clássicos mesmo após tantas iniciativas de modernização do gênero telenovela. No elenco ainda as presenças de Elaine Cristina, João Vitti, Cynthia Benini, Esther Góes, Angelina Muniz, Marcelo Mansfield, Vera Zimmermann, Dênis Derkian, Ana Kutner, Cida Moreira, Imara Reis, Carlos Meceni, Maria Estela, Ariel Moshe e Sônia Lima, entre outros.

Em agosto de 2001 o SBT iniciou um novo ciclo de seu departamento de teledramaturgia, voltando à filosofia das produções iniciais da década de 1980. Em parceria com a mexicana Televisa, surgiram novelas de texto mexicano produzidas aqui com elenco e equipe brasileiros, enquanto as novelas originais dubladas em português continuavam a ser exibidas. A primeira foi Pícara Sonhadora, de Abel Santa Cruz (o mesmo autor de Carrossel e Carinha de Anjo). Milla (Bianca Rinaldi) trabalha como vendedora numa das filiais da cadeia de lojas Soles, de propriedade da família Rockfield, e mora escondida na loja junto com seu tio Camilo (Serafim Gonzalez). Milla se envolve com Alfredo (Petrônio Gontijo), neto da dona das lojas, Marcelina (Maria Estela), e decide esconder a verdade, metendo-se em várias confusões.


Em seguida entrou no ar Amor e Ódio, de Inés Rodena, também com versão brasileira feita por Henrique Zambelli. Regina Villa Real (Suzy Rêgo), revoltada após ser enganada pelo noivo Maurício (Edson Fieschi), vai viver numa fazenda, administrada por Macário (Jonas Mello), levando consigo a tia Berenice (Cléo Ventura) e a prima Laura (Viétia Zangrandi), ao lado da qual foi criada como se fossem irmãs, além da fiel e carinhosa Bá (Maximira Figueiredo). No interior as primas se apaixonam pelo fazendeiro José Maria (Daniel Boaventura), que mora na fazenda vizinha e cujo pai, Severiano (Luiz Baccelli), vivera no passado um romance com Berenice, para ciúme de sua esposa Ema (Malu Rocha).



Aproveitando o sucesso da primeira edição do reality show Casa dos Artistas, de 2001, em abril de 2002 estreava Marisol, mais uma adaptação de original de Inés Rodena por Henrique Zambelli, que trazia dois dos participantes em papéis de destaque (a vencedora Bárbara Paz e Alexandre Frota) e outra (Patrícia Coelho) cantando o tema de abertura. Marisol (Bárbara) é uma jovem que vive de vender flores na rua e cuida da mãe doente, Sofia (Miriam Lins). Tem cicatrizes no rosto devido a um acidente de infância e namora o mau caráter Mário (Frota), que a trai com a cantora de cabaré Zulema (Gabriela Alves). Com a morte da mãe, Marisol descobre ser herdeira de grande fortuna, já que é neta do milionário Augusto Lima do Vale (Serafim Gonzalez). Ela se apaixona pelo primo Rodrigo (Carlos Casagrande) e enfrenta a oposição da tia Amparo (Glauce Graieb), nora de Augusto e mãe do rapaz.




Em seguida Bianca Rinaldi voltava estrelando Pequena Travessa, também de Abel Santa Cruz, na pele de Júlia, moça que se faz passar por rapaz (Júlio) para sustentar a família após o pai Rafael (Walter Breda) quase morrer numa explosão num depósito de gás. Ela se emprega numa loja, de propriedade de Marcello Fantucci (Luiz Carlos de Moraes), e se apaixona por Alberto (Rodrigo Veronese), filho do milionário George Alves de Miranda (Jayme Periard). Logo após entrou no ar Jamais te Esquecerei, de Caridad Bravo Adams, com a história do complicado amor entre Beatriz (Ana Paula Tabalipa) e Danilo (Fábio Azevedo).



A substituta também foi adaptada de original de Caridad Bravo Adams e alcançou grande sucesso, já tendo sido exibida quatro vezes pela emissora. Canavial de Paixões entrou no ar em outubro de 2003 e contou a história da jovem Clara (Bianca Castanho), que sofre oposição de Tereza Giácomo (Débora Duarte) a seu romance com o filho dela, Paulo (Gustavo Haddad), já que Tereza acredita que a falecida mãe de Clara, Débora (Cláudia Ohana), era amante de seu marido Amador (Victor Fasano), tendo os dois inclusive morrido juntos num acidente de automóvel anos atrás. Só que a verdadeira amante de Amador era a irmã de Débora, Raquel (Helena Fernandes), que após se livrar da irmã e do amante casou-se com o cunhado viúvo, Fausto (Jandir Ferrari).



Inés Rodena voltou ao horário nobre do SBT com uma adaptação de Seus Olhos, na qual Carla Regina deu vida a duas personagens, Marina e Renata, mãe e filha, nas duas fases da história. Marina conquista o amor de Victor (Petrônio Gontijo) e anos depois o mesmo Victor se encanta por Renata, muito semelhante à mãe, e disputa o amor da moça com seu filho Arthur (Thierry Figueira). Em seguida foi exibida Esmeralda, de Delia Fiallo, entre dezembro de 2004 e julho de 2005. Uma versão mexicana já havia sido exibida em 2000 e uma venezuelana em 1992, de nome Topázio. Era a história de Esmeralda (Bianca Castanho), jovem cega que desconhecia ser filha dos ricos Branca (Lucinha Lins) e Rodolfo Álvares Real (Paulo César Grande). José Armando (Cláudio Lins), que fora criado como herdeiro deles com todos os direitos que na verdade são de Esmeralda, se apaixona pela moça cega.



Em julho de 2005 estreou a próxima novela da casa, Os Ricos Também Choram, da mesma Inés Rodena. Era um retorno à primeira novela mexicana exibida no Brasil pelo SBT em 1982, só que numa adaptação que transportava a história para a década de 1930 e que tomou grandes liberdades autorais, para encaixar a trama junto aos acontecimentos históricos do Brasil de então. Mariana (Thaís Fersoza) é expulsa da fazenda de seu pai, o coronel Evaristo (Flávio Galvão), por sua madrasta Ester (Mika Lins) e a meia-irmã Sofia (Ludmila Dayer). Mariana se envolve com Alberto (Márcio Kieling), filho do coronel Antônio Domingues (Jonas Bloch), e tem um filho, que lhe é tomado dos braços.



Em abril de 2006 foi ao ar o primeiro capítulo de Cristal, outra de Delia Fiallo, adaptada por Anamaria Nunes, vinda com o diretor Herval Rossano da bem-sucedida versão de A Escrava Isaura para a Rede Record em 2004/05. Aqui recorria-se a uma novela também já exibida no Brasil em versão mexicana, O Privilégio de Amar, que contava a história de Vitória (Bete Coelho), que no passado abandonara a filha que nasceu de seu romance com o padre Ângelo de Jesus (Victor Wagner), em casa do qual trabalhava. Vinte anos depois, Vitória é uma grande modista, dona de um famoso ateliê de modas, e Cristina (Bianca Castanho) uma jovem que deseja ser modelo e ascender socialmente através de seu trabalho. Os destinos das duas se chocam e estão mais entrelaçados do que se possa suspeitar, já que Cristina é a filha de Vitória e do padre Ângelo. Ela se envolve com João Pedro (Dado Dolabella), enteado de Vitória, filho de seu marido Alex Ascânio (Giuseppe Oristânio), famoso ator de televisão, e o romance dos dois sofre grande oposição de Vitória, sem saber que está lutando contra a própria filha, que sonha reencontrar e ter consigo.



2007 foi o ano de Maria Esperança, novela com a qual o SBT quis enfrentar no horário das 19h a concorrência da Record (o horário já havia sido testado com Cristal). Nada mais era que uma versão brasileira de Maria Mercedes, sucesso com Thalia nos anos 90. Maria (Bárbara Paz) vende bilhetes de loteria para ajudar a criar os irmãos mais novos e um dia é convidada pelo milionário Santiago (Nico Puig) a se casar com ele e ser sua herdeira, apenas para que seus parentes – em especial a cunhada Malvina (Tânia Bondezan) – não herdem seu patrimônio. Só que Maria é apaixonada pelo sobrinho de Santiago, Eduardo (Ricardo Ramory), e é claro que Malvina tem nela a maior das inimigas, tanto pela questão da herança quanto por jamais cogitar a possibilidade de tê-la como nora.



Outra novela que já havia ido ao ar em versão mexicana ganhou a versão brasileira em seguida. Amigas & Rivais entrou no ar em agosto de 2007 e trouxe como protagonistas as jovens Nicole (Cacau Melo), Olívia (Karla Tenório), Helena (Thaís Pacholek) e Laura (Lisandra Parede), cujos destinos se cruzam por diversos motivos: Nicole trabalha na casa da família Delaor, de propriedade de Roberto (Jayme Periard), pai de Helena e de Beto (Daniel Ávila), por quem Nicole é apaixonada; Laura trabalha como secretária de Roberto e se envolve com ele.




Em 2008 o grande acontecimento da teledramaturgia do SBT foi a reprise de Pantanal, de Benedito Ruy Barbosa, produzida em 1990 pela extinta Rede Manchete. A história já clássica da vida de José Leôncio (Cláudio Marzo) preparou o terreno para a estreia, em dezembro, de Revelação, escrita por Íris Abravanel. Apostou-se muito na telenovela que usava os acontecimentos numa cidade fictícia do interior paulista, Tirânia, para contar a história de amor entre Vitória (Tainá Müller) e Lucas (Sérgio Abreu). Logo depois, em junho de 2009, estreou mais uma novela escrita por Íris, Vende-se um Véu de Noiva, adaptada da radionovela de Janete Clair, cujo acervo radiofônico foi adquirido pela emissora. Eunice (Elaine Cristina) e Rubens (Zecarlos Machado) vivem um casamento infeliz sem que ele tenha esquecido Maria Célia (Thaís Pacholek), prima dela, um amor do passado, e têm um filho, Gustavo (Daniel Alvim). O passado de Eunice ressurge aos poucos quando seu filho se envolve com Eliana (Dayenne Mesquita), simples garçonete, filha de Rita (Tânia Bondezan), outra prima de Eunice, irmã da falecida Maria Célia. Rita criou Daniel (Jiddu Pinheiro), o filho de Maria Célia e Rubens, como seu, e o rapaz é apaixonado pela irmã de criação, Eliana, disputando-a com Gustavo, seu irmão, sem que se saiba dessa condição.


Em 2010 foi ao ar a agradável Uma Rosa Com Amor, escrita por Tiago Santiago a partir da novela de Vicente Sesso exibida pela Rede Globo em 1972/73. A solteirona Serafina Rosa (Carla Marins) tem quase quarenta anos e está conformada com a sina de ficar para tia dos filhos de sua irmã mais nova, Terezinha (Sabrina Petraglia). Seu patrão, o franco-brasileiro Claude Antoine Geraldy (Cláudio Lins), precisa se casar para fechar negociatas com o investidor americano Mr. Smith (Roberto Arduin). Os anseios de um e de outro se complementam e arma-se um casamento de fachada, para desespero do pai de Serafina, Giovanni Petrone (Edney Giovenazzi), que não compreende bem a situação, e de Nara (Mônica Carvalho), noiva de Claude, mas que não pôde ela mesma resolver a situação do noivo por ainda ser legalmente casada com Carlos (João Vitti), pai de seus dois filhos, Beto (Fábio Rhoden) e Raquel (Marina Stacciarini).



Em 2011 foi ao ar um projeto audacioso da emissora, também assinado por Tiago Santiago e com Reynaldo Boury na direção. Amor e Revolução centrou sua história nos anos da ditadura militar no Brasil, e inseriu no contexto político, da luta armada, da supressão de direitos civis, o amor entre o militar José Mariano Guerra (Cláudio Lins) e a guerrilheira Maria Paixão (Graziella Schmitt). Com cenas ousadas de tortura dos presos políticos, que deram muitas oportunidades para o ator Jayme Periard brilhar como o carrasco delegado Aranha, e depoimentos de personagens reais que viveram os acontecimentos mostrados pela novela, a produção foi muito criticada, mas valeu a pena para os que a acompanharam.



A empreitada mais recente do gênero na emissora foi Carrossel, revisitando um grande sucesso do início dos anos 90 e que agora virou novamente uma febre entre a meninada. A história dos alunos da Escola Mundial junto à amada professora Helena (Rosanne Mulholland) conquistou novamente o público e tem alcançado ótimos números de audiência para o SBT. Para este ano fala-se numa nova versão de Chiquititas, para aproveitar o filão infantojuvenil. As chances de sucesso são grandes, se forem respeitados alguns parâmetros como a escalação de um elenco bem escalado, carismático (um dos pontos acertados de Carrossel) e uma direção de atores que aproveite bem suas potencialidades.



Nesses mais de trinta anos produzindo telenovelas, ainda que com algumas interrupções e mudanças de orientação, o departamento de teledramaturgia do Sistema Brasileiro de Televisão consolidou-se como uma opção de trabalho para os profissionais do setor – em especial os paulistas, para que não tenham de se deslocar para os estúdios da Rede Globo ou da Rede Record, no Rio de Janeiro – e para o público, uma vez que suas histórias seguem um caminho diferente das da concorrência. Há ainda algo de emocionante, mesmo choroso, lúdico, nas novelas do SBT, que vai ao encontro ao público das classes mais baixas, sempre lembrado pela emissora, mas sem que para isso necessariamente se resvale no produto desqualificado.

4 comentários:

  1. Ótimo texto! Me fez relembrar várias novelas que gostei muito da emissora como:A Pequena Travessa,Amor e Revolução,Esmeralda,Canavial de Paixões,Amor e Ódio,Fascinação.Só estranhei Corações Feridos não ser citada.

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  2. Gostei muito do texto. Foi ótimo relembrar essas tramas. Vi a grande maioria delas. Tb senti falta de Corações Feridos e já que vc citou Pantanal, senti falta de Dona Beija.

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  3. As minhas favoritas são Éramos Seis, As Pupilas do Senhor Reitor, Sangue do Meu Sangue, e das mexicanas: Carrossel, Rosa Selvagem, Simplesmente Maria, Ambição. Mas como bem mostrou as suas postagens especiais, nesses 30 anos de existência, o SBT também soube marcar o seu nome na teledramaturgia nacional.

    Até a próxima postagem, Fábio!

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  4. fabio quero muito comprar os dvds da novela topázio dublada em portugues mas não concigo emcontrar mi a jude por favor mi responda obrigada

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