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terça-feira, 21 de maio de 2013

“Amor à Vida” aposta no drama rasgado e promete bom espetáculo

Walcyr Carrasco surpreende em sua estreia no horário nobre


Walcyr Carrasco terá a difícil missão de alavancar a audiência derrubada por "Salve Jorge"
por Júlio César Martins

                Autor de diversos sucessos de gosto duvidoso nos horários das seis e das sete, Walcyr Carrasco demonstrou total domínio de seu ofício em “Amor à Vida”, a nova novela das nove da TV Globo. O primeiro capítulo apresentou um roteiro ágil, arrojado, devidamente ajustado às atuais exigências de público e mercado. A direção apurada, igualmente preocupada em surpreender, fugiu do habitual e fez bonito, sem nada a dever aos seriados americanos com relação à formatação estética.

                Em 80 minutos, conhecemos o drama de Paloma (Paolla Oliveira), uma patricinha de temperamento romântico que rompe com seu universo aristocrático e se atira de cabeça em um romance inviável com o libertário Ninho (Juliano Cazarré), que conheceu durante uma viagem ao Peru em companhia da família. Logo se vê grávida e, sem dinheiro, planeja voltar com ele à tiracolo para o Brasil – sob risco de total desaprovação dos pais. Mas, para seu infortúnio, o rapaz é preso por tráfico no momento do embarque. Sem alternativa, Paloma retorna para a casa dos pais, carregando no ventre o resultado de sua inconsequência. E nem percebe que está sendo habilmente manipulada pelo irmão, Félix (Mateus Solano), o lobo na pele de cordeiro, que conhece bem as fragilidades da irmã e consegue convencê-la de esconder da família a tal gravidez.

Paloma (Paolla Oliveira) rompe relações com a família para viver um romance com o mochileiro Ninho (Juliano Cazarré)

                      Assim, Félix consegue libertar da cadeia o namoradinho de Paloma e convencê-la de ir morar no Rio de Janeiro com o rapaz, de modo que a presença dela não interfira em seus planos de se tornar o sucessor natural do pai nos negócios da família - um hospital. Porém, a farsa da gravidez é descoberta, o pai (Antônio Fagundes) tem, literalmente, um ataque – cardíaco – e o príncipe encantado da moça logo se revela um sapo de brejo (ou de breja?). Sozinha, ela sente as dores do parto e desmaia antes de conseguir socorro, dentro de um banheiro de bar. Ajudada por Márcia (Elizabeth Savalla), ela dá luz a criança ali mesmo e perde os sentidos. Félix consegue encontrar a irmã e, julgando-a morta, leva o bebê e o abandona em uma caçamba de lixo. Bruno (Malvino Salvador), que acabara de perder a mulher e o filho na mesa de parto, encontra a criança, acreditando se tratar de "uma nova chance de Deus". Piegas, mas OK, é novela.

                Ainda é cedo para prever a repercussão que a novela vai alcançar, mas se a qualidade apresentada se estender ao longo dos 180 capítulos previstos, teremos um baita dramalhão brasileiro em moldes internacionais. O capítulo de estreia procurou concentrar as energias nos acontecimentos que desencadeiam todo um imbróglio relacionado ao núcleo principal, e ainda há muitos personagens e tramas a caminho, previstos para a segunda fase da estória. Portanto, é impossível emitir um parecer mais aprofundado sobre a novela com base apenas no primeiro capítulo. Dramaturgicamente falando, nada de muito novo, nem de inusitado, exceto pela preferência sexual do principal mau-caráter da novela, que promete divertir e indignar o espectador em níveis estratosféricos. Uma chance de ouro para Mateus Solano.

Félix, personagem de Mateus Solano, já ostenta o carinhoso apelido de "Bicha má" nas redes sociais

                    A bola fora ficou por conta da abertura: criada pelo animador de filmes de ação Ryan Woodward, por pouco não destoa do clima pretendido para a novela, apesar da  coreografia dramática executada pelos bailarinos animados. A interpretação equivocada de Daniel para "Maravida" é de dar nos nervos. E os créditos, ininteligíveis.



8 comentários:

  1. Gostei da novela,o único erro foi colocar Daniel,para "assasinar" a música do Gonzaguinha.

    Gil Almeida Gonçalves

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  2. Júlio

    Concordo com o que escreveu, e mesmo sendo fã do Daniel não gostei dessa interpretação dele na música da abertura.

    Acho que vou sentir falta de uma vilã...não gosto de vilões homens. Mas enfim, vamos ver o que acontece....

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  3. Gonzaguinha se revirando o túmulo! Porque não o próprio na versão original? Fica a pergunta no ar...

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  4. A versão alternativa dá um banho na original. Dá vontade de aumentar o volume: http://i9v.me/dvlo

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  5. Concordo com o Julio, só acho que na abertura, os únicos erros foram o Daniel e os créditos, eu gostei do balé ninja!

    Marcelo Alves

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  6. Gostei do layout e do balé da vinheta de abertura... a música realmente ficou terrível na interpretação gritada do Daniel, dá um "nervoso" igual ao causado quando tocava a trilha LOUCAAAA da Maria Rita na novela anterior! Quanto à novela, achei incrível a qualidade inicial, tomara que permaneça assim!
    Priscila

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  7. Realmente, o pior é a música. A animação ganha vida com a versão da Bethânia, dá a impressão de que o criador fez em cima da versão dela. A dramaticidade dos movimentos casam perfeitamente com a interpretação da Bethânia.

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  8. Nessa foto, o Walcyr Carrasco está parecido com o Delfim Neto, hahahaha...

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