Por Jonathan Pereira
Embora não atinja altos índices de audiência, “O Profeta”
ainda é de longe a melhor opção das tardes na TV aberta. Quem viu a versão
original garante que a exibida em 2006 e no ar atualmente no “Vale a Pena Ver
de Novo” pouco ou nada tem a ver com a que Ivani Ribeiro escreveu para a TV
Tupi em 1977.
Uma das diferenças é que Ivani preferiu uma história
contemporânea, enquanto Walcyr Carrasco – que supervisionou o início da trama –
quis ambientá-la nos anos 50, já que tinha assinado 4 novelas de época na Globo
– “O Cravo e a Rosa” (2000), “A Padroeira” (2001), “Chocolate com Pimenta”
(2003) e “Alma Gêmea” (2005).
O primeiro mês, nas mãos de Walcyr, é uma chatice. Ainda bem
que duas então novas autoras, Duca Rachid e Thelma Guedes, puderam caminhar
sozinhas com a história do homem com poderes paranormais que acaba utilizando
seu dom para ganhar dinheiro. Elas deram
uma guinada na trama, que ficou com temática bem adulta, coisa que não se via
às 18h desde o remake de“Anjo Mau” (1997). Violência doméstica, jogatina e
planos sórdidos dominam a tela.
Fernanda Souza era Carola |
Com o passar dos meses aquela aura clara e amena do início dá
lugar a um tom sombrio, com músicas de tensão que prendem o telespectador. Nota-se a mudança inclusive no visual de
Marcos (Thiago Fragoso), que deixa o rostinho liso do início para adotar uma
barba. Quando tudo parece estar resolvido e Sônia se livra de Clóvis (Dalton Vigh) podendo
ficar com seu amado, surge Sabine (Gisele Itié), que mesmo sem atrair o coração do Profeta os separa
aproveitando a ganância do protagonista.
Paolla Oliveira conseguiu se manter crível como a sofrida
Sônia, que passa a apanhar constantemente de Clóvis e a
ser trancada no porão. A repetição dessas situações poderia fazer o público se
desinteressar, mas o ator conseguiu absorver toda a maldade que a novela
precisava, já que Malvino Salvador e Carol Castro, inicialmente escalados para
serem os vilões Camilo e Ruth, não deram conta do recado. Camilo foi se
apagando até ser morto e Ruth está longe de entrar na lista memorável das
maléficas, mesmo que afunilemos só para as malvadas do horário.
Clóvis se tornou um sisudo psicopata, em um dos melhores
papéis de Dalton na TV. Possessivo, quer fazer
com Sônia o mesmo que com sua
mulher, Laura (Carolina Kasting), que foi trancada e obrigada a comer comida envenenada até
definhar. Outros chamam a atenção, como Carola (Fernanda Souza, que engordou 7
Kg para a personagem e ainda usava enchimentos) e Tainha (último papel de
Rodrigo Faro na Globo).
A novela foi a última das 18h a atingir média de 33 pontos.
A reprise está com desempenho abaixo do esperado, mas não se sabe ao certo se o
público não queria ver “O Profeta” em si, se não aguenta mais novelas de época
após praticamente 10 anos de tramas desse tipo seguidas – a baixa audiência de “Lado
a Lado” às 18h endossa essa teoria – ou se foi um desgaste da faixa após ter
optado por três re-reprises seguidas (“Mulheres de Areia”, “Chocolate com
Pimenta” e “Da Cor do Pecado”, sendo as duas últimas bem recentes tanto na exibição
quanto na reprise).
O PROFETA, de 76, que tenho alguns capítulos gravados, é de longe melhor que essa versão, pois o tema do Espiritismo era mais bem embasado.
ResponderExcluirO protagonista, DANIEL (Carlos Augusto Strazzer) - que nessa versão se chama, MARCOS, também iniciava a trama com rosto liso, depois mantendo uma barba ao longo da trama.
O vilão da antiga versão era HENRIQUE, que hoje corresponde ao personagem de MAURÍCIO MATTAR, e CLÓVIS, era, na outra versão, um sujeito meio cômico, interpretado por CLÁUDIO CORRÊA E CASTRO
A hipótese levantada de que o público não gosta mais de novela de época, tbm não confere, já a escolhida para substituir O PROFETA, é a também de época, O CRAVO E A ROSA, também adaptada de uma obra de IVANI RIBEIRO, chamada O MACHÃO, que por sua vez era adaptação de A INDOMÁVEL, que por sua vez era adaptação de A MEGERA DOMADA (ufa!)
Contudo, a interpretação de DALTON VIGH e THIAGO FRAGOSO, foi divina. Mas houve cenas de exagero no quesito espiritismo, e a personagem de LAURA CARDOSO chegou, de tão sem função, a irritar a atriz, que pediu pra sair da produção.
Mas DUCA RACHID E THELMA GUEDES prenderam a atenção do público no triângulo central, e deram conta do recado.
Mas essa não foi a primeira novela solo de DUCA. Bem antes, ela escreveu praticamente sozinha, TOCAIA GRANDE, na Manchete, supervisionada por WALTHER GEORGE DURST
ah, só uma correção, O PROFETA original foi de 77
ExcluirQUERIA QUE COBRAS E LAGARTOS A SUBSTITUÍSSE!
ResponderExcluirANDERSON NASCIMENTO
Eu também!!!
ExcluirPedro Felipe Soares
Só que tem quase nada a ver com o original, que era mil vezes melhor.
ResponderExcluirFelipe Petrucelli
Linda novela, não acho que o público está cansado de novelas de época (o que cansaria em uma trama de época?)... Acho todos os personagens ótimos (menos a Sabine), e até mesmo os personagens que poderiam ser insignificantes ganharam destaque em determinado momento (Jonas/Joílson, por exemplo). Sem falar da trilha sonora, incluindo os sons instrumentais no meio das cenas. Antes mesmo de acabar já estou com saudades!
ResponderExcluirAdoro esse clima soturno que "O Profeta" vai adquirindo ao longo de sua exibição. Realmente, foi só a novela sair das mãos do Carrasco que ela melhorou infinitamente.
ResponderExcluirAdoro os casais Tainha e Gisele (Rodrigo Faro e Fernanda Rodrigues) e Carola e Arnaldo (Fernanda Souza e Rodrigo Phavanello), aliás considero Carola a heroína da história, pois ela salvou o Marcos várias vezes dos planos do Clóvis.
Apesar de Paolla Oliveira ter defendido muito bem a mocinha Sônia, achava a personagem muito burra, havia vezes que ela podia muito bem escapar do Clóvis, coisa que ela não fez. Interessante também é a trama de Teresa (Paula Burlamaqui) que quer ter a filha que foi tirada dela de volta, e a trama de Dedé (Zezeh Barbosa) no início da trama, que é rejeitada pela filha, que sente vergonha por ela ser pobre e negra.
Enfim, "O Profeta" não é uma trama excelente, clássica, mas valeu a pena rever, apesar da baixa audiência na sua reprise. E vem mais uma re-reprise recente aí, lamentavelmente
Também curto esse clima soturno, sombrio que a novela foi ganhando ao longo dos meses. Cria um clima de tensão e envolvimento muito raro de se ver no horário que foi originalmente exibida. Acho que a forma como se referem à Carola retrata ainda como era o bullying numa época em que o políticamente correto não estava em voga. E sim, Fernanda Souza roubou boa parte da novela para ela.
ExcluirConcordo, curto muito aquele clima antigo de O Profeta.
ResponderExcluirRafhael Ribeiro
Certeza...as novelas Globais atuais estão "devagar"... salvo Amor à Vida que começa a pegar fogo... kkk
ResponderExcluirLiliana Mathias
Eu não perco...adorooo!!
ResponderExcluirSimone Ramos
Eu particularmente não gosto de O Profeta por dois motivos principais: o texto fraquíssimo (texto é um dos fatores que mais me importam em qualquer coisa, seja novela, teatro, etc) e a atuação mexicana de alguns atores. Além do que, não há quem me convença de que foram Thelma e Duca que escreveram essa novela, porque tudo é igual às novelas do Carrasco: situações e frases repetidas e texto declamado, dá pra imaginar cada vírgula do texto falado pelos atores no roteiro.
ResponderExcluirLeonardo Mello de Oliveira
Com certeza... adoro essa novela.
ResponderExcluirMaria Eryneuda
Prefiro deixar a TV desligada. Há novelas que parece que ficam ainda mais insuportáveis na reprise e O profeta é uma delas. Texto extremamente mexicanizado na Globo não combina.
ResponderExcluirPedro Arthur Nascimento