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sábado, 7 de setembro de 2013

A morna vida

Por Flávio Michelazzo

"Amor à vida" não se parece em nada com as outras novelas de Walcyr Carrasco. As tramas não se desenvolvem, não saem do lugar, e, quando parece que algo vai acontecer, tudo volta ao mesmo lugar, num caminho em círculos sem fim. Até os personagens gays, que pareciam ser um ponto positivo, caíram na mesmice e no erro.


Walcyr Carrasco conseguiu criar uma mocinha tão, mas tão absurdamente carregada, que é simplesmente impossível para qualquer ser humano torcer por ela. Fiquei pensando durante um tempo se era culpa de Paolla Oliveira, que já tinha sido rejeitada pelo público em "Insensato Coração" e insistiram nela. Não é. O mar de lágrimas sem fim e tudo que dá o tempo todo errado na vida da personagem numa história completamente pesada e desconexa faz com que o único sentimento que ela desperta no público seja o de desprezo. No atual momento, a personagem encontra-se numa hospício tradicional. Sei que a intenção do autor é boa, de denunciar que esse tipo de clínica ainda existe. Porém, colocar mais esse fardo de feijão de armazém nas costas de Paloma surte efeito contrário. Talvez para outro personagem não pareceria tão absurdo assim.
Mateus Solano segue em boa atuação com seu arquivilão cor-de-rosa Félix, porém, o rosário sem fim de citações à Santa Ceia já deram o que tinha que dar. O personagem e o ator podem mais do que isso. Muito mais. Susana Vieira ainda é enfeite de cena, pegando migalhas de falas dos outros personagens de seu núcleo e provavelmente seguirá assim até o fim. Um desperdício de talento. [Leia sobre, aqui.]
Personagens secundários e terciários não deveriam existir. Renata Castro Barbosa só aparece em cena pra falar que se machucou na porta e provavelmente no fim das contas deve ser uma porta mesmo que a machuca. O casal Niko e Eron, que parecia ter uma boa história, passaram por um adultério que trará uma criança ao mundo. 
Danielle Winits aproveita sua talvez única personagem dramática da carreira pra chorar em toda e qualquer cena que aparece. Não vou falar de Marina Ruy Barbosa. Me recuso.

Um comentário:

  1. Argh, essa novela ainda está passando por aqui...
    Tá toda embrulhada e desconectada. Mas uma coisa discordo totalmente: Paloma é a única personagem NORMAL em toda a trama. Ela não chateia, ela é tão consistente e segura que acaba por passar despercebida numa trama de personagens esfuziantes com flores gigantes no cabelo ou comportamentos idiotas em busca de milionários, de fama e de sexo. "Paloma" tem é muita coisa atirada para cima dela, mas a atriz tem segurado com mestria toda a sacanagem que o autor atira na personagem. Paloma é segura quando tem de ser, frágil quando é conveniente para o autor ela ser que é para o Bruno se aproximar, fiel aos seus princípios quando os outros, como "Pilar" perdoam o Félix do "nada" só porque vender Hot Dog pelos vistos é sacrilégio ou algo parecido, pois Pilar achou de imediato que tinha de resgatar o filho de volta para casa só porque ele trabalhava a vender comida. LOL e LOL. A reacção de "paloma" ao saber disso é que foi normal. "Pilar" é uma personagem que não foi conseguida pela atriz e não tem nada a ver com talento, mas mais compreensão e texto. A única parte que em que parece que existe uma entrega mais realista é no romance com rapazes mais jovens, o resto parece falso. as reações dela, a forma estupida e inexplicável como detesta a Márcia numa cena e na outra já está tudo bem, que coisa sem sentido! Nenhum sentido. Bons atores até conseguem pegar em personagens ruis e dar a volta. Acho que "Paloma" e "César" são personagens que em muitos instantes podiam dar para o torto e teriam dado se não fossem os atores que lhes dão vida a conseguir cunhar ali um realismo, uma compreensão credível.

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