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quarta-feira, 11 de junho de 2014

O que tiver de ser - capítulo 2


O QUE TIVER DE SER

CAPÍTULO 2

WEB NOVELA DE
LEANDRO BRASIL


ESCRITA COM A COLABORAÇÃO DE:

ISAAC SANTOS
RAFAEL BARBOSA
RAUL FELIPE SENNGER


CENA 01. APTO LETÍCIA. SALA. INTERIOR. DIA.
Continuação imediata. Gustavo, Letícia e Júlio. Júlio se irrita com Gustavo.
JÚLIO               - Para de falar besteira, cara. Eu e a Letícia/
LETÍCIA            - (corta, irritada) Deixa que eu explico, Júlio. (a Gustavo) Eu não admito que você venha aqui me acusar de ter um amante, quando você sabe o quanto eu lutei pra salvar o nosso casamento. (T) Eu e o Júlio... A gente se conheceu ontem. Eu tava dirigindo muito abalada por causa da nossa separação, quase bati com o carro e ele me ajudou, sem nem saber quem eu era.
JÚLIO               - Foi isso.
GUSTAVO       - Pelo visto vocês se entenderam bem, viraram amigos. (T) Quer saber? Eu nem devia ter me irritado. Afinal nós nos separamos. Você pode fazer da sua vida o que bem entender, eu não tenho nada a ver com isso. Me desculpem pela minha reação.
LETÍCIA            - Peraí, Gustavo, não é nada/
GUSTAVO       - (corta, mudando de assunto) E a Sofia? Cadê ela?
LETÍCIA            - Foi numa excursão da escola, você não sabia?
GUSTAVO       - Eu tinha esquecido. Outra hora eu passo aqui. Prazer em conhecê-lo, Júlio. Mais uma vez, desculpem qualquer coisa. Tchau.
LETÍCIA            - Espera, Gustavo!
Gustavo já saiu. Letícia fecha a porta, irritada.
JÚLIO               - Estressado esse teu ex, hein!
LETÍCIA            - Viu só no que deu essa tua ideia de vir aqui?
JÚLIO               - Como é que eu ia adivinhar que ele ia aparecer? E depois, ele tá certo. Vocês estão separados. Você pode receber aqui quem você quiser.
LETÍCIA            - Acontece que eu não quero receber ninguém por enquanto, principalmente você. Vai embora, Júlio, por favor. Outra hora quando eu estiver mais calma a gente pode conversar, mas não agora.
JÚLIO               - Se é isso que você quer...
Júlio vai embora, triste. Letícia muito irritada. Corta para:
CENA 02. CASA DE VIOLETA. SALA. INTERIOR. DIA.
Casa de classe média. Violeta (60) sentada numa poltrona, lê uma revista. Ao perceber o barulho da porta, levanta-se. Lucas vem correndo ao encontro da avó. Os dois se abraçam
LUCAS             - Vó!
VIOLETA          - Oi, Lucas. Saudades da vó?
LUCAS             - Sim, muita!
Violeta abraça o neto de novo e Júlio percebe uma marca roxa no braço de Lucas. O Abraço é desfeito.
JÚLIO               - O que foi isso, filho? Esse roxo no teu braço.
LUCAS             - (assustado) Ah, pai... (olha para a marca) Isso foi da... da bicicleta. É que eu cai, sabe? Foi isso.
JÚLIO               - (desconfiado, voz calma.) Hum...  Então, Mocinho, da próxima vez toma mais cuidado, combinado?  Agora vai guardas suas coisas, vai.
Lucas faz que sim com a cabeça e sai. Violeta nota a expressão de Júlio.
VIOLETA          - (preocupada) Que tristeza é essa, filho? Não vai me dizer que é por causa dela: da moça que você conheceu ontem.
Corte descontínuo.  Violeta sentada na poltrona. Júlio no sofá. Desabafa.
JÚLIO          - Foi isso, mãe. O marido dela, quer dizer, ex-marido, apareceu, ficou irritado, houve discussão...
Júlio em silêncio, parece envergonhado. Tempo.
VIOLETA       - Pois é, meu filho. Ao se separar da Paola, você saiu de uma canoa furada porque ela tava afundando. E agora... (pausa) E agora está prestes a embarcar noutra com dois elefantes a bordo.
Júlio não diz nada. Na tristeza dele, Corta para:

CENA 03. ACADEMIA DE GINÁSTICA. INTERIOR. DIA. 
Soninha e Letícia caminham na esteira. Algumas pessoas olham para Soninha e cochicham, comentando o escândalo do dia anterior.
SONINHA        - Eu sei que outra no meu lugar nunca mais apontava o nariz aqui.  Mas você acha que eu, justo eu, linda, diva, vou parar de frequentar essa academia por causa do escândalo com o safado do Edu? Capaz. Se eu fizesse isso eu não seria eu, meu amor.
Burburinho aumenta. Soninha decide dar um basta. Desliga a esteira.
LETÍCIA            - (sem entender) Mas já?
SONINHA        - (para as pessoas) Olha aqui, ô bando de desocupados, se querem falar mal de mim, podem falar mais alto, não precisam cochichar como se estivessem se confessando com o padre!
Letícia sorri, constrangida. Soninha volta a caminhar na esteira.
SONINHA        - Ai, sabe, recalque me estressa. Poxa, querem falam mal, que falem direito. Caramba!
LETÍCIA            - (ri) Ai, Soninha, se você não existisse tinha que ser inventada, sabia?
SONINHA        - Eu tô feliz por ter conseguido tirar você de casa hoje. Agora que as coisas vão mudar um pouco, a cinderela não pode resolver se trancafiar na torre.
LETÍCIA            - Soninha, minha querida, a princesa da torre é outra.
SONINHA        - Que seja. O que importa é que todas têm um príncipe lindo, maravilhoso que sempre aparece no final. (pausa) Bom, nos contos de hoje em dia, eles podem aparecer no primeiro capitulo do livro, né?
LETÍCIA            - Se você tá falando do Júlio, a gente é só amigo, tá bom?
SONINHA        - Hoje amigos, amanhã amantes apaixonados. Conheço essa história, amor.
Letícia ri do que Soninha disse e depois fica pensativa. Corta para:

CENA 04. SÃO PAULO. STOCK-SHOTS. EXTERIOR. DIA.
Belas imagens de alguns pontos da cidade, em cortes rápidos. Corta para: fachada do hotel onde Gustavo está hospedado. Corta para:

CENA 05. HOTEL. QUARTO DE GUSTAVO. INTERIOR. DIA.
Gustavo já abrindo a porta para Andréa.
ANDRÉA         - Oi!
GUSTAVO       - (desanimado) Oi.
Andréa percebe o desânimo de Gustavo
ANDRÉA         - Cheguei em má hora?
GUSTAVO       - Que é isso, entra.
Andrea entra. Vai até a janela e abre as cortinas. Gustavo fica encostado no balcão perto da porta, de braços cruzados. Andrea de costas para Gustavo.
ANDRÉA         – Tá um dia lindo lá fora!  (Volta-se a Gustavo) Já viu?
GUSTAVO       – (disperso) É. Parece que sim.
ANDRÉA         – Bom, já que concorda comigo, acho que você não vai recusar o meu convite pra sair um pouco e curtir esse sábado maravilhoso, não é?
GUSTAVO       - (indeciso) Não sei... Hoje eu não seria nem de longe uma boa companhia, Andréa.
ANDRÉA         – (se aproxima dele) Ah, vamos. Vai ser um passeio ótimo, eu te garanto. Você tem que sair desse quarto, se divertir um pouco. Vamos? Por mim, vai!
GUSTAVO       - (pensa um pouco) Tudo bem. Mas antes eu preciso jogar uma água no rosto e trocar de roupa.  Me dá cinco minutos?
ANDRÉA         - (olha pro relógio) Não mais que isso.
Gustavo sai. Close de Andréa feliz. Corta para:

CENA 06. CLUBE. EXTERIOR. DIA.
Dia ensolarado. Câmera explora o ambiente, mostrando homens e mulheres nadando, tomando banho de sol à beira da piscina. Soninha sentada numa espreguiçadeira, retocando o protetor solar. Faz charme para um rapaz saradão, cara de cafajeste: Marcelo (25). Ele mergulha na piscina sob o olhar hipnotizado de Soninha. Mila se aproxima, trazendo dois coquetéis de frutas.
SONINHA        - (experimenta a bebida) Hum... Tá do jeitinho que eu gosto. (dá outro gole) Mila, dá uma viradinha como quem não quer nada. Tá vendo o mesmo que eu?
MILA                 - (debochada) Tá falando daqueles dois gostosos ali do outro lado? Desiste, amor: são namorados.
SONINHA        - (surpresa) Sério? Que desperdício, né? Mas não, sua tonta, eu tô falando daquele que acabou de se jogar na piscina.
As duas observam Marcelo nadando.
MILA                 - Que deus grego, hein!
Marcelo sai da piscina, percebe o olhar das duas se aproxima delas.
MARCELO       - E aí, meninas!
As duas respondem: “Oi”, “Olá”. Marcelo e Soninha se olham e Mila percebe que está sobrando.
MILA                 - (bebe um pouco mais) Bom, eu vou cair na piscina... (mergulha)
SONINHA        - Eu não me lembro ter visto você por aqui antes.
MARCELO       - Caramba! Deixa eu me apresentar: Marcelo, o invisível.
Ela sorri. Corte descontínuo. Soninha já envolvida pelo papo malandro de Marcelo. Ele se levanta para dar lugar a Mila, que acaba de voltar da piscina. 
MARCELO       - (a Soninha) Bom, então fechado assim: a gente se encontra mais tarde lá na boate.
Marcelo lança um olhar sedutor para Soninha e se afasta.
MILA                 - Mas já combinaram de sair, Soninha?
SONINHA        - (suspira) Pois, é. Ele parece ser tão legal!
Mila ri, coloca os óculos de sol e se arruma na espreguiçadeira. Soninha também ri e as duas continuam olhando o movimento. Corta para:

CENA 07. IBIRAPUERA. EXTERIOR. DIA.
Gustavo e Andréa passeando no Ibirapuera. Crianças brincam, observadas pelos pais. Há alguns casais de namorados.  
ANDRÉA         - Não sei o que seria daquele escritório sem você.
GUSTAVO       - Parece que você já me falou isso outras vezes!
ANDRÉA         - É? Mas nada de você procurar entender.
GUSTAVO       - Entender que pruma certa colega eu represento mais que um competente arquiteto?
ANDRÉA         - (para de caminhar, olha nos olhos dele) E que provavelmente ela adorou saber de sua separação com a Letícia.
GUSTAVO       - Eu diria pra essa colega que ela tá perdendo tempo.
ANDRÉA         - (surpresa, irritada) Seu estúpido!
GUSTAVO       - (sorri) Você não entendeu! (T) Ei, olha pra mim: A gente tá perdendo tempo!
Gustavo acaricia o rosto de Andréa, que está muito surpresa com tudo. Os dois se beijam. Corta para:

CENA 08. APTO LETÍCIA. SALA. INTERIOR. DIA.
Letícia, pensativa, próximo à janela. Vai até o sofá, se senta, liga a TV, desliga quase imediatamente. Olha pro telefone, toma coragem e liga pra Júlio.
LETÍCIA            - (ao tel) Sou eu, Júlio, Letícia. (T) Ah, eu tava aqui pensando... Seria bom se a gente desse uma saída hoje. Quer jantar comigo?
Corta rápido para:

CENA 09. RESTAURANTE. INTERIOR. NOITE.
Júlio e Letícia chegando em um restaurante chique. Clima romântico.
JÚLIO               - Você é surpreendente!
LETÍCIA            - Ai, para, Júlio! Você nem imagina a vergonha que eu senti depois que desliguei o telefone. Me desculpe... Eu não devia/
JÚLIO               - (corta) Gosto que me surpreendam... (delicadamente, põe a mão sobre a dela) Você é encantadora!
Corte descontínuo.  Os dois já jantando.
LETÍCIA            - A comida aqui é divina! Fazia um tempão que eu não saboreava um papardelle de camarão. E a tangerina dá um toque diferente, né?
JÚLIO               - Que bom que acertei na escolha do restaurante. Primeira vez que a gente sai pra jantar, eu não queria errar.
LETÍCIA            - Já sabe que gosto, pode me convidar outras vezes!
Riso dos dois.
LETÍCIA            - (tom) Sabe, Júlio, tem sido ótimo contar com você nessa fase que eu tô passando. (T) Eu tava tão arrasada, tão sem chão, sem saber direito o que fazer da minha vida, mas agora eu vejo que se separar não é o fim do mundo.
JÚLIO               - Como eu já te disse, é um recomeço. Depois da separação a gente reassume o controle da nossa vida, sem ter que dar mais satisfações a ninguém.
LETÍCIA            - (pensativa) É... Quando eu casei eu larguei tudo pra cuidar do marido e da casa. Só agora eu tô percebendo que eu passei a viver em função dele, sabe? Esqueci de me preocupar um pouco mais comigo mesma. Larguei até a minha carreira de professora. Nem cheguei a dar aulas.
JÚLIO               - Por imposição dele?
LETÍCIA            - Não, foi decisão minha. O Gustavo é um arquiteto bem posicionado no mercado, nos proporcionava uma vida confortável. (T) Eu diria que me acomodei nessa dedicação integral à vida de casada.   
JÚLIO               - Por que você não começa a dar aula? Vai te fazer muito bem ter uma ocupação agora.
LETÍCIA            - Você tá certo. Acho que já tá na hora de voltar a pensar em mim.
Corte descontínuo. Letícia e Júlio já saboreando um delicioso creme de manga com nozes e vinho do Porto.
LETÍCIA            - Dizem que filha sempre se apega bem mais ao pai, e filho à mãe. Mas você me fala do teu filho Lucas de um jeito que não consigo imaginar vocês distantes um do outro.
JÚLIO               - Ah, Letícia, é o meu garoto... É horrível ficar longe dele.
LETÍCIA            - Você nunca pensou em pedir a guarda dele?
JÚLIO               - Eu gostaria muito, mas o juiz sempre dá preferência à mãe, né? E depois o que eu ganho como bancário mal dá pra pagar a pensão do Lucas! (T) Se ao menos eu tivesse concluído o curso de administração, ganharia melhor, teria mais chances.
LETÍCIA            - Ah, você tá vendo as coisas só por um ângulo. Eu acho que se você quer a guarda dele tem que ir em frente. Não desista! A gente não pode ganhar uma batalha se não começar a lutar.
JÚLIO               - (olha nos olhos dela) Seria mais fácil se tivesse alguém pra lutar do meu lado.
Letícia olha feliz para Júlio.
LETÍCIA            - A vida... A vida é mesmo uma caixinha de surpresas. (T) Até ontem a gente nem se conhecia. No entanto estamos aqui jantando, falando abertamente das nossas vidas, dividindo os nossos problemas.
JÚLIO               - Nós podemos dividir um com o outro muito mais do que os nossos problemas.
LETÍCIA            - (sorri) Vai com calma, tá, Júlio!
JÚLIO               - Nós somos duas pessoas tentando recomeçar as nossas vidas, Letícia. A gente podia fazer isso junto.
LETÍCIA            - Eu não tô dizendo que não, mas vamos deixar as coisas acontecerem naturalmente, tá? O que tiver de ser...
JÚLIO               - Eu espero todo o tempo do mundo. Não pense que você vai escapar de mim tão fácil, não.
Letícia e Júlio sorriem um para o outro e dão-se as mãos. Close das mãos dos dois. Corta para:

CENA 10. CASA DE PAOLA. SALA. INTERIOR. NOITE.
Paola no sofá vendo tv. Pega o controle que está próximo e muda de canal umas duas ou três vezes, mas não se interessa por nada. Joga o controle pro canto e suspira, bastante entediada. Rubens vem de dentro terminando de abotoar sua camisa. Paola vai até ele, carinhosa.
PAOLA             - Já vai?
RUBENS         - Já. Cheio de coisa pra fazer hoje na boate, entrega de mercadoria.
PAOLA             - Queria tanto aproveitar que o Lucas tá na casa do pai, pra sair, me divertir um pouquinho...
RUBENS         - (levemente irritado) A gente já conversou sobre isso, Paola. Lá não é ambiente pra você.
PAOLA             - Ai, Rubens, eu podia te ajudar em alguma coisa lá, te fazer companhia. Eu juro que não vou te atrapalhar. Deixa eu ir, vai! Detesto passar a noite inteira sozinha, naquela cama enorme.
RUBENS         - Para de frescura, Paola. (se insinuando) Olha, quando eu chegar, eu prometo que vou saber recompensar bem essa sua solidão.
Rubens dá um beijo em Paola e já vai saindo.
RUBENS         - Fica aí quietinha me esperando, tá? Tchau.
Rubens sai. Decepcionada, Paola se joga no sofá, pega novamente o controle e começa a procurar um canal. Fecha em sua cara emburrada.  Corta para:

CENA 11. BOATE. EXTERIOR. NOITE.
Plano de localização da boate. Pessoas chegando. Casais e alguns grupinhos reunidos perto da porta.  Corta para:

CENA 12. BOATE. INTERIOR. NOITE.
Movimento médio na boate. Homens sem camisa e mulheres com roupas insinuantes dançando a batida de um funk. Em meio a isso, Soninha vem chegando com Marcelo. Ela encara algumas pessoas do local.
SONINHA        - (espantada) Mas essa é a boate onde você trabalha?
MARCELO       - É sim, gostou?
SONINHA        - (disfarça o estranhamento) É meio diferente do que eu tô acostumada, mas parece ser bem interessante. O que você faz aqui?
MARCELO       - Atendo num barzinho ali, servindo bebida. Vem cá, eu te mostro.
Marcelo pega Soninha pela mão e vai arrastando-a entre as pessoas. Corte descontínuo. Rubens circula, observando o movimento. Ele avista Marcelo dançando com Soninha e aproxima-se de um conhecido que bebe algo.
RUBENS         - Olha aquilo. Não é o Marcelo com aquela perua ali?
RAPAZ             - O próprio. E aquela lá é uma tal de Soninha Bassan. Vive em coluna social de revista.
RUBENS         - Eu sei quem é. (rindo) Marcelo não dorme no ponto mesmo, hein! A perua já caiu na lábia do malandro.
Rubens bate no ombro do rapaz e segue circulando. Corta para Marcelo arrastando Soninha para o meio da pista. Ela com um copo de bebida na mão, vai se soltando. Começa a dançar, trocando amassos e beijos quentes com Marcelo. Corta para:

CENA 13. SÃO PAULO. STOCK-SHOTS. EXTERIOR. NOITE/ DIA.
Imagens da cidade, marcando passagem de tempo de sábado até segunda. Termina no prédio onde mora Letícia.
SONINHA        - (off) Letícia, mãe, esse é o Marcelo.
Corta para:

CENA 14. APTO LETÍCIA. SALA. INTERIOR. DIA.
Soninha abraçada a Marcelo diante de Letícia e Rosália.
ROSÁLIA         – (sem acreditar) Seu... amigo, minha filha?
SONINHA        - (feliz) Ah, para, mamãe. A senhora acha mesmo que eu ia conseguir ser só amiga de um gato desses? Até parece que não me conhece. O Marcelo é o meu novo grande amor.
LETÍCIA            - (sorri) Oi.
MARCELO       - E aí, beleza?
Letícia e Rosália se olham incrédulas, enquanto Soninha é só sorrisos para o namorado novo, que parece se divertir com a situação.  Corta Para:

CENA 15. ESCRITÓRIO ARQUITETURA. SALA GUSTAVO. INTERIOR. DIA.
Gustavo e Andréa saindo de um beijo.
ANDREA         - Parece até que eu tô sonhando.
GUSTAVO       - (ri) Pois é a mais pura realidade. Eu te adoro. Você é demais, sabia?
Gustavo dá outro beijo em Andréa. De repente a porta se abre e Letícia entra. No susto, os dois param imediatamente. Letícia os encara, furiosa.
GUSTAVO       - O que é que você tá fazendo aqui, Letícia?
LETÍCIA            - Eu vim pra gente conversar sobre a nossa filha e me deparo com essa cena. (elevando a voz) E você teve a cara de pau de me dizer que nunca me traiu. Você deve me achar muito idiota mesmo, não é, Gustavo?
GUSTAVO       - Tudo o que eu disse é verdade. Eu nunca te traí, nem com a Andrea e nem com ninguém.
LETÍCIA            - Cínico. Quis jogar toda a culpa pela nossa separação nas minhas costas, quando o que você queria mesmo era se livrar de mim pra poder se agarrar aí à vontade com a sua amante. Canalha!
ANDRÉA         - (bastante constrangida) O Gustavo tá sendo sincero com você, nós nunca/
LETÍCIA            - Você cala sua boca que eu ainda não estou falando com você! Vagabunda!
GUSTAVO       - (exaltado) Ah não Letícia, eu não vou admitir que você ofenda a Andrea. Nós estamos no nosso local de trabalho e você não tem o direito de vir aqui e/
LETICIA            - (Quase chorando) Tenho o direito que qualquer mulher traída tem.
GUSTAVO       - (grita, furioso) Eu não te traí! (mais calmo) Entende uma coisa. A partir do momento em que eu fiz as minhas malas e saí de casa, nós deixamos de ter qualquer coisa um com o outro. Eu sou livre pra fazer o que eu quiser.
Letícia não se controla e parte para cima de Gustavo, lhe dando vários tapas. Ele tenta se defender.
LETÍCIA            - Desgraçado! Eu odeio você, odeio!
Gustavo finalmente consegue conter Letícia e a segura.
GUSTAVO       - Para com isso, Letícia!
LETÍCIA            - (o empurra) Me larga! (pausa) Você deve estar adorando me ver assim não é? Humilhada. Mas saiba que eu também vou exercer a minha liberdade, porque o que não falta é homem disponível por aí.
GUSTAVO       - Você não sabe como é bom ouvir isso. Tudo o que eu quero é que você recomece sua vida, quem sabe até com o seu novo amigo, o Júlio.
LETÍCIA            - Isso não é problema seu. (T) Fica aí, com a sua amante, aproveita! Um dia eu tenho certeza que você vai se arrepender por jogar fora a vida que nós construímos juntos. Mas nesse dia pode ser tarde demais.
GUSTAVO       - Chega, Letícia! Vai embora, sai daqui!
LETÍCIA            - Chega mesmo! Podem continuar de onde pararam. (encara os dois) Isso não vai ficar assim! Vocês dois me pagam por essa humilhação!
Explodindo de ódio, Letícia sai como um raio do escritório. Câmera vai buscar movimentação de pessoas que observavam a discussão do lado de fora da sala. Gustavo lança um olhar de reprovação para eles e fecha a porta. Ele e Andrea se olham tentando digerir o que aconteceu.
GUSTAVO       - Me desculpa.
Gustavo vai até Andréa que está arrasada e a abraça. Fecha nos dois.  Corta para:

CENA 16. BANCO. INTERIOR. DIA.
Júlio em sua mesa, atendendo uma cliente.
JÚLIO               - O empréstimo da senhora foi aprovado. Pode sacar o dinheiro quando quiser.
CLIENTE          - Obrigada.
JÚLIO               - Qualquer coisa, estamos aqui. Tchau.
Júlio aperta a mão da cliente e ela sai. Letícia chega apressada e passa na frente de um cliente, que seria o próximo a ser atendido por Júlio.
JÚLIO               - Só um minutinho, senhor. (a Letícia) Você me ligou tão abalada, me pedindo o endereço do banco. Eu fiquei preocupado. O que foi?
Letícia dá um grande beijo em Júlio. Vários clientes e funcionários do banco olham, admirados.
LETÍCIA            - Eu aceito, Júlio. Eu quero ficar com você. Acho que a gente pode se dar muito bem. Eu quero muito recomeçar a minha vida ao seu lado.
JÚLIO               - (feliz) Poxa, Letícia, eu fico muito feliz, mas nós estamos no meu trabalho. Acho bom você se conter um pouco.
Letícia olha ao redor, meio constrangida.
LETÍCIA            - Desculpa, gente. (a Júlio) Eu vou indo, então. Não quero te atrapalhar. Mais tarde a gente se encontra.
Letícia vai saindo. Júlio a olha, muito feliz. Corta para:

CENA 17. CASA DE VIOLETA. SALA. INTERIOR. TARDE.
Violeta muito surpresa diante de Júlio e Letícia.
JÚLIO               - Essa é a Letícia que eu te falei, mãe. Nós estamos namorando.
LETÍCIA            - (sorri) Muito prazer, dona Violeta.
Violeta olha para os dois, com ar de surpresa e não diz uma palavra. Júlio e Letícia ficam constrangidos.
JÚLIO               - Não vai falar nada, mãe?
Em Violeta encarando os dois, o Corte:

CENA 18. APTO DE LETÍCIA. QUARTO. INTERIOR. NOITE.
Quarto um pouco escuro. Câmera vai se aproximando devagar da cama de Letícia. Ela e Júlio acabaram de transar. Ela está pensativa.
JÚLIO               - O que foi? Por que você tá assim?
LETÍCIA            - A tua mãe não gostou de mim.
JÚLIO               - (ri) Ah, Letícia, a gente acabou de fazer amor e é na minha mãe que você tá pensando?
LETÍCIA            - Não ri não. Ela foi fria, comigo. Educada, mas fria.
JÚLIO               - Ela só ficou surpresa. Minha mãe é assim mesmo. Costuma implicar com todas as minhas namoradas no início. Tenho certeza que vocês vão ser muito amigas.
Letícia continua pensativa. Júlio lhe dá beijinhos no rosto e pescoço.
JÚLIO               - Te adoro. Por mim eu ficaria aqui pra sempre. (brinca) Quando é que nós vamos morar juntos, hein?
Letícia continua pensativa. Insert de trecho rápido da cena 14 desse capítulo: Letícia flagrando o beijo e Gustavo e Andréa. Fim do insert. Letícia com raiva. Num impulso, ela faz o convite:
LETÍCIA            - Você pode se mudar pra cá quando quiser.
Júlio quase não acredita no que ouviu.
JÚLIO               - Calma, eu tava só brincando, Letícia.
LETÍCIA            - Mas eu tô falando sério. Quando é que você se muda?
JÚLIO               - Tem certeza que é isso que você quer?
LETÍCIA            - Nós somos adultos, Júlio. Não devemos satisfação a ninguém. Já que a gente tá namorando, por que não morar juntos de uma vez?
JÚLIO               - (feliz) Nossa, eu vou adorar. Mas... Eu não ia me sentir bem morando aqui.
LETÍCIA            - Como assim? Você quer ou não morar comigo?
JÚLIO               - Claro que quero. Mas pra isso, você vai ter que sair desse apartamento. Nós vamos pra um lugar menor. Você pode começar a dar aulas e a gente racha as despesas. E então, topa?
Em Letícia muito surpresa olhando para Júlio,
Corta.

FIM DO CAPÍTULO 2.


Perdeu o capítulo anterior? Confira aqui!

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