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EI, JÚLIA
PENÚLTIMO CAPÍTULO
WEB NOVELA DE
ISAAC SANTOS
ESCRITA COM A COLABORAÇÃO DE:
ALEX SPINOLA
LEANDRO BRASIL
RAFAEL BARBOSA
RAUL FELIPE SENNGER
CENA
1. HOSPITAL. CORREDOR. INT. MADRUGADA
Rosana, Mercedes e
Marcelo estão sentados em cadeiras no corredor de um hospital público. Médico
vem chegando e faz sinal pra que Marcelo se aproxime dele. À parte os dois
conversam.
MARCELO - (nervoso) E então? Como é que ela tá?
MÉDICO - Calma, a Júlia está bem. Sofreu
apenas escoriações leves. Mas vocês erraram muito, removendo ela do local antes
de chamar o SAMU. Se fosse algo mais sério, isso poderia ter agravado a
situação dela.
MARCELO - (mais tranquilo) Eu sei, mas é que na
hora eu fiquei muito nervoso, nem sabia direito o que eu tava fazendo, só
pensava em salvar a Júlia. Mas agora... Só de saber que ela tá bem, eu tô mais
aliviado. (sorri) Obrigado, cara! Obrigado mesmo, viu!
MÉDICO - Tô aqui pra isso, Marcelo. (olha
para Mercedes e Rosana e sorri para Marcelo, com cumplicidade) Agora toma mais
cuidado quando for pegar mulher, rapaz! O que aconteceu hoje podia te meter
numa encrenca das brabas!
MARCELO - Não, pode deixar. Hoje eu aprendi a
lição. (T) E você também precisa aparecer mais, hein, cara! Vive trancado nesse
hospital! A vida não pode ser só trabalho, não!
MÉDICO - Ih, meu amigo, você não tem ideia da
correria que é isso aqui. (T) Eu adoraria continuar o nosso papo, mas o meu
plantão tá só no começo. A noite vai ser longa.
Médico
estende a mão para Marcelo, mas é surpreendido por um abraço dele.
MARCELO - (cheio de gratidão) Brigadão, viu, cara!
O médico sorri, faz
um gesto de despedida e se afasta. Marcelo se aproxima de Mercedes e Rosana,
que estão muito preocupadas.
MERCEDES - O que foi que o médico disse?
Marcelo
olha para elas muito sério, sem falar nada.
ROSANA - (nervosa) Vai, Marcelo, fala logo,
pô!
MARCELO - (rindo) Ela tá ótima! Não foi nada
grave!
Expressão
de alívio das duas, que fingem bater nele.
MERCEDES - Palhaço! Tá querendo matar a gente de
susto?
Marcelo ri, enquanto
tenta se livrar dos tapinhas das duas. Os três felizes e aliviados. Corta para:
CENA
2. APTO/ QUARTO DE TERCIA. INT. MADRUGADA
Abre em Tercia, que está
dormindo. CAM detalha o seu celular vibrando numa mesinha de cabeceira. Ela
não acorda. Instantes. Ouvimos o toque do telefone fixo do quarto. Tercia
desperta no susto e atende.
TÉRCIA - (ao telefone) Alô! (pausa) Marcelo? O que houve
meu filho?!
Corta
rápido:
CENA
3. CASA DE MERCEDES. SALA. INT. MADRUGADA
Abre na sala
iluminada apenas pela luz que vem do banheiro. Silêncio. Vemos a porta se
abrindo, alguém entrando. É Rosana. Ela fecha a porta novamente. O cachorrinho
Tico, que estava deitado no sofá, vem ao encontro de Rosana.
ROSANA - (faz um afago em Tico) Eita que tu
tava no meu sofá de novo, hein, Tico?
Tico faz aquelas
gracinhas de cachorro quando recebe atenção.
ROSANA - (ela toma Tico nos braços) Olha aqui,
eu gosto de tu, ô seu cheio de pulgas. (ela ri de se mesma e da festa que Tico
faz em seus braços) Mentira, você não tem pulga não, é um fofo. Só não lhe dou
muita moral, pra você não ficar se achando, viu?
De tanta festa nos
braços de Rosana, Tico se arremessa para o chão e faz mais festa ao redor dela.
ROSANA - Tu tá é fazendo muita festa pra mim,
seu pestinha! Será que você fez xixi no meu sofá de novo? (Rosana passa a mão pelo
assento do sofá) Fez nada, tá tudo sequinho! Ah, e mesmo se tivesse feito, eu
não ia brigar com você não... A vida da gente é tão maior que isso.
Olhar perdido de
Rosana a encarar Tico. Entra insert
da cena 27 do capítulo 04: Rosana, Mercedes e Júlia no carro de
Marcelo. Júlia pedindo para sair do carro. Marcelo negando. Júlia a se jogar
fora do veículo. Fim do insert.
Rosana volta de suas
memórias. Tico ali, a encará-la, agora mais quietinho. Rosana lhe faz outro
afago.
ROSANA
- Quando eu digo que bicho entende
a gente, é porque entende mesmo. Tá com fominha? Deixa só eu tomar um banho e
vou lhe dar comida. Mas não vai ser ração, não. Tu é vai é comer do mexido que
só a dona Rosana aqui saber fazer.
E Tico parece
entender mesmo. E no cãozinho a seguir Rosana, corta para:
CENA
4. APTO DE TERCIA. SALA. INT. MADRUGADA
Marcelo em conversa
ao meio com Tercia. Ele já lhe contou tudo.
TERCIA - (calma, mas demonstrando firmeza)
Você tem que tomar mais cuidado, meu filho! (T) Olha, longe de mim querer me meter
na sua vida! Pelo contrário. Você é jovem, bonito, tem mais é que curtir a
vida, mas com responsabilidade. Você tem um nome a zelar, Marcelo. Já imaginou
se essa moça morresse? Seria o fim da sua carreira de professor universitário.
Isso ia estragar a sua vida pra sempre!
MARCELO - Deus me livre, mãe, vira essa boca pra
lá!
TERCIA - Eu só tô tentando abrir os seus
olhos e fazer você enxergar a gravidade dessa situação!
Os
dois ficam em silêncio um pouco. Marcelo triste. Tercia tenta consolá-lo.
TERCIA - Não fica assim, querido. Eu tô do
teu lado, sei que você é um rapaz de bom caráter, que seria incapaz de fazer
mal a alguém. Só o fato de ter socorrido a moça demonstra isso, embora você
tenha errado ao não pedir ajuda antes.
MARCELO - A sorte é que não ia passando nenhum
carro. Podia ter acontecido uma tragédia muito maior.
TERCIA - E quem é essa moça? Vocês se
conhecem há muito tempo?
MARCELO - Não. Conheci hoje. Ela é bem jovem. Pra
te falar a verdade, nem sei se é maior de idade.
TERCIA - Olha aí, tá vendo? Mais um motivo
pra você ficar bem atento. (T) Mas não vamos mais pensar nisso. O importante é
que agora você dê toda a assistência pra essa moça, até ela se recuperar
totalmente. Quando é que ela sai do hospital?
MARCELO - Acho que amanhã mesmo.
TERCIA - (muda de assunto) Bom, depois de
tudo isso, acho que eu perdi o sono. Mas vou tentar dormir. Quanto a você, acho
melhor tomar uma ducha e ficar aqui mesmo por hoje. (beija-o no rosto) Boa
noite.
MARCELO - Boa noite, mãe.
Tercia
sai. Marcelo continua um pouco preocupado. Corta
para:
CENA
5. APTO DE TERCIA. BANHEIRO. INT. MADRUGADA
Marcelo no banho. CAM
explora seu corpo ensaboado. Ele pensa em Júlia. Entra pequeno flashback de ele a encará-la
pelo retrovisor interno do seu carro na noite do acidente. Júlia no banco de
trás, os olhos de Marcelo se encontram com os dela. Fim do flashback. A imagem dela não sai de sua cabeça. Ele
sorri, morde os lábios, num misto de encantamento e desejo. E no sorriso dele, corta para:
CENA
6. STOCK-SHOTS. EXT. NOITE/DIA
Imagens da cidade
amanhecendo, terminando na fachada da faculdade onde Marcelo trabalha. Corta para:
CENA
7. FACULDADE NOVOS HORIZONTES. CORREDOR. INT. DIA
Marcelo terminando de
falar ao celular com Rosana.
MARCELO - A Mercedes é quem deve estar arriada,
né? Passou o resto da noite aí. Tú chegou cedo? (pausa) Vocês são maravilhosas
mesmo. (pausa) Não entendi. (pausa) Ah, tá, entendi. Não vai dar pra eu ir
buscar vocês. Tô aqui já prestes a entrar na sala, tenho provas a aplicar. Mas
vou ligar pra mainha e ver se ela pode quebrar esse galho pra mim. (pausa)
Valeu, Rosana!
Marcelo desliga e disca
logo em seguida pra sua mãe. Instantes. Tércia atende.
MARCELO - Sou eu, mainha. (pausa) Não, tá tudo
bem. É que eu tô precisando de um favorzão da senhora: Tem como a senhora dar
um pulinho lá no hospital pra pegar a garota lá e levar na casa dela. (pausa)
Não, mainha, não é questão de pegar um táxi, mas não foi a senhora mesma que
tava me orientando a dar uma assistência digna a ela? (pausa) Eu tô aqui na
porta da sala de aula, vou aplicar provas. (pausa) A senhora é a melhor mãe do
mundo. (pausa) Eu cheguei a falar o nome do hospital pra senhora, né? (pausa)
Isso, é naquele hospital que o Bruno trabalha. (pausa) Beijo!
CENA
8. HOSPITAL. RECEPÇÃO. INT. DIA
Tercia está pedindo informação no balcão, um
pouco afastada, Rosana a observa e intui que ela seja a mãe de Marcelo. Rosana
se aproxima.
ROSANA - Oi, bom dia!
TÉRCIA - (alheia ao cumprimento da outra)
Bom dia!
ROSANA - Eu sou a Rosana. A senhora deve ser a
mãe do Marcelo, não é?
TÉRCIA - (estranha) Sou sim, por quê?
ROSANA - Ele avisou: “minha mãe é quem vai
pegar vocês”. Aí imaginei que fosse a senhora. Se bem que eu já dei um fora:
Comecei a conversar com uma outra mulher, eu acho até que ela era surda. Minha
vontade era de enfiar a cara num/
TÉRCIA - (cortando, sem soar ríspida) Sim,
sim, mas cadê a moça acidentada?
ROSANA - (aponta para o final do corredor) Tá
vindo bem ali ó, com a enfermeira.
Tércia volta sua
atenção para o corredor. Close de Tércia ao reconhecer Júlia. Lemos um misto de
carinho e preocupação em seu rosto. Júlia ergue o olhar. Closes alternados de
Júlia e Tércia. Corta para:
CENA
9. APTO DE TERCIA. SALA. INT. DIA
Aurora abrindo a
porta para Tercia, Julia e Rosana.
TÉRCIA -
(Indica o sofá a Júlia) Sente-se aqui Júlia, você precisa descansar!
JULIA - (já
sentando) Obrigada. Eu ainda sinto um pouco de dor, mas já estou bem melhor.
TÉRCIA - Isso
logo passa! (a Rosana) Rosana, fique à vontade.
ROSANA - (já se
sentando e apreciando o conforto do sofá) Hospital cansa a gente! (a Tércia)
Obrigada.
TÉRCIA - (a
Aurora) Aurora, prepare um lanche bem reforçado pras meninas.
AURORA - Pode
deixar, dona Tércia!
ROSANA - Não
precisa se incomodar!
TÉRCIA - Vocês
devem estar morrendo de fome. (a Aurora) Vai lá, Aurora.
JULIA - A
dona Tércia é uma querida, Rosana. A gente não precisa nem fazer cerimônia.
Tercia e Rosana
sorriem uma pra outra.
TÉRCIA - Bom,
Júlia, trate de ficar aí bem quietinha, pra se recuperar o mais rápido
possível, tanto das dores, como do susto.
ROSANA - Mas,
dona Tercia, a senhora me desculpe... É que o Marcelo pode não gostar de saber
que a gente não foi direto pra casa!
TÉRCIA -
(suave) Não se preocupe, Rosana! Depois me entendo com meu filho. (T) E eu sei
o que estou fazendo.
JULIA - Eu
tava aqui pensando: Que mundo pequeno! A senhora é a mãe do carinha que/
TÉRCIA -
(corta, sem parecer grossa) Mãe do Marcelo, um rapaz de ouro. Júlia, eu te peço
que não fique com uma má impressão do meu filho. (se levanta) Bom, eu tenho que
voltar pra clínica. Quando eu voltar, a gente conversa mais sobre isso. (Olha
bem para Júlia) Ah, e fique tranquila: Sou médica, não juíza!
Julia
e Rosana se olham e sorriem.
TERCIA - Deixa
eu ir ali na cozinha, fazer umas recomendações a Aurora. Com licença, meninas.
(elas fazem que sim)
Tércia
se retira.
ROSANA -
Bacanuda, hein?! Tô impressionada com o jeito de ela entender as coisas.
JULIA - Eu
também! Mas ela é realmente gente fina!
Rosana
continua a falar fora de áudio. Júlia, com olhar distante, parece estar fora
dali. Um leve sorriso brota em seus lábios. Ela olha em volta, o sorriso
aumenta, parece sentir-se protegida. Rosana percebe.
Corta
para:
CENA
10. CASA DE MERCEDES. COZINHA/BANHEIRO. INT. DIA
Mercedes está cozinhando e conversando com Rosana, que está no banho.
MERCEDES -
Quando que eu imaginar a Júlia aqui em casa, tentando entrar nessa vida. Mundo pequeno...
ROSANA -
(off) Né? Mas parece que ela tirou a sorte grande.
MERCEDES -
Como assim?
ROSANA -
(off) Tô falando do jeito como a coroa lá olhou pra ela. Olha, eu posso até estar
enganada, mas/
MERCEDES -
(corta) Tu reparou nelas duas? Rolou alguma coisa? Me conta!
ROSANA -
(off) Sei lá, eu acho que a madame tem um certo interesse na Júlia. E não é coisa
de mãe pra filha, não. (T) Cê lembra que teve uma vez que o Marcelo comentou alguma
coisa sobre a mãe dele? Que ela é discreta e tal. Eu acho que ele tava falando
nesse sentido.
MERCEDES -
(experimenta o sabor do tempero na palma da mão) É, pode ser mesmo...
ROSANA -
(off) E tem outra: Quando digo que a Júlia tirou a sorte grande, tô falando
também do Marcelo. Não é todo homem que faz o que ele fez. Outro, no lugar dele,
pararia o carro, mandaria a gente cair fora. E as três que se danassem.
MERCEDES -
Verdade. Com certeza tem algo nesse zelo todo.
ROSANA -
(off, tom de queixa) Mas a vida é assim mesmo: Uma com tanta sorte e outras
tomando no redondo.
As duas caem na gargalhada. Corta
para:
CENA
11. APTO DE TERCIA. QUARTO DE HÓSPEDES. INT. DIA
Júlia, recostada na
cama, conversando ao celular com sua mãe.
JULIA -
(ao telefone) Pode ficar sossegada, mainha! Tá tudo bem, sim senhora. (pausa)
Sim, eu prometo que vou ligar mais. Agora eu tenho que desligar, mainha. Depois
a gente se fala mais. Benção, mainha. (pausa) Um beijo.
Julia
desliga o celular. Instantes. Alguém bate à porta.
JULIA -
Pode entrar.
A
porta se abre e surge Marcelo.
MARCELO -
Incomodo?
Júlia
nada responde. Ele insiste:
MARCELO - Posso me
sentar?
Júlia
apenas faz que sim. Marcelo se senta na beirada da cama e a olha com ternura.
MARCELO - Eu te
devo um pedido de desculpas. (T) Eu reconheço que agi de maneira errada,
inconseqüente. Você me perdoa?
Agora Júlia olha
fixamente no fundo dos olhos de Marcelo.
JULIA -
Eu senti muita de você antes de pular do seu carro. Mas eu também errei:
Arrisquei a minha própria vida. E poderia ter até. Sei lá, ter complicado a
vida de vocês. (T) Eu também te peço desculpas.
MARCELO - (sorri)
Então nos desculpemos!
Ele olha encantado
pra Júlia. Ela desvia o olhar.
JULIA -
Nem acreditei, quando soube que a dona Tercia é sua mãe.
MARCELO - É, eu
também fiquei muito surpreso quando ela me contou que já te conhecia. Que você
é a famosa Júlia, dona do cachorrinho sapeca.
Júlia sorri.
MARCELO - Que bom
que ela te trouxe pra cá! (T) Engraçado como são as coisas. Dá até pra
acreditar em destino!
Marcelo encara Júlia
com firmeza, desejando-a.
MARCELO - Eu tô
com um tempinho livre, vou te acompanhar no almoço. A gente aproveita pra
conversar mais, se conhecer melhor.
Closes
alternados dos dois.
Corta
para:
CENA
12. STOCK-SHOTS. EXT. NOITE
Clipe de belas imagens
de Salvador já sob a luz da lua, terminando no apartamento de Tercia. Música “Saudade
da Bahia - São Salvador”, de Gal Costa & Quarteto Em Cy, de fundo. Corta para:
CENA
13. APTO DE TERCIA. TERRAÇO. INT. NOITE
Tercia e Júlia, que
está vestida numa roupa confortável emprestada de Tercia. As duas admirando a
beleza da noite.
TERCIA - Eu costumo passar muito tempo aqui,
todas as noites. Gosto de olhar as estrelas, admirar a lua, contemplar toda
essa beleza, agradecer a Deus pelas coisas boas da minha vida... Apesar de
tudo, apesar de todas as dificuldades do dia a dia, vale a pena ser grata. (T)
Você não acha que o simples fato de estarmos vivos é um motivo pra agradecer
sempre?
JÚLIA - (um pouco triste) Depende da
vida de cada pessoa. No meu caso... Não sei...
TERCIA - Não diga isso, Júlia. Eu acho que
nada na vida da gente é por acaso, sabe? Tudo que acontece tem um propósito, um
motivo maior. (T) Eu sei que você passou por muitas coisas ruins, mas tudo isso
acabou servindo pra nos aproximar. Hoje você está amparada, entre amigos.
JÚLIA - Eu acho que devo algumas
explicações.
TERCIA - De maneira nenhuma.
JÚLIA - Devo, sim. Eu vou te contar
tudo o que aconteceu desde que eu saí da minha cidade.
TERCIA - Se você vai se sentir melhor
assim...
E Júlia começa a
falar, fora de áudio. Música abafando a sua voz. Tercia escuta com muita atenção. Cortes descontínuos de vários momentos da conversa. Júlia
vai ficando emocionada à medida que conta tudo. No final, ela está triste,
frágil, quase chorando. Tercia tenta consolá-la.
TERCIA - Você é mesmo uma menina muito
forte. Não é qualquer um que tem forças pra enfrentar tudo isso.
Júlia está de cabeça
baixa, chorando. Delicadamente, Tercia levanta a cabeça dela e seca suas
lágrimas.
TERCIA - Eu te admiro muito, viu, Júlia?
Gosto muito de você... Você é uma moça boa, sincera, delicada, incapaz de ferir
os sentimentos dos outros. Não tem que ter vergonha de nada, viu? Os erros que
você cometeu, as suas imperfeições, só mostram que você é um ser humano normal,
cheia de virtudes e defeitos. E esses defeitos não me impediram de me apaixonar
por você...
Julia não demonstra
muita surpresa com o que Tercia falou; não lhe é indiferente. Tercia se
aproxima ainda mais de Júlia e as duas se beijam, com muita delicadeza. Aqui entra a música “Te amo” de Biafra,
de fundo. Marcelo, que vinha chegando, para ao ver a cena. Elas não
percebem a presença dele. Meio decepcionado com o que viu, Marcelo volta por
onde veio. Elas continuam ali, envolvidas. Corta
para:
CENA
14. APTO/QUARTO DE TERCIA. INT. NOITE
Tercia,
recostada num travesseiro, fumando um cigarro. Júlia está deitada ao lado.
Ambas estão nuas, embaixo dos lençóis. Acabaram de fazer amor. Conversa já ao
meio.
TERCIA - A Aurora
me disse que o Marcelo esteve aqui enquanto a gente estava lá no terraço. Ele
deixou umas coisinhas suas aí.
JULIA - Ah,
então ele deve ter buscado lá na casa da Mercedes.
TERCIA - Mas é
estranho, ele não ter subido pra falar comigo. (T) Bom, deve ser bobagem minha.
Ele vive numa correria naquela faculdade.
Tercia volta a tragar
seu cigarro. Close da expressão de incerteza de Julia.
Corta
para:
CENA
15. APTO/QUARTO DE MARCELO. INT. NOITE
Marcelo está corrigindo provas, numa escrivaninha. É visível a sua falta
de concentração. Ele joga a caneta sobre os papeis, se levanta e vai até a
janela. Música “Mil e um noites de amor” de Pepeu Gomes, de fundo. Insert da cena 11 deste capítulo:
Marcelo encara Júlia com firmeza,
desejando-a. Fim do insert. Marcelo
volta ao seu trabalho. CAM vem recuando
lentamente, sai pela janela e vai buscar a lua cheia. Fusão: da lua no sol nascendo.
CENA
16. FACHADA DO PRÉDIO DE TÉRCIA. EXT. DIA
Abre em Júlia saindo do prédio. Ela está carregando uma mala. A mesma mala
que Marcelo havia buscado pra ela na casa de Mercedes. Corte descontínuo: Júlia entrando num táxi. Taxi vai se
distanciando devagar. Corta para:
CENA
17. CASA DE MERCEDES. COZINHA. INT. DIA
Júlia saboreando um cuscuz
com banana terra feito por Mercedes. Mercedes e Rosana já tomaram café, apenas
fazem companhia enquanto conversam. O cachorro brinca ali pelo chão.
MERCEDES - Tô gostando de ver. Tu tá outra desde que
voltou da casa da madame. Tá bem mais animada.
JÚLIA - É, a dona Tercia é uma pessoa
muito boa. E o Marcelo também é um cara legal. Tem bom caráter.
ROSANA - E por que é que tu resolveu vir
embora de repente, sem nem se despedir da mãe dele?
MERCEDES - É verdade, Júlia. Deixar um bilhete é uma
forma bastante indelicada de se despedir, principalmente depois dela ter te
tratado tão bem.
JÚLIA - Vocês dizem isso porque não
sabem o que aconteceu...
ROSANA - O que foi? Diz pra gente!
JÚLIA - Deixa pra lá. Vocês não iam
entender...
Mercedes e Rosana se
entreolham, desconfiadas do que houve. Corte:
CENA
18. APTO/QUARTO DE TERCIA. INT. DIA
Tércia desolada
diante de Aurora, sua empregada. Conversa ao meio.
EMPREGADA - E foi isso.
Tércia calada.
EMPREGADA - E ela também pediu que eu entregasse
esse bilhete pra senhora, dona Tércia.
TÉRCIA - (pegando o bilhete) Obrigada,
Aurora.
Instantes. A
empregada a encarar Tércia, como se quisesse consolá-la, mas julga isso
inoportuno.
EMPREGADA - (já saindo) Se a senhora precisar de
alguma coisa...
Como se esperasse
ardentemente estar sozinha no quarto, Tércia desaba em sua emoção, fecha a
porta, e se permite chorar toda a dor que está sentindo. Ela abre o bilhete e sobre esta cena entra a voz off de
Júlia:
JÚLIA - (voz off) “Tércia, eu não sei o
que escrever. Eu poderia preencher esta folha com “Você é meu anjo da guarda”,
enquanto tivesse espaço nela. E mesmo assim eu estaria em falta com você. Eu só
quero botar nesse pedaço de papel todo o meu carinho, toda a minha admiração
por você. E mesmo assim não cabe, porque é coisa demais. Tércia, você é maior
que o mundo.”
Mesmo chorando,
Tércia sorri nesse trecho,
JÚLIA - (continua, voz off) “Eu não sei
se estou agindo certo indo embora desse jeito, sem me despedir direito. Na
verdade, eu não sei de mais nada. Eu to confusa, e não quero te magoar. Às
vezes, eu não sei nem quem sou, e isso me faz sofrer. Mas eu não quero fazer
sofrer quem eu gosto demais. Eu não quero colocar você dentro da minha
confusão, por isso eu voltei pra casa da Rosana e da Mercedes. Existe dentro de
mim a vontade de dizer sim a tudo que vem de você, a tudo que a gente pode
viver, mas aí grita dentro de mim o desacerto que vivi com a Rosa Maria. Eu sei
que fiz ela sofrer, e não quero isso pra você. Eu já errei muito, e não vou me
permitir errar com você. Eu posso estar escrevendo um monte de bobagem, de não
ser nada disso, mas no fundo, eu sei que não é, e por isso estou com medo,
estou confusa. O que a gente viveu ontem foi lindo, e eu não quero estragar
essa memória. Olha, nós merecemos ser felizes. Eu serei de algum jeito, e você
também será. Você é maior que o mundo, e merece um amor do mesmo tamanho.
Beijos, carinho, Júlia.”
Tércia bota o bilhete
contra o peito, como se quisesse guardar Júlia ali dentro, pra sempre. E nesse
momento triste, a CAM recua, deixando Tércia ali, com sua dor, com seu pranto,
e corta para:
CENA
19. CASA DE MERCEDES. COZINHA. INT. DIA
Júlia, Mercedes e
Rosana estão almoçando. Alguém bate à porta.
MERCEDES - Mas quem
será?
JULIA - Eu
abro!
Julia vai até a
porta. Abre e se depara com Marcelo com um sorriso de orelha a orelha.
JULIA - Marcelo!
Eles se abraçam. Ela
faz sinal para ele entrar.
MARCELO - Fiquei
sabendo que você voltou pra cá. Minha mãe até tentou disfarçar, mas ela ficou
um pouco magoada pela forma como que você saiu de lá.
Reação de Júlia. Corte descontinuo: Marcelo almoçando com as meninas.
MARCELO - Adoro um
bifezinho com arroz!
As meninas sorriem.
JULIA -
Eu sou muito grata a sua mãe por tudo o que fez por mim, Marcelo. Ela foi um
anjo na minha vida. Mas não fazia sentido eu continuar lá, dando trabalho. Além
disso, já tava me sentindo boa, pronta pra outra.
Todos riem novamente.
Mercedes bate na mesa.
MERCEDES - Bate na
madeira, menina!
ROSANA - Bom, pra
outra daquelas não. Mas pra abraçar a profissão como eu e a Mercedes fizemos,
tudo bem.
Um instante em Júlia
pensativa.
JULIA -
Eu tô é pensando em procurar a dona Flávia de novo. Mesmo que ela diga que não
tenho vergonha na cara. Vou tentar pelo menos uma carta de referência, sei lá. (T)
Sabe, não sou nenhuma santa, já aprontei das minhas lá na minha cidade. E
também não quero desmerecer o trabalho de vocês. Mas eu não consigo me ver
nessa vida... Não é a minha.
Rosana
e Mercedes a olham, compreensivas. Marcelo, que parou de comer enquanto Júlia
falava, a olha com ainda mais encantamento.
MARCELO - Olha,
Júlia, de jeito nenhum eu vou deixar você procurar a Flávia. Se humilhar pra
ela de novo? Conheço a peça. (T) Você não está mais sozinha em Salvador, como
quando você chegou na cidade.
Ele coloca suas mãos
sobre a de Júlia.
MARCELO - Agora
você tem amigos, tem a mim.
Marcelo
e Júlia se olham fixamente. Rosana e Mercedes se olham, riem uma pra outra,
percebendo o clima. Júlia e Marcelo riem também ao notarem.
Corta
para:
CENA
20. FACHADA DA CASA DE MERCEDES. EXT. DIA
Marcelo está recostado
na porta do carro, Julia de frente pra ele. Eles já estavam conversando, fora
de áudio, mas ele se cala. Júlia procura interpretar o silêncio dele, e o
encara por um breve instante.
JÚLIA - O que foi, Marcelo? Parece que
tá querendo me dizer alguma coisa.
Marcelo vai se
pronunciar, entra insert da cena 13
deste capítulo: O exato momento em que Marcelo flagra o beijo entre
Tércia e Júlia. Fim do insert.
Marcelo fica calado por alguns segundos, até que se pronuncia, com certo
charme:
MARCELO - Não, não tenho nada pra falar, não.
Impressão sua, Júlia.
JÚLIA - Vá, diga logo, moço!
MARCELO - Bobagem minha. Distração... Mas eu tenho
uma coisa bem mais importante pra te dizer. Vai custar a sua mão!
Ele toma a mão dela.
JÚLIA - (digerindo a ação dele) Ah, fala
sério, Marcelo!
MARCELO - Sim, é isso mesmo, garota. (T) Eu quero
me casar contigo, Júlia! E eu não aceito não como resposta!
Marcelo a puxa para
perto de si. O tranco faz Júlia se lembrar de seu momento com Tércia. Entra insert da cena 13 deste capítulo:
Tércia e Júlia se beijam. Fim do
insert. Júlia se percebe quase colada a Marcelo.
JÚLIA - Casamento? Não acha que tá
muito cedo pra gente...
Marcelo a silencia
com um beijo quente e apaixonado. Júlia é tomada de assalto, mas se entrega,
até que o beijo se dissolve.
JÚLIA - Você sabe quase nada de mim,
seu doido. Vida real não é novela!
MARCELO - Ah, o que eu sei me basta. Eu não tiro
você da cabeça, desde que a gente se conheceu, e você sabe disso. E também sabe
que tem sentimento ai dentro, (aponta para o peito dela) de você por mim.
Júlia não diz nada,
não sabe o que dizer.
MARCELO - Mas também não é coisa pra hoje ou
amanhã... Eu só tô te falando do que eu quero pra nós dois. Quero ser teu
namorado, teu noivo, teu amigo, quero ser tudo pra você. E então, o que você me
diz?
Júlia suspira.
JÚLIA - Ai, meu Deus! (pensativa) Eu
espero estar tomando a decisão certa... Eu digo sim. Eu acho que o meu coração
tá dizendo sim.
MARCELO - E é isso que importa. (T) Olha, minhas
férias tão aí, pra a gente passar uma semana na casa de praia em Itaparica.
Topa?
JÚLIA - Eu acho ótimo!
Marcelo a puxa pela
cintura de novo. Eles se encaram. Ambos sorriem e se beijam. A CAM faz um chicote rápido para a fachada da
casa e flagra Rosana, Mercedes e Tico vendo toda a cena de camarote. Mercedes
faz aquele assobio de “fiu-fiu”, e chama a atenção do casal. Rosana, mais
afoita, grita de lá:
ROSANA - É isso aí, Marcelo, não perca tempo
não! Manda ver!
Tico late como quem
faz parte da brincadeira. Todos riem e a CAM volta para mais um beijo quente do
casal. Entra a música “Yes” de Tim Moore, de fundo. Tempo no beijo deles. Corta para:
CENA
21. CENÁRIOS DIVERSOS. EXT/INT. DIA/NOITE
Clipe
de imagens marca passagem de tempo:
A
– Tercia, na clínica, em atendimento a uma cliente com seu gatinho.
B
– Marcelo e Júlia passeando pela orla da praia. Tico atrás deles. Corta para os
dois num banho de mar, com roupa e tudo. Tico correndo na areia a vigiá-los.
C
– Tercia, no cinema, assistindo a algum filme de comédia romântica. Corta para
ela em um restaurante com um grupo de amigos.
D
– Marcelo dando aulas a Júlia em seu apartamento. Ela bastante animada, sorri
para ele, que a beija. Voltam a se concentrar nos estudos. Corta para os dois na
cozinha, preparando algo para comer. Felizes, trocam carinhos. Eles estão
morando juntos.
E
– Mercedes e Rosana, em casa, no meio de uma faxina.
F
– Rosana e Mercedes fazendo ponto em uma calçada. Um carro se aproxima delas.
G
– Júlia, Rosana e Mercedes, numa loja, escolhendo roupas para comprar.
H
– Marcelo dando aula na faculdade.
I
– Tercia fumando, sozinha, na sala escura de seu apartamento.
J
– Júlia entristecida em seu quarto.
K
– Marcelo colocando uma aliança no dedo de Julia, que sorri emocionada. Se
beijam felizes.
L
– Marcelo e Júlia jantando com Tercia em seu apartamento. Riem de algum caso
contando por Marcelo. Close de Tercia observando os dois, constatando que estão
realmente felizes.
M
– Marcelo e Julia recebendo Tercia em casa. Ela os abraça. Clima de harmonia.
N
– Júlia experimentando o vestido de noiva, feliz. Tercia que está presente a
observa.
Fim
do clipe.
Corta
para:
CENA
22. FACHADA DA CASA DE MERCEDES/RUA/CARRO. EXT/INT. DIA
Carro de Tercia na porta. Vemos Mercedes e Rosana saindo de casa e entrando
no carro. Carro vai saindo devagar. Corta
pro interior: Tércia dirigindo, Júlia no banco do carona, Mercedes e
Rosana no banco de trás. Todas muito animadas.
ROSANA -
Então logo mais vamos conhecer toda a família da Júlia.
JÚLIA
- Sim, eles estão vindo em
peso. Eu expliquei que será uma cerimônia simples, só pra família e pros amigos
mais íntimos.
MERCEDES -
Vai ser muito bom rever o pessoal lá de Entre Sertões, Júlia. (Júlia faz que
sim)
ROSANA - Eu não entendi uma coisa: A festa vai ser
no apartamento da mãe do noivo. Não era pra ser no apartamento do Marcelo, o
noivo?
MERCEDES - (tom de reprovação) Que pergunta
besta, Rosana!
ROSANA -
Ave Maria! Eu só fiz uma pergunta.
JÚLIA -
Não tem problema algum, Rosana. A Tercia nos ofereceu o apartamento dela por
ser bem maior que o do Marcelo, e nós aceitamos numa boa.
Tercia olha rapidamente para Júlia, ri discretamente e volta a olhar
pra direção.
MERCEDES - (a Júlia) Foi como quando você me
convidou pra ser madrinha: Eu aceitei logo de cara.
ROSANA -
Tenho nada com isso não, mas que escolha de madrinha fuleira, Júlia: Uma lisa
como a Mercedes vai poder te dar o que de presente?
MERCEDES -
(a Rosana) Vai pra lá, despeitada!
Todas caem na gargalhada.
Instantes.
JÚLIA - Eu tô é muito contente pelos dois
padrinhos, Rosana. Tanto pela Mercedes quanto pelo Aurélio.
TÉRCIA -
A ironia fica por conta da Flávia, que aceitou o convite do Marcelo pra ser a
organizadora da festa.
Júlia pensativa. Insert da
cena 1 do capítulo 4: Júlia finalmente enfrenta Flávia e lhe diz
verdades. Fim do insert.
Corta para:
CENA
23. INSTITUTO DE BELEZA. INT. DIA
CAM abre ainda na
rua. Do carro saltam Júlia, Mercedes, Rosana e logo atrás Tércia, falando ao
celular fora de áudio, ao som de “Man! I feel like a Woman”, de Shania Twain. E
desse modo, com a canção a permear toda a cena, elas entram no instituto de
beleza. E entrecortes,
seguimos esse dia de princesa na vida das meninas:
Uma SENHORA, com ar
de aristocrata, se espanta com a chegada delas. Tércia se diverte com isso.
Rosana, já a tratar
dos cabelos, orienta, sem cerimônia, a profissional que a atende:
ROSANA - (fazendo o gesto com a mão) Olha,
minha filha, eu quero é um belo de um topete nesse penteado, viu? Um topete
simples, porque eu sou uma pessoa discreta. Mas tem que ser um topete de
respeito, entendeu?
No vapor escaldante
do secador, a cabelereira se mostra pronta a atender ao pedido de Rosana. Júlia
que está na bancada ao lado, ri e pisca para a amiga.
Logo ali, com a
cabeça envolta numa touca térmica, e isso parece irritá-la um pouco, vemos
Mercedes a fazer as unhas. A manicure lhe apresenta um farto arsenal de
esmaltes. Mercedes não sabe qual escolher. Põe o dedinho na boca em sinal de
dúvida. Discreta, Tércia lhe indica uma cor neutra.
Agora, Júlia mira-se
diante do espelho da bancada e aprova o novo visual. Tércia fica feliz ao vê-la
feliz.
Noutro ponto,
enquanto Mercedes enfrenta a chapinha, Rosana comenta:
ROSANA - Mas a Júlia é porreta, mesmo, hein,
Mercedes? Não se esqueceu da gente!
MERCEDES - Essa daí é amiga pra se carregar pra vida
toda.
Tércia já acerta a
conta na recepção. Júlia nota uma certa preocupação nela.
JÚLIA - (descontraindo) Ih, deu ruim
aí? Será que foi a farra minha e das meninas?
TÉRCIA - Imagina, Júlia, tudo nos conformes.
JÚLIA - (tom) Mas você parece
preocupada.
TÉRCIA - Ah, não vou mentir pra você: Esse
compromisso do Marcelo lá em Feira de Santana, pra tomar posse como professor
na Universidade... Sei que não tinha como mudar a data. Mas é que eu fico
preocupada de ele não conseguir voltar em tempo hábil.
JÚLIA - Mas Feira é logo ali. Há de dar
tempo. (T) Ele acordou numa felicidade só!
TÉRCIA - Ah, eu imagino.
E na carinha de
felicidade de Júlia já sendo espremida pelo abraço amigo de Rosana e Mercedes
que fazem festa e zoada ao redor delas, corta
para:
CENA
24. APTO DE TERCIA. SALA PRINCIPAL. INT. DIA
Decoração
bastante luxuosa. Flashes vindos da câmera do fotografo contratado. Elegantes convidados.
Todos na expectativa pela entrada da noiva. Mas Marcelo ainda não está presente
e isso rouba a atenção de todos. CAM vai buscar alguns grupinhos cochichando. Corta
para Tercia, um tanto aflita. Ela observa o juiz de paz que se mostra
incomodado. Corta para Amélia, Justiniano, Osvaldo, Zoraide, e Danilo em algum
canto. Todos estão preocupados.
Corta
para:
CENA
25. APTO DE TERCIA. QUARTO DE HÓSPEDES. INT. DIA
Júlia linda, vestida
de noiva e muito nervosa tentando falar ao celular. Tercia e Amélia tentando
acalmá-la.
JÚLIA - (desliga o celular desanimada)
Não adianta! O Marcelo não atende! Daqui a pouco o juiz vai embora e ele ainda
não chegou! Aposto que os convidados tão reparando!
TERCIA - Que é isso, Júlia! Daqui a pouco o
Marcelo está aqui. E quanto aos convidados, deixa comigo. Eu vou descer, dar um
pouco de atenção a eles e tranquilizá-los. (a Amélia) Tenta acalmar a sua
filha, tá bom?
Tercia
sai. Amélia se aproxima de Júlia.
AMÉLIA - A dona Tercia tem razão, Júlia. Num
dia como hoje, você tem que ficar calma, de cabeça fria.
JÚLIA - Ai, mainha, tô tão nervosa, tão
insegura, tão/
AMÉLIA - (corta) Pois você tem que ser é
forte, menina! Mais forte do que nunca! Calma! Vai dar tudo certo!
Amélia abraça Júlia,
que continua muito tensa. Corta para:
CENA
26. RODOVIA BAIANA. EXT. DIA
Carro de Marcelo
passa por um trecho da rodovia em alta velocidade. Corta para o interior: Marcelo está tentando achar sinal
para poder falar com Júlia. Instantes. Ele finalmente consegue.
MARCELO - (ao tel) Oi, meu amor. Desculpa pelo
atraso, viu? Eu tô ligando só pra te dizer que... (pausa) Que é isso? Você tá
chorando? (pausa) Não fica assim, Júlia! A cerimônia da posse foi muito longa,
eu tive que sair antes do final. Mas fica tranquila, tá? Daqui a pouco eu tô
aí, nem que eu chegue em cima da hora, só a tempo de dizer o sim. (pausa) Tá
mais calma? (sorri) Isso. Assim que eu gosto. Quero te ver linda quando eu
chegar. Olha, eu quero que você saiba que eu te/
Marcelo fica chateado
ao perceber que o sinal caiu e tenta rediscar.
MARCELO - Droga de operadora!
Imprudente, Marcelo
continua tentando ligar para Júlia e de repente perde o controle do carro, que
capota várias vezes.
Corta.
FIM DO PENÚLTIMO CAPÍTULO.
Confira o último capítulo.
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