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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

As tardes da TV aberta

Por FÁBIO COSTA

Depois de um texto sobre as sessões de cinema que nos são oferecidas pela TV aberta, agora é a vez de falarmos sobre o que podemos ver à tarde, de segunda a sexta-feira. Os fins de semana merecem um texto à parte, já que a grade se modifica bastante para agradar ao público que trabalha ou estuda durante a semana e aos sábados e domingos reserva seu tempo livre para ver televisão.

Os simpáticos Evaristo Costa e Sandra Annenberg, a cara da tarde, na bancada do Jornal Hoje.

Na Rede Globo, o esquema é o mesmo há anos: jornal local, seguido do Globo Esporte (que de uns tempos pra cá também ganhou edições regionais) e do Hoje. Depois vêm o Video Show, as reprises de novelas do Vale a Pena Ver de Novo (que desde 1980 resgata as produções da emissora), a Sessão da Tarde, a segunda edição do Globo Notícia (a primeira vai ao ar pela manhã) e a soap opera Malhação. A última grande mudança nas tardes da Globo data de 1999, quando Ana Maria Braga estreou seu Mais Você na emissora inicialmente espremido entre o Video Show e a novela. Em 2001 Chico Anysio retomou sua Escolinha do Professor Raimundo, na ocasião fora do ar desde 1995 como programa independente, mas em 2002 o programa saiu novamente do ar.

A turma da vila de Chaves, no ar há 27 anos no Brasil pelo SBT.

O SBT inicia a tarde com a parte final do infantil Bom Dia e Companhia, apresentado pela dupla/casal Yudi e Priscilla há alguns anos e por Maísa, a Shirley Temple do Complexo Anhanguera, alternadamente. Em seguida os enlatados As Visões da Raven, Chapolin e Chaves, seguidos de três reprises de novelas: as brasileiras Amigas e Rivais (2007/08) e Fascinação (1998) e a mexicana Marimar (1994) - das três, apenas Amigas e Rivais está sendo reexibida pela primeira vez; as outras já foram reprisadas pela emissora em outras ocasiões. A tarde se encerra com o recém-estrado Tenha Estilo de Arlindo Grund e os Casos de Família apresentados (e apaziguados) por Christina Rocha e antes por Regina Volpato. Em seguida, abrindo a noite, mais Chaves, grande curinga da emissora que só encontra paralelo no patrão Silvio Santos.

Na Rede TV!, o panorama da tarde é decepcionante. Há apenas uma atração produzida pela emissora, que vai ao ar das três às cinco horas: o A Tarde É Sua, programa de Sônia Abrão. No resto do tempo vão ao ar televendas e programas de cunho religioso. Já a Rede Bandeirantes preenche a tarde com noticiário esportivo (primeiro com Renata Fan no Jogo Aberto e em seguida com Neto no SP Acontece, que um dia foi mais que um programa sobre futebol), atrações dedicadas ao público infanto-juvenil (Power Rangers, Manual de Sobrevivência Escolar do Ned e Futurama), Nadja Haddad e os vídeos do Videonews e o maçante Brasil Urgente de José Luiz Datena, que dura mais de duas horas, a partir das 16h50. Enquanto der certo, não devem modificar o esquema.

A tarde da TV Cultura é dedicada inteiramente ao público infantil, com séries e desenhos animados entremeados pelas aparições da turma do Quintal da Cultura - brincadeiras com as crianças, contação de histórias, diversão saudável para os pequenos. Já quase à noite, vem o Festival Internacional de Cinema Infantil (FICI), com animações de longa metragem ou apanhados de episódios das séries animadas que a emissora exibe.

Cátia Fonseca, apresentadora do longevo Mulheres.
A TV Gazeta, emissora da Fundação Casper Líbero, começa o período vespertino com Claudete Troiano e o Manhã Gazeta, iniciado às 10h45. Em seguida Allan Villa Espejo apresenta as Delícias do Chef e Cátia Fonseca entra com o Mulheres, um clássico das tardes da televisão no ar desde a década de 1970. Como dá pra notar, uma grade dedicada ao grande público da emissora e da televisão de modo geral no horário: o feminino. No fim da tarde uma edição do jornalístico Gazeta News, que dura dez minutos - um pouco mais que o Globo Notícia. Das emissoras abertas em frequência VHF, a programação mais instável é da Rede Record, com seus jornalísticos intermináveis (Record Notícias, com Adriana Reid, e Tudo a Ver, focado no mundo das celebridades, apresentado por Tina Roma) seguidos do recém-estreado Marcas da Vida e horas de Todo Mundo Odeia o Chris ou Pica-pau. Por enquanto a coisa parece ter se estabilizado, mas a tarde da Record foi uma surpresa por semana durante algum tempo.

Leda Nagle no cenário do Sem Censura, da TV Brasil.
Os canais de frequência UHF  (após o 13) em geral se dividem entre videoclipes, programas religiosos ou de televendas. As grandes exceções são a Record News (canal 42), antiga Rede Mulher, que transmite notícias 24 horas por dia (ou deveria transmitir, já que a Record faz dele, além de sua Globo News, também seu Multishow em tempos de A Fazenda), a CNT, que em São Paulo pode ser vista no canal 26; a Rede Brasil (canal 50) com seus enlatados, infomerciais e o A Tarde É Show, com Nani Venâncio; e a estatal TV Brasil, ótima opção em especial pelo Sem Censura, o programa de entrevistas comandado por Leda Nagle das quatro às cinco e meia da tarde.

A faixa da tarde é estratégica para as emissoras estabilizarem sua audiência do dia todo e chamarem a atenção do público para as atrações da noite, com a construção de uma grade que vá num crescendo da manhã até o horário nobre. Por isso mesmo é que a Rede Globo, por exemplo, praticamente não mexe na programação vespertina, já que sua fórmula dá certo há anos, com raros episódios que contradizem a afirmação. Mas por isso mesmo há fórmulas cansadas como a de Malhação, num horário que já foi ocupado por Chico Anysio e sua Escolinha do Professor Raimundo. Seria bom para todas as emissoras investimento em atrações diferentes para a tarde, como uma eventual volta da Sessão Aventura com suas séries enlatadas na Globo, outras séries além de Todo Mundo Odeia o Chris para que o público da Record possa não fazer jus ao título, menos atrações pagas na Rede TV! e os clássicos imbatíveis da TV Cultura como Rá-tim-bum, Castelo Rá-tim-bum e Mundo da Lua, que vão e vêm na grade, mas recente e milagrosamente foram todos tirados do ar. O público que assiste televisão à tarde merece mais consideração por parte das emissoras, em especial porque se mantém fiel e persiste mesmo com a acomodação e exploração de grandes trunfos à exaustão.

9 comentários:

  1. falando francamente rsssss eu não consigo ver tv aberta á tarde depois do vale a pena ver de novo...sempre opto pela tv a cabo, pois os filmes da sessão da tarde estão intragáveis. ainda lembro há pouco tempo qdo ficavam em casa à tarde que o melhor( ironias á parte) era o programa do Clodovil com suas vespertinas saias-justas. Saudades mesmo da sessão aventura, semaninha um e os programas do fim de semana como Moacyr Franco Show, Globo de ouro etc...ê tempo bom!!

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  2. Texto absolutamente pertinente, Fábio. Não entendo o fato de as emissoras não investirem, também, em teledramaturgia inédita, no horário.

    O SBT tem alcançado belos índices de audiência nas tardes, e com reprises, portanto imagino que haveria retorno.

    A Record, lamento muito em concordar, é a pior em programação vespertina... Houve uma época nem tão distante, em que o Tudo a Ver era de qualidade, jornalismo de qualidade, apresentado pelo Paulo Henrique Amorim e Janine Borba. Tá aí uma sugestão, colocar um bom jornalístico, entrevistas, boas pautas e também investir em teledramaturgia, ainda que com reprises. Mas sobretudo, que se fixe uma programação!

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  3. Ainda bem que tenho a opção de tv fechada, pq a aberta nem o VPVDN ta salvando, vou contra todos, não sou entusiasta de Mulheres de Areia!

    Mas o Jornal Hoje eu gosto, e algumas coisas do Vídeo Show, mas antes era melhor!

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  4. os programas da tarde são uma vergonha, Casos de Familia? O que é aquilo?

    Agora o da Leda Nagle é bom. Qdo da eu vejo!

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  5. Ainda bem que não estou em casa nesse horário, o programação ruim, pouca coisa se salva!

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  6. Não é de hoje que ouço sugestões de teledramaturgia inédita à tarde, seja na Globo ou noutras emissoras, o que demonstra que realmente é algo que vem à mente do público e poderia mesmo dar algum resultado. A programação de enlatados também tem deixado a desejar, nem tanto pelas escolhas em si, mas por sua exaustiva repetição - leia-se As Visões da Raven e, principalmente, Todo Mundo Odeia o Chris. De Chaves nem se fala, já que em sua posição inabalável de curinga o SBT nem cogita abrir mão dele.

    A tarde mais decepcionante é mesmo a da Record, porque a impressão é de que não se tem um público definido nem uma política de programação racional, com valor dado mesmo é aos números de audiência, seja com que programa for.

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  7. Amigas e Rivais, atual "reprise" do SBT, pode ser considerada dramaturgia vespertina inédita né... Aliás, é a primeira reprise inédita da TV Brasileira \o

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  8. Não assisto a programação da tarde, mas, acho que os filmes que rolam na madrugada-Globo Por Ex- deveriam passar a tarde e a noite.
    A programação da TV aberta, salvo as exceções, são alienantes. Principalmente durante o diurno.

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  9. Infelizmente a grade da Tv aberta na parte da tarde é um horror. Coisas tosquíssimas e opção de qualidade quase não há. Apenas o Sem Censura da Leda Nagle, que sempre é um show de cultura e serviços sociais práticos!

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