Adilson Dias é artista plástico, ator, coreógrafo, diretor teatral. Um cara talentoso que soube abraçar as oportunidades quando estas lhe foram apresentadas. Conheçam um pouco mais do meu entrevistado, a quem desde já agradeço pela atenção!
Por Isaac Santos
Isaac Santos – Quem é o Adilson Dias?
Adilson Dias – Alguém fora do meu tempo, que
oscila entre o ser e não ser com muita facilidade... Não gosto de definições,
mas acredito em minhas verdades nada absolutas.
Isaac Santos – Mas você tem uma história de vida
que vale a pena ser evidenciada. Fale-nos sobre a sua infância.
Adilson Dias – Minha infância no país em
que vivemos, foi como a de muitos brasileiros do Oiapoque ao Chuí... Minha mãe
teve onze filhos. Eu saí de casa para engraxar sapatos na Central do Brasil. Daí
até eu parar nas ruas a distância foi mínima.
Isaac Santos – Você deve ter enfrentado
muitas adversidades nesse período.
Adilson Dias – Sim. Com certeza... A
vida nas ruas não é nada fácil. Os meninos marginalizados assaltavam com gargalo
de garrafas e canivete.
Isaac Santos – Isso me remete a um
instante crucial de sua vida, em que o destino pôs em seu caminho o saudoso
Sérgio Brito, um "monstro" da dramaturgia brasileira.
Adilson Dias – Sergio Britto foi meu pai, meu mestre... Todo o conteúdo e referências
artísticas que tenho hoje, sem duvida, devo a ele. Ainda não superei a sua ausência. Desde a sua morte não tive coragem de ir em Santa Tereza, onde ele morava. Antes tinha um objetivo mais que a beleza para ir lá, hoje ficou um vazio para mim.
Isaac Santos – E você sofreu
preconceito por optar por uma vida artística?
Adilson
Dias – Até hoje. Ainda me perguntam quando essa loucura vai passar (risos).
Isaac Santos – A arte te possibilita
uma vida estável financeiramente?
Adilson Dias – Ainda não. Mas sou um “favelado”
de sorte... Moro na Cidade de Deus. E quando digo “de sorte”, me refiro ao fato
de ter agarrado as oportunidades que surgiram.
Isaac Santos – Como é a sua relação
com os demais artistas “favelados”?
Adilson Dias – Aqui na Cidade de Deus
mora meu grande amigo Leandro Firmino [fez o Zé Pequeno no filme Cidade de
Deus], o cara que me recebeu muito bem aqui na comunidade, há dois anos. A
família dele me adotou (risos). Quanto aos demais, tenho uma boa relação com a
maioria. Todos envolvidos com os seus projetos.
Adilson Dias – Cheguei de Cuba no
início do mês, onde estive representando o Brasil num festival. Desenvolvo um
trabalho de arte educação [Projeto SESI Cidadania em Comunidades Pacificadas -
UPP] na Cidade de Deus e no Morro do Andaraí. Sou cria de Comunidade, é o
espaço urbano em que atuo, minha linguagem, minha “pegada”. Sinto-me honrado
por ter o meu trabalho reconhecido: no último dia 17, recebi o Prêmio Lions
Clube pela minha atuação como arte educador de comunidades cariocas.
Isaac Santos – O público de modo
geral, ou até mesmo os seus colegas artistas de outros meios, como percebem a
sua arte?
Adilson Dias – Sou oriundo do meio,
consigo falar a linguagem do meu povo com mais propriedade. Hoje consigo que as
pessoas observem a minha arte sem necessariamente pensar em quem fui. Oscilo
entre um grande encontro de artistas chiques e famosos numa galeria na Barra da
Tijuca e um churrasco na casa de Seu Jorge, o pai do Leandro Firmino, na Cidade
de Deus.
Isaac Santos – Projetos?
Adilson Dias – Estou dirigindo um
Infantil para o final do ano. E outro projeto envolvendo o ritmo funk, voltado
para as comunidades.
Isaac Santos – Então desejo mais e
mais projetos concretizados, bem sucedidos, enfim. Obrigado pela atenção!
Vídeos: Programa Arte com Sergio Brito - TV Brasil
Mr. Abda, bem bacana a iniciativa com a entrevista do Adilson, parabéns! Adilson, merda pra você! Rs.
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