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terça-feira, 2 de outubro de 2012

DAMAGES: O QUE A TELEDRAMATURGIA PODE NOS DAR DE MELHOR EM 59 EPISÓDIOS

por Denis Pessoa


Boa noite, pessoal!

Hoje estou aqui para contar, que depois de relutar por bastante tempo, decidi, há pouco menos de um mês, lá pelo comecinho de setembro, parar de resistir e assistir ao piloto do seriado Damages, estrelado pela veterana Glenn Close e pela jovem e bela Rose Byrne. Isso aconteceu no dia 7 de setembro. Hoje, dia 2 de outubro, 59 episódios depois, acabei de assistir ao último episódio da quinta temporada, também o derradeiro da série.
            
E que série! Mas antes, permitam-me dizer por que relutei tanto em começar, antes de comentar porque não consegui parar: não sei para vocês, mas para mim, depois de anos acompanhando novelas e séries, se tornou penosa essa rotina de esperar o próximo capítulo, o próximo episódio na semana ou temporada que vem. Sofri disso com The O.C, Dawson’s Creek, Gilmore Girls, Naruto, e principalmente com Lost. Aliás, desde que essa última acabou, eu decidi: nunca mais ia acompanhar séries fielmente, esperar meses a fio por novidades, imagens, episódios, spoilers e temporadas.

Glenn Close é a advogada Patty Hewes.
Não me levem a mal, eu adoro acompanhar séries, o que me incomoda é a angústia da espera. Então quando alguma série me desperta algum interesse, prefiro deixar um tempo passar, até ela estar bem avançada, ou prestes a terminar, e então eu assisto. Funcionou bem com The Closer, por exemplo, e deverá funcionar com ER, série que espero muitos anos para assistir inteira. Confesso que ainda preciso de coragem para encarar 331 episódios e mais um, vindo de um crossover com outro seriado.

Isso veio dando certo até que esse ano eu conheci Revenge, Smash, e ainda decidi acompanhar a spin-off da finada The Closer, a nova Major Crimes. O problema, é que eu não gosto disso. Por escolha pessoal, acompanhar mais de duas séries já me incomoda, e eu agora me pego acompanhando três, e querendo assistir uma que, embora já cancelada, é gigantesca.

Eis que veio Damages. Eu não conhecia a trama, não acompanhava a carreira da Glenn Close, exceto pelo filme As Relações Perigosas; não sabia quantas temporadas a série tinha e teria. Estava curioso; sim, sabia que a série tratava sobre o universo jurídico, tema que vem sido interessante para mim, mas desconhecia totalmente qual o enredo.

Então, descobri que a série tinha temporadas curtas, de 13 episódios no máximo, e que a quinta e atual, era também a última; descobri também que o episódio atual a ser veiculado na TV era o oitavo ou nono, ou seja, Damages estava bem perto do fim. Resolvi, então, arriscar. Ver o piloto não poderia fazer mal. Ou eu não iria gostar e seguiria em frente, ou eu acompanharia aos poucos.

Mas não foi o que aconteceu. Logo no piloto, a série conseguiu conquistar um fã voraz e ansioso. Não queria esperar mais para acompanhar a história de Patty Hewes (Glenn) e Ellen Parsons (Rose).

Rose Byrne é Ellen Parsons.
A primeira, advogada cheia de prestígio, dona de uma rentável firma de advocacia, especializada em processos civis coletivos. A segunda, advogada, recém-formada, buscando uma nova oportunidade: então, ela é avisada por um benevolente e possível empregador, Nollis Nye (Phillip Bosco) a quem recusa uma oferta de trabalho. “Não aceite o emprego com Patty, pois ela irá tomar o controle da sua vida”, ele diz. Ao perceber que Ellen está com a cabeça feita, o advogado escreve no verso de seu cartão: Eu fui avisada.

Este cartão acompanha Ellen ao longo de toda a série. A dinâmica entre as protagonistas está em constante mudança, e se renova a cada temporada, fazendo com que jamais saibamos o que esperar. Ora são inimigas, ora parceiras, ora cordiais, ora brutais uma com a outra. A humanidade e os limites morais de ambas são sempre testados, e eu pelo menos, sempre falhei em prever as consequências dos atos de ambas. A cada temporada, as duas assumem um novo posto em seu combate.

Difícil falar de Damages sem entregar spoilers. Posso adiantar que a série não trata com exato realismo do cotidiano do universo jurídico, e sim o seu lado mais sombrio, onde a falta de ética impera. Diferente das séries do ramo jurídico e policial, cada temporada tem como pano de fundo um caso específico, em geral sendo que uma empresa ou pessoa muito poderosa lesa milhares de pessoas de alguma forma, seja roubando dinheiro, ou cometendo diversos tipos de fraude. Esses casos, no entanto, são apenas o molho da história. No centro está sempre a relação entre Patty e Ellen, e como isso move todos os demais personagens.


O grande cerne da história é: Patty é um monstro ou não? Difícil saber. Ela nos confunde por todos os episódios da trama. Outra pergunta é: Ellen será ou não corrompida? Se tornará ela uma sucessora da Patty em seu sucesso e também em seus meios para obtê-lo?

Respostas definitivas não serão encontradas ao longo da história, é daquelas que para compreendermos em sua totalidade, só assistindo até o final. Posso assegurar que será uma excelente jornada, pois Patty é uma -personagem deliciosa, e Ellen é fascinante de acompanhar: de moça ingênua recém-formada e sonhadora, a uma bem sucedida e amarga advogada.

A série conta com grandes atuações: Tate Donovan como Tom Shayes, fiel empregado de Patty, Ted Danson como o repugnante Arthur Frobisher, Zachary Booth, como Michael, filho de Patty, e única pessoa a quem, nem ela sabe como, não consegue controlar. Em temporadas mais avançadas temos excelentes atuações de John Goodman como o empresário Howard Erickson, Dylan Baker como Jerry Boorman, um agente da CIA, e Ryan Phillipe, que na última temporada interpreta um excêntrico hacker, proprietário de um site especializado em denunciar os segredos ocultos mais sujos de grandes empresários e setores do governo.

Os episódios são marcantes, a série, cheia de reviravoltas e excelentes diálogos. Não prima pela velocidade dos acontecimentos, e sim por sua relevância. Algumas cenas de Damages são realmente longas, e forradas de tensão e alta dramaticidade.

As temporadas seguem a mesma dinâmica: temos um flash do futuro, e voltamos para cerca de seis meses antes do pedaço de desfecho que vimos: o mais interessante, claro, é que a situação que nos é mostrada não fornece pista alguma sobre aquela parcela de futuro que vimos. A curiosidade foi o que me moveu a assistir tão rápido a série.

E valeu a pena. É uma grande história. Bom entretenimento, porém, mais que isso. A filosofia por trás de Damages divaga sobre o sucesso profissional, e até onde é possível ir para atingi-lo. Não apenas pelo ponto de vista da falta de ética, dos crimes, da luta por poder, mas também em se abdicar dos amigos e da família para dedicar-se exclusivamente ao trabalho. E pergunta ao telespectador, de forma sutil, se vale a pena tanto sacrifício, para, depois conquistado todo o prestígio, sucesso e dinheiro, sem ter ninguém com quem compartilhar tudo isso.

E claro, se Ellen Parsons e Patty Hewes terminam amigas ou inimigas, bem sucedidas ou fracassadas, vencidas ou derrotadas, só será possível saber no último episódio, e nas últimas cenas.

Se alguém já assistiu a série, ou gostou do que escrevi a respeito, peço que comentem. Aos que viram e não gostaram, comentem também! Opiniões divergentes são muito importantes.
               
Um grande abraço a todos!

4 comentários:

  1. Eu sou uma fissurada em séries! E sei que tem muita gente que curte/curtiu Damages. Mas, tá aí, eu não curti. tentei, mas não tive paciência. Mas não vinculo minha falta de interesse pelo desempenho dos atores: pra mim, o elenco foi bárbaro na atuação! Coisa de... "lua". risos...
    Gostei do seu texto q mostrou paixão, mas um olhar crítico, ainda assim. ;)

    Beijos.

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  2. Eu acho que ela teve duas temporadas excelentes depois foi caindo a qualidade, acho breaking bad muito superior

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  3. vou tentar ver....eu tentei ver a primeira vez e achei a imagem muito granulada e perdi partes da história mas lembro dela estar mesmo espetacular e do ted danson fazendo bela figura tb...tb adoro ver temporadas fechadas rssss muito bom texto!!!

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  4. Nunca assisti Damages, mas fiquei curioso a partir do seu texto.

    Até a próxima, Denis!

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