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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Quando o Cinema inspira a TV!


                                                                                                                      
  Por Daniel Pilotto

Alguns podem considerar um erro fazer qualquer tipo de comparação entre o cinema e a televisão. Afinal as linguagens são diferentes, as estéticas incompatíveis e as proporções então, chega até a ser covardia dada insignificância do aparelho que ilumina a nossa sala neste exato momento. Entretanto isto tudo pode ser descrito como o lado técnico da sétima arte, e é o seu maior diferencial mesmo.

Um detalhe, porém, pode e deve ser considerado idêntico: a boa e velha dramaturgia.
Sim, pois uma grande história transcende o meio em que se propaga. Ela pode vir do teatro mais secular, ela pode vir da literatura mais simplória ou hermética e pode ir do cinema para a televisão num piscar de olhos.
Tudo isto para lembrar de quanto o cinema influenciou os nossos autores no decorrer destes 60 anos de teledramaturgia.

Diversos autores fizeram uso de uma idéia, ou de um tema específico de determinado filme para desenvolver sua trama. E isto necessariamente não precisa ser considerado um plágio, é uma inspiração tão antiga quanto o uso do velho clichê de casal de jovens que se amam, mas que tem famílias que se odeiam. Shakespeare que o diga.

E são nos clássicos, aqueles filmes memoráveis que a maioria dos autores cresceu vendo no cinema, a fonte de inspiração mais abundante. Os chamados “filmes antigos” são os que possuem a dramaturgia mais aproximada ao que percebemos como novela, afinal contavam em grande parte com bons textos, férteis redatores e roteiristas vindos principalmente do teatro.

Com toda a certeza um dos autores que mais se inspirou no cinema em suas histórias, até mesmo por ser um cinéfilo contumaz, foi Sílvio de Abreu. Mas além dele também outros grandes nomes andaram flertando com o passado das telonas.

Janete Clair gostava muito de cinema e apesar da grande imaginação que tinha contou com a ajuda dos clássicos para fazer parte de algumas de suas tramas. Com toda a certeza se inspirava desde quando escrevia novelas de rádio, mas aqui vamos recordar três obras emblemáticas da autora.

A primeira é IRMÃOS CORAGEM, a novela de 1970 contou com uma das histórias mais interessantes já feitas no cinema, a do filme AS TRÊS MÁSCARAS DE EVA (The Three Faces of Eve) de 1957.

Na novela a personagem Lara (Glória Menezes) era uma jovem retraída, vítima de um estranho caso de dupla personalidade, alternando sua delicada imagem com a da agressiva Diana. No decorrer da trama ela deixa transparecer a existência de uma terceira identidade, a de Márcia, uma mulher segura e confiante que representava o ideal, o que de melhor existia entre Diana e Lara.

No filme do diretor Nunnally Johnson, a personagem Eve (Joanne Woodward) é a dona de casa vítima do estranho caso de múltipla personalidade baseado em fatos reais. Assim como na novela a personagem conta com a ajuda de um psiquiatra, no filme interpretado pelo excelente Lee J. Cobb.

Dois anos depois a inspiração veio do filme UM LUGAR AO SOL (A Place in the Sun) de 1951. A história de ascensão social de George, personagem ambicioso de Montgomery Clift que vai trabalhar na fábrica do tio, e que mesmo envolvido com a simples Alice (Shelley Winters) começa a ter um relacionamento com uma jovem rica (Elizabeth Taylor), e quando a primeira aparece grávida ele vê seu futuro ameaçado. Esta trama ofereceu a Janete o ponto de partida para uma de suas novelas mais bem sucedidas, SELVA DE PEDRA de 1972. Entretanto desta vez o rapaz ambicioso, Cristiano (Francisco Cuoco) sofre e sente remorsos por cada uma de suas atitudes e luta para se livrar do mundo opressor que alcançou e para reconquistar o amor de Simone (Regina Duarte). Fernanda (Dina Sfat) a moça rica da vez não lembra nem um pouco a personagem de Liz Taylor, e entrou para a história da tv como uma das vilãs mais complexas já criadas.


Anos mais tarde a inspiração parece ter servido apenas para situar o personagem dentro de um contexto exótico. Em O ASTRO de 1977, Herculano Quintanilha (Francisco Cuoco) encantava as pessoas que iam assistir seus números místicos e suas adivinhações. A cena da churrascaria em que ele faz s previsões com base em detalhes dados por sua assistente nos remete imediatamente ao personagem de Tyrone Power em O BECO DAS ALMAS PERDIDAS (Nightmare Alley) de 1947.


Lauro César Muniz ao escrever CARINHOSO de 1973 partia da premissa principal da peça de teatro “Sabrina Fair, A Woman of the World”, de Samuel Taylor, entretanto as influências na novela vem mesmo é da adpatação da peça para o filme de Billy Wilder SABRINA de 1954. A jovem Sabrina (Audrey Hepburn) vive na mansão dos Larabee, ela é filha do chofer da casa e é apaixonada pelo rico e mimado David (William Holden) que nem sequer nota a garota. Um dia ela viaja para Paris e volta uma nova mulher, atraindo a atenção de David e do irmão sério e trabalhador Linus (Humphrey Bogart). Na novela Regina Duarte vivia a romântica Cecília, apaixonada pelo playboy Eduardo (Marcos Paulo) e depois de uma viagem de três anos para Nova York volta uma mulher mais segura, encantando também Humberto (Cláudio Marzo) o irmão mais velho de Eduardo.


Outro grande mestre da teledramaturgia, o autor Cassiano Gabus Mendes também flertou com o cinema. Numa de suas novelas mais famosas PLUMAS E PAETÊS de 1980 o ponto de partida, o acidente de carro da personagem Marcela (Elizabeth Savalla) foi todinho inspirado no clássico de Mitchell Leisen, CASEI-ME COM UM MORTO (No Man of Her Own) de 1950. No filme, Barbara Stanwyck vive uma mulher que foi abandonada grávida por um homem com quem se envolveu. Sem dinheiro ela resolve tomar um trem para sua cidade natal, e no trajeto conhece uma jovem grávida como ela, só que recém casada com um rapaz muito rico. O casal está indo para a casa dos pais dele, onde a esposa será apresentada à família. Durante a viagem o trem descarrilha ocasionando um grave acidente, no exato momento que a personagem de Barbara experimentava a aliança da jovem. Em resumo, o casal morre e ela é dada como a noiva do filho.

Assim como no filme, só que aqui num acidente de carro, Marcela é confundida com a outra jovem e vai parar na casa dos pais do rapaz, onde se apaixona pelo irmão dele, Edgar (Cláudio Marzo). Este romance também existe no filme.


Gilberto Braga também procura no cinema alguns detalhes para as suas novelas. Aqui destaco duas. Em 1980 temos uma cena bem interessante em ÁGUA VIVA, quando Lígia (Betty Faria) fica sabendo da traição de seu marido pela manicure fofoqueira que está fazendo as suas unhas. A jovem fala do caso que toda a sociedade está comentando, mas sem perceber que a mulher traída estava à sua frente. Esta cena exatamente como foi mostrada na novela é do filme de George Cukor AS MULHERES (The Woman) de 1939 com Norma Shearer.

Em 2003, CELEBRIDADE, ele utilizou toda a linha principal do famoso clássico A MALVADA (All About Eve) de 1950, para contar a história de Laura (Cláudia Abreu), a jovem que se fazia de boazinha para aos poucos ir roubando o lugar da empresária Maria Clara (Malu Mader), assim como Anne Baxter a aspirante a atriz que quer o lugar de Bette Davis, no teatro e na vida.


Com Sílvio de Abreu a importância dos filmes clássicos é notada em cada uma das suas novelas. Em algumas novelas ele parte de situações específicas dos filmes para contar a história de seus personagens.

Em CAMBALACHO de 1986 há diversas referências. Naná (Fernanda Montenegro) é uma mulher pobre que mantém sua filha Daniela num colégio no exterior com o dinheiro que arruma em seus cambalachos, a filha não faz idéia que a mãe passe por dificuldades para pagar seus estudos, tal e qual o filme de Frank Capra DAMA POR UM DIA (Pocketful of Miracles) com May Robson em1933 e com Bette Davis em 1961.


Ainda em CAMBALACHO temos o casal Rogério (Cláudio Marzo) e Amanda (Susana Vieira). Advogados de renome os dois sempre se cruzam nos tribunais em lados opostos e em plena guerra, mas quando chegam em casa se amam profundamente. O casal foi inspirado nos personagens de Spencer Tracy e Katharine Hepburn do filme de George Cukor COSTELA DE ADÃO (Adam’s Rib) de 1949.


SASSARICANDO de 1987 é outra trama recheada de lembranças de clássicos inesquecíveis. A principal com toda a certeza é a do trio Rebecca (Tônia Carreiro), Penélope (Eva Wilma) e Leonora (Irene Ravache) que se unem e montam um apartamento chique para conseguir maridos milionários, no melhor estilo COMO AGARRAR UM MILIONÁRIO (How to Marry a Millionaire) de 1953 com Lauren Bacall, Marilyn Monroe e Betty Grable.


Em RAINHA DA SUCATA de 1990 Sílvio usou e abusou de pequenos detalhes dos filmes e que deram um charme especial à novela. Adriana (Cláudia Raia) tinha a mania de guardar suas calcinhas na geladeira para deixá-las mais fresquinhas, assim como Marilyn Monroe em O PECADO MORA AO LADO (The Seven Year Itch) de 1955.

Caio (Antonio Fagundes) era nitidamente inspirado no personagem paleontólogo de Cary Grant em LEVADA DA BRECA (Bringing Up Baby) de 1938, até mesmo as cenas em que ele cai do alto do esqueleto de dinossauro e a outra em que ele vai a um campo de golfe para bajular um rico empresário para que este financie suas pesquisas, e tudo de errado acontece, são iguais as do filme.

Na mesma trama tínhamos o personagem inescrupuloso Renato Maia (Daniel Filho), que quando se casava com Mariana (Renata Sorrah) fazia de tudo para enlouquecê-la, trocando os objetos de lugar, escondendo quadros valiosos no armário dela, no melhor estilo À MEIA LUZ (Gaslight) de 1944 onde Charles Boyer aterrorizava psicologicamente a esposa, Ingrid Bergman, para que ela fizesse tudo o que ele queria.


No final, Renato foge para o alto de um tanque de combustível e ao explodi-lo grita: “Mamãe, estou no topo do mundo” assim como James Cagney no filme de gângsters FÚRIA SANGUINÁRIA (White Heat) de 1949.

Em DEUS NOS ACUDA de 1992 o autor partiu de dois filmes para dar início a sua trama. Maria Escandalosa (Cláudia Raia) e seu pai Tomás (Jorge Dória) viajam num cruzeiro, usando identidades falsas com o intuito de aplicar golpes, lá conhecem o milionário Ricardo (Edson Celulari). Este momento é claramente inspirado no filme de Preston Sturges AS TRÊS NOITES DE EVA (The Lady Eve) de 1941, onde Barbara Stanwyck junto a seu pai Charles Coburn, aplicam golpes num navio até a moça se interessar pelo milionário vivido por Henry Fonda.


Entretanto na novela depois que o romance dos dois engrena durante a viagem, notamos a semelhança com outro grande clássico TARDE DEMAIS PARA ESQUECER (An Affair to Remember) de 1957. Principalmente nas cenas em que o navio para numa ilha e Ricardo leva Maria para conhecer sua tia Minouche que mora numa linda casa no alto de uma montanha. A tia quando vê Maria se encanta pela moça e percebe que ela tem um segredo. Assim também é no filme onde Cary Grant leva Deborah Kerr para conhecer sua tia, e a velha senhora nota que a jovem guarda um segredo (no caso do filme é que ela estava de casamento marcado com outro). 


Por falar em TARDE DEMAIS PARA ESQUECER o autor Carlos Lombardi usou uma cena interessante deste filme em QUATRO POR QUATRO de 1994 quando Bruno depois de vários desentendimentos marca um encontro com Tatiana para pedi-la em casamento, mas quando ela chega próximo ao local do encontro é atropelada. Ele espera em vão sem saber do acontecido, achando que ela não foi de propósito. Mas uma vez a cena nos remete ao encontro frustrado do casal no filme, no qual combinam de se encontrar no alto do Empire State, mas ela é atropelada também.

Antonio Calmon também gosta bastante de lembrar do cinema em suas novelas, principalmente em VAMP de 1991. Na trama a família do Capitão Jonas (Reginaldo Faria) lembrava em muito A NOVIÇA REBELDE (The Sound of Music) de 1965, com seus filhos sempre se apresentando uniformizados e batendo continência, assim como os filhos do Barão Von Trapp.


Quando ele se casa com Carmem Maura (Joana Fomm) unem os seis filhos dela com os seis filhos dele, numa tremenda confusão, tal e qual OS SEUS, OS MEUS, OS NOSSOS (Yours, Mine and Ours) de 1968 onde o oficial da Marinha Henry Fonda, pai de dez filhos se casa com Lucille Ball mãe de oitos filhos.


Enfim, dá para se ter uma idéia do tamanho da influência. É possível que se analisarmos mais detalhadamente muitas novelas serão lembradas, e os filmes que as inspiram também. Aqui eu lembrei apenas os clássicos, se falarmos do cinema de uma forma mais ampla o assunto renderia, e muito.
E você, se recorda de mais algum?

 
Daniel Pilotto é além de um noveleiro um grande fã de filmes antigos!!!!!


17 comentários:

  1. Muito bom o texto, O cinema possui boas histórias, de onde se pode tirar muitas ideias para uma novela. Não sei se Carlos Lombardi se inspirou, mas me bem lembro da Bionda (Mariana Ximenes) de Uga Uga que vivia fugindo dos casamentos, assim como a personagem de Julia Roberts no filme, noiva em fuga.

    http://brincdeescrever.blogspot.com.br/

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    1. Obrigado Rafael!!!!
      Pois é, o cinema é mesmo fascinante e não há como não inspirar a televisão. A cada novela sempre teremos alguma trama que já vimos nas telonas, e isto é muito legal!!!!! Abração!!!

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  2. Parabéns querido Daniel, super talentoso em tantas artes, agora na escrita também...
    Nem tinha imaginado o quanto temos nas nossas novelas em comum com filmes clássicos antigos.
    Muito legal saber isso.
    .⁀ ‿ ⁀≡

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    1. Obrigado Sibely!!!!!!!
      O que me deixa mas feliz é ver o quanto o assunto gera interesse, é realmente um tema fascinante!!!!! Obrigado pelas palavras sempre carinhosas!!!

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  3. Nossa! Perfeito. E depois ainda fala de mim? Querido, tenho que correr muito ainda pra acompanhar seus passos.
    Você foi direto e objetivo, como gosto de ter em textos. Foi claro em tudo que apresentou e por isso, ler foi uma delícia!
    Parabéns, meu querido e necessário amigo!

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    1. Puxa querido amigo, nada disso, você escreve maravilhas também!!!!! O meu texto foi apenas uma homenagem à duas coisas que amo de paixão: o cinema e a Tv!!!!!! Obrigado pelo teu carinho de sempre!!!!

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  4. Que texto excelente!
    Um trabalho de pesquisa admirável!
    Parabéns pelo ótimo conteúdo!!

    @FABIODIASR
    www.ocabidefala.com

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    1. Obrigado Fábio Dias!!!!!! Fico muito feliz em saber que tenha gostado!!!!!

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  5. oi, Daniel....parabéns pela estreia....é tão bom, né? a gente escreve, escreve e não sabe mais como parar...meu deus, eu achava que entendia de cinema....vi alguns desses filmes aí..mas há alguns que eu não conhecia como a da Barbara Stanwick trambiqueira...kkkk e o nightmare alley...a janete clair também amava um cinemão, não? puxa, fiquei maravilhado e claro meu xodó são os detalhes, tipo quatro por quatro e deus nos acuda, com a tia do Ricardo. Perfeito!!! adoro novela, mas acho o cinema uma arte naturalmente maior, pela imagem grande, pela fotografia, mas tb prezo muito pelo texto, seja um vaudeville, um teatro do absurdo, um drama da gnt com atores classe b...o que me importa é a história...o único de que me lembrei foi em Duas Caras a Aline Moraes fazendo a Gene Tierney querendo matar por ciúme o filho do Ferraço como Amar foi minha ruína....e Nina por vezes me lembrou, aliás, o contrário, o primavera de uma solteirona que vi depois me lembrou um pouco Nina com o caso da menina delatora....vc faz muito bem ao blog, meu querido, meus parabéns!!!

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    1. Ah, Edu, sabia que você também iria gostar!!!!!
      São temas fascinantes e que não dá para deixar passar, toda a influência e principalmente o fato de saber que os autores também são fãs dos filmes que a gente gosta tanto!!!!!!
      Fico feliz de saber que meu texto proporcionou tantos comentários bons!!!!!! Obrigado pelo carinho, sempre!!!!

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  6. Ótimo texto, Daniel! Algumas comparações eu já tinha conhecimento, outras me surpreenderam (positivamente, claro). Parabéns!

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    1. Obrigado Cris!!!!!! Algumas destas novelas a gente até já tinha falado, lembra? Mas que bom, que bom saber que gostou, fico feliz!!!!! Obrigado!!!!!

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  7. Daniel, meu querido... tou super orgulhoso de você. Bela estréia, bem recebida pelo público. Até a próxima!

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  8. Que texto riquíssimo Daniel! Um profundo trabalho não só de pesquisa, como de memória!!!
    Realmente essa interação entre cinema e teledramaturgia rende cenas, tramas e personagens bem interessantes e criativos. Sílvio de Abreu, então, transborda a sétima arte em suas telenovelas.
    Já no aguardo do próximo texto seu!
    parabéns!!!!!!!!!!!!!!!

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  9. Obrigado queridos Isaac e Felipe!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    Obrigado pela recepçaõ boa aqui no blog!!!!!!!!!!!! Adorei poder trazer um pouco destas minhas duas paixões para vocês!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  10. Parabéns Daniel! Muito bom o texto, o trabalho de pesquisa e as imagens. Vou recomendar aos amigos. Abração

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  11. Sensacional Daniel! Fora a Bebel de Paraíso Tropical que nem preciso dizer que buscaram inspiração em Pretty Woman. Visite meu blog www.cineposforrest.blogspot.com
    Ficaria lisonjeado com sua visita.

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