Permitam-me ser o primeiro a responder a pergunta do Silvestre Mendes, pois também eu, sou Rebelde! De modo que não poderia faltar aqui, um post sobre esse bem sucedido projeto da Record, e ninguém melhor a fazê-lo que o amigo citado. Bastou convidá-lo, para ele prontamente desenvolver o texto que abaixo posto... Valeu, amigo!
Por Silvestre Mendes
Blogueiro Convidado
Eu sou Rebelde, e você? Nunca deixei de contestar uma ordem, se acreditasse no oposto do que estava sendo “mandado”. Também nunca segui “modinha”, sempre fui do contra. Que moda o quê? Prefiro ser o único a escutar determinada banda ou música (ao menos achar que era o único), ao ser mais um a berrar que aquela era a música da minha vida! Enquanto vários amigos carregavam um só hino, eu estava ao lado deles, claro, mas carregando o meu próprio. Nunca fui fã de ser mais um na multidão e com o gosto moldado aos de milhões da mesma idade.
Se você se reconheceu com o meu desabafo a cima, bem, você é Rebelde! E se você se identificou e achou que a principio o texto iria falar sobre a novela que também se chama Rebelde, pode ter certeza que teve mais um acerto! De segunda a sexta, desde março, a Rede Record vem apresentando a sua versão dos jovens Rebeldes. E afirmo, com propriedade, que ao lado do original Argentino é a “versão” mais próxima da realidade dos jovens. Na verdade, quero começar tirando o rótulo de versão e remake. Pra mim, Rebelde de Margareth Boury é um original, mas que apresenta – assim como inúmeras novelas inéditas que estão no ar – tipos de personagens que já conhecemos. E que estão presentes em basicamente toda história. O que muda é que além dos tipos, algumas motivações de alguns personagens já não eram novidade. Como por exemplo, a raiva de Pedro por Franco, formação dos casais e da banda, e alguns nomes de personagem. Tirando isso, ninguém sabia como a trama Brasileira seria conduzida.
A saída foi simples: falar como o jovem brasileiro fala. Rebelde deixou as tintas de dramalhão mexicano de lado e se focou no que todo adolescente curte: O romance. E achou o seu próprio ritmo de contar essa história.
Mas nem toda novela é feita só de amor. Existe muito sobre amizade em jogo. Afinal, não é na escola que fazemos amigos que muitas vezes levamos para o resto de nossas vidas? Além de falar sobre a tolerância e aprender a conviver com o diferente e as diferenças. Sim, Rebelde apresenta todo aquele esqueleto que programas adolescentes exigem, mas a diferença é que é bem escrito. Em nenhum momento os diálogos parecem forçados. Ou as gírias mal colocadas. Falando em gírias, Rebelde apresenta seu próprio repertório, o que faz sair do lugar comum de tentar ser um documentário sobre jovens e ser uma novela sobre e para adolescentes.
Vale lembrar que existem personagens novos e que são grandes aquisições. Um deles é o Vicente Campos, Professor de português, e brilhantemente interpretado por Eduardo Pires. A cada aula exibida é um show de interpretação e texto. Não tem como não ter desejado aulas tão divertidas e inteligentes como a que assistimos. Outro ator que vem se destacando a cada nova fala e mudança de humor de seu personagem é Daniel Erthal ou Arthur Paz, professor de matemática. Daniel, assim como Eduardo, vem conseguindo um belo destaque para o seu personagem. Sem exageros extremos, tudo na medida certa, como a novela pede.
Considero outro ponto forte a forma com que mexem com alguns problemas corriqueiros na vida dos adolescentes. Como por exemplo, a bulimia. Essa doença pertence a uma das personagens principais. E não querendo desmerecer a beleza de Sophia Abrahão e Lua Blanco, mas Mel Fronckowiak, a Carla Ferrer, é entre as meninas principais a que tem o corpo mais bonito e fica impossível de imaginar como uma menina dessas poderia sofrer de um distúrbio alimentar tão grave, mas é o mais comum. Garotas bonitas que se acham feias ou gordas.
Se as meninas sofrem com a ditadura da beleza, o que dizer sobre os meninos? Téo Marques, interpretado por Bernardo Falcone, sofreu Bullying boa parte do inicio da história e foi em apoio ao personagem que boa parte das amizades nasceu ou ficaram mais fortes entre os Rebeldes. Como foi o caso de Alice e Roberta, que se uniram para dar um novo visual ao amigo Téo. E tentar, de uma vez por todas, acabar com os ataques que ele sofria diariamente na escola.
É com essas abordagens e questionamentos que mora o brilhantismo de Rebelde. Se a novela fosse seguir a risca tudo o que já foi visto, qual seria o nosso elemento surpresa? Como os jovens poderiam se identificar, caso fosse acontecer passo a passo tudo o que foi mostrado na versão mexicana exibida pelo Sbt?
A novela começou com o mundo contra. Fãs ardorosos da versão mexicana, antes mesmo de assistir ao que havia sido feito, já torciam o nariz. Tantos outros que não acompanharam a trama da televisa, também tinha os olhos revirados para a produção nacional. Já que se baseando em um texto enlatado, nada de bom poderia surgir... Mas quanto engano de todos os lados. Quanto pré-conceito em cima de uma história que nem tinha começado ou mostrado a que veio. E vencendo cada um desses obstáculos a novela vem mantendo sua boa audiência e virando mania entre os adolescentes brasileiros.
Quero deixar registrado que muito se deve ao texto rápido, sagaz e inteligente. Que não faz de ninguém bem ou mal. Todos em Rebelde são adolescentes e tem um pouco de sua personalidade amplificada pelo momento que estão passando. Descobertas, amores e aquele sentimento que todos nós conhecemos de medo, por não ter quem ou o quê queremos. Não existe um super vilão ou vilã, só a adolescência que mostrando a sua cara.
Cada um tem um jeito de ser Rebelde e o Brasil encontrou o seu! Graças a Margareth Boury, com a colaboração de Renê Belmonte e Valéria Motta.
Silvestre Mendes é Roteirista (ex-aluno do Curso de Roteirista ministrado pelo Autor Aguinaldo Silva), Editor de conteúdo do @BlogNaTV - Tudo sobre o mundo das séries e da TV. Cinema, música e literatura.