Deixei a data de hoje para falar do trabalho impecável - o que não me surpreende - de um dos melhores atores de toda história de nossa teledramaturgia. Não é uma homenagem tardia. É uma homenagem justa. E todos os elogios são pouco!
Mateus Solano é um ator com longa formação no teatro. Anos a fio de dedicação e agora colhe os louros de seu empenho. Ganhou projeção nacional ao interpretar o compositor Ronaldo Bôscoli na minissérie "Maysa: Quando Fala o Coração" após ter feito breves participações em obras como "JK" e "Paraíso Tropical". O papel de Bôscoli era para Rodrigo Lombardi, ator pelo qual Gloria Perez não abria mão para ser a ponta do triângulo amoroso em sua "Caminho das Índias". Bom para os dois lados!
Após Mateus estourar como Bôscoli, veio o desafio duplo: os gêmeos Miguel e Jorge em "Viver a Vida". O trabalho era mais complexo pelo fato de não serem gêmeos estereotipados: Ambos eram bons e isso aumentava o desafio de convencer tanto como um quanto como o outro. Lembro perfeitamente de pessoas, na época, pensando se tratar de dois atores!
Em "Viver a Vida", o sucesso de Miguel e Jorge foi tão grande que o ator chegou a roubar a cena dos protagonistas José Mayer e Thiago Lacerda. A trama da disputa dos gêmeos pelo coração da ex-modelo Luciana (Alinne Moraes) se tornou mais interessante que o triângulo amoroso entre pai e filho de Mayer, Lacerda e Taís Araújo (Helena).
Depois, vieram os personagens Ícaro e Mundinho Falcão, nas novelas "Morde & Assopra" e "Gabriela".
A parceria com Walcyr Carrasco parece ter agradado o ator, que, em sua terceira parceria com o escritor, alcançou todas as glórias na pele do administrador malvado Félix Khoury, que, graças a interpretação sensível do ator, foi levando o personagem para um outro caminho, alcançando a redenção e um final feliz para seu personagem que outrora tentava destruir a vida dos que lhe pareciam ameaça.
O personagem fazia tudo para chamar a atenção do pai, César (Antonio Fagundes) que, envergonhado da homossexualidade do filho, fez de tudo para esconder o fato da família e da sociedade, chegando a arrumar uma mulher para o filho casar. Ao ter seus crimes descobertos, Félix cai num pesadelo sem fim, e acaba indo vender hot-dog ao lado de Márcia (Elizabeth Savalla) na 25 de Março. Ele faz de um limão uma limonada e tira bom proveito das experiências ruins que passa e cresce como homem e ser humano, se tornando uma pessoa melhor, e despertando o amor do empresário Niko (Thiago Fragoso), fazendo criar uma torcida pela felicidade do casal no Brasil inteiro, que parece ter esquecido que a trama é sobre a história de amor dos picolés de chuchu Paloma (Paolla Oliveira) e Bruno (Malvino Salvador)!!!
Até agora, Mateus levou todos os prêmios que foi indicado, merecidamente. E muitos outros devem vir. E o Brasil espera que outros papéis memoráveis passem pelas mãos de Mateus. E o público gay torce para mais abordagens tão precisas e sensatas, tão necessárias, nas novelas e séries do canal de maior audiência do país! Parabéns ao autor Walcyr Carrasco - que junto com Gilberto Braga, Silvio de Abreu e Gloria Perez - por ter tanto respeito aos gays, diferente de João Emanuel Carneiro, que deve ter algo contra os gays e sempre os casa com mulheres, ridicularizando os homossexuais. Amor à Vida termina cheia de idas e vindas que podem não ter agradado, mas com certeza fez um grande serviço político e social aos homossexuais. A novela marcou época sendo a primeira do horário nobre da Rede Globo a exibir o beijo entre dois homens. Um grande passo para a sociedade brasileira, dado por Walcyr através da atuação impecável de Mateus e Thiago Fragoso. Mais uma vez, palmas!