A dramaturgia brasileira é dona de um vasto, invejável elenco de artistas consagrados. Alguns, destacando-se além da vida profissional. Os muitos fãs estão sempre ávidos por saberem mais e mais, também, da vida pessoal dos seus ídolos. Mas se há algo de proveitoso nisso, é preciso que se observe o bom senso, considerando a existência de pontos negativos, tanto ou mais importantes à manutenção de carreiras artísticas. Ou não?!
Faz-me lembrar de uma atriz talentosa, competente, sabe “de onde veio”. Mas parece ignorar o seu futuro. E “aonde vai” essa atriz?! Uma pergunta que parece sem fundamento, se referida à querida, sim querida, Suzana Vieira, de quem sou fã. Embora alguns a ironizem pela superexposição com que a própria trata daquilo que só caberia a ela e aos envolvidos diretos, e não, ao público, não há que se discutir aqui a sua vida pessoal.
Possuidora de uma trajetória brilhante. A maior parte dela dedicada à Rede Globo, onde está há “trocentos” anos, associando a sua imagem de tal forma à emissora que se torna praticamente impossível imaginar a Dona Vieira fora de lá. E sair pra onde, por qual motivo? Óbvio que não é isso o que se deseja... Os meus sinceros votos é que bons ventos soprem novamente sobre a sua carreira, e levem [dela] consigo quaisquer resquícios de suas últimas atuações na telinha. Exagero?! Posso mesmo estar sendo exagerado, as divergências de opinião existem e devem ser respeitadas. Pois bem, mantenho a minha, vide Lara com Z, Cinquentinha e Duas Caras. Que mal há nessas produções e/ou nos seus personagens? Teria o autor (de quem sou fã declarado, portanto me sinto bem a vontade pra dizê-lo) errado tanto? Definitivamente, esses não são os trabalhos feitos pelo querido Aguinaldo Silva, dos quais eu me orgulho. Mas seria injusto depreciá-los por todo o empenho da equipe, profissionais envolvidos, enfim, a obra em si merece o devido respeito. A falha, possivelmente, tenha ocorrido na insistente escalação da mesma pessoa para personagens tão "parecidos" uns com os outros.
Constata-se já há algum tempo o brilho da veterana atriz parece menos intenso, pois de tantas interpretações sobre personagens escritos “especialmente” para ela, o desgaste foi inevitável. De certo que o público adora a Susana, independente do que ela faça seja na TV ou no Teatro, mas entre os telespectadores mais atentos à sua carreira, é grande a insatisfação. Ora, vejamos então: Ela já foi Maria do Carmo (Senhora do Destino), muito bem escrita pelo Aguinaldo Silva e que não poderia ser interpretada por uma atriz qualquer. Houve uma atuação na medida exata, emocionante, e justiça se faça, não fosse pela companhia da Nazaré (irretocável interpretação da Renata Sorrah, num momento memorável), o resultado teria sido ainda melhor. Apenas como curiosidade, vale observar que a idéia original era a Suzana Vieira no papel da “Naza” e a Regina Duarte como a protagonista da história, a “Do Carmo”.
A Suzana Vieira como vilã? Ah! Vimos, curtimos e aprovamos a Sorrah como a Nazaré. E quem não?! Mas de igual modo, num outro estilo textual, noutro universo novelístico, uma atriz dominava as cenas em que a sua personagem aprontava as vilanias que agitavam a trama. A Branca (Por Amor, escrita por Manoel Carlos e Letícia Dornelles) era “classuda”, instigante, e foi muito bem defendida pela Susana.
Da sua parceria com o Aguinaldo Silva (com Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn), impossível não lembrar da fogosa e divertida Rubra Rosa (Fera Ferida) que mantinha um caso com Demóstenes (José Wilker) traindo o seu marido, Numa Pompílio, vivido por Hugo Carvana. A novela super valia a pena e a interpretação da Suzana não destoava disso. Era um ano de trabalhos seguidos e não havia do que se arrepender. Meses antes, Susana exercitava todo o seu poder de atuação [mais um de meus exageros e vocês me matam, né?], na pele da esposa contida, sofredora, mãe zelosa. Assim era a Clarita de Mulheres de Areia (de Ivani Ribeiro e Solange Castro Neves).
Em 1999, novamente com uma personagem antagonista à da Regina Duarte, dessa vez na minissérie Chiquinha Gonzaga, de Lauro César Muniz e Marcílio Moraes, exibida pela Rede Globo, todo o seu talento se fez sentir.
Muitos anos antes, também na Globo, por obra do Cassiano Gabus Mendes, a Nice (Anjo Mau), uma babá ambiciosa, disposta a tudo para conquistar seus objetivos, despertava sentimentos de ódio e revolta no público. Torcer contra aquela que era a protagonista tornou-se febre no Brasil. E quem estava a merecer tamanho destaque? Lá estava a “saudosa” Suzana Vieira.
Entre os trabalhos dignos de citação, alguns dos quais não ouso tecer maiores comentários pelo fato de não ser um profundo conhecedor da obra, destaco Escalada (de Lauro César Muniz) e A Sucessora (de Manoel Carlos).
É isso. Eu quero mais... Quero mais Gilda (O Salvador da Pátria, de Lauro César Muniz), mais Laís (Lua Cheia de Amor, de Ana Maria Moretzsohn, Ricardo Linhares e Maria Carmem Barbosa), mais Ana Carvalho (A Próxima Vítima, de Silvio de Abreu), mais Lorena (Mulheres Apaixonadas, de Manoel Carlos)... Quero menos “Suzana Vieira”.
Fotos: Google Imagens
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