Por Henrique Melo
No ar em Além do Tempo, a experiente Ana Beatriz Nogueira
dá vida (novamente) a uma vilã. Sua Emília Beraldini é amarga, vingativa e
carrega as dolorosas marcas de ter sido abandonada pela mãe, Vitória Ventura,
ainda criança. Uma personagem tão profunda e cheia de nuances, brilhantemente
defendida pela atriz que sabe como ninguém interpretar megeras deste gênero.
O olhar altivo, quase duro, a voz rouca e a sofisticação
de Ana lhe conferem um ar antagônico, mesmo quando interpreta personagens “do
bem”. Não é de hoje que essa dama da TV provoca a ira do público com as
maldades de suas vilãs. Como forma de homenagem, e congratulação, ao trabalho
primoroso da atriz no atual folhetim das 18h global, vale a pena relembrar
outras vezes em que ela aterrorizou na pele do mal.
Ana Paula Dinis Moutinho – Celebridade
Apesar de não ser a antagonista da história, Ana Paula
era uma oponente de peso. Não teve a mesma sorte que a irmã Maria Clara Diniz,
objeto de seu ódio, ambição e inveja. Por isso, aliou-se a pérfida Laura
Prudente para poder destruir Maria Clara. Foi a primeira malvadona da longa
lista de Ana Beatriz e foi tão bem recepcionada pelo público, que rendeu outros
tantos personagens do mesmo naipe.
Leocádia – Essas Mulheres
Na adaptação livre das obras de José de Alencar para a
telenovela Essas Mulheres, da Record, Ana viveu Leocádia, uma matriarca nada
gentil. Empenhada em perseguir a filha Mila, todas as vezes que Leocádia
entrava em cena a nossa vontade era espancar a tela da TV!
Lili Sampaio – Bicho do Mato
Durante quase toda a exibição da novela, todos julgavam
que a personagem Lili Sampaio de Bicho do Mato fosse do bem. Aliás, a
jornalista vivida por Ana nesta novela revelava um grande lado cômico,
surpreendendo a todos no desfecho da história quando foi revelado que ela era
uma das aliadas do vilão Ramalho e a responsável pelo assassinato do mesmo.
Frau Herta – Ciranda de Pedra
A primeira grande vilã de Ana Beatriz Nogueira, Frau
Herta foi responsável por muitas maldades nesta readaptação para a TV da obra
Ciranda de Pedra, de Lygia Fagundes Teles. Uma governanta fria, ardilosa e
calculista, que engendrava planos diabólicos ao lado do patrão Natércio, vivido
por Daniel Dantas. Em uma atuação impecável, a atriz não deixou a dever em nada
para o também primoroso trabalho de Norma Blumm na versão de 1981.
Eva – A vida da gente
Outra antagonista de peso de Ana e talvez o melhor
momento da atriz na telinha global. Eva era uma mãe manipuladora, que não
escondia de ninguém a predileção pela filha Ana e o desprezo por Manuela, a
quem destratava constantemente. Por ser um texto mais realista, Eva não era uma
personagem muito maniqueísta e de grandes vilanias, porém não menos detestável.
A título de comparação, lembrava (de longe) a Branca Letícia de Por Amor
remoçada e mais humana. Rendeu ótimos momentos, como os em que discutia com a
mãe Iná ou com a neta Júlia.
O fato é: seja como heroína ou como nêmesis, Ana Beatriz
Nogueira sempre dá um show! Todos esperamos que em Além do Tempo, Emília perdoe
Vitória e se torne uma mulher melhor graças ao amor de Bernando, rumando para o
final feliz. Enquanto isso não acontece, vamos acompanha-la por muito tempo
empenhada em se vingar da mãe.
Ao lado de outras divas como Fernanda Montenegro, Joanna
Fomm, Cláudia Raia, Adriana Esteves, Eva Wilma, Elizabeth Savalla, Marília Pêra,
Drica Moraes e tantas outras famosas por suas vilãs, Ana já faz presença com
seu talento inquestionável.