Por Marcelo
Ramos* (blogueiro convidado)
Quando ela namorava o
mauricinho Felipe Augusto (Marcello Novaes), em Salvador, ela vivia tirando
onda de "amadurecida" e "bem-resolvida" com ele, mas ela só
tripudiava em cima da total falta de noção dele porque ele era um babaca, que
não tinha um pingo de autoconhecimento.
O Lucas não foi feito pra Duda. Decididamente, eles "não
nasceram um para o outro". Lucas é marginal, é sofrido, é um fugitivo da
polícia de São Paulo. Só não está atrás das grades porque saiu do Estado de São
Paulo. Lucas é problemático demais, não sabe quem é seu pai, vive chorando, é
um cara rebelde, foi rejeitado pelo pai, é fruto do movimento hippie dos anos 70, do qual participavam
Gaspar e Suzana, sua mãe. Eles viviam o "amor livre", por isso Suzana
engravidou e não sabe de qual dos dois irmãos foi. Lucas é filho de Gaspar, não
de Alex, mas leva 180 capítulos para descobrir isso. Agora, com a trilha
internacional e a esotérica "Stairway to Heaven", musica composta em
1970-1971, da banda inglesa Led Zeppelin, favorita de 10 entre 10 ex-hippies,
tocando durante as cenas do passado de Suzana, Alex e Gaspar (o gatíssimo
Eduardo Felipe, que infelizmente só voltou às novelas em 1994, em “A Viagem” e
“A Próxima Vítima” e sumiu da TV), vão começar a serem exibidas em preto &
branco e o drama de Suzana, dividida entre os dois irmãos vai começar a ser
apresentado.
Duda só
agrava mais o processo autodestrutivo de Lucas, pois ela só cria problemas para
ele. É o tipo de relacionamento que um pai não aprovaria para um filho e faria
de tudo para afastá-lo dessa pessoa. O tema internacional deles é muito triste,
porque reflete a imensa tristeza que um causa ao outro.
Já a
Giulia, desde que chegou de São Paulo e conheceu Lucas no jantar oferecido por
Morgana, só fez ajudá-lo, descompromissadamente, de coração aberto. Ela ajudou
um desconhecido apenas por ser caridosa, por compaixão do grave quadro
psicológico em que viu um vizinho, amigo de seu pai. Ela poderia ter ajudado
Lucas como poderia ter ajudado qualquer outra pessoa que fosse um amigo em
potencial, numa cidade estranha. Quando Giulia chegou ao Rio, Lucas estava em
estado de petição de miséria. Ele estava no fundo do poço. Ela cuidou dele,
mediu a febre dele, fazia sopinha pra ele e o agasalhava, além de ter sido
ótima confidente e excelente conselheira. Pintou um clima e ela se apaixonou
por ele. O namoro de Lucas e Giulia é alegre, eles vão ver o mar, curtir a
beleza do Rio de Janeiro, riem, se beijam, são soft. Por isso, Morgana e
Silas, mesmo tendo conhecimento de toda a problemática de Lucas, dão todo o
apoio ao relacionamento deles, enquanto o protegem da má-influência de Duda,
que sempre que aparece no apartamento de Morgana, é pra trazer mais problemas pro
cara. A Duda vai ganhar essa competição no final da história, mas eu não acho
justo. Enquanto Giulia cuidava de Lucas, praticamente sendo enfermeira dele,
Duda estava envolvida com seus delírios de perseguição e com sua carreira como
modelo.
Vídeo acima: Duda vê Lucas e Giulia juntos
Vídeo acima: Final de Lucas e Duda
Duda e
Lucas, pra resumir, são de universos diferentes. Por mim, Felipe Augusto
voltaria de Salvador, alugaria um quarto-e-sala na Zona Sul com ela e eles
levariam adiante a carreira de modelo dos dois, como aconteceu no período em
que ele voltou atrás dela. As mães deles, Cleide (Suzana Faini) e a dondoca
Clarice (Ilka Soares) são baianas, soteropolitanas, estudaram juntas na mesma
escola, formaram-se juntas. Por mais fresca que Clarice seja, ela é amiga de
Cleide. Está tudo em casa. Ainda mais agora que Cleide conseguiu realizar-se
através de Duda (Cleide é uma manequim de passarela frustrada, como já falou
diversas vezes e projeta o sucesso na filha). Pronto! Duas peruas baianas,
colegas de juventude, unindo seus filhos. O final perfeito pra eles e viveriam
felizes para sempre.
*Marcelo Ramos é formado em Publicidade pela UFRJ e mestrando
em Comunicação pela mesma Universidade. É sempre uma honra ter os seus textos
postados no blog.