Por André Araújo
Não
é uma praxe, mas volta e meia os telespectadores/noveleiros se dão conta de que
existe vida fora da Rede Globo. Foi o que aconteceu em 1987 com a novela “CORPO
SANTO” [Rede Manchete], de José Louzeiro, que tirou o sono da Vênus Platinada.
A mesma coisa aconteceu três anos depois, com “PANTANAL”, do Benedito Ruy
Barbosa. A diferença foi que com a história de Juma Marruá (CRISTIANA OLIVEIRA)
dominando o Brasil, a emissora do falecido jornalista Roberto Marinho reagiu, e
assim todos ganharam, pois era uma novidade atrás da outra e o público saiu
satisfeito.
Anos
depois, a Rede Record decidiu faturar em cima desse filão e entrou com tudo na
briga. Depois do sucesso de “PROVA DE AMOR” e “A ESCRAVA ISAURA”, ambas do
ex-global Tiago Santiago, e “ESSAS MULHERES”, do veterano MARCÍLIO MORAES, a
emissora do Bispo Edir Macedo produziu uma novela que muito agradou: “VIDAS
OPOSTAS”, do mesmo Marcílio Moraes. A trama abordava os dramas de uma
comunidade comandada pelo tráfico. E mesmo com uma história forte e recheada de
violência, o público não virou as costas e nem mudou de canal. Tudo ali deu tão
certo que a novela ganhou o troféu imprensa [2008] de melhor novela, dividindo
o prêmio com “PARAÍSO TROPICAL”, do Gilberto Braga.
Começando
pelo romance entre o rico Miguel (Léo Rosa) e a doce e pobre Joana (Maytê
Piragibe), a novela agradou desde o início.
Quando
a novela começou, Miguel era noivo da estilista Erinia (Lavínia Vlasak), mas se
envolvia com Joana, ex-namorada de um perigoso traficante, Jeferson (Angelo
Paes Leme), que àquela altura, cumpria pena de quatro anos na cadeia.
Apaixonado,
Miguel rompia com Erinia para ficar com Joana, mas o inesperado aconteceu:
Jeferson saiu da prisão e voltou para a favela, disposto a reconquistar sua ex,
que a essa altura já estava caída de amores pelo milionário.
Jeferson
voltava ao mundo do crime e queria transformar a amada Joana na rainha da
bandidagem, mas ela se recusava, gerando sua ira. E como se não bastasse, Erinia
também passou a praticar diversas armações para ter seu noivo de volta, o que
quase aconteceu.
Na
favela, a comunidade tomou o partido de Joana, e torcia para que ela ficasse
com Miguel. Jeferson acaba morto. É quando entra em cena o perigoso Jacson
(Heitor Martinez), irmão do falecido que, além de se tornar o novo chefe do
tráfico, decide ficar com Joana também, resultando numa guerra. O novo “rei do
Torto”, contava com um aliado poderosíssimo: O delegado corrupto Dênis Nogueira
(Marcelo Serrado), que o favorecia.
Uma
história paralela também chamou atenção: A viúva Ísis (Lucinha Lins), mãe de
Miguel, embora fosse rica, linda e chique, vivia sozinha, comandando os
negócios que seu falecido deixara. Mas se reencontra com Bóris (Nicola Siri), um
italiano dado como morto há muitos anos. Foi ele o grande amor de Ísis na
juventude. E é no momento em que a mãe de Miguel está prestes a perder tudo
devido a um golpe financeiro de Mário (Cecil Thiré), vice-presidente da
empresa, que Bóris surge e salva Ísis da falência, desmascarando o vilão que
contava com o apoio do advogado Félix (Roger Gobeth) e de Maria Lúcia (Flávia
Monteiro), prima da mãe de Ísis.
Desesperado
de paixão, Jacson chega a sequestrar Joana, mas a delegada Carmo (Raquel Nunes)
invade o cativeiro e atira no bandido. Jacson morre nos braços da mocinha, numa
cena lírica; Erinia, que havia se tornado aliada do delegado Nogueira, acaba
matando-o, mas é presa depois da denúncia de sua mãe Cilene (Silvia Bandeira). Mário,
Félix e Maria Lúcia são processados.
morte de Jacson |
morte de Nogueira |
Ísis
e Bóris até que se esforçam, mas concluem que não podem ficar juntos, uma vez
que o italiano vive fugindo da polícia. A despedida dos dois é emocionante e o
beijo que eles trocam, inesquecível.
Joana
e Miguel? Nada mais justo que fiquem juntos e felizes, o que de fato acontece.
Com
240 capítulos, por muitas vezes “VIDAS OPOSTAS” bateu a Rede Globo em
audiência, o que era praxe às quartas-feiras. A novela foi levada ao ar entre
21 de Novembro de 2006 e 27 de Agosto de 2007. O último capítulo registrou 25
pontos de audiência, um recorde.
Reprisada
entre 28 de Março e 11 de Junho de 2012, o sucesso não foi o mesmo, mas chamou atenção
e muita gente reviu a melhor novela que
a Rede Record produziu nos últimos sete anos.