by Sidney Rodrigues
Meu presente para os amigos do Blog "Posso Contar Contigo?" para esse final de ano é uma entrevista bem informal com um dos Reis dos musicais brasileiros, CLAUDIO BOTELHO.
Procurei traçar um roteiro com perguntas que todos devem ter curiosidades, para conhecer mais o lado pessoal desse cara incrível e não apenas o lado profissional, e como sempre acontece, ele foi super atencioso e disponível para o bate papo, prova de que os grandes talentos, não são inatingíveis.
Com vocês Cláudio Botelho:
Quais programas na TV aberta brasileira atraem sua atenção?
Na TV aberta, gosto de Zorra Total, que vejo com prazer quando estou em casa na hora.
Que
perfil tem o ator ou atriz que chama a sua atenção num trabalho? Já
escolheu alguém apenas por um trabalho que viu e apostou nesse
profissional movido pela sua intuição?
Já
chamei pessoas por um único trabalho que assisti e gostei, e outros após
vários testes. Cada caso é um caso. No início o que me interessa
realmente é o personagem. Trato o teatro musical como ópera e os
personagens têm registros, tanto vocais quanto físicos. Os atores se
encaixam ou não nestes registros. Sabendo-se o registro do que se
precisa, é uma questão de procurar o melhor intérprete dentro daquilo,
ou o melhor disponível no momento.
Que
tipo de livro chama sua atenção na hora de escolher a sua leitura? Já
lê bastante em meios digitais ou ainda é adepto do bom e velho, folhear
de páginas?
Leio
o tempo inteiro, e mais de um livro ao mesmo tempo. Geralmente a ficção
que me interessa envolve crime, detetives, ou no mínimo, com
conspirações. Acabo de ler 'O Sequestro de Rembrandt', que me deixou
completamente fascinado. Estou lendo (atrasado) a 'Trilogia Millenium'. E
fora da ficção, estou lendo o livro de letras de Stephen Sondheim,
onde ele comenta cada letra que escreveu em toda sua carreira nos
musicais.
Você leva as pessoas para viagens incríveis com seus trabalhos. Qual a maior viagem que já fez e o que mais gostou nela?
Sinceramente,
detesto viajar. Gosto mesmo da minha casa, que é uma bagunça, aliás.
Viajo algumas veze por ano pra fora, mas sempre para Nova York, Londres,
ou no máximo, algum país onde haja teatro. Não tenho nenhum interesse
por lugares exóticos, paisagens incríveis, ecologia, montanhas pra subir
e menos ainda inverno pra esquiar. Se alguém me convidar pra ir conhecer as pirâmides, eu prefiro só ver as fotos. De preferência, poucas.
Já
no Brasil, gosto quando visito a casa de um amigo ou outro, aqui perto
do Rio, que a gente vai e volta no mesmo dia, e de preferência, sem mar,
pois cidade de praia (tipo Búzios) é tudo muito nojento, todo mundo
anda de chinelo e tem areia em todo lugar, e os restaurantes têm o
péssimo hábito de vestir os garçons com trajes do tipo sarongue ou umas
túnicas, é tudo fake. Tenho horror.
Você consegue tempo para ver os amigos em cena?
Sou
um péssimo colega, raramente vou ao teatro. Isso é um defeito meu,
preciso corrigir. Não vejo nada, pois como já trabalho com isso, acho um
saco sair à noite pra ir ao teatro. E pior: ter de falar depois da peça
com elencos, é a coisa mais chata que existe. Geralmente compro os
ingressos, não peço convite, pois aí posso ir embora quando fecha o pano
e depois ligo pro amigo em questão. Mas sei que isso não é legal, as
pessoas ficam sentidas, e têm razão. Preciso mudar esse meu jeito.
Reflexivo ou impulsivo. Como
é seu processo de criação? Sente-se à vontade
para criar no improviso ou as coisas precisam estar bem claras na sua
cabeça antes de começar o processo?
É
um misto de tudo. Depende muito de cada trabalho. Fiz as letras de 'Como Vencer na Vida Sem Fazer Força', com uma enorme facilidade, pois eu conheço a peça há anos, sei tudo de cor, então isso facilita. Mas, há
peças que aceito escrever letras por um viés mais profissional, como por
exemplo 'Shreck', que dão um enorme trabalho, pois não é meu estilo de
música, tem muito rock & roll, daí precisa de muito mais suor. Mas
sempre me divirto. A única realmente que me deu quase nenhum prazer de
traduzir foi 'EVITA', pois é um material que quase não tem humor, o assunto
é muito chato e as letras originais são muito voltadas para uma verdade
política com a qual não concordo, de modo que foi extenuante.
Qual espetáculo você montou que mais lhe fez parar, pensar e dizer: "Caracas, saiu exatamente como eu queria!"?
Vários: 'Um Violinista no Telhado' é o exemplo máximo. Mas eu destacaria ainda '7
– O Musical', 'Ópera do Malandro', 'Milton Nascimento – Nada Será Como Antes', 'A Noviça Rebelde', 'O Mágico de Oz', e muitos outros.
Como
é sua relação com as pessoas que lhe acessam via Facebook? Já fez
amigos pela rede que tenham causado interesse profissional e acabaram
trabalhando juntos?
Adoro
o Facebook. É a única rede social que me interessou pois acho divertido
escrever, mesmo que ninguém leia. Às vezes tem uns chatos que levam a
sério o que escrevo, e quase nunca escrevo a sério ali, apenas faço
piadas. Fiz diversos amigos virtuais, os quais nunca encontrei, e que na
verdade, nem preciso encontrar, já está ótimo ser amigo virtual mesmo.
Não
me lembro de ninguém que me tenha despertado interesse profissional,
pois meu ‘mood’ no FB é sempre de piada mesmo, mas sempre que me pedem
pra ver algo, eu mando pra nosso pessoal de elenco, eles catalogam e
chamam pra testes.
Como você se vê?
Me
vejo como um artista de muita sorte, que conseguiu tornar popular uma
espécie de teatro que, quando eu e Charles Moeller começamos a nos
dedicar, não era nem bem visto pela classe teatral.
Nunca mudamos de segmento, sempre fizemos musicais. Estamos nisso há 20 anos, e nem mesmo tentamos algo diferente.
Quais as facilidades e as durezas que o sucesso atual lhe traz?
Não há nada de duro no sucesso, é só alegria. Mas é uma ilusão achar que o sucesso é um patamar conquistado. Você está lá em cima, e no dia seguinte, se você não matar mais um leão, ninguém nem lembra que você existe. A única coisa que importa é estar trabalhando. Tenho 3 prêmios Shell na estante, 4 prêmios Contigo, e mais sei lá quantos outros prêmios... Se amanhã eu não tiver uma peça pra ensaiar, estarei em depressão.
Qual trabalho não fez que ainda gostaria de fazer?
O
musical que ainda não fiz e farei é 'Black Orpheus', baseado no Orfeu
Negro de Vinícius de Moraes, que dirigiremos na Broadway, em 2014.
Há algum vídeo na internet que tenha feito você rir muito? Pode nos indicar?
Todos do Paulo Gustavo (ator que faz o programa '220volts' no MULTISHOW)
Se pudesse escolher uma música que representasse você, qual seria?
'Some People', do musical 'Gypsy'.
Obrigado ao Cláudio Botelho pela gentileza!
Saiba mais sobre o entrevistado em
Adorei a entrevista com o Claudio Botelho, além de talentoso, ele se mostrou uma pessoa simples e sem a soberba que ronda muita gente famosa. Palmas pra ele, merecedor de todos os sucessos e elogios.
ResponderExcluirAdoro ler qualquer coisa a respeito dele, além de talentoso é muito inteligente e sabe muito bem expressar a sua opinião.
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