Há pouco mais de um mês, estreou a nova novela das nove, “Fina Estampa”, escrita por Aguinaldo Silva, figura famosa tanto por seu inegável talento quanto por sua língua e pensamentos ferinos. Eis que a novela surge como uma “fênix” do gênero. Nas primeiras semanas, a história de Griselda Pereira, o Pereirão, mulher pobre, lutadora e justiceira, que faz de um tudo para a felicidades dos seus filhos, tem atingido ótimos números de audiência.
O autor espertamente veio se apoiando na sua criação, a qual já havia decantado aos quatro cantos: uma mulher do povo, por quem este se apaixonaria e pôde contar com a exata interpretação de Lília Cabral em sua primeira protagonista. Por outro lado, também se apóia na já também pronta Teresa Cristina, vivida com os excessos de Christiane Torlone, que consegue sintonizá-la, por meio do texto acurado e acri-doce de Aguinaldo, assim a diferenciando de papéis parecidos, embora muitos não compartilhem de tal opinião.
Mas o que quer dizer dessa retomada de um público que estava meio cansado das histórias passadas? Havia já há um tempo uma espécie de crise no horário das nove... em que pessoas torceram o nariz com histórias mirabolantes em que não se sabia quem era vilão ou mocinho, histórias que começavam em países estrangeiros com famílias falando com sotaques, histórias paralelas que não se concretizavam em meio a uma mocinha apagada e também a união de sofisticação com pitadas de agressividade e sarcasmo.
Claro que também sempre é levado em conta mais do que nunca a chamada química entre os atores de um conjunto e os autores não mostram medo de reconhecerem seus erros, separando casais e unindo com quem o público mais se identifica... algo que em tempos mais antigos não se pensaria, mesmo a novela sendo uma obra aberta. No caso de Fina Estampa, há uma química entre estas antagonistas, que alternam sentimentos de curiosidade, admiração até uma repulsão.
Também, não por coincidência, essa sinalização do público por tramas mais dramáticas e porque não dizer, melodramáticas, teve um drops na novela do horário anterior, Morde e Assopra, na personagem vivida com perfeição pela atriz Cássia Kiss Magro, que vive sua Dulce com um realismo que extrapola os limites da citada novela. Esta que vinha com um diferencial em falar de elementos díspares como tecnologia, robótica e caça de fósseis, foi completamente assaltada pela trama dramática da simplória personagem que é enganada pelo filho, assim como a heroína do horário nobre. Porém as semelhanças param por aí, pois as descrições das duas personagens são bem diferentes, mesmo as duas fazendo revoluções dentro das tramas.
Isso pode vir mostrar que há um público que não resiste a tramas convencionais que tenham um apelo meio piegas, mas que são feitas de verdade, exibindo as relações e gente com virtudes pra dar e vender, como se fosse um espelho torto desse público que projeta na ficção o que deveríamos ser.
A telenovela moderniza-se, porém ao mesmo tempo distancia-se e, para continuar ativa, por vezes necessita retroceder, recuperando um público que gosta de uma ficção de qualidade que contém verossimilhança ficcional, mas que não precisa ser um híbrido de costumes, documentário e enxurrada de mensagens sociais inseridas nessa obra.
Fina Estampa, com uma proposta mais clichê, já há muito conhecida e com uma pegada mais popular, vem mantendo um desempenho alto e estável em termos de audiência que há tempos uma novela das 21 horas não conseguia.
ResponderExcluirMas confesso que é uma novela básica demais ao meu ver, não me atrai, acho até muito ingênua dentro de tudo aquilo de bom que Aguinaldo Silva já nos ofereceu em matéria de teledramaturgia.
Mas, de fato, Lília Cabral está ótima em sua primeira - e merecida - protagonista e chama a atenção do público como a batalhadora Griselda.
Parabéns Eduardo!!!!!!!!!!
Parabéns pela estréia, Eduardo... que este seja o primeiro de muitos!
ResponderExcluirCuriosa a sua análise sobre Fina Estampa!!!
obrigado!!!
ResponderExcluirAcho interessante a proposta de uma novela com pegada mais popular, leve e "pra cima" no horário nobre, diferente do drama de Viver a Vida e da violência de Insensato Coração e Passione. Com a entrada de Eva Wilma e a virada da persinagem Griselda, Fina Estampa certamente ganhará interessantes contornos.
ResponderExcluirParabéns pelo texto e pelo blog.
novela é uma montanha russa, as vezes trava, anda ou despenca de um vez...
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