quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Ainda Mamãe Dolores?

Por Eduardo Vieira


Há pouco mais de um mês, estreou a nova novela das nove, “Fina Estampa”, escrita por Aguinaldo Silva, figura famosa tanto por seu inegável talento quanto por sua língua e pensamentos ferinos. Eis que a novela surge como uma “fênix” do gênero. Nas primeiras semanas, a história de Griselda Pereira, o Pereirão, mulher pobre, lutadora e justiceira, que faz  de um tudo para a felicidades dos seus filhos, tem atingido ótimos números de audiência. 
O autor espertamente veio se apoiando na sua criação, a qual já havia decantado aos quatro cantos: uma mulher do povo, por quem este se apaixonaria e pôde contar com a exata interpretação de Lília Cabral em sua primeira protagonista. Por outro lado, também se apóia na já também pronta Teresa Cristina, vivida com os excessos de Christiane Torlone, que consegue sintonizá-la, por meio do texto acurado e acri-doce de Aguinaldo, assim a diferenciando de papéis parecidos, embora muitos não compartilhem de tal opinião.


Mas o que quer dizer dessa retomada de um público que estava meio cansado das histórias passadas? Havia já há um tempo uma espécie de crise no horário das nove... em que  pessoas torceram o nariz com histórias mirabolantes em que não se sabia quem era vilão ou mocinho, histórias que começavam em países estrangeiros com famílias falando com sotaques, histórias paralelas que não se concretizavam em meio a uma mocinha apagada e também a união de sofisticação com pitadas de agressividade e sarcasmo.
Claro que também sempre é levado em conta mais do que nunca a chamada química entre os atores de um conjunto e os autores não mostram medo de reconhecerem seus erros, separando casais e unindo com quem o público mais se identifica... algo que em tempos mais antigos não se pensaria, mesmo a novela sendo uma obra aberta. No caso de Fina Estampa, há uma química entre estas antagonistas, que alternam sentimentos de curiosidade, admiração até uma repulsão.

Também, não por coincidência, essa sinalização do público por tramas mais dramáticas e porque não dizer, melodramáticas, teve um drops na novela do horário anterior, Morde e Assopra, na personagem vivida com perfeição pela atriz Cássia Kiss Magro, que vive sua Dulce com um realismo que extrapola os limites da citada novela. Esta que vinha com um diferencial em falar de elementos díspares como tecnologia, robótica e caça de fósseis, foi completamente assaltada pela trama dramática da simplória personagem que é enganada pelo filho, assim como a heroína do horário nobre. Porém as semelhanças param por aí, pois as descrições das duas personagens são bem diferentes, mesmo as duas fazendo revoluções dentro das tramas.
Isso pode vir mostrar que há um público que não resiste a tramas convencionais que tenham um apelo meio piegas, mas que são feitas de verdade, exibindo as relações e gente com virtudes pra dar e vender, como se fosse um espelho torto desse público que projeta na ficção o que deveríamos ser.
A telenovela moderniza-se, porém ao mesmo tempo distancia-se e, para continuar ativa, por vezes necessita retroceder, recuperando um público que gosta de uma ficção de qualidade que contém verossimilhança ficcional, mas que não precisa ser um híbrido de costumes, documentário e enxurrada de mensagens sociais inseridas nessa obra.

Fotos: Portais Aguinaldo Silva Digital e Globo.com 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Entrevista com Ada Chaseliov, uma Atriz que sabe brilhar!

Talentosa e respeitada no meio artístico, com diversos trabalhos na TV, no Cinema e no Teatro. Ela é uma daquelas atrizes que fazem grande, qualquer que seja a sua personagem. E óbvio, não poderia faltar entre os nossos ilustres e solícitos entrevistados. Conheça um pouco mais da querida Ada Chaseliov!


Por Glauce Viviana e Isaac Abda

Glauce Viviana, pergunta:

Quais as suas lembranças da infância? Você ainda professa o judaísmo?
Ada Chaseliov – Tenho as melhores lembranças da infância. Uma infância normal, com muito amor, humor e afeto. E com muitos amigos!
Na verdade eu nunca professei o judaísmo enquanto religião. Na minha casa ninguém seguia muito as tradições, só comemorávamos os feriados, geralmente na família da irmã de meu pai. Eu costumo dizer que sou uma “judia ateia”, rs.
Como e quando você descobriu que queria ser atriz? Alguém se opôs a isso?
Ada Chaseliov – Não sei se “descobri”. Estudei no primário em uma escola que incentivava demais às artes em geral, como geralmente se dá em escolas judaicas, então eu comecei a brincar de teatro desde pequena, depois comecei em grupos amadores no clube ASA, Associação Scholem Aleichem e no clube Hebraica. Ninguém se opôs, pelo contrário, minha mãe é uma aficionada por teatro, tinha todos os livros e discos de Shakespeare, costumávamos brincar, já mais tarde, que ela era rival da Bárbara Heliodora.
A oposição veio na forma de como sobreviver nessa profissão, que, aliás, eles estavam certíssimos!
Quem são os atores e as atrizes que você mais admira?
Ada Chaseliov – Não tenho como listar todos, mas para não fugir à regra acho que a Fernanda Montenegro sempre vai estar no topo de qualquer lista.
O que você vê na TV? Quais das atuais produções você acompanha?
Ada Chaseliov – Não consigo muito acompanhar novelas, pois geralmente estou fazendo teatro, mas revi “Vale Tudo” e “A Muralha”, que considero uma das melhores coisas que já foi feita em TV. E amo as novelas do Silvio de Abreu, me identifico demais com o humor dele. Agora, confesso sou viciada em seriados americanos, House, Law and Order, Good Wife, Friends e muitos outros.
Você estreou em TV na novela "Fogo Sobre Terra" de Janete Clair, em 1974. Conte-nos um pouco sobre essa experiência.
Ada Chaseliov – Foi uma coisa muito louca, eu nem via a novela, pois estava fazendo Tiro e Queda, no Teatro Copacabana, com Tônia Carrero e Susana Vieira, aí me ligaram pra fazer uma participação especial, de um capítulo, como noiva do Herval Rossano. Era a cena de casamento da Regina Duarte. Eu só tinha umas duas ou três falas. Só que era uma quinta feira e eu tinha matinê no teatro. Me garantiram que dava tempo. Aqui tem um episódio que nunca vou esquecer. As horas foram passando e eu comecei a ficar em pane, pois minha ceninha não era gravada. Regina Duarte, que eu não conhecia, viu o meu nervosismo e perguntou o motivo. Quando eu expliquei, ela imediatamente falou com a produção e pediu para passarem minha cena pra antes das delas. Veja bem, eu era quase uma figurante, ela a protagonista. Nunca esqueci esse gesto dela!
Tendo trabalhado várias vezes com o autor Silvio de Abreu e a Diretora Denise Saraceni. Pode comentar um pouco da sua relação com eles?
Ada Chaseliov – Eu adoro os dois! Conheci Denise através do Ademar Guerra, e sempre admirei seu talento e caráter, é um prazer trabalhar com ela. Sempre no bom humor, na conversa franca.
Silvio de Abreu era amigo do Ney Sant’anna, meu ex marido, e acabou me convidando para fazer Guerra dos Sexos, uma das melhores novelas já escritas, com certeza!


Qual dos seus trabalhos você considera mais marcante? Alguma personagem que tenha odiado fazer ou produção da qual tenha se arrependido de ter participado?
Ada Chaseliov – Nunca me arrependi de nada que tenha feito, e tenho orgulho de tudo que fiz.  Em televisão, acho que fiz 3 personagens marcantes.
A Manoela, de Guerra dos Sexos, uma mulher ciumentíssima, alcoólatra, casada com Fabio, personagem de Herson Capri, de quem morria de ciúmes, com razão, na verdade, rs, ele era amante da personagem feita pela Maitê Proença.
Depois veio a Leonor, da Muralha, uma mulher muito má, recalcada, e com um defeito físico, a cabeça torta, e completamente apaixonada e devotada a D.Jerônimo, feito pelo Tarcísio Meira.
E finalmente D.Esther, uma judia riquíssima, supermãezona, superavó que odiava a nora, Claudia Raia, e fazia maldades hilariantes.


Isaac Abda, pergunta:

Curiosidade máxima: como fez para “criar” a Leonor de A Muralha? De quem foi a idéia da postura da personagem?
Ada Chaseliov – Foi muito curioso esse processo. Eu tinha visto, há muitos anos atrás, um filme chamado “The Devils”, do Ken Russel. Vanessa Redgrave fazia uma freira  completamente aleijada, mas a imagem que ficou pra mim, era de uma cabeça torta. Quando Denise me convidou para o papel, não sabíamos exatamente quem seria essa Leonor. Não poderia ser criada, pois não existiam criadas brancas, então imaginamos que ela teria sido uma jovem “usada” por D.Jerônimo e abandonada por ele ao envelhecer. No dia do teste de câmera, Denise comentou um pouco antes que queria uma estranheza nela, mas não sabia exatamente o que. De repente me deu um estalo, e eu entortei a cabeça. Lembro –me perfeitamente, eu falei, Denise, posso fazer ela assim? E ela respondeu, vira pro outro lado, eu virei, ela falou: Ótimo! E assim nasceu a Leonor, mas veio como um furacão; parecia que eu sabia quem era ela. E eu nem imaginei como seria difícil, rs.
Teatro, TV ou Cinema, onde você se sente mais realizada como atriz?
Ada Chaseliov – Sei que é clichê, mas todos dão um tipo de realização diferente. O teatro é imediato, é o contato com a plateia, os aplausos. A TV e o Cinema você tem esse prazer depois, ao ouvir os comentários. Agora o prazer pessoal, quando você sente que estava inteira na cena, e bem, esse você tem em qualquer dos três.
os diretores Claudio Botelho (esq) e Charles Möeler (dir)
Você é inegavelmente uma atriz super querida pelos diretores Charles Möeler e Claudio Botelho. Conte-nos como e quando começou essa paixão entre você e a dupla?
Ada Chaseliov – Claudio, eu tinha trabalhado há muito tempo numa peça do Sergio Britto, “Casamento Branco”, onde ele compôs as músicas e tocava piano. Charles e eu trabalhamos na peça “A Gaivota”, dirigida pelo Jorge Takla e ficamos amicíssimos. Depois da peça resolvemos formar um grupo, com Claudio também, e montar outra peça. Por uma série de circunstâncias, a peça não aconteceu e ele teve a ideia de escrever e dirigir um musical, “As Malvadas”, e daí ele não parou mais. Fizemos “Ó Abre Alas, a vida de Chiquinha Gonzaga”, “Cole Porter, ele nunca disse que me amava”, que foi um sucesso estrondoso, ficamos três anos em cartaz entre Rio e São Paulo e três meses no Cassino Estoril em Portugal. Depois “Cristal Bacharach”, “Ópera do Malandro”, “Noviça Rebelde”, “Gypsy” e agora “Violinista no Telhado”
A sua personagem Yente na peça “Um Violinista no Telhado” tem encantado o público. Como se deu a preparação para vivê-la?
Ada Chaseliov – A Yente já morava em mim. Quando criança, eu tinha uma tia muito querida e passava sempre as férias na casa dela em Teresópolis, e brincava com as suas netas, minhas primas, fazendo esse sotaque. Então quando eu li, perguntei ao Charles se podia colocar um sotaque e ela saiu...


Com quase 40 anos de carreira, como é a sua relação com aqueles que estão apenas começando?
Ada Chaseliov – A melhor possível! Nesse elenco do Violinista, as idades variavam de 6 a 80, e era uma união como nunca vi em elenco nenhum, sem demagogia.
Alegrias e vitórias, mas também tristezas e desilusões fazem parte da carreira artística. Como lida com isso?
Ada Chaseliov – Eu agora já aprendi, mas quando mais nova me angustiava muito. Não exatamente com desilusões, mas pra mim o pior dessa carreira é você nunca saber o que vai fazer depois dessa peça, depois dessa novela, depois desse filme, sempre o fantasma do desemprego.
Se pudesse hoje começar tudo novamente, tentaria mudar algo em sua carreira?
Ada Chaseliov – Com certeza! Não sei exatamente o que, mas seria muito estranho fazer tudo exatamente igual. Não tiraria nada, mas tentaria acrescentar outros projetos.
Quando volta à TV? Quais os seus projetos?
Ada Chaseliov – Em TV não adianta a gente ter projetos, eles é que tem que ter pra gente, rs. Adoraria voltar a TV. Estou emendando uma peça na outra, mas estou sentindo falta de voltar à telinha.
O “Posso Contar Contigo?” agradece a gentileza e deseja ainda mais sucesso!
Ada Chaseliov – Obrigada, foi um prazer fazer essa entrevista! 

Fotos: Portal Globo.com e Site MoelerBotelho
Vídeo: YouTube 

terça-feira, 27 de setembro de 2011

10 REPETENTES DO HORÁRIO DAS 17:45

Por Thiago Ribeiro

MALHAÇÃO está no ar há 16 anos, e apesar dos pesares (e olha que os pesares são muitos), continua fazendo sucesso, principalmente se levarmos em consideração as produções voltadas para o público jovem exibidos pelas emissoras concorrentes. Alguns acusam a atração de ser redundante em suas tramas e nos temas abordados. Mas convenhamos que seria muito difícil manter uma trama 16 anos no ar sem que houvesse alguma redundância. Redundância essa que vez ou outra ocorre também entre o elenco. Com tanto tempo no ar seria muito difícil que alguns atores não tivessem dado o ar da graça mais de uma vez na trama teen.

Na atual temporada, denominada Malhação Conectados, temos três exemplos de atores que já passaram pelas adjacências do Múltipla Escolha: Soraya Ravenle, que interpretou a divertida Alaíde Pimentel em 2007, volta a história interpretando Sandra. Já Juliana Lohmann, depois de uma produtiva passagem pela Record, está de volta as suas origens vivendo a personagem Débora, sendo que em 2001 ela interpretou a jovem Gabriela Pereira e em 2005 fez uma rápida participação como Ciça. Kadu Moliterno interpretou César Rodrigues, pai do protagonista Pedro (Henri Castelli) em 2002 e agora dá o ar da graça com o personagem Nelson.

Depois de notar essa curiosidade, resolvi fazer uma pequena lista com alguns dos atores que também, a exemplo de Soraya, Juliana e Kadu, estiveram por mais de uma vez no seriado global! VEM GENTE!

Java Mayam – 2001 Emerson / 2005-2007 João Garcia
Marjorie Estiano – 2003 Fabiana / 2004-2005 Natasha
Karla Nogueira – 1999 Bethânia / 2006-2008 Aurélia
Humberto Carrão – 2004 Diogo / 2009 Caio Lemgruber
Helder Agostini – 2000-2002 Fernandinho (FM) / 2009 Marcelo
Ariela Massoti – 2006 Clarinha / 2011 Raquel Bazin
Marco Antônio Gimenez – 2005-2006 Urubu / 2010 Flávio
Sidney Sampaio – 2001-2003 Daniel / 2008 Tony
Licurgo Spínola – 1999-2001 Vítor / 2006 Deodato / 2008 Félix Rios
Keli Freitas – 2004 Marcela / 2008 Luana

E do jeito que anda a coisa, caso Malhação fique no ar mais alguns anos, não se espante em ver muita gente que começou na trama teen voltar a dar as caras pelo Colégio Múltipla Escolha/Ernesto Ribeiro/Primeira Opção!

Até a próxima gente!


domingo, 25 de setembro de 2011

"Programação alternativa": o sucesso dos canais por assinatura.

Por Ana Paula Calixto
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Diante do marasmo, da repetição sem graça dos canais abertos, com pouca opção de variação na programação diária, os canais da "tv fechada" conquistam cada vez mais telespectadores. De olho nisso, óbvio, a Globo acertou na investida de 2, dos que considero, canais muito bons na oferta de entretenimento extra aos "de sempre" e sem graça programas da tv aberta: GNT e o Viva.

Como sou uma adepta da "programação alternativa", destaco aqui alguns dos meus programas favoritos desses 2 canais, a seguir.

GNT:

* Para os amantes da culinária, como eu (principalmente, os que AMAM mais comer que cozinhar, como eu!risos), Nigella, 5ª-feira às 18:00h, oferece um jeito simples, divertido e criativo de preparar pratos deliciosos e, digamos, corpulentos sem o menor pudor! Dá gosto de vê-la cozinhar pelo prazer nítido e a sinceridade de expressão que ela demonstra na preparação dos pratos. Só não posso afirmar que todos sejam simples, mas já experimentei alguns e, além da facilidade, ficaram deliciosos e puderam mudar um pouco a rotina do cardápio aqui de casa.

* Quem, hj em dia, não se liga em beleza?! Nossa aparência é nosso cartão-de-visita em todos os lugares que vamos. E isso fica explícito no seu dia-a-dia quando vc resolve investir um pouco mais na vestimenta. Mas, não só! Maquiagem e cabelo tb pedem trato, capricho! Para isso, Julia Petit, que já abalava o "tio"Youtube em seu canal com tutoriais de unhas/cabelos/maquiagem, arrasa com seu Base Aliada! Além do bom humor (minha gente, bom humor é a vida!), as dicas são fantásticas e, mais excepcional que isso, é ela conseguir passar toques ótimos em menos de 30min de programa! A única coisa que frustra de assistir o Base: o tempo extremamente curto! Ele vai ao ar todas as 2ª-feiras, às 23:00h.

* No quesito específico de moda, o GNT fecha geral com o internacional Fashion Television, que traz as últimas novidades do universo internacional da moda. Mas tb, não fica atrás o Gnt Fashion, com Lilian Pacce (uma elegância só!), que apresenta as últimas tendências fashions do Brasil e a influência da moda internacional na terrinha. E para completar o time, Vamos Combinar que Mariana Weickert dá show nas dicas de moda e, vale salientar: para meninas e meninos, tb!

Bom, gente... do GNT são esses os meus destaques. Mas, outro canal que me cativa bastante é o Viva - caçula da Globo, mas que já arrecada uma boa audiência. E em sua programação, o foco principal parece ser as reprises de novelas e séries de sucesso na Globo. Já reprisou a maravilhosa "Vale Tudo", a qual pode ser vista por um público mais jovem que se fascinou pela trama e, de quebra, pelo canal. Agora segue com "Roque Santeiro", outro marco da teledramaturgia brasileira. Além disso, exibe em horários diversos sucessos consagrados como: "Viva o Gordo", "Escolinha do Professor Raimundo", "Armação Ilimitada", "TV Pirata", "Casseta e Planeta" (matando as saudades do saudoso Bussunda) dentre outros. Ainda oferece reprise de filmes mais antigos e de alguns programas que eu me acaaaaaaaabo de rir e ainda aprendo um bocado: "Falando de Sexo com Sue Johason" e "Na Mira da Moda" com Myleen Klass.

Bem, para quem desejar conhecer a programação de ambos os canais, os sites estão linkados ao longo do texto. Prefiri, inclusive, nem postar imagens para incitar a curiosidade das "senhoras" e dos "senhores" leitores. risos... Divirtam-se na navegação e, quem sabe, reflitam sobre a dica de alternativa televisiva elegendo tb os seus programas favoritos! Pois, os canais oferecem muitas e muitas outras opções. #ficaadica


Beijos e até a próxima.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Um Sofisticado, Encantador e Fabuloso Cordel

Por Emerson Felipe

Ultimamente, fala-se em crise e desgaste do gênero telenovela, haja vista a constante repetição dos enredos e a linha decrescente de audiência. Dentro deste quadro, uma curiosa novela das seis horas conseguiu sobressair, conquistando público e crítica com sua inusitada proposta: Cordel Encantado, de Duca Rachid e Thelma Guedes.

A faixa supracitada, caracterizada por novelas com temática mais leve e romântica, é aquela que vem apresentando uma maior estabilidade em termos de audiência ultimamente: desde Paraíso, de 2009, as novelas do horário alcançam números de audiência dentro dos padrões exigidos pela emissora . E Cordel Encantado, ao encantar o público e a crítica especializada em cheio, veio a coroar essa frutífera fase.

As autoras criaram uma inusitada história de contos de fadas que se desenrolou no sertão brasileiro, mais especificamente na fictícia cidade de Brogodó, em que Açucena (Bianca Bin), uma princesa do (também fictício) reino europeu de Seráfia, chega ainda bebê ao Brasil, cresce sem saber de sua real origem, e vive uma história de amor com o sertanejo Jesuíno, o qual também desconhece suas raízes – seu pai, Herculano (Domingos Montagner), é um temido cangaceiro.

A direção mergulhou de cabeça no universo fantasioso imaginado por Thelma e Duca, traduzindo em vistosas imagens esse conto de fadas. A estética cinematográfica foi uma atração à parte: a filmagem em 24 quadros por segundo e o contraste de luzes e cores - aliados a belos planos e figurinos vistosos-  conferiram cenas de puro deleite em Cordel Encantado. Uma cena, em especial, emocionou: os cangaceiros recusam-se a entregar o corpo do jovem Cícero (Miguel Rômulo) aos pais, a fim de lhe dar um enterro segundo os costumes do cangaço; a câmera posicionada, na carroça em movimento, filma os passos da mãe em busca do corpo do filho - a imagem do desespero da mãe toma conta da tela.



Além da minuciosa direção, cabe mencionar o excelente trabalho do elenco de Cordel Encantado, de onde se extraíram grandes interpretações, tanto dos atores consagrados como das revelações. Zezé Polessa e Marcos Caruso estiveram perfeitos como o cômico e caricato casal Ternurinha e Patácio (impagável o momento em que a primeira-dama tenta se proteger de um tiroteio enrolando-se num tapete!); Osmar Prado fez o público rir com o seu “peruquento” delegado Batoré, e também se sensibilizar com o amor sincero e não correspondido que sentia pela doce e sofrida Antônia (Luiza Valdetaro). Débora Bloch construiu muito bem a perigosa vilã Úrsula, uma verdadeira feiticeira de contos de fada, manipuladora de venenos, poções, soníferos e até soro da verdade, tão cruel a ponto de trancafiar o esposo Petrus (Felipe Camargo) numa máscara de ferro.



Os protagonistas Cauã Reymond e Bianca Bin, de uma maneira geral, não comprometeram como os mocinhos apaixonados da história, apesar de um ou outro equívoco na interpretação. Nathália Dill mais uma vez mostrou desenvoltura como a contida, corajosa e íntegra advogada Doralice, numa interpretação discreta e elegante, mostrando química tanto com Cauã como Jayme Matarazzo (cujo personagem, Príncipe Felipe, conquistou o seu amor, ao fim da novela). Quanto a este ator, notável a evolução de sua interpretação, superior ao trabalho feito em Escrito nas Estrelas.


 

Dos coadjuvantes, merecem menção Luiza Valdetaro (convenceu como a sofredora e romântica Antônia); Ana Cecília Costa (emocionante como Virtuosa, a mãe de Açucena e Cícero); Enrique Diaz (em ótima parceira com Ana Cecília Costa, como o íntegro sertanejo rústico Euzébio); Lucy Ramos (encantadora como a humilde empregada Maria Cesária, que conquista o coração do Rei Augusto); Luana Martau (que foi do cômico ao dramático com sua Princesa Carlota); Felipe Camargo (o sofrido e desmemoriado Duque Petrus, aprisionado numa máscara de ferro pela ardilosa esposa Úrsula); Mouhamed Harfouch (o divertido libanês, sempre confundido com turco, que se relacionava simultaneamente com três mulheres); Andréia Horta (deslumbrante, perfeita como a típica nordestina Bartira); Miguel Rômulo (numa incrível desenvoltura como o jovem Cícero, ávido por ingressar no cangaço); Tuca Andrada (o traiçoeiro cangaceiro Zóio Furado), Matheus Nachtergaele (embora seu personagem tenha tornado-se cansativo no decorrer da novela, é inegável o ótimo desempenho como o místico Profeta Miguézim) e Ilva Niño (simplesmente magnífica como a forte e amorosa cangaceira, matriarca do bando do filho Herculano).



Ao lado dos consagrados, diversas revelações abrilhantaram Cordel Encantado: Domingos Montagner (grande presença em sua estreia em novelas como o temido Capitão Herculano, o Rei do Cangaço), João Miguel (perfeito como o vaidoso cangaceiro Bel, fiel ao seu chefe, chamando a atenção por seus versáteis disfarces e em ótima química com Paula Burlamaqui) e Flávia Rubim (numa ótima composição como a empregada Filó). Também deve se frisar o maravilhoso trabalho do núcleo infantil, especialmente o menino João Fernandes, muito talentoso e que demonstrou bastante naturalidade em cena, conquistando a todos com o seu esperto Nildinho (Eronildes).


Mas, como toda bela rosa tem seus pontiagudos espinhos, Cordel Encantado padeceu de alguns erros e inconsistências que, por vezes, chegaram a comprometer o seu andamento. Em dado momento, as autoras não conseguiam mais dar novos rumos à história, que estagnou num tremendo círculo vicioso, em que as vilanias desnecessárias de Timóteo Cabral imperavam e a trama envolvendo este, Jesuíno e Açucena voltava à estaca zero. Diariamente, um jogo de gato e rato entre o mocinho e o vilão era empurrado ao público: um arquitetava uma armadilha e prendia o outro que, por sua vez, conseguia se libertar e aprisionava o rival; Açucena era capturada por Timóteo e Jesuíno a salvava - e posteriormente, raptada mais uma vez, reiniciando o ciclo. Todos os esforços do roteiro se voltavam para esses únicos e repetitivos ganchos, enquanto os demais núcleos, que poderiam oferecer ótimas passagens, eram sumariamente ignorados.


Não é  a primeira vez que essa perda de fôlego acontece em novelas de Thelma e Duca: seu trabalho anterior, Cama de Gato, primou por uma narrativa ágil repleta de acontecimentos encadeados, sendo que sua reta final foi o oposto de tudo aquilo que criaram ao longo de meses, terminando de forma melancólica e enfadonha. A talentosa e promissora precisa direcionar melhor os acontecimentos da trama e melhor distribuí-los ao longo dos capítulos, bem como enfatizar as tramas paralelas e os personagens secundários (pouco explorados em Cordel Encantado em razão da concentração num núcleo central repetitivo e com pouco história a contar).

A intepretação de Bruno Gagliasso como o enlouquecido vilão Timóteo Cabral revelou-se completamente equivocada: as já características – e cansativas - caras e bocas do ator, conhecidas de trabalhos anteriores, engessaram o personagem num tom desnecessariamente over e discrepante. A escalação de Luis Fernando Guimarães como o mordomo Nicolau também deixou a desejar: o ator esteve absolutamente destoante da proposta da novela e nem um pouco à vontade em cena. Os rumos dados ao personagem Herculano também não foram dos melhores: à certa altura, o temido cangaceiro era constantemente enganado pelo vilão Timóteo e tornou-se um simples joguete nas mãos da Duquesa Úrsula. Além disso, a  inclusão de um núcleo de cinema na reta final só contribuiu para emperrar ainda mais o seu desenvolvimento, decretando a barriga de Cordel Encantado.

Cena final: numa feira do Rio de Janeiro, um casal chamado Jesuíno e Açucena se identifica com uma história de cordel ali contada, cujos protagonistas tinham os mesmos nomes (a novela foi um cordel encantado, literalmente)!

Tais aspectos negativos, felizmente, não foram desabonadores o suficiente contra a novela como um todo: o ineditismo e a ousadia do texto, a direção cinematográfica e o envolvimento do elenco fizeram de Cordel Encantado uma das melhores novelas dos últimos tempos. Uma primorosa história de cordel, com várias referências a clássicos da literatura infantil, que articulou com maestria duas temáticas distintas: a sofisticação de um reino europeu e a beleza rústica do sertão brasileiro. Cordel Encantado já é o clássico conto de fadas da nossa TV.










quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Lembra daquela música? Aquela, que era tema daquela personagem... naquela novela?

Por Júnior Bueno

Se tem uma coisa que me encanta mais que novela boa, é novela boa com trilha sonora boa. Músicas que ao primeiro acorde, nos transportam como num passe de mágica para aquela cena, que passou naquele ano, que eu tinha tal idade e vivia tal situação... Viram? A música certa, na hora certa e qualquer boa história vira inesquecível. Aqui vai uma playlist dos meus temas de novela preferidos (Não é uma lista de dez, como de costume, porque nesse tema, eu NÃO consigo escolher um e excluir outro)


Lado A (Dá o play pra ouvir a trilha)


  1. Brasil - Gal Costa - Claro que Vale Tudo  tinha que abrir a lista né? Também pudera, nunca um tema combinou tão bem não só com a novela mas com toda a situação econômica e política que o país vivia. E o Brasil engolia aquele "mostra tua cara" em seco.
  2. Pecado Capital - Paulinho da Viola - A primeira versão de Pecado Capital eu não tinha ne nascido e a segunda melhor esquecer, mas pra que viver nos anos 70 se tem Youtube e site Teledramaturgia aí para manter a gente informado, não é? Gravação feita de última hora, mas, perfeita como tudo que Paulinho faz.
  3. Coração pirata - Roupa Nova - A música que embalava as desventuras de Regina Duarte, a Rainha da sucata do título, pode até ser meio cafona (e é, e confesso), mas eu simplesmente não resisto àquele refrão em falsete. Canto junto toda vez que ouço.
  4. Fera Ferida - Maria Bethânia - Reza a lenda que a novela iria se chamar Nova Califórnia (conto de Lima Barreto que serviu de base para a trama), mas ao ouvir a gravação de Bethânia para a música do Roberto Carlos, que casava tão bem com o enredo da novela, a direção bateu o martelo e a novela foi batizada: Fera Ferida.
  5. Entre a serpente e a estrela - Zé Ramalho - O arranjo de gaita e acordeon, cortado pela voz rascante de Zé Ramalho, "há um brilho faca, onde o amor vier..." me transporta imediatamente pra praça principal de Resplendor, de Pedra sobre pedra no meio da guerra de amor e ódio dos Pontes e dos Batistas (qualquer dia eu falo sobre essa novela aqui). Fico até arrepiado.
  6. Nem um dia - Djavan - 19997. Eu amava o Djavan. Eu amava Por amor. Eu odiava a Eduarda, chatinha interpretada pela Gabriela Duarte. Então eu vivia um conflito: a Eduarda entrava no ar, eu chiava, tocava o tema dela, eu ficava maravilhado.
  7. Per amore - Zizi Possi - Aproveitando a vibe Helena-da-Regina-Duarte, o grande clássico dos karaokês desde Por amor. A novela se apresentava ao público com cenas incríveis de Veneza e a voz de Zizi soava tão bem italiano que a gente viajava junto. E cantava junto também: Peeeeeeeer amoooooooooreeeeeeee...
  8. Catedral - Zélia Duncan - Essa linda música pegou o começo da minha adolescência, em 1995 e além de acompanhar avidamente o mistério da trama de A próxima vítima, eu era apaixonado pela Irene, da linda da Viviane Pasmanter. E aí surgiu a Zélia, cantando aquela música linda, que eu tratei de gravar numa fita e ouvir até enjoar. Mentira, eu nunca enjoei
  9. Retratos e canções - Sandra de Sá (na época era Sandra Sá, lembra?) - Eu era muito, mas muito criança quando essa música tocava no rádio, mas eu sempre me lembro de ouvir minha mãe dizer: "É a música da Zezinha!" toda vez que a Sandra (ex-Sá e atual de Sá) começava a cantar. E toda vez que ela cantava "lembranças de nós dois" eu SEMPRE respondia "retratos e cançõ-ões".
  10.  Easy (Like Sundaymorning) Commodores - Esta é a minha mais recente paixão. Quando anunciaram que no remake de O astro teria a mesma música para o casal principal, torci o nariz. Mas não resisti nem à primeira cena de amor entre a Carolina Ferraz e o Rodrigo Lombardi para já estar cantando junto. Eu não resisto a um mela-cueca.
Lado B


  1. Dancin days - As Frenéticas - "Abra suas asas, solte suas feras..." As frenéticas são o YMCA brasileiro e a música-tema de Dancin' Days é a cara do desbunde da década de 70. Não tem quem fique parado.
  2. Rock n'roll lullaby - BJ Tomas - Pensou em casal de novela, pensou em Simone e Cristiano de Selva de Pedra; e pensou em Selva de Pedra pensou nessa música-ícone da novela. O curioso é que a canção fala sobre uma mãe e seu filho, nada a ver com romance.
  3. Dona - Roupa Nova - De novo Roupa Nova e de novo Regina Duarte. Fazer o que se a música é a cara da Porcina, a desvairada de Roque Santeiro? Eu adoro a parte do "tã-tã-tã, bate na porta, não precisa ver quem é, pra sentir a impaciência do teu pulso de mulher."
  4. O amor e o poder - Rosana - Mandala começou com Vera Fischer fazendo tragédia grega em horário nobre. Mas depois que a voz de Rosana cantou o primeiro "Como uma deusaaaa...", a novela já não foi mais a mesma e toda uma geração de drags ganhou um clássico pra performar.
  5. Luisa - Tom Jobim - Reza a lenda que Tom Jobim não gostou de ver a personagem homônima, de Vera Fischer com os cabelos curtinhos. É que na música de abertura de Brilhante, o maestro cantava as belezas dos cabelos da moça... Ainda bem que a música ficou eterna e o corte (pavoroso, diga-se) foi esquecido, né?
  6. Ainda Lembro - Marisa Monte e Ed Motta - Uma das músicas mais lindas da minha cantora favorita embalou o romance entre a Maria e o Ricardo de Deus nos acuda. E parece que a música deu sorte: foi nos bastidores que a Cláudia Raia e o Edson Celulari começaram a se engraçar.
  7. Nuvem de lágrimas - Fafá de Belém e Chitãozinho e Xororó - É cafona? Muito! Mas eu adoro essa música, esse amor desbragado, o casal João e Clara (adoro toda a novela Barriga de aluguel, aliás). Eu curto Nuvem de lágrimas, só deus pode me julgar!
  8. Codinome beija flor - Luis Melodia - O casalzinho Taís e Beija Flor roubava todas as cenas em O dono do mundo. Pudera, além da química entre Letícia Sabatella e Ângelo Antônio, o tema dos fofos era uma regravação da música do Cazuza feita especialmente para a novela. Luis melodia arrasou na homenagem ao cantor, morto um ano antes.
  9. Meu mundo e nada mais - Guilherme Arantes - O tema de Rodrigo nas duas versões de Anjo Mau é a melhor faixa das duas trilhas na minha opinião. Todo mundo tem uma fase de querer se isolar, ficar no escuro de seu quarto, com seu mundo e nada mais.
  10. Á francesa - Marina Lima - Top Model é a novela mais lembrada por quem foi criança ou adolescente no final dos 80. E a música de Marina Lima (que na época era só Marina) embalava as aventuras da linda da Duda, musa da garotada, da linda da Malu Mader.

PS.: Não teve muitas internacionais porque eu gosto mais das nacionais, e só.

PS do PS: É lógico que faltaram músicas obrigatórias  em qualquer lista do gênero, mas é aí que vocês entram. Sejam lindos e escrevam nos comentários aquela música daquela novela que fez parte da sua vida.  Meu próximo texto será uma seleção com as favoritas de vocês. Então nada de acanhamento, esse blog é de vocês. Caprichem que vai ter dedicatória das musiquinhas!

Beijos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A falta que o teleteatro faz

Por FÁBIO COSTA

Atualmente, contando as reprises e as produções estrangeiras exibidas dubladas, e desconsiderando canais pagos como o Viva, temos em exibição quatorze telenovelas, sem contar a “novelinha” Malhação. Deixando-as de lado e sem contar minisséries e séries, sinto particularmente falta de programas de um gênero que infelizmente foi deixado de lado: o unitário, em suas variadas vertentes.
Unitário nada mais é que, sem que seja integrante de uma série em que os episódios, embora fechados, retomem os mesmos personagens toda semana, traz uma história que se desenvolve e se conclui num único programa, geralmente de uma hora de duração. São exemplos disso os “especiais” produzidos pela Rede Globo nos fins de ano (geralmente como programas-piloto dos projetos pensados para a grade do ano seguinte) e os “casos especiais” exibidos com esta e outras denominações desde a década de 1970.
Atento principalmente para a falta, por razões nas quais pensaremos a seguir, de uma vertente de teledramaturgia em especial: o teleteatro, pai do formato unitário, nascido com a própria TV no Brasil, na Tupi, com programas como TV de Vanguarda e Grande Teatro Tupi, na década de 1950. O teleteatro, que reinou absoluto antes da era da telenovela, tendo inclusive convivido com esta por algum tempo até sucumbir completamente, era não só uma vitrine das grandes obras da literatura e do teatro universais ou do melhor elenco disponível, mas principalmente um exercício ímpar de dramaturgia para atores, diretores, produtores, técnicos e, acima de tudo, para os telespectadores.
O teleteatro, de grande força nas décadas de 1950 e 1960, viu seu público habituar-se às telenovelas e aos enlatados norte-americanos e já na década de 1970 transformou-se, em iniciativas como o já citado Caso Especial e o programa Teatro 2, na TV Cultura, uma iniciativa de Nydia Lícia. Depois de anos em busca de uma linguagem para a televisão, sem que se vivesse apenas de copiar o cinema e/ou aproveitar as fórmulas consagradas pelo rádio e também, conforme depoimentos de pioneiros do teleteatro como Walter George Durst, graças a certo esgotamento do gênero junto ao público, depois de quase duas décadas, os especiais globais e as produções da Cultura mantinham o estilo em voga, embora sem o sucesso de outrora.
Lima Duarte em Corpo Fechado, da série Teatro 2.
O Teatro 2, do qual alguns programas foram reprisados em certas ocasiões pela emissora – como Vestido de Noiva (Nelson Rodrigues), Crime e Castigo (Fiodor Dostoievski), Réveillon (Flávio Márcio), A Ceia dos Cardeais (Júlio Dantas) e Corpo Fechado (Guimarães Rosa), entre outros –, foi um verdadeiro laboratório de criação para diretores como Adhemar Guerra e Antunes Filho, com verdadeiros híbridos de teatro e televisão como resultado. Caso Especial, por sua vez, foi um programa que teve seu auge na década de 1970 e que, ao longo dos anos, com a denominação modificada para Brasil Especial ou, mais recentemente, Brava Gente, manteve na televisão brasileira a tradição, por assim dizer, dos unitários que, convém lembrar, são deixados de lado pelas emissoras muito também por custarem caro, e o investimento isolado em cada história ser muito alto, em especial se comparado com os custos das telenovelas, que se diluem no decorrer dos meses de produção.
O próprio Você Decide, da década de 1990, apesar de seu caráter interativo, já que nele o público decidia o final das histórias entre duas ou mais opções disponíveis, não deixa de ser também um filho dileto do teleteatro, com sua característica básica de contar o começo, o meio e o fim de uma história numa mesma apresentação. Tal como os teleteatros clássicos, também esgotou-se com o passar dos anos.
Além de esgotamento junto ao público (conclusão a que se chegou já na década de 1970), da carestia da produção e da hegemonia da novela na teledramaturgia, que outros fatores impediriam a presença de um TV de Vanguarda, um Teatro Cacilda Becker ou coisa parecida na televisão hoje em dia? Não muito tempo atrás a TV Cultura, sempre ela, exibiu o ciclo Senta que Lá Vem Comédia, em que a cada semana eram exibidas peças que iam desde Toda Donzela Tem um Pai que É uma Fera (Gláucio Gil) até Os Ossos do Barão (Jorge Andrade). Outro ciclo especial, Direções, em suas três edições, propôs novas formas de se fazer dramaturgia em TV, algo próximo do teleteatro, guardadas as devidas, inclusive com diretores como André Garolli, de experiência nos palcos e nos estúdios, e Rodolfo Garcia Vázquez, d’Os Satyros.
Claro que atualmente não é estritamente necessário, como o era para o “seleto e culto” público de TV dos anos 50, televisionar peças simplesmente ou trazer as melhores companhias teatrais para apresentações nos estúdios. No entanto, o unitário, ainda que de maneira eventual, dosada, serve para aliviar o público das histórias parceladas que se arrastam por meses e meses. Gosto muito de telenovelas, mas boas histórias parceladas podem conviver sem maiores problemas, penso, com outras tão boas quanto que se fechem numa apresentação só.
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