domingo, 31 de julho de 2011

"NEM TÃO NOBRE ASSIM..."

Confesso que não sei definir ao certo de onde e como surgiu a expressão “horário nobre". Muito se fala que vem do fato de se tratar de um horário em que a maior parte das pessoas já está em casa, atingindo assim um publico maior. Outros dizem que é por reunir os melhores autores bem como elenco e direção. Ainda há a corrente que diz que é “veramente” nobre, pois o custo da publicidade nessa faixa é avassalador...

Mas, não deveria ser nobre por ter tramas envolventes, que realmente nos prendem e absorvem? – Juro que pensava assim. Ao menos gostaria que assim fosse.


Já faz tempo, eu estava pensando sobre a qualidade das tramas do suposto “Horário Nobre”. Honestamente, não vejo nada de nobre em “Insensato Coração”, assim como também não vi em “Passione”, “Viver a Vida" e etc... Sei lá, pode ser impressão minha, mas acho que as melhores tramas nesses últimos anos passaram longe das 21 h.

Não sinto nenhum tesão nas tramas desse horário. Não sei se fiquei muito exigente ou se de fato a qualidade caiu, mas as novelas que mais gostei nos últimos anos não foram ao ar às 21 hs. Acho que os autores se perderam, sei lá. Algo mudou. Talvez seja a hora de se repensar essa coisa pesada que é uma novela das 9... De repente colocar algo mais leve, que faça o povo sorrir, personagens mais envolventes, com quem a gente se identifique. Faz tempo que não consigo torcer por um casal do horário. Acho que a ultima vez foi em “Caminho das Índias”. É tão bom esperar o dia passar para chegar em casa e jantar aguardando aquela cena tão esperada, ou então simplesmente se distrair com algo de real qualidade, mas tá difícil...


Não consigo classificar essas tramas como nobres. Nobre para mim é “Cordel Encantado”, uma novela deliciosa, fora do eixo RJ-SP, um conto de fadas misturado com o sertão brasileiro, que tinha tudo para cair no ridículo, mas que deu absolutamente certo. É encantador.  Tão nobre quanto foi “Ti ti ti”, a meu ver o melhor remake já realizado, unindo duas novelas de um mesmo autor, numa versão atualizada pelas mãos de sua pupila, a sempre competente Maria Adelaide Amaral.


Não sei se é saudosismo barato, mas sinto falta de ver nesse horário novelas que realmente me prendam, que dê vontade de acompanhar. Aquela coisa de se atrasar, mas sair de casa antes da novela terminar, jamais!!! – Chegar em casa correndo ligar a TV e suspirar pensando: 
“ - Deu tempo... rsrs!” - enfim, quero ver no horário nobre uma obra instigante, charmosa, leve e gostosa como “Ti ti ti” ou uma delirante e cativante invenção, como “Cordel Encantado”.

Porém como Deus é pai e Janete Clair soberana, eis que volto a me apaixonar por algo que apresentado depois das 20h. Surge “O Astro” e tudo se ilumina. Um casal protagonista lindo, exalando paixão, tesão e uma química fatal. Tudo isso embalado ao som de “Easy” que grudou nos meus ouvidos e já figura em meu player. Alia-se a isso grandes atores sob uma direção coesa, dando vida à tramas muito bem contadas, um texto formidável, uma trilha sonora espetacular!


Eu tô apaixonado, tô dormindo tarde e não tô nem ligando se vou me atrasar!!!

É disso que falei nos parágrafos acima. É disso que sinto falta às 21 h

Mais uma vez volto a sentir esse frisson. Curiosamente, trata-se de mais um remake.
 Será esta a solução: recriar, refazer uma boa novela, colocando-a nos dias atuais, mas sem perder a essência que a fez ser sucesso? 
– Não sei.

Será essa a solução do horário nobre? 
– Também não sei

Só sei que dentre os melhores folhetins que assisti nos últimos anos, os remakes figuram fácil, fácil e “O Astro” acaba de entrar nessa lista!

Desejo que tenham gostado, é meu primeiro post  e espero que muitos estejam por vir!!!

BjÔ!!!

terça-feira, 26 de julho de 2011

MORDE & ASSOPRA - Mistérios da audiência


 


O meu primeiro post no blog POSSO CONTAR CONTIGO é sobre a vitamina que tomou conta do horário das sete na Rede Globo de Televisão. O post de hoje é sobre a novela MORDE & ASSOPRA (ainda que eu ache que o título COPIA & COLA fosse mais apropriado).

Sempre admirei Walcyr Carrasco e ainda admiro seu trabalho como escritor. Só que ultimamente seus trabalhos na tv têm deixado muito a desejar. Se em Caras e Bocas ele conseguiu audiência cativa à custa de muita comédia pastelão, em Morde & Assopra ele se superou ao aplicar um CTRL C + CTRL V de seus trabalhos anteriores. Ainda que Morde & Assopra tenha uma idéia boa, o excesso de reaproveitamento de tramas não ajuda na qualidade artística da coisa.


Logo de cara no casal protagonista somos apresentados a Adriana Esteves e Marcos Pasquim com vestígios de Catarina Batista e Julião Petrucchio, interpretados por Adriana Esteves e Eduardo Moscovis em O Cravo e a Rosa, de autoria de Walcyr. Acusam Adriana de estar se repetindo, mas eu acredito que acontece com ela o mesmo mal que ocorre a Elizabeth Savalla: nas mãos de Walcyr, o personagem pode ser extremamente diferente um do outro fisicamente, mas o texto é exatamente o mesmo. Por isso não acredito que o problema esteja em Adriana. Já Pasquim para mim é um caso perdido. Limitado até dizer chega, é irritante assistir suas cenas com quem quer que seja, já que sua interpretação limitada, aliada a um sotaque caipira insuportável torna cada cena sua uma tortura chinesa.


Voltando a Savalla, acho que é um caso que se tem solução, já que Elizabeth é uma atriz competente. Só acho que deveria ser mais bem aproveitada por outros autores da Globo. Imagino como seria produtivo vê-la interpretando um personagem de Manoel Carlos, por exemplo, ou uma alpinista social de Gilberto Braga, enfim, sair dessa zona de conforto na qual ela se encontra agora.

A quantidade de atores no elenco da novela é uma coisa que chama atenção. Muitos atores e poucas histórias boas, o que acaba criando uma confusão enorme em quem assiste. Falta a Walcyr talvez, a habilidade de Maria Adelaide Amaral ,por exemplo, em lidar com elencos grandiosos, vide a experiência de MAA com suas históricas minisséries.


Bom, voltando ao quesito interpretações, gosto da trama conduzida por Mateus Solano (um pouco de dignidade na novela, finalmente). Mateus é um ator correto que conduz seu núcleo muito bem. Flávia Alessandra também está correta como a dúbia Naomi, e sua Naomi robô também merece parabéns. A atriz fez um bom trabalho de composição. Fico sem saber para quem torcer: Naomi gente ou Naomi robô!

Um destaque irritante que faço, é a repetição de personagens. Aquele que se veste de mulher para escapar de alguma enrascada. Não, não mudei de novela. Não estou falando do personagem de Marcelo Médici em Sete Pecados, nem do Fabiano (Fábio Lago) de Caras & Bocas. Isso sem contar Bernardo (Kayky Brito), o menino criado como Bernadete em Chocolate com Pimenta. O personagem original da vez é o Élcio, interpretado por Otaviano Costa, que se transforma em Elaine, para fugir das ex mulheres.


Algumas performances que merecem parabéns:

Vanessa Giácomo, Bárbara Paz, Marina Ruy Barbosa, Caio Blat, Narjara Turetta, Paulo Vilhena, André Gonçalves, Suzy Rego, Carol Castro e Jandira Martini. Acho um desperdício, porém a falta de trama para um ator do calibre de Paulo José. É preciso rever isso Walcyr.

Não posso deixar de citar o desempenho de Cássia Kis Magro, como a doceira Dulce. Realmente mais um grande trabalho dessa grande atriz que é Cássia Kis. Cássia é um monstro em cena, e engole o parceiro Kleber Toledo, expressivo como um boneco de plástico.

Entre mortos e feridos, salvam se poucos. E uma pergunta que não quer calar: mesmo com uma história irregular por que a novela continua mantendo os índices altos para o horário? O que há de errado? Como diria dona Milú, de Tieta: Mistééério!

Até a próxima pessoal!


quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Astro - Um acerto da Globo!!!

Por Isaac Santos

Os primeiros capítulos de O Astro têm sido assunto obrigatório em todas as Colunas de Televisão, e o mesmo ocorre na maioria dos blogs. Em suma, a opinião compartilhada por todos é de que a versão em 60 capítulos, exibida pela TV Globo, tem todos os elementos para marcar a história da teledramaturgia brasileira, como um sucesso, embora alguns observem pontos a serem corrigidos. 
Quem assistiu a 1ª versão da saudosa autora Janete Clair e esperava que a atual fosse uma mera cópia, tem a opção de usar o controle remoto. Mas sem dúvida a melhor escolha é feita por aqueles que se deixam envolver pela magia de O Astro, agora contada por Alcides Nogueira, Geraldo Carneiro, Vitor Oliveira e Tarcisio Lara Puaiti. Profissionais talentosos e que só acrescentam à trama, sob um olhar mais atual, sem contudo perder o foco da base "janetiana".
É importante ressaltar que a postura depreciativa por parte de alguns resistentes ao "novo", é absolutamente previsível, e a tendência é que até mesmo estes, sejam conquistados ao longo novela. Falam de uma Regina Duarte caricata, exagerada, pois eu sou tão fã da veterana atriz, que mesmo em trabalhos seus, não tão felizes, sinto-me incapaz de desmerecê-la, prefiro omitir opinião. Mas nem preciso fazê-lo agora. O que vejo é uma grande atriz em cena, num papel de merecido destaque, como há muito se reclamava. Se a composição está acima do ideal, a ela dou o direito de se corrigir ou de compor a sua personagem de acordo a sua experiência incontestável. A Clô Hayalla da Dona Regina, certamente ainda nos surpreenderá a todos.



Faltou conflito entre Salomão e o seu filho, Márcio Hayalla, nos primeiros capítulos? Está "correta" a pronúncia "Raiala"? Há um abuso nas cenas de nudez? Não surtiu o efeito "desejado" a cena em que o Márcio se despiu na frente dos convidados de uma festa?! O ritmo das cenas iniciais foi muito alucinante, poderiam ter explorado melhor algumas tramas?! São alguns dos questionamentos pertinentes aos que assistem como um exercício de análise de roteiros, enfim, nada que influencie negativamente no desempenho da trama junto ao público. Mas que os seus autores certamente, respeitam e não ignoram. Outros assistem pelo simples prazer de estarem diante de um belíssimo produto da teledramaturgia nacional, numa postura menos rigorosa.



O meu protesto é para que a Globo reveja a sua programação das quartas-feiras, pois é péssimo para quem não se interessa por futebol, ter que esperar por quase duas horas de transmissão esportiva, se quiser assistir a um capítulo curtíssimo.
Os teasers de O Astro diziam #Será? pois bem, passados os primeiros capítulos, uma resposta vem a calhar: O ASTRO, a novela foi em 1977 e está sendo novamente UM SUCESSO! Meus parabéns em especial ao amigo Vitor Oliveira... Sugiro que guardem bem esse nome!!! 


Vitor Oliveira, Roteirista Colaborador 

domingo, 17 de julho de 2011

Amor & Revolução... e Censura?

abertura da novela


Por Isaac Santos

"Amor e Revolução" estreou como a grande aposta da teledramaturgia do SBT em 2011. Passada toda essa expectativa, eis que a cúpula da emissora, entenda-se o seu dono, Silvio Santos, tem “orientado” o autor a promover mudanças na trama, devido a baixa audiência. Nada de anormal, pois fosse em qualquer outra empresa, a postura seria a mesma. No entanto há que se observar o modo como isto se dá, pois é inadmissível que um autor tenha que começar uma "nova novela" dentro da já existente, demonstrando falta de respeito com o seu público fiel. Penso que o Departamento de Teledramaturgia deva existir também por isso, é de sua responsabilidade analisar as possibilidades ou não, das sinopses apresentadas e somente depois disso, considerando os riscos é que se pode por uma novela ao ar. Ajustes que proporcionem uma melhor adequação ao público, aos críticos, enfim, estando a novela em exibição, devem ser os mínimos e necessários possíveis, ou seja, não podem ser tão bruscos, grosseiros, ao ponto de perder-se o rumo da história. Óbvio, que há exceções, como quando um autor é substituído por outro numa situação inevitável. A própria Janete Clair, um monstro sagrado da teledramaturgia, se utilizou deste artifício ao receber a incumbência de alterar a trama da telenovela Anastácia, a Mulher sem Destino, da Rede Globo, para reduzir drasticamente as despesas de produção. Ela então inseriu na história um terremoto que matou mais da metade dos personagens. Mas isso foi em 1967, há 44 anos, hoje seria de uma irresponsabilidade sem tamanho, iniciar uma produção e testá-la no ar. Os riscos admitidos pelas emissoras num mercado de altíssima concorrência, são mínimos.
Tiago Santiago, autor de Amor e Revolução

Assisti alguns capítulos iniciais de A&R por curiosidade e pra prestigiar, mas pela falta de identificação com o didatismo exagerado e tão característico do Tiago Santiago (aqui não contesto o talento e criatividade do autor, e sim o seu estilo), beirando o ridículo as cenas de determinados atores, optei por não continuar a vê-la, no entanto a torcida pelo sucesso da trama, de minha parte sempre existiu, pois todos ganhamos com a abertura de mercado e também em respeito aos profissionais que deste projeto participam, como a exemplo da querida Renata Dias Gomes, colaboradora do autor.
A trilha sonora da novela, e a reprodução de época são boas, merecem o reconhecimento, o elenco de atores experientes se esforça, com exceção de alguns canastrões comuns a todas as produções de novelas. Então, Por mais que Amor e Revolução não esteja atingindo as expectativas do SBT, o que é absolutamente relativo e naturalmente contestável, é revoltante o Tiago Santiago ser exposto a tanto constrangimento (obviamente, negado em público, por ele). 

um dos depoimentos mais emocionantes da novela 

Hoje li algo sobre a extinção dos depoimentos ao final da novela (curiosamente, o ponto alto “dos capítulos”, cheguei a me emocionar em alguns), sob a “justificativa” de que não há relatos favoráveis aos militares, somente contrários a estes. Mas ora, se não querem falar e convenhamos, nem há o que dizer, não é culpa da produção, o convite foi franqueado a todos. O Tiago pecou sim em alguns pontos estruturais da novela, inclusive nas cenas fakes de tortura, e por querer polemizar demais a novela, fugindo da proposta central e original, mas censurá-lo não o ajudará em nada. Não é assim que o departamento de telenovelas do SBT se consolidará. Torço para que ao menos, consigam na reta final, melhores resultados e que em sua próxima novela seja mais feliz.
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