sábado, 10 de setembro de 2011

O "Sucesso" de O Clone nas tardes da Globo

O amigo Emerson Felipe foi feliz em sua primeira postagem como convidado deste blog, tanto que pedimos bis e ele gentilmente, topou. Tá valendo, querido! Acompanhem uma análise sobre a reprise de O Clone no Vale a Pena Ver de Novo:


Um grande sucesso nas noites dos anos 2000... e mediana repercussão nas tardes de 2011


O Clone é uma das novelas mais famosas e festejadas da autora Glória Perez e dos anos 2000: uma audiência incrível de 47 pontos, grandiosa repercussão entre o público, exportação para diversos países ao redor do mundo, ganhadora de vários prêmios no Brasil e no exterior. Desde o encerramento, em junho de 2002, seu retorno no Vale a Pena Ver de Novo já era considerado praticamente certo, sendo uma das reprises mais pedidas pelo público ao longo dos anos.
Tal reprise, por algumas vezes obstada pela classificação indicativa do Ministério da Justiça, veio a acontecer tardiamente, quase 10 anos após sua estreia. E num momento crucial, em que a faixa de reprises padecia de uma séria crise de audiência, agonizando os parcos números deixados pela rejeitada reprise de Sete Pecados, que não logrou êxito em despertar o interesse do público vespertino.
O Clone foi recebida com muita satisfação pelos noveleiros de plantão, que demonstraram crescente empolgação nas redes sociais, especialmente no twitter. Todos apostavam que a novela marcaria índices de audiência similares ou até superiores aos do sucesso Senhora do Destino, que atingiu a excelente marca de 21 pontos nas tardes globais, 03 a mais que a meta exigida. Entretanto, surpreendentemente, não foi o que aconteceu na prática.
A reprise de O Clone estreou em 10 de janeiro de 2011 com modestos 15 pontos de audiência, e consolidou uma média de 16 na primeira semana. Durante um bom tempo, a reprise registrou índices em torno de 16 e 17 pontos – números estes idênticos ou similares ao de reprises anteriores, como Sinhá Moça, a reta final de Sete Pecados e Cabocla - , tendo alcançado os 20 somente após mais de um mês de exibição, e recorde de 22 pontos no mês de junho. Segundo a prévia, a audiência de seu último capítulo, exibido em 09 de setembro, foi também de 22 pontos, com pico de 25, números estes que podem subir ou cair quando da divulgação dos consolidados.
A novela de Glória Perez fechou com uma audiência de 17 pontos, número este apenas razoável e que, à primeira vista, é bastante modesto para a reprise de uma novela emblemática e há muito aclamada e solicitada pelo público. Em termos numéricos, não fez o grandioso sucesso esperado, ficando com um ponto abaixo da meta, e apenas um pouco acima de novelas que foram consideradas fracassos por quem se atém ao Ibope, como a já citada Sinhá Moça.
Em geral, o Vale a Pena Ver de Novo prima pela escolha de novelas mais adequadas ao público jovem e às donas de casa, espectadores dominantes do horário. Parcela esta que geralmente se interessa por novelas que estão frescas na memória (a maioria das escolhas é de novelas em torno de 05 anos de idade), românticas, leves, joviais, com um caráter mais populesco. Em suma, tramas despretensiosas ou de maior entretenimento. Não à toa, novelas de desempenho mediano ou razoável na sua exibição original, como Era Uma Vez, Corpo Dourado e Coração de Estudante, fizeram sucesso considerável ou bombástico em sua reprise vespertina, assim como os conflitos familiares e amorosos de Mulheres Apaixonadas, a popular vilã cômica Nazaré Tedesco de Senhora do Destino, os divertidos sucessos de Walcyr Carrasco O Cravo e a Rosa e Chocolate com Pimenta, e a romântica Alma Gêmea, do mesmo autor.
O Clone abordou temas que causaram profunda discussão junto ao público adulto das 20/21 horas entre 2001 e 2002, alguns deles pouco ou nunca explorados, como a cultura islâmica, a possibilidade de manipulação de células e clonagem humana, e a dependência química, numa abordagem ultrarrealista que se tornou um dos destaques centrais da novela. Dez anos depois, pelo visto, não surtiram o efeito esperado entre o público vespertino, mais sensível a assuntos lúdicos e despretensiosos. Diálogos mais profundos acerca de existencialismo, de religião, de destino, de disparidades culturais, bem como tramas de caráter mais intimista e dramático (o esfacelamento do casamento de Maysa e Lucas, a perplexidade de Albieri ante a criação do clone) decerto não despertaram o mesmo interesse da exibição original do folhetim.
A exploração dos costumes do Oriente Médio, marca registrada de O Clone, soou como novidade à época, mormente pela ferrenha repercussão gerada pelo ataque terrorista de 11 de setembro de 2001, que chamou a atenção de todos para a, até então, pouco conhecida cultura muçulmana. A abordagem das drogas, retratada por meio da personagem Mel (atuação super elogiada de Débora Falabella), foi feita de uma forma bem realista, mostrando-se não apenas a degradação moral do toxicômano, mas também os momentos de prazer, alucinação e crise de abstinência. A trama de Mel e seus amigos dependentes químicos ainda se mostrou impactante na reprise, mas não uma novidade capaz de gerar ampla discussão numa telenovela como há 10 anos, principalmente à tarde.
A edição da novela, por vezes, parecia bastante lenta: quase nada era eliminado da versão, havendo dias em que capítulos inteiriços iam ao ar, o que pode ter contribuído para o surgimento de comentários do tipo “a novela é muito arrastada”, “O Clone não tem ritmo”. Provavelmente, uma edição mais incisiva, eliminando-se cenas por vezes supérfluas, especialmente o excesso de inserções de paisagens naturais e performáticas (as danças típicas, recurso demasiadamente explorado nas novelas temáticas de Glória Perez) imprimiria uma maior agilidade à reprise de O Clone.
O grandioso sucesso de audiência O Clone acabou tendo um desempenho apenas mediano, ou razoável, nas tardes de 2011: esteve longe de sucessos como Senhora do Destino, mas sobremaneira distante de fracassos como o da antecessora Sete Pecados. Se levarmos em conta fatores como a idade da novela, a profundidade das discussões que a autora lançou nos maduros diálogos de seus personagens e, principalmente, a conjuntura atual dos padrões de audiência da televisão, os 17 pontos de O Clone representam uma marca, se não boa, ao menos aceitável.
A reprise revigorou o Vale a Pena Ver de Novo, aumentando em 31% a audiência da faixa em relação à antecessora Sete Pecados (a novela mais rejeitada da história do programa, que chegou a marcar parcos 09 pontos em dado capítulo e por vezes era ameaçada pelas novelas do STB), angariando parte do público perdido, e permitindo à faixa recuperar seu posto de liderança frente às concorrentes.

Ademais, O Clone novamente bateu recorde e fez história: sua reprise conta com um total de 175 capítulos, tornando-se, assim, a maior da história do Vale a Pena Ver de Novo, ao lado de Plumas e Paetê, novela de Cassiano Gabus Mendes reprisada em 1983 (e, como esta, começou no mês de janeiro e findou em setembro), atestando o prestígio de que goza junto à emissora, que não fez questão alguma de abreviar seu término, mesmo com a audiência geral um pouco abaixo da meta exigida.


Com o fim da reprise desse clássico moderno, vem aí outro clássico absoluto nas tardes globais: a iconoclástica Mulheres de Areia, terceiro trabalho da saudosa novelista Ivani Ribeiro (colaboração da Solange Castro Neves) a ter uma segunda reprise no Vale a Pena Ver de Novo. Jade, Lucas e companhia cederão lugar, agora, às gêmeas idênticas de personalidades opostas Ruth e Raquel, que marcaram época no horário das 18 horas, no longínquo ano de 1993. Resta-nos torcer para que novamente seja mui bem recebida pelo público da faixa vespertina, e que pelo menos mantenha a razoável audiência conquistada por O Clone.


11 comentários:

  1. Lamento muito não ter podido acompanhar esta reprise! O Clone é sem dúvida uma novela inesquecível!

    Realmente, é difícil prever o que dará certo no VPVN, onde o público parece pensar diferente. São vários fatores: o público, que está em constante modificação, a novela certa, na época certa, o que no caso de reprises do VPVN, parece ser sempre um tiro no escuro.

    Felipe, seu texto é excelente, gostei muito!

    Um abraço!

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  2. Adorei o texto Emerson!!
    Eu não assisti essa novela da 1ª vez que passou, dessa segunda vez assisti a alguns capítulos e não gostei! Parece que a novela nunca andava, sempre voltava para o mesmo ponto, eu ficava dias sem assistir e quando ia ver de novo, estava acontecendo as mesmas coisas!

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  3. Texto muito bom e pertinente!!! Não acompanhei a reprise de "O Clone", mas vi a primeira vez, é uma boa novela, apesar de não figurar entre as minhas favoritas ;D

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  4. Vou dizer que "O Clone" foi uma das melhores novelas da minha vida.
    É uma pena que não tenha repercutido tanto pela tarde, mas é sem dúvida uma novela que marcou gerações.

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  5. Eu preferia ter visto outra novela! Pra mim foi boa na época, hj não mais! Gloria se repetiu demais!
    ABs

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  6. Novela chata jeca cafona elenco cansativo trilha de dar nauseas emfim preferia outra novela.
    O Clone, América e Caminho das ìndias são lixo não recomendo ninguém assistir.

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  7. Olá quero a agradecer sua visita ao meu blog mesmo que você não ache minhas postagens grande coisa como você colocou, mais enfim nem deus agradou a todos né?.

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  8. oxe, bobagem Igor... vc é autêntico e bem humorado... seu blog é divertido, tá... sempre que puder passarei por lá, e volte mais vezes aqui.

    abraço!

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  9. Olá! Adorei rever "O clone" e espero que "Mulheres de areia" mantenha ou supere a média!
    www.portalcascudeando.blog.com
    @cascudeando

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  10. Sou daqueles que acompanhou e gostou da novela em sua exibição original, mas que agora não sentiu a mínima vontade de acompanhar. Acho que ela não envelheceu bem, sobretudo por causa da direção do Jayme Monjardim. Uma boa novela que teve o seu tempo.

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  11. Muitos falam que O Clone é uma novela chata, lenta e etc. Mas é fato que essa novela foi um sucesso dentro e fora da Globo, viajou o mundo inteiro e sempre com grande sucesso!! Estamos em 2013 e hoje em dia a Globo deve saudades desses índices "medianos" Como citados no texto acima! Hoje o Vale a Pena Ver de Novo luta para marcar 15 pontos de média, já que a atual reprise de O Profeta marca entre 09 e 10 pontos empatando com a 5 exibição de A Usurpadora!! Hoje é fato dizer que O Clone foi uma reprise de sucesso, por ter levantado a audiência do horário que sofreu com a reprise fracassada de Sete Pecado e também por que nenhuma outra novela nas tardes da Globo chegou a amarcar índices tão bons de audiênsia,só apenas Mulheres de Areia que esteve perto !!!
    O Clone é a reprise de melhor audiência da década de 2010, com ótimos 17 pontos de média!!!
    Por Ricardo Júnior

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