domingo, 4 de dezembro de 2011

"Desvendando" Alexey Dodsworth Magnavita, um dos participantes do reality "Amazônia" - Rede Record.

Por Ana Paula Calixto e Brunno Durpat
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Alexey é astrólogo há mais de 20 anos, onde participa do site Personare. Ele também é filósofo e, atualmente, está cursando astronomia na USP. Desde a época áurea do Orkut, na comunidade “Homofobia Já Era!”, sua inteligência, bom humor e elegância mostravam marcas de uma pessoa admirável! Nos próximos meses, irá ao ar o mais novo fruto de seus investimentos pessoais: o reality show “Amazônia”, pela rede Record. O programa já foi gravado e é composto pro várias figuras famosas, que se empenharam na aventura de passar um tempo dentro da floresta amazônica, a fim de despertar o feeling de preservação desse ecossistema, através do exemplo de sua vivência em contato com a natureza.
E para quem não conhece quem é Alexey, eis uma pitada de um dos rostos, mentes e corpos encantadores que irão nos servir de excelente companhia nas telas de nossas TVs: “Desvendando Alexey Dodsworth Magnavita”.








01. Você é astrólogo há vários anos. Como surgiu a paixão pela filosofia?
"Foi uma decorrência justamente do estudo da Astrologia. Na medida em que estudamos a Astrologia, somos apresentados a uma vasta miríade de conhecimentos, e termina sendo fatal que o astrólogo termine se interessando por História, Filosofia, Psicologia, Antropologia. Cheguei a estudar Psicologia, mas não fiquei satisfeito, e percebi que me interessava mais em trabalhar com conceitos do que com os problemas das pessoas. E, de fato, também na prática astrológica eu sempre preferi dar aulas do que atender. A Filosofia me apresentou a esta vastidão de conceitos e problemas, e ter cursado esta área foi um dos melhores momentos da minha vida. Estudar Filosofia é não apenas divertido, mas verdadeiramente apaixonante."
02. Você já trabalhou e/ou trabalha com a filosofia, como docente, por exemplo?
"Já fui palestrante em eventos, congressos e cursos de Filosofia tanto no Brasil quanto fora dele, mas nunca trabalhei como docente formal numa escola, por absoluta falta de tempo. Quando me formei em Filosofia, passei no vestibular de Astronomia, um curso que me toma todo o tempo disponível."
03. Você já participou do game show “1 Contra 100” no SBT, por sinal foi muito bem. Foi sua primeira participação em tv?
"Na verdade, eu tive um programa de televisão por dois anos, na TV Bandeirantes local de Salvador. Isso foi em meados dos anos 90. Chamava-se “Alto Astral”. Eu apresentava um quadro de 15 minutos sobre Astrologia, e entrevistava pessoas que escreviam livros sobre esoterismo. Era um dos quadros mais vistos do programa, e era muito apreciado justamente pelo fato de falarmos de Astrologia, e não de horóscopos do gênero jornalístico, em que conselhos diários são dados aos signos. Também já tive quadros fixos no antigo programa Alquimia, da extinta TV Manchete, em Salvador, e tive dois programas de rádio. E já dei diversas entrevistas sobre variados assuntos para jornais e programas variados. Estou bem acostumado com a TV."








04. Do seu ponto de vista filosófico, como você encara a manifestação da diversidade sexual nos tempos atuais?
"Este é justamente o tema da dissertação de mestrado que faço sob orientação de Renato Janine Ribeiro, na USP. Encaro a diversidade como uma inevitabilidade, e aqui não é uma questão apenas filosófica. Trata-se de uma questão científica. Ora, o que mais chama a atenção na vida é que ela prima pela diversificação. Em estatística, sempre teremos elementos que fogem à curva dita “normal” (normal entre aspas, claro). Se esta diversidade, seja ela qual for, não prejudica os direitos fundamentais de outros cidadãos, ela não é um problema. Problema é tentar impedi-la.
Este é o ponto que muitos não entendem. Estes argumentam que a pedofilia é, ela também, uma exceção, e que se toda exceção deve ser aceita, então isso cria um precedente para aceitarmos a pedofilia. Este entendimento é tolo. Primeiro, porque ninguém afirma que toda exceção deve ser aceita. Segundo, porque a pedofilia envolve indivíduos que não se encontram em idade de consentir relações afetivas e sexuais.
A diversidade sexual, portanto, está longe, muito longe de ser um perigo social. Uma sociedade melhor é uma sociedade que respeita o livre desejo de seus cidadãos, considerando que tais desejos não ferem os direitos alheios. E que direito um casal de gays ou lésbicas fere? Nenhum. Se você não gosta de ver um casal assim, é só olhar para o outro lado e seguir sua vida."
05. Ainda hoje a temática homossexual é vista como tabu na sociedade. Recentemente na novela “Insensato Coração” tentou-se discutir o relacionamento gay e houve um veto da emissora quanto a isso. Essas restrições impostas nos meios televisivos contribuem para que a questão não consiga ser vista de forma mais natural e não como uma aberração?
"Faz muito tempo que não assisto a novelas, então não saberia opinar sobre uma novela que não vi, mas este tipo de veto não me surpreende. De todo modo, este tipo de veto (seja lá qual for a intenção dele) sempre termina saindo pela culatra, pois as relações gays estão aí para qualquer pessoa ver, seja em filmes, seja na própria internet. Vetos causam polêmica, e polêmicas geram curiosidade."









06. A Parada do orgulho Gay surgiu como uma iniciativa pioneira contra o preconceito sofrido pelos homossexuais. Contudo, nos últimos anos, parece que o foco político se perdeu diante da alusão à “festa GLBT ao ar livre”; segundo alguns ativistas mais conservadores. Qual sua opinião sobre isso?
"Acho uma tolice acusar a parada gay de ter perdido foco político. Ela é efetivamente uma festa ao ar livre, e isso implica necessariamente numa grande afirmação política, por várias razões. Podemos falar, por exemplo, na questão numérica – a parada de São Paulo já esteve no livro dos recordes, e não só continuou lá porque a polícia militar praticamente passou a se recusar a dar uma estimativa de participantes nos anos posteriores, e o livro dos recordes só aceita estimativas feitas por entidades ligadas ao Estado e ao Governo. Como ignorar a força política disso? Ora, não sei o que leva a PM a se recusar a dar uma estimativa da quantidade de participantes, mas é sintomático que esta recusa tenha passado a ocorrer depois que a parada de São Paulo foi parar no Guiness. Tentativa de tirar a expressividade do movimento? Talvez sim.
O beijo público, como outro exemplo, é um ato político. Quando duas pessoas adultas se beijam em público, seja lá qual for a preferencia delas, elas estão a encenar não apenas um desejo. Estão fazendo uma afirmação política, ainda que sem palavras, já que as bocas estão ocupadas. Estão a afirmar que têm, sim, o direito a exercer sua afetividade tanto quanto um casal heterossexual. Se milhares de pessoas fazem isso, isso é um ato político. A impressão que me dá, às vezes, é que algumas pessoas acham – equivocadamente – que “manifestação política” significa fazer discursos e levantar faixas. O que estas pessoas se esquecem é que geralmente os outros não são alcançados pelas vias do discurso. Quando um militante prega, ele geralmente está a pregar o óbvio para aqueles que já estão convertidos. Consegue, talvez, convencer uma ou outra pessoa, e enche o saco de várias outras, que sequer ouvem o que está sendo dito ou escrito. Um beijo público, por outro lado, fala não à mente do outro. Fala ao corpo. E sintetiza, sem palavra alguma, o que um discurso (muitas vezes chato) não consegue, mesmo com mil palavras. Mesmo quem sente aversão diante de um beijo gay, com o tempo termina se acostumando. Não digo que passe a querer dar também um beijo gay (argumento bobo que alguns usam: a exibição causaria “contagio”), mas certamente passará a ver a cena como menos chocante. Ora, mesmo os beijos heterossexuais eram chocantes, quando realizados em público, pouco tempo atrás."
07. O que acha sobre essa certa imposição de “tem que se assumir” no universo LGBT?
"Aqui, temos vários problemas. Acho que muitas vezes as pessoas se esquecem que a homossexualidade dita “secreta” não é necessariamente um sintoma de covardia ou problema. Algumas pessoas simplesmente se sentem sexualmente mais excitadas fazendo as coisas de modo secreto. Há vários homens e mulheres que sentem algum desejo homossexual, gostam de realizar este desejo, mas não “são” exatamente homossexuais. Note que coloquei o verbo ser entre aspas, e foi de propósito, pois para mim o desejo sexual não define identidades. Contemporaneamente, vemos a sexualidade alçada à condição de identidade, coisa que acho questionável. Foucault, por exemplo, diferenciava “ser gay” de “desejo homossexual”. O termo “gay” se refere a um movimento cultural que tem início com o movimento hippie, no final dos anos 60 do século XX, e este movimento realmente tem a ver com um tipo de identidade, um tipo de música, um tipo de gosto, um estilo de vida. O desejo homossexual, por outro lado, existe em pessoas que não se identificam com a “identidade gay”. Deste modo, o que significa “se assumir”? Ir a boates? Gostar de um tipo de música? Eu acho que se a pessoa faz sexo com quem ela deseja, isso já é “se assumir” – ela se assume para si. Conforme entendo, “não se assumir” significa sentir desejo homossexual e jamais realiza-lo, ou fazer de conta que não sente o que se sente. Se e apenas se a pessoa acha importante afirmar publicamente este desejo, deve fazê-lo, afinal não há nada de errado nisso.
Vejo a sexualidade como um desejo, e este desejo é um dos elementos que fazem parte daquilo que definimos como “identidade”. O mundo não é dividido entre pessoas homossexuais e heterossexuais. Há nuances de desejo. E é extremamente comum – mais do que se pensa – que a pessoa sinta desejos predominantemente heterossexuais, mas aprecie aventuras homossexuais esporádicas. Ela não sente necessidade de expor isso, não necessariamente por medo, mas porque fazer escondido, para ela, é mais gostoso. O oposto também ocorre. E isso não é “ser problemático” ou “ser enrustido”, embora existam muitos casos de pessoas realmente problemáticas e enrustidas, que sentem apenas desejos homossexuais, mas não admitem isso, e passam a vida se enganando e enganando os outros.
O outro problema da dita “obrigatoriedade de se assumir” é que ela termina sendo mais fácil na teoria do que na prática. Na comunidade do Orkut, a “Homofobia já Era”, li incontáveis casos de pessoas muito jovens, que viviam em cidades do interior, ainda na dependência de pais extremamente fundamentalistas. Não assumir a homossexualidade, nestes casos, é questão de inteligência estratégica. Você vai se assumir pra que? Pra ser trancado em casa por sua mãe, criar uma celeuma com seu pai, transformar sua vida num inferno? Primeiro, consiga uma independência mínima, e de preferência vá para uma grande cidade. Foucault costumava dizer que gays são mais felizes em grandes cidades, onde a diferença específica de cada um se torna pouco importante diante da multidão. Note: isso não garante que você não venha a ser agredido, coisa que tem ocorrido demais em São Paulo. Mas é absolutamente diferente você assumir uma diferença de gosto sexual numa cidade grande ou numa cidade pequena. Reunir-se com amigos que te aceitam, criar sua própria família espiritual são condições necessárias para quem se entende como homossexual, tem certeza disso, sente a predominância deste desejo e quer viver isso sem se ocultar."


08. Astrólogo, filósofo e estudante de astronomia. Três coisas absolutamente distintas e, aparentemente, desconexas. A paixão pelas três é de mesma intensidade ou tem uma que desponta como sua favorita?
"A Astrologia foi um feliz acidente de percurso. Eu era, quando garoto, profundamente apaixonado pela Astronomia, em decorrência do programa “Cosmos”, apresentado por Carl Sagan. Eu tinha apenas 11 anos, e procurei livros de Astronomia, e não encontrei nenhum. Em compensação, achei vários sobre Astrologia. Como os nomes eram parecidos, achei que fossem a mesma coisa, o que certamente faria Carl Sagan rir por uma semana (ou chorar, já que ele não gostava de Astrologia). Não demorou muito tempo até eu compreender que eram coisas absolutamente distintas. Mas aí já era tarde: eu tinha passado a gostar do assunto, e passei a ser chamado para dar palestras sobre o tema.
Mas então veja você como as coisas eram complicadas nos anos 80 em nosso país: um jovem que quisesse estudar ciência teria imensa dificuldade em encontrar material para ler. O Esoterismo, em compensação, dominava o mercado. De todo modo, este “desvio de rota” foi muito interessante, ao meu ver. Eu gostei muito de estudar Astrologia, com toda a grande riqueza cultural que ela tem a oferecer. Estudar Astrologia é estudar História, Psicologia, Mitologia. Isso me levou a procurar a Filosofia. Apenas mais tarde na vida pude realizar o sonho original, que era estudar Astronomia. Nenhum dos três saberes me é “favorito”, mas eu certamente me identifico mais com os estudantes de Filosofia. Os de Astronomia são, via de regra, super racionais. Os de Astrologia em geral são dominados por aquilo que chamamos de “pensamento mágico”. Eu não me vejo em nenhum destes extremos, e foi a Filosofia da Ciência que me levou a entender aquilo que intuitivamente eu já sabia: há coisas que são ciência e coisas que não são ciência (no sentido contemporâneo do termo), e há espaço perfeitamente para todos os saberes. O estudante de Filosofia trafega entre um mundo extremamente racional e um mundo mágico. Me identifico com isso, e sei o lugar de cada coisa. Para mim está muito claro e pacífico o que é ciência e o que é pensamento mágico."
09. A área da astrobiologia é pouco conhecida pelo público. Você pode explicar um pouco sobre ela?
"A Astrobiologia é o estudo dos fenômenos da vida, mas num contexto cósmico. É a pesquisa de vida extraterrestre, falando sucintamente. Trata-se de uma área altamente multidisciplinar, pois reúne pesquisadores de várias atividades: biólogos, astrônomos, filósofos, químicos, e tantos outros. Como ainda não identificamos vida fora do planeta Terra, estudamos hipóteses, supomos coisas e apostamos nestas suposições para, um dia quem sabe, encontrarmos o que tanto queremos."
10. Estamos vivendo numa era onde a sustentabilidade do planeta toma a cena, cada vez mais. Como você encara essa temática?
"Encaro isso como fundamental. Agimos em nosso mundo como se os recursos fossem infinitos, e não são. Tudo isso deriva de uma péssima consciência científica e social. Tudo é muito fácil em nosso cotidiano: abrimos uma torneira, e dela jorra a água. É como se tudo fosse mágico, e a maioria de nós não faz sequer idéia de todos os mecanismos que estão por detrás dessa disponibilidade “mágica” de água em nossas torneiras. A falta de uma consciência ecológica torna a vida do planeta inviável para os humanos. Mas note que estou aqui falando de uma destruição das condições de vida para os humanos. Outras formas de vida continuarão a existir muito bem. Nós não estamos destruindo o planeta. Estamos tornando a Terra um lugar pior para nós mesmos. É um problema nosso, não da Terra. A Terra vai continuar no mesmo lugar, girando lindamente."

11. Há alguma relação entre as suas áreas do saber com a ecologia?
"Sim, há. Em alguns casos a relação é direta, como no caso da Filosofia. Há correntes filosóficas que se dedicam incansavelmente a discutir problemas éticos e políticos que desencadeiam este estilo de vida pouco sustentável que adotamos. Há professores e palestrantes dedicados a alertar para tais questões, como, por exemplo, Félix Guattari (autor da obra “As Três Ecologias”). No caso da Astronomia, a relação também é direta, pois o estudante de Astronomia estuda também a Terra – afinal, astrônomos estudam planetas, e a Terra é um planeta. Em Astronomia, há matérias optativas que aproveitam o interesse do estudante por Ecologia, e o incentivam a encontrar soluções para problemas. Eu diria que a Filosofia propõe questões éticas, e a ciência (no caso, a Astronomia) propõe questões práticas. Ambas são importantes.
No caso da Astrologia, temos uma relação menos direta, mas nem por isso menos importante. A Astrologia trabalha com a consciência de que os seres humanos são diferentes entre si, e que esta diferença é importante e deve ser respeitada. Estimula, portanto, uma ecologia das relações. Observo que as pessoas que estudam Astrologia profundamente são muito mais tolerantes em relação aos seus pares, e isso é bom. Uma vez, o marido de uma aluna me disse: “não acredito em nada disso, mas ela se tornou uma pessoa melhor depois que passou a estudar Astrologia. Ela parece ser mais compreensiva comigo”. Isso é, ao meu ver, uma melhor ecologia das relações."
12. Qual sua opinião sobre o movimento vegan?
"Nunca tive contato profundo com nenhum movimento vegan organizado para poder dar uma opinião consistente. Tive e tenho contato com pessoas que são vegetarianas por motivos totalmente diferentes, que variam de caso para caso. Meus amigos do movimento Hare Krishna, por exemplo, não ingerem carne por motivos religiosos (para eles, o assassinato de outros seres é impensável). Conheço pessoas que não ingerem carne por motivos de saúde – elas foram convencidas de que o organismo não precisa de carne animal para sobreviver (e, de fato, é perfeitamente possível sobreviver sem carne animal). De todo modo, em maior ou menor grau o que as une é a consideração pelo direito dos animais à vida. É viável discutir por horas e horas sobre esta consideração, implicações éticas, apresentar argumentos e contra-argumentos.
Mas vou me ater a um ponto na sua questão, que é o ponto que concerne à sustentabilidade. Acho que o movimento vegan tem grande importância no mundo em que vivemos. Primeiramente, por tentar convencer as pessoas de que a ingestão excessiva de carne vermelha é antiecológica. Quanto maior for a demanda por carne de vaca, mais e mais terras são desmatadas para fazer pasto, o que é um nonsense total. Não deveríamos comer tanta carne vermelha, e não estou aqui me referindo a se isso é bom ou não é bom para a saúde, nem estou entrando na questão ética sobre o direito do animal a viver, muito menos estou me referindo a pontos religiosos. Estou me referindo especificamente ao fato de que a pecuária com finalidades comerciais pode ser particularmente agressiva ao meio ambiente. A pecuária extensiva aplicada num lugar como a Amazônia, por exemplo, é um absurdo: ao contrário do que muitos pensam, o solo da floresta não é muito fértil. A matéria orgânica é, sim, muito aproveitada pelas árvores, mas se você desmata a região, ela não se recupera com facilidade. Fazer pasto na Amazônia é uma burrice, um luxo ridículo, que atende apenas a uma frivolidade alimentar. Se a pessoa quer comer animais naquela região, deveria comer peixes.
Não sou vegetariano, por diversas razões que não caberiam aqui explicar, mas evito terminantemente ingerir mamíferos. Como peixes, eventualmente frango. Se o faço, é por duas razões: vejo os mamíferos como mais desenvolvidos em termos mentais e emocionais e, por isso, sinto empatia por eles. Um porco, por exemplo, é mais inteligente do que muitos tipos de cachorro. Se não comemos cachorros porque nossa cultura os considera queridos por sua inteligência, afetividade e esperteza, por que eu comeria um porco, se o porco é praticamente igual neste sentido? Mas se estou num lugar que só oferece carne de vaca, como sem problemas – mas não é o que eu peço ou busco em minha vida. E sou contra o exagero das atividades de pecuária, pelo motivo já explicado: desmatamento para fazer pasto. Deste modo, posso dizer que, mesmo não sendo um vegetariano, sou simpático a quem milita e acho este trabalho muito pertinente. O que não dá pra ser é ingênuo: a pessoa pode até não comer carne, mas ela certamente usa produtos animais, mesmo sem saber, que se encontram na escova de cabelos, no xampu etc. Por isso, minha única crítica se dirige a algumas pessoas que pensam que, por serem vegetarianas, são “melhores” do que as outras."










13. Que contribuição a astrobiologia pode oferecer para a preservação do meio ambiente?
"A Astrobiologia, ao retirar o estudo da vida do contexto terrestre e expandi-lo para o contexto cósmico, demonstra que o fenômeno da vida é tão, mas tão raro, que é urgente e fundamental cuidarmos melhor do nosso próprio planeta. A Terra é um planeta absurdamente raro. Não acho que exista vida apenas aqui, mas certamente temos por aqui um fenômeno raro, pelo menos no que diz respeito à vida conforme a encontramos em nosso planeta: pluricelular, diversificada. Estudar Astrobiologia leva a valorizar mais o que temos por aqui. Não damos tanto valor porque nos esquecemos de como somos raros e habitamos um lugar raro. Olha pra longe, para outros planetas, nos devolve este senso de importância."
14. Como você vê a relação de preservação das reservas indígenas no Brasil com a preservação da floresta amazônica?
"Em contato com grupos indígenas, aprendi uma lição fundamental: os índios tiram da natureza apenas o necessário para seu próprio consumo. A cultural indígena não produz excedentes, por não estar preocupada com o acúmulo de capital. Quando um índio tira leite de um Amapazeiro, por exemplo, ele tira o suficiente para a nutrição de sua tribo. Já o dito “homem civilizado” retira todo o leite da árvore, para comercializar o produto. Em algum momento, esta árvore morre, em decorrência de sua exploração predatória. Não acho que a cultura indígena seja ideal ou perfeita, mas eles estão muito longe de ser “primitivos”. Temos muito a aprender uns com os outros. E, com os índios, temos como aprender uma perspectiva diferente diante da floresta, uma relação de organicidade e, sobretudo, de economia. A economia e a ecologia são primas, não é por acidente que ambas têm a raiz “eco” (ambiente) em seus nomes. Só é possível ser ecologicamente sustentável se você aprender a recusar excedentes, e se concentrar no que você efetivamente precisa. Viver assim não é nada difícil, trata-se apenas de considerar: preciso disso? Quase sempre, descobriremos que a resposta é “não”."
15. Finalmente, o que você diria aos leitores sobre o que é um verdadeira postura de consciência ambiental?
"Eu não ousaria afirmar o que é uma verdadeira postura em relação a nada, mas posso ousar outra coisa. Ouso dizer, por exemplo, que ter consciência ambiental é muito, muito mais do que aliviar a consciência comprando produtos que se dizem orgânicos ou “com selo verde”. Não me escapa, por exemplo, que as questões ecológicas se converteram também numa boa publicidade, num marketing. Várias lojas usam e abusam dos termos “ecologia” e “sustentabilidade”, com o fito de sensibilizar consumidores – e conseguem! É importante que o cidadão fique esperto. Se um produto afirma ter um “selo verde”, o que isso realmente significa? Este selo é dado por quem? Uma vez descobri que a tal “certificação verde” era dada pela própria loja a si mesma!
Deste modo, a consciência ambiental demanda também muito espírito crítico. Para que você não se deixe enganar por estratégias de propaganda, para que você não se deixe enrolar por um capitalismo selvagem que não se intimida em usar palavras bonitas, se isso vender mais um determinado produto.
Por fim, meu conselho volta à relação entre a ecologia e a economia, volta a ressaltar a importância de considerarmos o que é fundamental em termos de consumo e o que não é. Não digo que eu consiga corresponder ao meu próprio ideal o tempo todo. Mas eu tento. Temos que tentar."
Obrigado pela gentileza de nos ter cedido seu tempo, Alexey.
Beijos enormes e mutia sorte, luz para vc.
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Imagens by perfil do Alexey no Facebook:

6 comentários:

  1. Boa noite

    Uma passagem das Escrituras, sem motivo especifico para ter deixado no seu blogger, mas especifico para que leia as Escrituras de Deus, que sempre fala ao nosso Ser.

    SALMO 21
    1 O REI se alegra em tua força, SENHOR; e na tua salvação grandemente se regozija.
    2 Cumpriste-lhe o desejo do seu coração, e não negaste as súplicas dos seus lábios. (Selá.)
    3 Pois vais ao seu encontro com as bênçãos de bondade; pões na sua cabeça uma coroa de ouro fino.
    4 Vida te pediu, e lha deste, mesmo longura de dias para sempre e eternamente.
    5 Grande é a sua glória pela tua salvação; glória e majestade puseste sobre ele.
    6 Pois o abençoaste para sempre; tu o enches de gozo com a tua face.
    7 Porque o rei confia no SENHOR, e pela misericórdia do Altíssimo nunca vacilará.
    8 A tua mão alcançará todos os teus inimigos, a tua mão direita alcançará aqueles que te odeiam.
    9 Tu os farás como um forno de fogo no tempo da tua ira; o SENHOR os devorará na sua indignação, e o fogo os consumirá.
    10 Seu fruto destruirás da terra, e a sua semente dentre os filhos dos homens.
    11 Porque intentaram o mal contra ti; maquinaram um ardil, mas não prevalecerão.
    12 Assim que tu lhes farás voltar as costas; e com tuas flechas postas nas cordas lhes apontarás ao rosto.
    13 Exalta-te, SENHOR, na tua força; então cantaremos e louvaremos o teu poder.

    Abraços
    Jesus Cristo te Ama,
    Ele é o Caminho; e a Verdade e a Vida.

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk... MURRY!
    Eita, q essa trollagem até q foi boa!kkkkk...
    Pelo menos, o salmo é de vitória! SUCESSO pro Alexey! Uhuuuuuuuuuu... kkkkkkk...
    Enfim, tá bom... Trollou, agora, é BAN!

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  3. Que legal esse bate papo de vocês com o Alexey... o cara parece ser bem preparado qaundo o assunto é bem estar consigo, com a natureza, com o próximo, e demonstra ser também um forte concorrente aos demais participantes do reality da da Record.

    Parabéns pela postagem,Paulinha e Bruno!

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  4. A filosofia sempre deixa as pessoas com um olhar bastante esclarecido sobre todas as coisas...achei legal ele tê-la preferido á astrologia e astronomia;os homossexuais pra não se sentirem só vitimizados deviam também ler mais pra se enxergarem de modo mais digno na sociedade e também pra não fazerem o que o restante da sociedade já faz , tratar-se de modo diferente com preconceitos que vão desde a opção de se assumir ou não, como os gostos sexuais, ativo, passivo, o tal do relativo... muitas boas perguntas e vou ver sim esse reality, pois gosto muito da programação da Record de shows.

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  5. É sempre muito fascinante escutar Alexey, grande mestre na arte das palavras por quem tenho profunda admiração.
    Podem estar certos que todos irão se apaixonar por ele.
    Me desculpem os outros concorrentes, mas pra mim ele já venceu. É um vencedor nato!!!
    Sorte é pouco, para ele desejo TUDO de melhor sempre!!!

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  6. Meu nome é Roberto Silva (rocarsil8@hotmail.com) e não tenho perfil para me identificar, motivo por que estou deixando nome e e-mail.

    Não vi nada demais na fala do Alexey que, em vários trechos, demonstra imaturidade e estrelismo. Na verdade, perdi meu tempo, tentando encontrar algo relevante em seu discurso bobo, palavra esta que ele adora. Aliás, ele mal se posiciona em relação ao que lhe é perguntado, mantendo-se isento, sem adotar posição concreta. Decepcionante.

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