sexta-feira, 12 de abril de 2013

Dez perguntas para Cris Nicolotti

por José Vitor Rack


Cris, você é uma mulher de múltiplos talentos: canta, atua, apresenta, escreve para crianças e adultos, faz rir e chorar com a mesma desenvoltura. A que se deve tamanha versatilidade?

Muito estudo, muita vontade, perseverança, humildade...  E boa dose de cara de pau. Sempre tive coragem pra me jogar nas coisas. Não sei? Aprendo.


O que é mais importante na formação de um ator?

A vontade de ser ator. A certeza de querer ser ator. Não adianta querer ser famoso, querer aparecer na TV, achar que seu lugar é em cima de um palco se sua alma não tem certeza daquilo. É uma vida dura, nômade. Você empresta seu corpo e sua alma a personagens que nunca conheceu. Entra de cabeça, sofre, sente, ri e a emoção vai a cem por cento.  Às vezes dói. Solidão de quarto de hotel, de plateia vazia. Na formação de um ator, o imprescindível é a alma disposta.


Que tipo de texto faz um ator vibrar? Quais elementos fazem de um texto algo arrebatador para os atores?

O desafio. O causador do medo, da insegurança, da adrenalina. O personagem que te desafia a algo que você não sabe fazer e vai ter que aprender. Esse é o tesão máximo, o da criação. O que te tira da zona de conforto.


Você foi um dos maiores fenômenos da história da internet brasileira com o hit “Vai Tomar no Cu”. Qual a dor e a delícia de ser um meme?

Foi maravilhoso. Libertador. Todo mundo canta e posta até hoje. Denis Carvalho canta e coloca nos estúdios quase todo dia. Outro dia me disse que fez Nana Caymmi e Milton Nascimento cantar a música, dezenas de pessoas mais que ilustres. Acho inacreditável. Sinto-me um Michel Jackson de um hino próprio para o nosso país. Mas muitas vezes acho uma pena termos tanto motivo pra mandar tomar no...

Em cena de Viver a Vida com Mateus Solano e Bárbara Paz.

A TV Globo descobriu seu talento tardiamente, mas ainda a tempo de lhe garantir bons papéis. Como avalia as suas participações na teledramaturgia global?

Uma experiência enriquecedora. Aprender a fazer TV é muito mais complicado do que se imagina. Isso de que quem faz teatro faz TV, é pura balela. TV é muito difícil. Mas eu amo. Amo viver cada personagem. Não me importa que muitos sejam pequenos. Eu os faço crescer.


Qual papel inesquecível da história de nossa televisão você gostaria de ter feito?

Putz... Uma vilã. Bem ruim. Aliás, ainda espero fazer.

novela de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari

Como é a Odila, de Sangue Bom?

Odila é uma fanfarrona. Humana, briguenta, engraçada. Odila é intensa. Uma mulher como tantas que existem por aí. Tô só começando a Odila. Ela só vai aparecer mesmo depois de um bom tempo no ar. Na TV é assim. O autor te surpreende a cada capitulo. Estou fazendo-a com todo o amor e despudor. Espero que vocês gostem dela.


Projetos para o teatro?

Muitos, sempre. Aliás, todos. Escrevo, tenho ideias, encomendas. Um dia quero uma comedia rasgada. No outro um drama ferrenho. Assim que acabar a novela já quero estar pronta pro palco. Sem ele, a vida nem tem muita graça.


Como foi sua infância?

Esquisita. Nasci na Itália. Fui mudando de cidade. Aí, sem me perguntar, me enfiaram num navio e me trouxeram prá cá. Não entendia a língua, não tinha mais família grande. Sempre fui meio panicada. Mas a priori, a infância foi normal. Eu é que sentia uma angustia danada.


Como é um dia perfeito na vida de Cris Nicolotti?

Um dia que termina bem. Fazer o que dá, da melhor maneira que der e deitar cansada, com vontade de acordar logo e refazer tudo de novo e melhor.

Um comentário:

  1. Sempre bom conhecer um pouco mais de artistas conscientes da necessidade de uma postura mais centrada na carreira e não em fama, status fantasiosos, enfim.

    Parabéns pela entrevista, Zé... Até os próximos posts!

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