Emerson Felipe
Antes de parar o Brasil com a esfuziante e ousada Avenida Brasil, João Emanuel Carneiro já havia abalado as estruturas do gênero telenovela em sua estreia no horário nobre, no ano de 2008. Em A Favorita, o público foi apresentado a uma narrativa diferenciada, que trocava o tradicional folhetim de cartas marcadas por um texto enigmático, em que o telespectador era convidado a desvendar quem era a heroína e quem era a vilã no jogo.
A Favorita levou à tela a intensa relação de ódio e rivalidade entre duas mulheres completamente diferentes, mas unidas por um passado em comum. Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Cláudia Raia), criadas juntas e antigas parceiras de dupla musical, com o tempo, tomaram rumos diferentes e tornaram-se inimigas. Uma delas assassinou um homem, sendo que, em razão disso, a frágil Flora foi condenada a 18 anos de prisão. Mas ela jura inocência e afirma ter pagado por um crime que não cometeu, atribuindo a sua autoria à arrogante Donatela, que teria forjado provas contra ela. Diante das mútuas acusações e das duas versões para o mesmo crime, coube ao telespectador, na primeira fase da novela, o papel de juiz. "Quem está falando a verdade? Em qual delas podemos confiar?", anunciavam as chamadas.
Apesar da diferente e convidativa proposta, o público mais conservador não se empolgou com a função de detetive da trama: A Favorita marcou, na época, a pior audiência de estreia de uma novela do horário nobre. Somente na etapa seguinte a novela entraria nos eixos a nível de audiência e repercussão, transformando-se num grandioso sucesso.
No capítulo 56, esclareceu-se o mistério inicial da trama: Flora se revela a grande vilã, tendo realmente assassinado Marcelo Fontini. A partir daí, inicia-se a ascensão de Flora e a desgraça de Donatela, que é presa por armação da arquiinimiga. A vingança de Flora vai de vento em popa, conquistando tudo aquilo que era de Donatela - inclusive a confiança da familia Fontini e da filha (que, após rejeitá-la, chega a chamá-la de mãe, quando a megera forja um sequestro). Paralelamente, Donatela consegue fugir da cadeia com a ajuda de Diva (Giulia Gam), antigo desafeto de Flora dos tempos de presídio, e, ocultamente, busca provas contra a rival, a fim de preparar a sua derrocada.
A reta final é o momento de acerto de contas entre as inimigas e a progressiva decadência moral e psicológica de Flora. Após infernizar e perseguir a inimiga, num misto de ódio e admiração, a megera é finalmente presa, tornando-se vítima da própria loucura e obsessão por Donatela - a sua favorita, conforme ilustra a histórica cena final da novela.
Além da narrativa diferenciada, A Favorita se distinguiu por uma estética/direção peculiar, em sintonia com o teor gélido e pesado da trama central. A fotografia escura, que privilegiava cenas noturnas e penumbra, assim como ambientes sombrios, conferia ainda mais credibilidade ao terror psicológico do texto. Cenas espetaculares, dignas de filme noir, hipnotizaram e chocaram o público. A sequência em que Flora mata Gonçalo (Mauro Mendonça), o patriarca dos Fontini, após este descobrir sua verdadeira face - sem violência física, mas tortura psicológica - , ficou gravada na retina do público. As cenas de Flora sendo perseguida pela imagem de Donatela e finalmente desmascarada diante de uma plateia de teatro, também marcaram época.
No capítulo 56, esclareceu-se o mistério inicial da trama: Flora se revela a grande vilã, tendo realmente assassinado Marcelo Fontini. A partir daí, inicia-se a ascensão de Flora e a desgraça de Donatela, que é presa por armação da arquiinimiga. A vingança de Flora vai de vento em popa, conquistando tudo aquilo que era de Donatela - inclusive a confiança da familia Fontini e da filha (que, após rejeitá-la, chega a chamá-la de mãe, quando a megera forja um sequestro). Paralelamente, Donatela consegue fugir da cadeia com a ajuda de Diva (Giulia Gam), antigo desafeto de Flora dos tempos de presídio, e, ocultamente, busca provas contra a rival, a fim de preparar a sua derrocada.
A reta final é o momento de acerto de contas entre as inimigas e a progressiva decadência moral e psicológica de Flora. Após infernizar e perseguir a inimiga, num misto de ódio e admiração, a megera é finalmente presa, tornando-se vítima da própria loucura e obsessão por Donatela - a sua favorita, conforme ilustra a histórica cena final da novela.
Além da narrativa diferenciada, A Favorita se distinguiu por uma estética/direção peculiar, em sintonia com o teor gélido e pesado da trama central. A fotografia escura, que privilegiava cenas noturnas e penumbra, assim como ambientes sombrios, conferia ainda mais credibilidade ao terror psicológico do texto. Cenas espetaculares, dignas de filme noir, hipnotizaram e chocaram o público. A sequência em que Flora mata Gonçalo (Mauro Mendonça), o patriarca dos Fontini, após este descobrir sua verdadeira face - sem violência física, mas tortura psicológica - , ficou gravada na retina do público. As cenas de Flora sendo perseguida pela imagem de Donatela e finalmente desmascarada diante de uma plateia de teatro, também marcaram época.
A Favorita foi uma novela, essencialmente, de história central: a rivalidade entre as protagonistas e as tensões no seio da Família Fontini dominaram o palco, num ritmo vertiginoso de acontecimentos e reviravoltas. Reviravoltas estas encadeadas por meio de alucinantes ganchos que prendiam diariamente a atenção do telespectador, num nível crescente de tensão e catarse. Cláudia Raia defendeu bem a justiceira Donatela, mas o grande destaque ficou, realmente, para o surpreendente trabalho de composição de Patrícia Pillar.
Acostumada a papéis mais românticos e benevolentes, a atriz marcou época com a fria e perigosa psicopata Flora Pereira da Silva. Conseguiu com maestria enganar não só os personagens dentro da trama, como também o próprio telespectador, que se chocou com a transformação da injustiçada ex-presidiária em uma máquina mortífera movida a sangue, inveja e ódio. A megera também divertiu a audiência com suas tiradas sarcásticas: não à toa, muitos chegaram a considerar Flora a melhor vilã da teledramaturgia, ao lado de ícones como Odete Roitman de Vale Tudo.
Em compensação, o conjunto dos núcleos paralelos foi o calcanhar de Aquiles de A Favorita. Tramas desconexas extremamente repetitivas (como a da infiel Dedina - Helena Ranaldi) e constrangedoras (Maria do Céu - Deborah Secco - ''convertendo'' o homossexual Orlandinho - Iran Malfitano), que pouco contribuíam para o desenrolar da novela, passaram despercebidas pelo público. Excelentes atores como Tarcísio Meira, Milton Gonçalves, Cláudia Ohanna, Gisele Fróes, Thaís Araújo, entre outros, foram desperdiçados em papéis apagados ou esquemáticos, aquém de seu talento. A exceção, contudo, ficou por conta da delicada trama da submissa Catarina (Lília Cabral), subjugada pelo violento marido Leonardo (Jackson Antunes) e que desperta a paixão da bela e bem-resolvida homossexual Stela (Paula Burlamaqui). Faltou um conjunto mais harmônico e uma melhor interação entre as tramas de A Favorita, defeito característico de João Emanuel Carneiro, que só veio a ser amenizado na sua novela seguinte, Avenida Brasil.
Com uma narrativa diferenciada e um ritmo vertiginoso, a soturna trajetória de ódio, vingança e até mesmo amor entre suas protagonistas, A Favorita deu a volta por cima, injetou sangue novo na teledramaturgia e se tornou uma das novelas mais ousadas e cultuadas dos últimos tempos. Que as cores sombrias do noir de A Favorita iluminem os rumos que a teledramaturgia venha a seguir nos próximos anos.
NOVELA MARAVILHOSA!!!
ResponderExcluirParabéns Lipe pela postagem e lembrança dos 5 anos de uma novela que marcou época!
ResponderExcluirDepois dela só Avenida Brasil valeu a pena no horário.
Abraço
Nunca perdi um Capítulo desta Novela A FAVORITA... Tudo era perfeito.... Elenco,Trilha,Roteiro.... Se um dia fizerem um Box com esta Novela serei o primeiro a adquiri-lo..rs
ResponderExcluirRobson Grisalho
Eu amo essa novela. A Flora me enganou, eu achava que ela era boazinha, também a Donatela não tinha jeito de vitima né?!
ResponderExcluirMarcelo Alves
Uma das melhores novelas das 8 foi A favorita muito boa.
ResponderExcluirRomário Belo
Acho que foi a única novela que me prendeu do começo ao fim... SENSACIONAL!
ResponderExcluirAndrey Zahner
Ousadia até no título... "A FAVORITA" na época me soou meio non sense para os padrões-Globo. Meio "A USURPADORA". Mas foi ótima, não me canso de assistir ao capítulo da revelação da assassina, em que no fim Flora acaba cometendo outro assassinato, o de Salvatore.
ResponderExcluirEu, como sempre, vou malhar o Judas, digo, A Favorita. Todo mundo da internet já deve saber que eu odeio essa novela, até eu já estou meio enjoada de tanto que falo mal dela, mas é porque realmente me incomoda esse status de inovadora que não vejo nessa novela que, para mim, tem a boa e velha fórmula mexicana: vilã invejosa e muito, mas muito má pra não deixar dúvidas e mocinha que passa a novela inteira chorando. Além do mais, acho impossível uma novela com tramas paralelas nulas ser "perfeita" porque... né? Mas, enfim, é só minha opinião.
ResponderExcluirLorena da Silva
certíssimo comentário
ExcluirBelo texto. eu gosto bastante de "A favorita", principalmente seu enredo central. acho que o JEC errou a mão em algumas coisas, como o fato de a Donatella poder vestir as roupas que pertenciam à personagem da Giullia Gamm, quando ela fica no sítio com a personagem do José Mayer), e outras ainda mais graves, como aquele desnecessário núcleo de humor da família do Dodi, que chega mais pro final da novela. mas a originalidade em não apresentar de cara a vilã e a mocinha, realmente, surpreendeu e me agradou. tanto que gosto mais dos primeiros 54 capítulos da novela do que do resto. acho-a bem melhor (e até mesmo com menos furos de coerência) do que "Avenida Brasil"
ResponderExcluirRafael Montoito
O que atrapalhou mais essa novela pelo o que andei lendo não foi nem tanto o texto e trabalho do JEC, mas sim, a RECORD que na época estava no auge com sua teledramaturgia. Antes de aparecer os escândalos envolvendo a IURD e a Emissora!
ResponderExcluirJota Neto
Eu adorei a favorita. Não perdi um capítulo. E foi melhor que Avenida Brasil,sem duvidas. Eu gosto do JEC e torço muito por ele. É um autor novo que tem boa vontade e é melhor que muitos que estão aí há anos com a sua centésima novela.
ResponderExcluirDany Frever
Concordo em gênero, numero e grau com a Lorena da Silva. Além de outro detalhe importante, o protagonista masculino, deviam ter chamado um ator pra interpretar...
ResponderExcluirCristian Monteiro
Gosto da novela,principalmente na primeira fase,mas não acho isso tudo que dizem!
ResponderExcluirVivi Spacey
A FAVORITA poderia ter sido uma minissérie, e não uma novela, porque apesar da ovação que fizeram à vilã, à trama central, teve furos nas tramas paralelas - totalmente equivocadas.
ResponderExcluirA personagem de GLÓRIA MENEZES que era tão esperta, meio dura, no começo da trama, se transformou depois numa figura boba. No final da trama, quem tinha que ter dado o tiro em FLORA ou pelo menos alimentado uma vingança implacável contra ela, era a personagem de Glória, e não a Mariana Ximenes.
Outro ponto bobo, foi a eterna mania de João Emanuel Carneiro colocar gays que se apaixonam por mulheres e vivem triângulo com um outro rapaz - tema que já foi abordado um monte de vezes.
Se tivesse sido minissérie, apenas usando-se o núcleo central, seria bem melhor.
Sou suspeita de falar, pois para mim que sou completamente apaixonada por novela mexicana, so tenho a dizer que ele JEC tem um QI de mexicano em suas novelas e quer queira quer não, nós o povo brasileiro, gosta de um drama.
ResponderExcluirVanderlea Morais Morais
Eu considero "A favorita" uma novela revolucionária. Foi ótimo acompanhar Flora e Donatela!
ResponderExcluirwww.cascudeando.zip.net
Realmente vale recordar esses 5 anos de A Favorita,que na minha humilde opinião é a melhor novela do João Emanuel Carneiro!!!
ResponderExcluirMas também concordo que,assim como nas outras novelas do João, as tramas paralelas eram horríveis.
Parabéns Felipe pelo texto!!!
Acabei de publicar um post, chamado "A dupla tentativa de voltar ao que era antes" comparando “Cheias de charme” e “Avenida Brasil” com “Sangue Bom” e “Amor à vida”(pequipariu.blogspot). Realmente "A Favorita" foi a primeira novela que provou inquestionávelmente que era neessário renovar o gênero.
ResponderExcluirPara mim melhor novela do JEC no horario das nove.
ResponderExcluirNão perdia um capitulo e antes torcia para a Flora me enganou o talento da Patricia Pillar.
Como comparação a tão falada Avenida Brasil a Histeria da Personagens central fez eu desistir de assistir a novela no primeiro mês e as tramas paralelas não me convenceram....Por isso acho A Favorita bem melhor.
MARCOS GALEANO
Na Novela A Favorita, qual foi o final da Manú (Emanuelle Araújo)!
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