Por Marcelo Alves
Ela
comemora seus 30 anos de carreira este ano. Dos musicais às novelas, ela nos
presenteia com suas atuações marcantes, sua presença tão agradável na telinha.
Não tem pra ninguém, seja no teatro ou na TV, ela rouba a cena e nunca passa
despercebida – nem teria como – pelo público.
Nesta
data tão importante, rememoremos a carreira da nossa principal triple threat
brasileira: CLAUDIA RAIA!
Rebobinamos
a fita para o ano de 1985, mais precisamente na novela Roque Santeiro. Claudia estreia nas novelas no papel de Ninon, uma das dançarinas da boate
Sexus.
“Eu fazia uma figuração de luxo [...] Eu
fiz a primeira cena, que eu tinha uma frase que era ‘eu também’[...] Eu fiquei
um mês assim ‘Eu também... eu também... eu também... eu também... eu também”
[...] A minha fala era no meio de duas da Regina [Duarte], que tinha laudas pra
decorar [...] E eu ali na minha ‘deixa’. Aí no ensaio ela emendou uma fala na
outra, eu falei: ‘Não, não, pera ai, pelo amor de Deus!’”
No
decorrer da novela a personagem cresceu, graças ao encantamento do público. Por
esta personagem, Claudia ganhou o prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos
de Arte).
Em
1988, na novela Sassaricando, de
Silvio de Abreu, com quem viria a trabalhar em várias outras novelas, viveu a
espevitada Tancinha, que é uma de
suas personagens mais lembradas até hoje. A feirante Tancinha, umas das filhas
de Aldonza (Lolita Rodrigues), não levava desaforo pra casa. Era disputada por
Beto (Marcos frota) e Apolo (Alexandre Frota). Seu sotaque paulistano exagerado e seu jeito diferente de oferecer melões na feira,
balançando junto com os seus seios, são sua marca registrada.
“Acho que foi uma das personagens de
maior sucesso que fiz, mas malharam no início. Era uma mulherona, meio Sophia
Loren, mas superingênua.”
Em
1989, no quadro “As Presidiarias” do programa TV Pirata, Tonhão, uma
presidiária lésbica, fez enorme sucesso. No quadro, a personagem tinha
trejeitos masculinos e dava em cima das companheiras de cela, em mais uma
brilhante atuação de Claudia.
“Eu sempre fazia a gostosona, até que,
depois do quarto programa, cheguei para o Guel Arraes e disse: ‘Olha, eu queria
mudar’. Tonhão foi o meu maior sucesso no programa. Eu me descobri uma
comediante de verdade, e o estilo de comédia que gosto de fazer.”
Em Rainha da sucata (1990) a atriz deu vida
a Adriana de Albuquerque Figueroa, que
é lembrada até hoje como “bailarina da coxa grossa”. Ao lado do gago Caio
Szimanski (Antônio Fagundes), protagonizaram ótimas cenas de humor, no decorrer
da novela. Uma personagem divertidíssima, uma de minhas preferidas.
“Esse papel foi uma consagração né? A
bailarina da coxa grossa e o gago eram um casal completamente inadequado. Silvio
disse: ‘Escrevi um papel para você, mas queria que você engordasse, porque
queria que fizesse a bailarina da coxa grossa, que nada dá certo para ela. E
ela se apaixona por um gago. Quero que seja um casal de comédia: você e Antonio
Fagundes’. Fiquei uma balofa!”
A certa altura, Claudia não aguentou mais ficar tão acima de seu peso e pediu a Silvio de Abreu que fizesse a personagem emagrecer, e o autor criou sequencias divertidíssimas de Adriana tentando perder peso.
Em
1992, na novela Deus nos Acuda, viveu Maria Escandalosa, uma trambiqueira de
marca maior, que é salva da morte pelo anjo Celestina (Dercy Gonçalves), e
passa a ser vigiada por forças divinas, com o intuito de torná-la uma pessoa de
bom caráter. Foi durante as gravações desta novela, que a atriz começou um
romance real com o ator Edson Celulari, que fazia seu par romântico. Com ele se
casou e tiveram dois filhos. A relação durou até alguns anos atrás.
Na
minissérie Engraçadinha: Seus Amores e
Seus Pecados (1995), Claudia interpretou a personagem titulo, na segunda
fase. Uma mulher bonita, mãe de família e religiosa, que é casada com Zózimo (Pedro
Paulo Rangel) e vive uma paixão secreta com Luiz Claudio (Alexandre Borges). A
atriz faz questão de citar em suas entrevistas, que a partir de Engraçadinha se
tornou uma atriz que podia fazer drama.
Em Torre de Babel (1998), Claudia viveu a
perversa Ângela Vidal, primeira vilã
de sua carreira. Braço direito da família Toledo na
administração do Tropical Towers Shopping, nutria uma paixão platônica por Henrique Toledo (Edson Celulari). Da paixão não correspondida brota um sentimento doentio. Ela se torna uma mulher fria, assassina perigosa. A personagem tem um trágico desfecho: se joga do alto do shopping.
"Sabia que ela era uma
vilã horrível. Foi estratégia do Silvio [de Abreu] começar devagar, pela
sombra, aparecendo uma coisinha aqui e ali.
Tive que estudar muito para fazer esse papel. Quando
começa uma novela, a gente brinca que, depois de dois ou três meses, o papel
sai na urina. A Ângela não saiu facilmente para mim."
Em
2001, em As Filhas da Mãe, Claudia
encarnou a estilista Ramona, um transexual, que choca a família ao voltar ao Brasil com a novidade de que teria
mudado de sexo. Envolve-se amorosamente com Leonardo (Alexandre Borges).
“Não me pergunte como um transexual, num
país que é machista e conservador, pôde ter feito tanto sucesso. As crianças
diziam: ‘Ramona, você tem que ficar com o Leonardo. A gente está torcendo!’ Era
um sucesso inacreditável, foi uma novela ousada.”
Em O
Beijo do Vampiro (2002), interpretou a esfuziante vampira Mina de Montmartre. Era uma grande atriz parisiense de sua época. Foi conduzida ao mundo sobrenatural em algum momento
do século XIX. Bonita, sensual, cruel
e engraçada, foi seduzida e vampirizada por Bóris (Tarcísio Meira), tornando-se cúmplice dele por mais de um século.
Já
em Belíssima (2005), Claudia
interpretou Safira, filha de Katina
e Murat (Irene Ravache e Lima Duarte, respectivamente). Depois de vários
casamentos, vai se sentir fortemente atraída pelo mecânico Paschoal (Reynaldo
Gianecchini). Os dois protagonizaram cenas pra lá de calientes!
Em
2007, Claudia vivia mais uma vilã em sua carreira, Agatha, na novela Sete
Pecados de Walcyr Carrasco. Sua primeira (e única) parceria com o autor não
foi algo muito bom para a carreira de Claudia. Ela foi novamente criticada por
seu desempenho como vilã e, segundo boatos, após inserir cacos (improvisação nas
falas) no texto – o que o autor não admite que façam de forma alguma – teve sua
personagem morta.
Em A Favorita (2008), de João Emanuel
Carneiro, deu vida a Donatela Fontini.
A socialite vê sua vida virar um inferno com a saída de Flora (Patrícia Pillar)
da cadeia, a quem ela acusa de ter matado seu marido, Marcelo (Flávio Tolezani).
“O João Emanuel escreveu a Donatela pra
mim, por causa da Engraçadinha.”
No
remake de Tititi (2010), na pele de Jaqueline Maldonado, Claudia brilhou!
Sua personagem não ficou devendo em nada para a Jaqueline de Sandra Bréa. Uma
tresloucada perua, que se apaixona pelo estilista Jaques Leclair (Alexandre
Borges). Nesta novela a atriz viveu ótimos momentos, cenas divertidíssimas que
só reafirmaram o talento da atriz para o humor. A personagem fez tanto sucesso
com o público que quase virou um seriado. Quem aí não se lembra de quando
Jaqueline, que adorava Xuxa, cantou com a própria? Ou quando fundou um grife no
convento? Jaqueline entrou para a galeria de suas melhores personagens.
Lívia Marine, de
Salve Jorge (2013), da autora Glória Perez, talvez tenha sido a
personagem mais criticada de Claudia. A vilã elegante e acima de qualquer
suspeita, que agenciava garotas para sua quadrilha de tráfico internacional de
pessoas, não agradou. Muito porque Lívia acabou sendo esmagada por outra vilã
da novela: Wanda (Totia Meireles).
O
método assassino da vilã virou piada na internet. Quem não se lembra da
Seringada da Lívia?
Samantha Santana, sua
personagem mais recente, fez muito sucesso na trama das sete, Alto Astral, que teve o seu último
capítulo exibido nesta sexta. Ao lado
de seu fiel escudeiro, Pepito (Conrado Caputo), arrancou boas risadas do público.
Samantha, uma das melhores personagens da novela, vai deixar saudades!
Ah,
mas o sucesso foi tanto, que se fala na criação de um seriado para a personagem
e seu parceiro Pepito.
Marcelo Alves é um jovem estudante do ensino médio, apreciador da teledramaturgia brasileira, curioso por tudo que envolva o gênero telenovela.
Sua fonte de pesquisa: Sites Memória Globo, Teledramaturgia e Folha de São Paulo.
Marcelo Alves é um jovem estudante do ensino médio, apreciador da teledramaturgia brasileira, curioso por tudo que envolva o gênero telenovela.
Sua fonte de pesquisa: Sites Memória Globo, Teledramaturgia e Folha de São Paulo.
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