Convidei o amigo Silvestre Mendes para expor a sua opinião sobre a novela Amor e Revolução, ele prontamente aceitou, e eu agradeço a gentileza.
"Não acredito em uma definição única, mas no momento sei o que posso dizer sobre mim... Sou um louco por seriado de tv, chocolate, livros e cinema..."
Silvestre Mendes
Roteirista e Editor de Conteúdo do Blog Na TV
Uma história de amor que se passa na época mais complicada que nosso país já viveu. Dito assim pode soar até atemporal, já que o Brasil vive uma época complicada atrás da outra, mas é na ditadura militar – essa ferida consciente de nossa história – que esse “Romeu & Julieta” se desenrola.
Quando foi anunciada toda a temática dessa nova produção do SBT, preciso dizer que me vi entusiasmado. Talvez por carregar em minhas fantasias toda a curiosidade do que aconteceu na época e ter a certeza que se fosse um estudante por volta de 1965, não estaria ao lado dos militares e sim nas ruas lutando pela igualdade.
Até hoje o pouco que foi visto desse nosso retrato foi na minissérie Anos Rebelde (1992) e na primeira parte da novela Senhora do Destino (2004) e Cidadão Brasileiro (2006). Mas nenhuma novela teve seus protagonistas vivenciando os anos de chumbo. Nenhuma novela até essa estreia de 2011.
De todos os trabalhos autorais de Tiago Santiago, esse é o primeiro em que o didatismo não veio de uma forma muito exagerada. Não que isso esteja ausente, mas devemos lembrar que por ser um recorte do que foi realmente vivenciado é preciso explicar certos dados e esclarecer algumas siglas, que não são de amplo conhecimento de todo o público.
Não podemos esquecer que já faz mais de dez anos, quase chegando a vinte, que Anos Rebeldes levou uma geração de jovens a pintar o rosto e depor um presidente. Significa de que desde então assuntos relacionados à politica despertam o interesse cada vez menor dos mais jovens. Existem aqueles que não têm ideia do que foi a ditadura para a nossa história e do sacrifício de muitos, para hoje, poder ser livre.
Essa é a discussão que Amor & Revolução pode trazer e fazendo com que a politica e liberdade de expressão voltem a ser discutidas e argumentadas por todos os lugares.
Mas esse é um lado positivo da novela. E sua história? Atuação? Direção? Vejo uma novela que tem bons atores que defendem seus papeis e com gosto. É bom ver rostos que estavam desaparecidos de nossa TV, voltar e com bons personagens. Fátima Freire, por exemplo, está de parabéns por construir uma mulher e mãe tão devotada ao marido e sua vida politica. Reinaldo Gonzaga e seu General Lobo Guerra. Um linha dura e sem coração. Típico dos vilões e por isso poderia cair nos clichês de interpretação, mas tem uma humanidade própria nesse homem que acredita que o Brasil governado por militares é a melhor saída. Joana Limaverde e sua adorável Stela. Não poderíamos esperar por menos. Joana vem dando um show a cada novo trabalho. Gabriela Alves e sua sofrida Odete. Capturada no primeiro capítulo, vem sofrendo toda a pressão e tortura dos militares. Gabriela, que estava sumida de nossa tela, é uma grata surpresa e tem mostrado bastante amadurecimento em sua carreira.
Não posso deixar de elogiar todo o trabalho que vem sendo feito por Reinaldo Boury. As novelas da emissora do Anhanguera, sempre tiveram problemas com a direção, mas Boury tem minimizado no que pode tudo isso. É claro que muita mágica não pode ser feita e em alguns momentos a frágil produção dá as caras. Mas quando se tem uma boa história para contar, o resto é o resto.
fiquei muito contente pelo seu texto, pois precisava desse contraponto às demais críticas aqui postadas, sobre Amor e Revolução. Valeu, Silvestre!
ResponderExcluirMuito bom o texto. Também acredito na boa vontade da emissora em fazer melhor.
ResponderExcluirParabéns ao Silvestre pelo texto e ao Isaac pelo Blog.