sábado, 26 de novembro de 2011

QUERIDOS AMIGOS: A VIDA TEM A COR QUE A GENTE DÁ A ELA!

Thiago Ribeiro


Eu queria fazer dessa nossa reunião de família um elogio ao afeto, a tolerância e a solidariedade”.

LÉO

“Amizade (do latim amicus; amigo, que possivelmente se derivou de amore; amar, ainda que se diga também que a palavra provém do grego) é uma relação afetiva, a princípio, sem características romântico-sexuais, entre duas pessoas. Em sentido amplo, é um relacionamento humano que envolve o conhecimento mútuo e a afeição, além de lealdade ao ponto do altruismo. Neste aspecto, pode-se dizer que uma relação entre pais e filhos entre irmãos, demais familiares, cônjuges ou namorados, pode ser também uma relação de amizade, embora não necessariamente”.



Exibido em fevereiro de 2008, QUERIDOS AMIGOS foi uma minissérie escrita por Maria Adelaide Amaral, com a colaboração de Letícia Mey.



O mote da minissérie era o reencontro Léo (Dan Stulbach), Lena (Débora Bloch), Tito (Matheus Nachtergaele), Vânia (Drica Moraes), Ivan (Luiz Carlos Vasconcelos), Lúcia (Malu Galli), Rui (Tarcísio Filho), Benny (Guilherme Weber), Flora (Aída Lener), Pingo (Joelson Medeiros), Raquel (Maria Luísa Mendonça), Pedro (Bruno Garcia) e Bia (Denise Fraga), que nos idos dos anos 70 eram um grupo de amigos que se intitulava “a família”. Os anos se passaram e os amigos acabaram se separando. E é nesse ponto, em 1989 que a minissérie começa.

“Tô com uma saudade dilacerante de nós, do que a gente era, do que a gente queria, de sentir esse afeto que nos unia”.
LEO

Léo descobre estar gravemente doente. Resolve então reunir os antigos amigos para sentir de novo aquele afeto que imperava no grupo, mesmo com as divergências comuns a toda família. Só que nenhum dos amigos é mais igual ao que era antes. Flora, sua ex-mulher, se recusa a falar com ele, magoada pelo fim do casamento, já que Léo nunca foi um bom marido, muito menos um bom pai para o filho Davi (André Luiz Frambach).



Lena renunciou ao casamento com Guto (Emílio de Mello), abrindo mão da filha Marina, para ser feliz com Ivan, que não teve a mesma coragem de se separar da esposa, Regina (Regina Remencius).

“Eu não me sinto traindo a Regina quando estou com você, eu me sinto traindo você quando estou com ela. E traindo a mim mesmo quando chego em casa e ela está a minha espera. Traindo todas as promessas que fiz e de quem não consegui cumprir, mas que dizem respeito a você e aos meus projetos sempre adiados”.
- Ivan, para Lena.


Tito e Vânia se separaram logo após eles voltarem do exílio, devido ao desleixo de Tito para com a esposa, que tempos depois se casa com Fernando (Tato Gabus Mendes). Tito é um idealista, que vê seus sonhos de revolucionário destruir seu casamento. Vânia se cansou do marido relapso, ela queria alguém que lhe confortasse, que estivesse do seu lado nos momentos de angústia, e Tito raramente estava do seu lado, sempre ocupado com reuniões políticas e etc. Já Fernando, além de rico, dava a ela carinho e atenção, e era um ótimo padrasto para os filhos dela.

“Às vezes a gente tem que ceder para ganhar”.
- Fernando


Pedro era um escritor famoso e de sucesso que vê sua vida degringolar após a morte da mulher, Márcia (Lulli Muller). Mantém uma paixão secreta por Lúcia. Outrora autor de grandes best sellers, hoje ele trabalha como free-lance na mesma revista na qual trabalham Ivan e Tito.

“A vida não é só felicidade, diversão. Você não é assim. Basta ver o seu trabalho. Isso é uma traição aquilo que fomos, as coisas pelos quais lutamos. Foi por isso que o Léo te mandou o vídeo, pra você não se esquecer do que você fez, quem foi, de quem é Vânia. Você não sabe a emoção que foi resgatar a emoção da volta de vocês. Vocês voltaram pro Brasil. Vocês voltaram pra nós.”
- Pedro


Benny, outrora bem humorado e feliz, se tornou uma pessoa fria e sarcástica, que se relaciona com vários garotos, sem se envolver afetivamente com ninguém. Benny se droga, se agride e agride quem está do seu lado. Amigo de infância de Léo sofre por ter sido rejeitado pela família da mãe, a quem sempre se refere como “a bela hebréia”.

“Bendito seja você Léo que habitou entre as sombras. Bendito seja você na sua arrogância, na paranóia, no delírio de criar a obra definitiva. Bendito seja tua luz que tanto brilhou na minha vida. Bendita tua coragem de cagar para a vida. Bendito seja você que escolheu a morte. Bendito todos os loucos, todos os palhas de todas as ordens. Bendito a solidão. Bendito a sua decisão de cometer o gesto mais grandioso da sua vida. Bendito seja você meu amigo.”
- Benny




Raquel é uma dona de casa devotada à família. É casada com Luís Maurício, ou Pingo, professor universitário que mantêm um caso com Lorena (Fernanda Machado), sua aluna. Têm juntos quatro filhos. É a típica mulher que se anula em favor dos filhos, do marido. Seu mundo cai quando Pingo resolve sair de casa. Ela cai em depressão profunda, mas é salva por Léo. Quando sai da depressão Raquel radicaliza: deixa os filhos mais novos sob a responsabilidade do pai, corta os cabelos e vai viajar. Vai em busca da sua felicidade. Nessa viagem ela conhece Fausto (André Frateschi), vocalista de uma banda de rock, segue com ele tentando ser feliz.

“A morte só é uma solução quando a vida tá por um fio, e este não é o seu caso”.
- Léo, para Raquel



Bia não deu certo na vida, segundo os dizeres de sua mãe, dona Iraci (Fernanda Montenegro), que deseja ver a filha casada e feliz. Quando jovem, Bia foi presa pelo DOPS, torturada e estuprada. Ela busca na astrologia um refúgio para seus medos. Uma certa noite Bia reencontra seu torturador numa boate e entra em choque, tentando se matar logo em seguida, mas é salva por Léo. Uma das cenas mais emocionantes é quando dona Iraci enfrenta o homem e lhe conta todo o mal que a tortura resultou em sua filha. Iraci mantêm um caso com Alberto (Juca de Oliveira), pai da Lena. A maior diversão dos dois é dançar em bailes da terceira idade.

Bia: Léo, eu sei o que você vai fazer. Por favor, me leve junto com você.
Léo: Bia, Bia querida. Onde está o seu Buda? As suas estrelas? Você precisa de uma viagem intergaláctica.

“A sua mãe sabe o que você faz com os filhos adorados de outras mães?” ·- Dona Iraci ao torturador da Bia

Avessos a isso, apenas Rui e Lúcia parecem ter encontrado a felicidade. Isso até Lúcia descobrir que Rui tem uma filha como uma colega médica, fruto de uma única noite, já que a gravidez foi uma produção independente. Sentindo-se traída ela passa a rejeitar o marido!

“As pessoas raramente se envolvem com quem vale a pena”.
- Lucia



Baseada em seu livro “Aos Meus Amigos”, Maria Adelaide contou em entrevista que a idéia da minissérie veio quando seu projeto de minissérie sobre Maurício de Nassau foi cancelado. Durante uma visita, o ator Dan Sulbach lhe sugeriu que adaptasse o livro que daria um bom projeto para a tv. Sendo uma adaptação, algumas alterações foram feitas ao transpor o livro para a tv, como por exemplo, os personagens Adônis e Lauro, que foram suprimidos da história. Já a modelo Ucha, mudou de nome e virou Karina, personagem de Mayanna Neiva. No livro, Lúcia sofrera de um câncer.

Ao longo dos 25 capítulos, a autora Maria Adelaide Amaral desenvolveu a relação dos amigos, mostrando seus medos, suas ambições e principalmente, suas frustrações com tudo que não deu certo em suas vidas.

“A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades”.



8 comentários:

  1. Linda, profunda e emocionante minissérie: impossível não se comover com os dramas particulares daqueles grandes amigos e com a linda história de união entre els, apesar de suas tantas diferenças. Todos os atores estiveram irrepreensíveis, Guilherme Weber arrasador com o sarcástico e amargo Benny e Denise Fraga surpreendeu com uma personagem de intensa e pesada carga dramática, em nada lembrando suas típicas personagens-comédia.
    Das minisséries que pude ver, considero a humana Queridos Amigos a melhor da década de 2000. Destaque ainda para a bem selecionada trilha sonora.
    Parabéns pelo tema escolhido para o texto!

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  2. Eu não gostei muito da minissérie não...

    Um ar frio, sombrio, tenso, extremamente cult, macabro... Lírica demais... Pelo menos, pra mim, prometeu uma coisa e foi outra.

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  3. A impressão que tenho é que "Queridos Amigos" foi uma minissérie anos 80 dentro dos anos 2000... de muita sensibilidade!

    post brilhante, meu caro Thiago com Z... abraço!

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  4. eu preciso ver de novo....tive problemas em família quando passou e até me traz algumas más lembranças, mas lembro que gostei do cara fzendo o travesti, do maravilhoso Guilherme Weber e da trama da Denise Fraga...não suportava a Débora Bloch e aquele amor comunista...mas, acho que preciso ver de novo mesmo...tb não dava conta do personagem principal , o que não é bom , né? ótimas cenas escolhidas...a cena em que a Maria Luiza Mendonça é abandonada e fica prostrada na cama me comove até hoje...perfeita também!!!

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  5. Vi muito pouco dessa minissérie, confesso que não me chamou atenção!
    Mas ficou bem legal seu post! Parabéns.

    Fábio Dias R.
    www.ocabidefala.com

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  6. Thiago,

    Não tive oportunidade de assistir a série, e seu texto só fez aumentar minha curiosidade: tanto pelo livro, como pela versão para a TV.

    Espero poder ver ambos em breve!

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  7. Que texto lindo, Thiago. Até me emocionei.
    Eu amo essa minissérie, poucas obras dramatúrgicas me tocaram tanto quanto ela. Lendo seu texto deu uma saudade...

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  8. Obrigado gente!! é a minnha minissérie favorita justamente por ser lírica!! Obrigado EMERSON, EDU, DIOGO, FÁBIO, ISAAC, DENIS E LORENA!

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