quinta-feira, 24 de novembro de 2011

É, só tinha de ser com você, havia de ser pra você...

Brunno Duprat
Sabe aquele personagem que de tanto sucesso que fez, de tanta identificação com o ator|atriz, simplesmente não conseguimos conceber em nossa mente outra pessoa interpretando??? -  São os Deuses das Artes conspirando a favor, mas tem um pouquinho de rejeição também. Muitos desses papéis foram especialmente criados para determinados atores que por algum motivo declinaram do convite e... Jogaram no lixo personagens inesquecíveis. Azar de uns, sorte de outros. C' est la vie, meus amours, rs!
Mas que fique combinado assim: não é uma lista oficial, varrendo tudo e todos. E aquele que lembrar de mais um caso, que declare em seu comentário ou se cale para todo o sempre!!!

Se é para começar que seja com um mega sucesso: ao criar "Dancing Days" (primeira novelas das 20 hs fora do eixo Janete Clair - Lauro Cezar Muniz), Gilberto Braga tinha em mente Beth Faria para fazer a mocinha, a sacudida ex-presidiária Julia Matos. Beth, que preferiu estrelar o programa Brasil Pandeiro, teve de se contentar em aplaudir Sonia Braga dando o nome na novela, numa protagonista moderna, bem resolvida e errante: humana. Sem contar que adiava assim o que seria seu primeiro grande "encontro-embate" com Joana Fomm, fato que aconteceria 11 anos depois em "Tieta" (1989). 

E vocês acham que Beth aprendeu? Que nada! - Em 1985, ao reativar o projeto "Roque Santeiro", vetado pela censura em 1975, Beth fora novamente convidada a viver Porcina, mas declinou do convite. Errou por ser uma personagem fascinante, do tipo irrecusável. Mas acertou pois não vejo Viúva Porcina de posse de um outro corpo que não seja o de Regina Duarte, fato! 

Francisco Cuoco também preferiu não participar desta nova versão, ficando a cargo de Jose Wilker o personagem-título. Por falar em Regina, a atriz por duas vezes recusou papéis que caíram feito uma luva para Suzana Vieira: a mãezona Ana de "A Próxima Vitima" (1995) e guerreira Maria do Carmo em "Senhora do Destino" (2004). E alguém admite outra atriz dizendo que "... tá varada de fome..." ???

Colecionando formidáveis desempenhos e obtendo sucesso de público e crítica, principalmente em relação a Capitu, Giovanna Antonelli tem enfim o reconhecimento e é elevada à mocinha da novela das oito. Sua Jade, uma 'muçulmana-tupiniquim' tomou conta do país, apaixonando a todos que acompanhavam a sua saga. Defendeu como poucas uma mulher movida por amor. Impossível não torcer por um final feliz. Giovana nos envolveu com todo o seu carisma. Carisma esse que também não faltaria à Ana Paula Arósio, 1ª opção para viver a personagem. Após sua recusa, Letícia Spiller foi sondada e também recusou o convite. Ainda que sejam duas belas e competentes atrizes, é inadmissível aceitá-las no papel. Giovanna e Jade tiveram um encontro perfeito na hora marcada. Como eu disse lá no começo: os Deuses das Artes conspirando a favor...

Impossível falar de personagens quase interpretados sem mencionar a minha amiga Cacau - Claudia Abreu para vocês que não são íntimos. Cacau é recordista com direito a medalha de ouro, pódio e hino nacional. Extremamente lisonjeada pelo convite recebido de Gilberto Braga, a atriz bateu o pé com a emissora carioca e preteriu protagonizar uma novela para se dedicar ao projeto de Giba. Mas pelo bem geral, ela fez de maneira magistral a militante Heloísa em "Anos Rebeldes", sendo assim consagrada com o Troféu APCA de melhor atriz de 1992, aos 22 anos. 

Tempos depois rejeitou também o principal papel feminino de "A Indomada", que acabou ficando com Adriana Esteves, que arrasou. 
Já na Era 2000, mais precisamente em 2005, rejeita a personagem Sol, protagonista da novela "América", adiando assim o reencontro com a autora que lhe projetou ao estrelato. 
Mas nem tudo foi rejeição. 
Foi pensando nela que Gilberto Braga criou Paula e Taís, mas como a cegonha foi mais rápida que o convite, coube a Alessandra Negrini interpretar as irmãs gêmeas que não se conheciam.

“... Batidas na porta da frente, é o tempo. Eu bebo um pouquinho para ter argumento.Mas fico sem jeito calado, ele ri. Ele zomba do quanto eu chorei. Por que sabe passar e eu não sei...”

É difícil ouvir estes versos na voz de Nana Caimmy e não lembrar da abertura de "Hilda Furacão". Mais difícil ainda é tentar entender como Letícia Spiller deixou escapar um presente como esse. Se bem que ao assistir as cenas de Ana Paula Arósio debutando como Deusa Furacão, apenas penso: É, só tinha de ser com você, havia de ser pra você...

Mais recente e não menos marcante temos Bebel, uma piranha truqueira que ela só, cheia das artimanhas na vida e na cama, vivida com todo o charme do mundo por Camila Pitanga
Pasmem-se: Bebel foi escrita para Mariana Ximenes, que preferiu 'dar um tempo e descansar a imagem' - Bom descanso, bebê!!! 
Camila reinou absoluta e fez de sua Bebel o grande destaque da novela, numa química explosiva com Wagner Moura (Olavo Novaes), escalado para o papel após a recusa de Selton Mello. Ainda em "Paraíso Tropical", devido a problemas de saúde a grande Joana Fomm, que tanto já brilhou em textos 'gilbertianos', não pôde viver a socialight decadente e trambiqueira, Marion Novaes. Vera Holtz assumiu o seu lugar e foi coesa como sempre, defendendo muito bem a mãe de Olavo e Ivan.


Então é isso, ficamos nós por aqui. Até a próxima, beijos com sabor de sapoti, rs!

19 comentários:

  1. Bruno, seu diabrete, que texto - e tema bons!!! Gostei muito!

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  2. Isaac, apenas uma errata. Hilda Furacão nunca foi oferecida a Letícia Spiller. Wolf Maya sempre teve em mente o nome de Ana Paula Arósio para a personagem e batalhou por isso, tanto que a atriz na época ainda contratada do SBT foi cedida numa negociação longa. Caso essa negociação não desse certo, o nome em stand by, seria o de Luana Piovani. Isso não sou eu quem diz. É o próprio Wolf Maya que relata toda a história da escalação para a personagem em uma entrevista concedida ao site Memória Globo. Basta entrar lá e confirmar.

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  3. Tinha que ser você Bruno, para escrever um texto tão interessante, A D O R E I !

    Fábio
    www.ocadidefala.com

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  4. Excelentes curiosidades, Brunno... muito legal seu texto.

    Obrigado pela observação, Marcelo... fica o registro para uma possível retificação feita pelo próprio Brunno, autor da postagem.

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  5. Se Wolf falou isso, eu não achei. Mas vi sim, numa entrevista na época do lançamento de Amazônia, Gloria brincar com Letícia o fato de finalmente tê-la numa produção sua já que não rolou Hilda Furacão. A própria Letícia Spiller falou sobre isso numa entrevista ao Canal Multishow. O papel sempre foi para Ana Paula Arósio, mas foi uma negociação difícil e Letícia seria uma opção no caso da recusa. Sobre Luana eu desconheço a história.
    Inventar não inventei!
    Mas enfim...

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  6. Só para confirmar o que postei:
    http://www.historiadocinemabrasileiro.com.br/leticia-spiller/

    Também está no Wikipédia, mas jamais me basearia por lá, devido ser um canal aberto.
    A entrevista, não consegui achar, mas não errei mui menos inventei!

    Obrigado pelo prestígio!!!

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  7. Desculpe, Brunno Duprat, eu não tinha visto que a postagem era sua. Você escreve muito bem!

    Infelizmente o site Memória Globo está em manutenção e a entrevista com todos foram retiradas do ar.

    Mas eu tinha salvo o texto nos meus arquivos, e apenas para título de curiosidade, postarei aqui nos comentários. Espero não estar sendo inoportuno.

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  8. Entrevista com WOLF MAYA sobre Ana Paula Arósio em Hilda Furacão no Memória Globo.

    O maior desafio foi Ana Paula Arósio, que já era uma grande manequim, linda, belíssima, como ela é até hoje. Eu a tinha visto fazer Antígona, no teatro. Um espetáculo pequenininho do Antônio Abujamra. Eu fiquei fascinado com a voz daquela atriz. Não é possível uma mulher linda como essa ter uma voz rouca, uma voz que tinha dramaticidade, tinha calor, havia tragédia na voz dela. Falei: “Que bárbaro”. Fiquei louco com ela. Guardei isso para mim mesmo. Ela estava casada com o Tarcisinho, não quis nem perturbar a vida da atriz, com proposta, com algum sonho, que eu não pudesse realizar. Mas fiquei com aquilo na cabeça. Aí, quando fui fazer Hilda furacão, eu tinha várias atrizes contratadas, da casa, facílimas, prontas para gravar. A Gloria não conhecia a Ana Paula, não tinha vivido esse impacto que eu vivi com ela. E eu falei: “Eu quero, eu quero, eu quero”. E quem eu fui procurar? O Boni. Eu entrei na sala dele e falei: “Olha, bicho, eu tenho a atriz, eu só faço se for assim. É um ninho de ratos, ela é contratada do Silvio Santos, não sei nem se tem alguma possibilidade técnica, formal, judicial de fazer isso.” Aí, eu liguei para ela, disse o que eu queria e marcamos de jantar juntos. Um dia entrei, às 2h da tarde, na sala do Boni, e ela entrou, às 2h da tarde, na sala do Silvio Santos. E, juntos, nós enfrentamos os chefes. Eu não sei com que argumentos. Ela me disse depois que falou assim: “Silvio, se você não me deixar ir, eu vou ser a pessoa mais infeliz do mundo. Eu vou morrer aqui, agora. Você vai me matar. Eu vou e volto. Vou tentar fazer um contrato com eles só para esse projeto. Eu volto para cá e a gente faz mais uma coisa aqui, trazendo tudo o que eu vou aprender lá, tudo o que eu vou poder conquistar lá.”

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  9. Ela fez essa trap, essa armadilha com o Silvio Santos, e ele ficou entusiasmado. E eu tentava argumentar com o Boni, do lado de cá. Ele falou assim: “Mas a menina...” Eu falei: “Eu consigo ela por três meses.” E ele dizia: “Você é louco. Você vai conseguir gravar três meses com ela?” “Consigo”, eu respondia. Eu tinha data marcada para acabar. No dia 31 de janeiro, às 6h da tarde, eu tinha que encerrar com Ana Paula Arósio, senão a gente seria processado pelo Silvio Santos. Foi muito louco. Foi um jogo de risco. Acabei a última cena dela às 6h da tarde, debaixo de chuva, em Tiradentes. Ela pegou um helicóptero, foi para o Rio e, depois, foi para São Paulo. Ela chegou vestida de Hilda Furacão, de helicóptero. Mas a negociação foi demorada. Eu já estava gravando há duas semanas, e ninguém sabia quem era a Hilda. E nós sabíamos que a gente tinha conseguido. Foi tão mágico, que eu falei: “Não, não pode ser ela.”. Houve uma vez em que eu estava desesperado em Tiradentes e falei para o Rodrigo Santoro, que fazia a novela: “Traz a tua mulher, vem com ela”. Era a Luana Piovani. Eu ia fazer o convite a ela naquela noite, para gravar no dia seguinte, caso a Ana não viesse. Eu já tinha que pensar numa opção desesperada. Não que a Luana não fosse o máximo, mas eu queria uma Hilda Furacão que o povo nunca tivesse visto. Por que isso? Eu achei que a historia só teria graça se eu botasse uma atriz que não tivesse nenhum recall com o público. O público não podia tê-la visto rindo, chorando, nua, beijando, nada. Eu queria uma atriz que fosse virginal para o público, para que ele levasse aquele impacto. E a Ana fazia tudo isso, porque além de linda, era ótima atriz e tinha uma voz linda. E aí, bicho, uma velhinha.estava no meio... Eu acho que essa velhinha nem existiu, devia ter sido um espírito. Ela falou: “Meu filho, não chora.” Eu não estava chorando, estava parado. “Meu filho, não chora não, que ela vai chegar, ela vai chegar.” Ninguém sabia disso. A velhinha falou para mim: “Ela vai chegar.” Uma beata de Tiradentes:

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  10. “Pode ficar calmo, amanhã ela está chegando, vai ser muito lindo.” E ela sumiu, nunca mais vi essa pessoa. Contratamos a cidade de Tiradentes para fazer figuração, e eu fiquei o resto da história procurando essa senhora da figuração Nunca mais eu a vi. Eu sei que, no dia seguinte, a Ana Paula Arósio chegou de helicóptero. Fizemos um contrato de três meses, banquei devolvê-la para o Silvio Santos. O Boni fez uma coisa mágica – eu se fosse ele, talvez não tivesse feito –, que é trazer uma atriz de fora, dar para ela status, dar um primeiro papel e poder perdê-la depois, sem ter contrato longo com ela. Mas tudo deu certo, a gente fez Hilda furacão. Essa é a imagem mais importante que eu tenho na minha cabeça da minissérie.

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  11. De forma alguma.
    Wolf tinha Luana como Plano B, outros Letícia.
    Vai entender..
    Autora x Diretor... rs!

    Mas enfim, ganhamos todos nós com mais essa informação sobre uma possível cogitação de Piovani e Letícia.
    Ganhamos mais ainda pelo trabalho majestoso apresentado por Ana Paula Arósio!

    Volte sempre Marcelo Rocha!

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  12. eu sou um dos que acham que a Betty ia se encaixar muito bem como Julia Mattos, acho que ia ser tão sucesso qto...ela tinha esse lado popular que a personagem exigia. Claro que a Sônia esteve maravilhosa e é mesmo a Julia Mattos.
    Outro caso de que me lembro foi a Babalu, escrita pra Adriana Esteves, mas que foi a estreia da Letícia Spiller com um personagem que caiu na boca do povo.
    ótima ideia mesmo..eu adoro esse tema!!!

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  13. Gente! Eu juro que não sabia de muitaaaaaaas dessas recusas providenciais!
    Arrasou, amiuuugo!
    Parabéns pelo texto super inteligente e informativo, Bruno!

    Beijos.

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  14. Amei o texto tanto no aspecto informativo, quanto no lúdico que nos remeteu à uma deliciosa nostalgia em termos de qualidade de atuação dos atores em personagens que tem um pouco de cada um de nós. Ótimo amigo,bravo.

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  15. Cláudia Abreu não recusou também ser protagonista de "Beleza pura"? Li em algum lugar que as três irmãs poderiam ter vivido a Joana, que ficou com a Regiane Alves. Nossa, não imaginava que a Cláudia Abreu tinha recusado tanto...
    Lucas - www.cascudeando.zip.net

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  16. Parabens, Brunninho!!!Vc escreve bem, gostei!! :)) Concordo com muitas de suas palavras!!
    Regina Duarte muito bem como Porcina...apesar de nao ir com a cara dela...da Regina...rssss
    Ana Paula Arosio perfeita como Hilda Furacao!
    Acho q nao ia gostar de outra no lugar de Sonia Braga como Julia!! Demais!!
    Nana q eu amo!!!
    Continue escrevendo...vc leva jeito!! rsss
    Bjs
    Maura

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  17. Pura verdade! Difícil imaginar Betty Faria como a Júlia ou como a Porcina...

    Agora Cláudia Abreu, faltou citar que desde Três Irmãs, todo trabalho que ela é convidada, ela engravida kkkkkk parece que pegou trauma depois de ter feito a novela

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  18. Acho que o personagem da Bebel de Paraíso tropical foi escrito para Malu Mader! será? alguém poderia confirmar?

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  19. A Joana Foom só fez a Iolanda de Dancin Days, após a saída de Norma Bengell que chegou a gravar cenas da novela. Betty chegou a ser Porcina na versão censurada. Dina Sfat recusou fazer O bem amado que ficou para Sandra Bréa. Susana Vieira fez Escalada mas o papel era para Camila Amado. Lídia Brondi preferiu fazer Vera e não Mariza que após testes, Glória Pires estoura em Dancin Days. Edmar Carneiro

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