Por Flávio Michelazzo
Acima
de todos os elogios que eu teria a fazer à novela das 18h, "Lado a
Lado", de João Ximenes Braga e Cláudia Lage com supervisão de texto de
Gilberto Braga e direção de Dennis Carvalho e Vinícius Coimbra, está, na minha
opinião, a amizade entre as duas protagonistas, Laura (Marjorie Estiano) e
Isabel (Camila Pitanga).
As
duas formam, sob meu ponto de vista, o que tradicionalmente é visto como o
"par romântico" de uma novela, ou seja, a história é em torno
não de duas pessoas que se apaixonam carnalmente num acaso da vida, mas de duas
pessoas que têm uma identificação imediata de amizade tão forte e verdadeira,
capaz de sustentar toda uma história em torno delas. Prova disso é que todas as
adversidades convencionais de um casal da teledramaturgia - principalmente de
época -, como viver em mundos diferentes, o que impede que se relacionem entre
si, acontece justamente com as duas amigas. José Maria (Lázaro Ramos) e Edgar
(Thiago Fragoso) pertencem às mesmas classes sociais que suas amadas Isabel e
Laura, respectivamente. Isso, apesar de não chegar a ser necessariamente uma
inovação, contravêm ao óbvio.
Mas,
como toda boa trama que se preze, vários conflitos são criados para separar os
casais, mesmo que não pareçam tão fortes diante do ódio que Constância
(Patrícia Pillar) tem ao ver a filha Laura cultivar uma amizade com a filha de escravos alforriados Isabel. Portanto, penso que a intenção dos autores é, antes de
contar a história do Rio de Janeiro pelo viés da ficção, de mostrar o fim dos
cortiços e o início das favelas e o preconceito latente que os negros
alforriados sofriam, é mostrar o nascimento e o fortalecimento de uma bonita
história de amizade entre duas pessoas tão diferentes, mas com um ideal em
comum: Serem felizes. Talvez por isso foi criada uma expectativa muito maior no
reencontro de ambas que com seus amados, anos depois, na passagem de fase do
folhetim.
Para
finalizar, gostaria de propor uma reflexão: "Será que foi
necessário mergulhar no passado para falar de uma amizade verdadeira? Será que
nos dias de hoje seria crível contar a história de pessoas que se amam, se
respeitam e são honestas e sinceras umas com as outras? A amizade se
banalizou?".
(Foto: João Cotta/Rede Globo)
"Será que nos dias de hoje seria crível contar a história de pessoas que se amam, se respeitam e são honestas e sinceras umas com as outras? A amizade se banalizou?"
ResponderExcluirReflexão pertinente, meu caro Flávio... contente por sua estréia no blog. Até a próxima!
Isabel nunca foi escrava, portanto não foi alforriada. Ela nasceu sob a vigência da Lei do Ventre Livre, que dava a liberdade a todos os filhos de escravos. Ela menciona isso nos primeiros capítulos.
ResponderExcluirEla é filha de escravos mas nunca esteve sob a mesma condição dos pais.
Obrigado pela correção, não consigo acompanhar a novela como gostaria, achei que ela fosse alforriada!
Excluircom essa pujança, parece mesmo que não, né? engraçado mesmo que a amizade seja sempre coadjuvante nas tramas. Em cheias de charme houve essa abordagem, em a vida da gente tb, mas não tão forte qto nessa história que eu amo ver todo dia.
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