Por Autran Amorim
A Rede Record é um emissora que
tenta, investe, ''dá a cara a bater'', e não é que isso vem dando resultado?! Abro
parêntese para as obras bíblicas da emissora que vêm sendo um produto muito bem
acabado e de altíssima qualidade. Das três minisséries que já foram ao ar destaco Rei Davi e A História de Ester, ambas de Vivian de Oliveira. Minisséries que não deixaram a desejar e tiveram atuações impecáveis. O grande erro para mim foi a patética Sansão e Dalila. Mas como toda emissora tem seus altos e baixos, o clímax de qualidade da Record aconteceu com José do Egito uma das minisséries mais bem trabalhadas dos últimos tempos. Começo destacando a abertura que é lindíssima e totalmente harmônica com a história que é contada. A produção só precisa melhorar mais uma vez na ordem da aparição dos nomes.
Alexandre Avancini, diretor da trama, mostra que quem é dos seus não degenera (Alexandre é filho do saudoso Walter Avancini) e tem caprichado ao máximo na direção da trama. A forma como os personagens se mostram e agem é totalmente minimalista e discreta , condizente com a época. Ponto para a direção no acerto desse detalhe! A fotografia é uma das mais lindas já produzidas pela emissora, a câmera cinematográfica só corroborou para contar a história do escravo que se torna governador. Temos a impressão de que estamos assistindo a um seriado americano. Os takes feitos no deserto do Atacama só reforçam a verossimilhança, coisa que nos últimos tempos tem faltado na TV. Outros fatores que muito contribuem são o cenário perfeitamente construído, remontando à época do Egito Antigo e Israel, e os figurinos que são muito bem cuidados.
Vivian de Oliveira, autora da maioria das tramas bíblicas, foi esboçando um aperfeiçoamento na construção do seu texto a cada obra que fazia. Apesar de ser um trabalho hercúleo escrever numa época em que não se viveu, o autor tem que ter ainda mais cuidado com o que escreve. Há um pouco de receio com tramas que se passam em épocas outras, porque falam de amor de modo contemporâneo e sabemos que nessas sociedades o amor era sublimado à pura subserviência e obediência ao pai e ao casamento. Porém, Vivian já sabe como trabalhar nessas épocas. Mas sugiro que apare um pouco o didatismo aqui ou ali, obviamente que nada tão preocupante, vide que passe despercebido aos telespectadores menos atentos a esses detalhes.
Li vários sites falando mal do elenco da minissérie, pura falta de hábito de não assistir outra emissora. Pode não ser um elenco estelar, porém também não faz feio. Com toda certeza os maiores destaques, por enquanto, são Celso Frateschi (Jacó) evidenciando a rigidez e o afeto que exigem o seu personagem, e Denise Del Vecchio (Lia), que tem chamado pra si todos os holofotes. Sua Lia é rancorosa, preterida, mas totalmente subserviente, e a atriz tem um gama de facetas que só trazem verdade ao personagem. Sobre o protagonista na primeira fase, Rick Tavares (José) não tenho as melhores impressões. Rick arrasou em Vidas em Jogo, porém ainda não encontrou o tom do jovem sonhador, tem alternado cenas boas e ruins. Tem deixado o personagem com um ar demasiado pueril e um pouco tonto, por mais ingênuo que seja. Mas Ângelo Paes Leme vem aí na segunda fase para resolver a situação, assim espero. No lado egípcio, alguns destaques também: o talento de Bianca Rinaldi (Tany) e a forma ardilosa e levemente afeminada com que Eduardo Lago tem conduzido o Pentepheres.
Outro ponto louvável é como essa obra se encaminha. Mesmo se tratando de uma história bíblica, ao público é mostrada uma trama com todos os bons ingredientes da teledramaturgia convencional. O propósito da minissérie não é catequizar, evangelizar pessoas, mas apresentar uma bela história, e tem conseguido. Acompanhemos!!!
muito bom o seu texto Autran , não acho que Sansão e dalila foi patética, mas no resto concordo com você!
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