Por Flávio Michelazzo
Parece que foi ontem que, ao som de Mart'nália cantando uma composição de Ana Carolina, numa sequência cinematográfica feita na praia de Copacabana, estreava Paraíso Tropical, de Gilberto Braga e Ricardo Linhares sob a direção de núcleo de (novidade!) Dennis Carvalho. Mas seis longos anos já se passaram desde aquele 05/03/2007, e o horário nobre, desde então, não registrou uma média de audiência superior à dela.
Antes de estrear, a novela já dava o que falar pela baixa da protagonista, Cláudia Abreu, que se descobriu grávida dias antes de começarem os workshops para a trama. Depois de muita especulação, Alessandra Negrini ficou com os papéis principais: As gêmeas Paula e Taís Grimaldi. Além de Cláudia, Joana Fomm, que já tinha começado a gravar, teve que deixar a trama para tratar da saúde, sendo substituída por Vera Holtz.
Outra surpresa foi a não-escalação de Malu Mader. Gilberto Braga declarou na época que nenhum papel se encaixava no perfil da atriz, e se não fosse para ela ter destaque, preferia liberá-la para outro autor.
A trama girava em torno da disputa de poder no Grupo Cavalcanti. Olavo Novaes (Wagner Moura em seu possivelmente último papel em novelas) é sobrinho preterido de Antenor Cavalcanti (Tony Ramos), um self-made man impulsivo e grosseiro que iniciou sua rede de hotéis do nada. Antenor prepara Daniel Bastos (Fábio Assunção), o filho de um de seus caseiros, para ser seu substituto na diretoria do grupo. Olavo também trabalha no grupo e fica o tempo todo procurando uma falha no caráter de Daniel para derrubá-lo. Como não consegue, passa a criar situações para limar a confiança de Antenor em Daniel. E é durante uma viagem de Daniel a um resort baiano recém-comprado por Antenor que Olavo dá seu golpe com a ajuda de seu capanga, Jader (Chico Diaz): Arma para que Daniel seja pego em flagrante na cama com uma prostituta menor de idade. Daniel é preso, porém a confiança de Antenor não é abalada. Ainda.
É durante essa viagem que Daniel conhece Paula, uma linda e jovem gerente de uma pousada, e descobrem o verdadeiro amor. Paula é criada como filha pela cafetina Amélia (Susana Vieira), dona de um bordel dentro do resort que Antenor adquiriu e quer que seja fechado. Jader, ao saber que Daniel está apaixonado, arma para que ele e Paula se desencontrem, com a ajuda de Bebel (Camila Pitanga), uma das meninas de Amélia, que mais tarde também acaba indo morar no Rio, onde Jader, que na verdade é um cafetão perigoso, coloca Bebel para trabalhar no calçadão. Bebel acaba por atender Olavo e os dois se apaixonam, garantindo momentos de diversão na história, mostrando o lado humano de ambos.
Amélia, ao saber que sua casa de lazer noturno será fechada, sofre um infarto. No leito de morte, confidencia a Paula que ela é adotada e sua família mora no Rio de Janeiro, mas não consegue falar mais que isso... Paula, então, se muda para o Rio em busca de seus parentes e finalmente descobre algo que jamais sonhara: Tem uma irmã gêmea.
Taís é a irmã gêmea de Paula, e vive de pequenos trambiques. Faz de tudo para entrar para a alta sociedade e vê na irmã, uma futura esposa de um possível sucessor de Antenor Cavalcanti, sua grande chance. Nesse ínterim, Taís conhece Marion Novaes (Vera Holtz), uma socialite falida, mãe de Olavo e o jovem Ivan (Bruno Gagliasso) - irmãos que se detestam - com quem inicia um caso. Marion nada mais é do que um reflexo do que Taís seria no futuro, porém, Taís é azarada (talvez a vilã mais azarada da história da teledramaturgia!) e todos, todos mesmo, os seus golpes ao longo da trama deram errado.
Olavo menospreza Ivan pelo fato de eles serem meios-irmãos e o chama o tempo todo de "bastardinho".
Antenor conhece Lúcia (Gloria Pires) uma mulher batalhadora que criou o filho sozinha no Espírito Santo e se torna sócia de Paula numa pousada. É Lúcia que vai fazer com que esse homem estúpido se torne uma pessoa melhor. Porém, Olavo vai destruir também a felicidade do casal, colocando Bebel no caminho de Antenor e fazendo ele pensar que ela está grávida dele.
A obsessão de Taís em derrubar Paula chega ao ápice quando, no dia do casamento da irmã, ela a dopa e usurpa seu lugar, jogando seu corpo no mar. Só que Paula é encontrada ainda com vida por Olavo e levada a um cativeiro. Eis que, com a ajuda de Taís, se passando por Paula, que, chantageada pelo único que sabe a verdade - Olavo - faz com que Daniel assine papéis que acabam com a confiança de Antenor em seu pupilo.
Daniel começa a estranhar o comportamento de "Paula" e acaba descobrindo que é Taís, bem como o paradeiro de seu verdadeiro amor. Ele resgata Paula, que volta do mundo dos mortos fingindo ser Taís!
"Taís" então força "Paula" a ir atrás de provas que façam com que Antenor volte a dar crédito a Daniel. Mas Taís, que nessas alturas prejudicou muita gente, acaba sendo assassinada dentro da casa de Paula e Daniel, que passam a ser os suspeitos número um. Paula é detida até que se encontrem provas de que não é a assassina.
No fim, o mistério é descoberto: Olavo matou Taís por ela ter descoberto seu maior segredo: Ivan é filho bastardo sim, mas de Antenor! Daniel consegue uma ponta solta na armação de Olavo e prova para Antenor sua inocência. Ivan, apesar de descobrir sua verdadeira identidade, não tem final feliz, e morre nos braços de quem acabara de saber ser seu pai. Antes de morrer, Ivan atira em Olavo por ele ser o assassino de Taís, mas Olavo consegue atirar nele também, e ambos morrem, frente a frente, numa cena épica.
Paula e Daniel enfim são felizes com a chegada de gêmeas, e Lúcia dá um herdeiro a Antenor.
Entre os destaques da trama vale ressaltar o trabalho de Wagner Moura, que fez de seu Olavo um vilão tão odioso quanto charmoso e alavancou a carreira de Camila Pitanga. Alessandra Negrini deu um show à parte como as gêmeas, principalmente na fase em que uma assume o lugar da outra. Os veteranos dispensam comentários. Glória Pires e Tony Ramos, após formarem o casal mais triste, forçado e péssimo de toda a história da teledramaturgia em Belíssima, experimentaram personagens que, assim como no cinema, fizeram com que eles convencessem e tivessem química. Renée de Vielmond, presença rara na TV, fez com maestria a esposa que fora traída a vida toda por Antenor, o que fez com que sua participação fosse esticada. A volta de Daisy Lucidi também merece destaque. As cenas de briga entre sua personagem e a de Yoná Magalhães foram um dos pontos altos da novela. Entre os jovens, destaque para Fernanda Machado, Paulinho Vilhena, Patrícia Werneck. Fernanda e Patrícia faziam irmãs num núcleo que tinha como pais Beth Goulart e Daniel Dantas, numa trama que muitas vezes roubou a cena. Outra característica marcante da novela foram as diversas participações especiais. Novos personagens entravam e saíam da história, trazendo frescor e agilidade à trama. A trilha sonora era tida pela crítica como elitizada demais, porém bateu recordes de vendagem, números que não se viam já há algum tempo.
Paraíso Tropical começou com baixa audiência e logo várias teorias do porquê surgiram. A existência de um bordel e uma trama centrada demais no casal de protagonistas foram umas das teorias mais ventiladas. Coincidência ou não, após a extinção do núcleo do bordel e as entradas de Taís e Lúcia trouxeram números confortáveis ao folhetim, que terminou com média de 43 pontos no Ibope. Uma novela que deixou saudades na maioria dos fãs de Gilberto Braga e Ricardo Linhares.
"Quem sabe escrever novelas, escreve. Quem não sabe, critica"
"Quem sabe escrever novelas, escreve. Quem não sabe, critica"
Adorei Paraíso tropical, novelão de primeira. A guerra entre as gêmeas, as confusões do Copamar, as trambicagens de Marion e o hilário e charmoso casal de vilões Bebel e Olavo, tornaram a trama, uma novela deliciosamente boa de se ver. Teve um dos finais mais emocionantes de novela que já vi, um dos que mais me surpreenderam, eu imaginava que Olavo seria o assassino de Taís, mas não imaginava o motivo, que foi surpreendente, nunca pensei que Ivan fosse filho de Antenor. Enfim foi um desfecho maravilhoso, só tenho boas recordações dessa novela.
ResponderExcluirPerfeita.
ResponderExcluirAcho a novela uma grande decepção. Faltou coesão e um arrebatamento que Gilberto é quase sempre craque em obter. A protagonista, Alessandra Negrini, foi uma das mais fracas da década passada. O par que ela formou com um insípido Fábio Assunção, aliás, foi muito inexpressivo. Wagner Moura, Camila Pitanga, Tony Ramos, Vera Holtz e Bruno Gagliasso, no entanto, brilharam do início ao fim, principalmente os vilões, dignos de figurar na brilhante galeria dos malvados de Gilberto.
ResponderExcluirconcordo plenamente que Wagner Moura e Camila Pitanga deram um show talves ate mas que os outros que citou,discodo que Alessandra foi fraca afinal era 2 perssonagens completamente diferentes ,ela fez com muito talento.
ExcluirAlessandra Negrini, com aquele sorriso de mulher safada que só ela saber fazer muito bem, nunca me convenceu em papéis de mocinha romantica. Basta ver o histórico da atriz na TV: "Engraçadinha", "Anjo Mau", "Desejos de Mulher", "Lado a Lado", em todas essas brilhou como a safada da história. Ela nunca se saiu bem fazendo a boazinha, tanto que ninguém se recorda dela em "Meu Bem Querer" e "A Muralha", por exemplo.
ResponderExcluirNa minha opinião, Claudia Abreu teria dado um show de interpretação em "Paraíso Tropical" muito mais do que a Negrini. Mas Camila Pitanga roubaria a novela pra ela de qualquer jeito mesmo, porque "Paraíso Tropical" foi dela!
Talvez Paraíso Tropical tenha sido a "última" novela em que o Gilberto Braga realmente sentiu tesão em fazê-la. Insensato Coração já não mostrava isso.
ResponderExcluirSuper válida essa postagem comemorativa, Flávio! ;)
Acho esse texto muito engraçado, porque trata "Paraíso Tropical" como um grande clássico da teledramaturgia, como se ela estivesse no mesmo patamar de novelas antológicas como "Vale Tudo" ou "Dancin' Days". O autor do texto deve pertencer à nova geração que não assistiu aos grandes clássicos da teledramaturgia.
ResponderExcluir