Por André Cavalini
Quando
vemos uma novela ir ao ar, mal sabemos todo o processo que ela precisou passar
para estar ali. A ideia inicial, a construção da sinopse, a aprovação desta
pela alta cúpula da emissora, os preparativos para escalação de elenco,
figurino, cenografia, trilha sonora. As exaustivas horas de seus autores em
frente a um computador. Enfim, é algo tão grandioso, que nós, simples mortais,
nem podemos imaginar.
Ela acontece para distrair a população. Para levar ao público a
possibilidade de se desligar da realidade e viver um pouco de fantasia. A mesma
fantasia que tivemos em nossa infância, quando mamãe contava as histórias antes
da gente dormir (tem como voltar nesse tempo??).
A
novela é como as histórias de nossa mãe, contadas porém, através de um aparelho
que a faz chegar para milhões de pessoas ao mesmo tempo.
Devido a isso, é assunto nas manicures, nas feiras, nos ônibus, na porta da vizinha, nas mesas
de bar, e mesmo quem alega odiar o gênero, uma vez ou outra se pega falando de
alguma coisa que remeta a alguma novela. Pois a verdade é que para o
brasileiro, uma boa novela é como um grande clássico de futebol.
Sabemos
porém, que nem só de flores vive uma trama. Muitas acertam, mas outras tantas
deixam o caldo entornar. E são muitos os motivos que podem levar uma novela ao
fundo do poço. O principal deles, em minha opinião, é a escolha errada dos
protagonistas. Porque uma receita que começa com os principais ingredientes
vencidos, dificilmente cairá no gosto do povo.
Se a
história for ruim, mas o casal tiver liga, há esperança no fundo do tacho. Se
qualquer outra coisa der errado, mas o casal principal estiver explodindo em
química, a água ferve.
Pensem
comigo: quando ligamos a TV para assistir uma história, a gente busca aquilo
que não temos, ou que até temos, mas que não está bem do jeito que gostaríamos
que fosse. A gente quer ver os protagonistas nos dando aquilo que sonhamos,
vivendo aquilo que está lá no mais remoto de nossos desejos. Se não encontramos
isso, perde a graça. E novela com protagonista sem graça é pior do que macarrão
sem molho, avião sem asa, fogueira sem brasa, queijo sem goiabada...
Claro
que muitos irão discordar, mas se pararem pra pensar, vão ver que tenho razão.
Se analisarem as grandes novelas da nossa TV, aquelas que fizeram história,
verão que os protagonistas eram “OS” protagonistas. Não falo nem mesmo pela
interpretação, mas pelo conjunto da obra. Sabe? Aquilo que já falei, tinham a
tal da química. Invadiam nosso inconsciente deixando um gostinho de quero mais.
Tudo
bem, concordo que casal de protagonista não completa o bolo, mas sabemos que
eles são o recheio. É preciso mais sim, bons vilões, bom texto...óbvio. Mas
sem o recheio a massa fica seca, entala.
Os
autores sabem disso, e quando percebem que erraram na receita, tratam logo de
dar uma arrumada na coisa. Um jeitinho de não deixar o caldo desandar.
Eu
só queria saber, de verdade, como é que, depois de tanto tempo cozinhando nesse
caldeirão, alguns autores ainda erram a mão nesse quesito mandando pra gente,
pra casa da gente, um pessoalzinho sem nem um tiquinho de sal. A receita é
velha, é só seguir direitinho que a gente gosta.
Novela
é comida para o povo, e o povo gosta é de receita simples, bem temperada, mas
sem a necessidade de ingredientes muito mirabolantes.
E
olha que sabemos bem que corre o risco de sobrar comida na mesa quando mudam
demais essa receita.
Fazer uma lista é
complicado, são anos de histórias pra serem lembrados e milhares de casais que
poderiam ser citados em cada categoria. Mas segue ai a opinião deste autor que
vos escreve:
Casais Gororóba - A gente vê, mas torce o nariz.
2013 – Salve Jorge – Théo e Morena:
Já começa pelos atores que nem no meio de uma pizza quatro queijos desceriam
guela abaixo. Não falo de interpretação, pois cada um está fazendo direitinho
seu trabalho. Mas não dá, não tem química, nem física nem história e nem
geografia entre os dois. Eles não ornam e ponto final. Sem falar que Morena é
muito guerreira pra um cara tão pastel, feito o Théo. Melhor pra “Donelô” que
se tornou o melhor da novela.
2011 – Insensato Coração – Marina e Pedro: O casal até que tinha uma quimicazinha.
Nesse caso é que os personagens era ruins mesmo. Uma patricinha que só sabia
chorar e que ia sofrer em Nova Yorque não é o que gostamos de ver em nossas heroínas.
A não ser que ela voltasse de NY e se infiltrasse na casa do amado disfarçada
de Rita pra fazer pagá-lo por todo sofrimento que ele causou. E também um
mocinho mimadinho e sem força de vontade pra dar a volta por cima e mostrar o
saco roxo que tem no meio das pernas, não tinha como ganhas nossos sensatos
corações. Melhor para Gabriel Braga Nunes que tomou conta da história.
2010 – Viver a vida – Marcos e Helena: Acalmem-se moçoilas que querem me matar
por falar de Zé Mayer. O fato aqui é que aqui nem mesmo o Chuck Norris da
mulherada conseguiu dar liga com a chata da Helena de Thaís Araújo. Personagem
foi terrivelmente insuportável, uma inhaca! E a gente torcia mesmo era pro Zé
encher a cabeça de Helena de galhos, muitos galhos. Quem gostou disso foi Lilia
Cabral que chamou todos os holofotes para si.
2005 – América – Tião e Sol: Outro casal que nem com muito catchup a gente conseguiu
engolir. Ela sofreu, chorou, a gente teve pena. Ele gostava mais dos rodeios do
que da mulher de sua vida. E sinceramente, nas cenas juntos, era melhor ver
Tião com as vacas do que com Sol. Murilão não honrou os cowbois do Brasil e
acabou ficando sem a Sol no fim do túnel, ops, no último capítulo. Ponto pra
gente que viu Déborah Secco bem gostosa dançando em cima do balcão.
2002 – Esperança – Maria e Toni: Priscila
Fantin e Gianechini sofreram para convencer o público exigente. Era tanta
choradeira, tanto sofrimento, tanta lágrima, tanto “pelamore de dio” que até a
mais santa das criaturas se entediou. Trocaram até o autor da novela, mas nem
assim o angu engrossou. Ponto pro Ratinho que alavancou a audiência de seu
programa.
Casais Banquete - A gente se deliciou com eles.
1994 – Quatro por quatro – Eram
quatro casais de protagonistas e adivinha quem se destacou? O desastrado Raí de Marcelo Novaes e a desbocada Babalú de Letícia Spiller. Deu tão certo, mas tão
certo, que os dois ficaram juntos também na vida real. E até hoje a gente pede
bis.
2001 – O Cravo e a Rosa – Catarina e Petruchio: Pra mim, o melhor de todos.
Interpretação excelente, história gostosa e todos os ingredientes necessários
pra uma receita de sucesso. Adriana Esteves e Du Moscovis tinham sal, pimenta,
manjericão. Eles tinham a horta inteira na composição desse maravilhoso casal.
2004 – Da Cor do Pecado – Para
a novela que apresentou a primeira protagonista negra na Globo, a produção
acertou em cheio ao escalar Thais Araújo para viver a guerreira Preta e Gianechini para o confuso Paco. Os dois juntos causou na gente aquilo que já
falei que um casal precisa causar. Torcemos e muito para o viveram felizes para
sempre dos dois.
2002 – O Clone – Jade e Lucas: Murilo
Benício foi 3 nessa novela. Mas a gente queria mesmo é um só com a maluca Jade
de Antoneli. Lucas era chato, Benício ainda falava muito pra dentro, mas Jade
era tão, tão...TÃO! Que tudo bem, ela valia pelos dois e a gente gostou dessa
receita brasileira com tempero marroquino.
Casais Molho de Cachorro Quente. O recheio é mais gostoso que o
ingrediente principal.
2007 – Paraíso Tropical – Bebel e Olavo: A química entre os dois era tão explosiva
que ofuscou todo o resto da novela. Nem Alessandra Negrini em Dose dupla
conseguiu apagar o fogo que o casal tacou no Brasil.
1997 – Por Amor – Milena e Nando são
outros que viviam soltando faíscas quando apareciam na TV. A típica patricinha
sem freios, que bate de frente com a mãe, que é uma desmiolada, e que se
entrega pra o cara certinho, de nível social diferente e cheio de sonhos fez o
país suspirar. Carolina Ferraz e Eduardo Moscovis fizeram o Brasil torcer por
esse casal inesquecível igual pela seleção em final de copa do mundo.
2010 – Viver a Vida: Matheus Solano roubou a mulher dele mesmo, digo, de seu irmão gêmeo na história e o romântico médico Miguel ganhou não só o coração da filhinha de papai e modelete Luciana, mas o de todos nós. Afinal, ele gozando de plena saúde e boa forma, se rendeu aos encantos de uma mulher com deficiência física. A típica história de que não é preciso ser perfeito para amar e ser amado. Uma lição para todo o Brasil. Palmas para Aline Morais e sua grande interpretação.
2010 – Viver a Vida: Matheus Solano roubou a mulher dele mesmo, digo, de seu irmão gêmeo na história e o romântico médico Miguel ganhou não só o coração da filhinha de papai e modelete Luciana, mas o de todos nós. Afinal, ele gozando de plena saúde e boa forma, se rendeu aos encantos de uma mulher com deficiência física. A típica história de que não é preciso ser perfeito para amar e ser amado. Uma lição para todo o Brasil. Palmas para Aline Morais e sua grande interpretação.
Casais bolo embatumado – tentamos, mas entalou na garganta.
1999 – Torre de Babel – Rafaela e Leila: Eu gostava as duas e torcia todo dia pra ver uma cena bem picante entre elas. Porém, em minha pesquisa elas se encaixam nessa categoria, e tanto foram rejeitadas que explodiram juntinhas no shopping. O dó!
2001 – Estrela Guia – Cristal e Tony: Prefiro
nem comentar.
Que tal vocês agora darem
continuidade na lista? Quais casais trouxeram emoção até você? E quais você não
curtiu? Ajude a gente a escrever essa receita!
Vc citou o q mais curti, a mais linda história de amor já contada em uma novela: LUCIANA E MIGUEL! A novela era fraca em si, mas o romance deles salvou a trama.
ResponderExcluirFábio
ResponderExcluirRealmente foi uma grande história a dos dois. Emocionava de verdade , né?
Obrigado por ter vindo até aqui e deixado seu comentário.
Um abraço
Odeio novela. Nem sei quem são esses casais. Unica novela que eu vi foi laços de Família.
ResponderExcluir"Ponderado e lógico o texto do André Cavalini... Legal!"
ResponderExcluircomentário de Mauro Gianfrancesco (via facebook)
"Tenha um pouco de educação na forma que conduz seus textos. Tu falou de um jeito do casal: "macarrão sem molho e avião sem asas, fogueira sem brasa". Achei desrespeitoso."
ResponderExcluircomentário de Eduardo Andrade Cyrino Nogueira (via facebook)
Eduardo
ExcluirDesculpe, mas não vejo falta de respeito ou educação em parodiar os casais com a letra de uma música conhecida. Minha intenção foi apenas representar através da comparação, aquilo que eu estava dizendo.
"Só acho que independente do casal ou dos atores, pode ser um feio Lima Duarte com uma princesa Maitê, o que da química sempre será a história. Reparem que muitas vezes um mesmo casal numa novela não emplaca nem convence, química zero, e numa outra novela explodem, todos torcem. O que conta sempre será a história, como aquele casal lida com o amor, com a luta pelo amor. Se um deles titubeia na história, adeus química."
ResponderExcluircomentário de Tom Dutra (via facebook)
"Li tudinho e gostei mesmo!"
ResponderExcluircomentário de Magdalena Figueiras Salinas (via facebook)
O Casal que eu mais gostei, que eu mais vi química entre os atores foi o "LaurEd" (Laura e Edgar de Lado a Lado... Eu achava lindo os dois juntos.
ResponderExcluirThales
ExcluirBem lembrado. O casal realmente foi bacana de se ver. Pena que a novela não tenha ganhado o mérito que mereceu.
Um abraço