quarta-feira, 5 de junho de 2013

O que é bom, a gente nunca esquece!



Por: André Cavalini

A saudade é um sentimento que faz parte da vida de todo ser humano. Vez ou outra a gente se pega em algum canto recordando algum momento, alguma pessoa ou alguma coisa que marcou o livro de nossa história.

Na televisão, não é diferente. A gente vive sim com saudade de grandes histórias e assim sendo, de grandes personagens que passaram uma temporada na TV de casa, grudando a nossa atenção e fazendo a dona Maria esquecer o feijão no fogo.

Hoje eu convido a todos os leitores para fazermos uma viagem pelos anos e anos de histórias que a televisão nos proporciona, e recordarmos os personagens que mais nos marcaram. Aqueles que por algum motivo nos chamaram a atenção e nos fizeram sorrir ou chorar.


Por que um personagem quando bem construído, tem esse poder. Ele “pega” tanto, que consegue ser responsável por alguns sentimentos dentro da gente, durante o tempo em que o estamos assistindo.  
Quem nunca se pegou com vontade de dar uma surra de vara de marmelo em Bia Falcão? Ou então, ficou com vontade de fazer um cafuné no abobalhado Tonho da Lua, quando ele era vítima de alguma maldade da vilã Raquel? Que mulher que não quis receber uma flor do fotógrafo Jorge Tadeu, ou que homem que não desejou ter em seus braços a sensual Gabriela? Quem não soltou boas risadas com Cláudia Raia e sua atrapalhada Jaquelini no remake de TITITI, ou ainda, quem não se emocionou com a Dulce de Morde e Assopra e sua difícil vida para educar o filho?



A gente se envolve sim, se sente no direito de meter o dedo, de dar palpite. Vira e mexe soltamos aquelas frases “Ah se fosse eu...”, “Se eu cruzasse com fulana(o) na rua...”. E a força de nossa reação para determinados personagens é tão forte, que podemos mudar o destino até então preparado para eles, na cabeça [sinopse] do autor.
Assim foi com Bahuan, de Márcio Garcia, em Caminho das Índias, que perdeu o posto de galã e não ficou com a mocinha no final. E por outro lado, vale lembrar de Juliana Paes em Laços de Família, que agradou tanto a ponto de ver sua empregada Ritinha crescer na trama e até mesmo engravidar do patrão.



A reação do telespectador pode alavancar ou rebaixar um personagem. Se gostamos, ele cresce na história, mas se odiamos, ele cai e dificilmente subirá ao topo novamente.
É por isso que é muito importante os atores se dedicarem de corpo e alma a construção de seus personagens da melhor maneira possível, pois o resultado final tem que nos agradar, e nós estamos cada vez mais exigentes. Queremos bons personagens para mais tarde, termos mais saudade pra sentir.

Quando digo um bom personagem, não me refiro apenas aos protagonistas, pois uma novela não é feita só de personagens principais. Muitas vezes acontece destes, serem ofuscados pelos coadjuvantes, que de tão bons, acabam nos conquistando com mais facilidade. Recentemente podemos citar a delegada Helô, de Giovana Antonelli em Salve Jorge. Mas no passado temos, entre tantos, a dona Armênia, de Aracy Balabalian em Rainha da Sucata. Até hoje a gente a ouve gritar, no inconsciente de nossas lembranças, que  "vai botar o prédio na chon".


Um bom personagem pode levar seu interprete ao céu, marcá-lo por toda a vida e imortalizá-lo na memória da humanidade. É só lembrarmos de Beatriz Segal, que nunca mais conseguiu se livrar da Odete Roitmam que brilhantemente interpretou em Vale Tudo. Mas um personagem mal construído também pode ser a ruína de um profissional. Que o diga Ricardo Macchi, que graças ao cigano Igor de Explode Coração e a péssima atuação do ator, nunca mais teve papéis importantes na telinha.


Espero, sinceramente, que cada vez mais os autores criem personagens capazes de nos cativar, e que os atores ou atrizes que os desenvolverem se lembrem de que esse pode ser o papel de sua vida; aquele que daqui a  vinte, trinta, cinquenta anos, estará ainda em nossa mente.

E a gente adora recordar essa galera:


Mais Recentes

Pereirão, de Lilia Cabral em Fina Estampa.
Não era gostosa, mas era batalhadora, justa e de pulso firme. Mostrou que persistência supera vaidade e fé é maior que dinheiro. 
  
Carminha, de Adriana Esteves e Avenida Brasil.
Safada, "cachorra", bandida. Cara e jeito de mulher malandra. Enganou todo mundo na novela e fez a gente vibrar com suas maldades. Muitas vezes era por ela que torcíamos.

Giovanni Improtta, de José Wilker em Senhora do Destino
Simplesmente porque ele era 'felomenal".

Crô, de Marcelo Serrado em Fina Estampa.
Personagem engraçado, caricato, mas com uma brilhante interpretação. Suas caras e bocas assim como seus bordões agradaram a galera. Gostamos tanto, que o personagem vai virar filme.

Tarso, de Bruno Gagliasso em Caminho das Índias.
Problemático... E quem não é?

Nazaré Tedesco, de Renata Sorrah em Senhora do Destino.
Safada, "cachorra", bandida. Cara e jeito de mulher malandra. Enganou a quase todos os personagens, e fez a gente vibrar com suas maldades. Aquela escada era assustadora.

Chayene, de Cláudia Abreu em Cheias de Charme.
Engraçada e malvada. Chayene foi a vilã que adoramos odiar. 

Zé Maria, de Lázaro Ramos em Lado a Lado.
Orgulhoso, "marrento". Não curtia a ideia de a mulher ganhar mais que ele, se achando um super homem. Ou seja, a representação perfeita de nós homens.

Márcia, de Drica moraes em Chocolate com Pimenta.
Ela era chique, "benhê". 

Leleco, de Marcos Caruso em Avenida Brasil
Porque feio e careca, ainda pegou a Débora Nascimento.

Das Antigas

Ruth e Raquel, de Glória Pires em Mulheres de Areia.
Jamais esqueceremos Glorinha fazendo quatro papéis de uma só vez. A gêmea boa, a má, a má que finge ser boa e  a boa que finge ser má.

Geremias Berdinazzi e Bruno Mezenga, de Raul Cortez e Antônio Fagundes em O Rei do Gado.
Uma dupla de titãs em personagens bem escritos, bem interpretados. Uma gostosa saudade com sotaque italiano e caipira.

Jorge Tadeu, de Fábio Júnior em Pedra sobre Pedra.
As mulheres queriam um Fábio Júnior na janela [não necessariamente neste lugar] de seu quarto. Os homens queriam sê-lo, conquistar todo aquele elenco feminino da novela.

Juma Maruá, de Cristiane Oliveira em Pantanal.
Ela virava onça e aparecia nua em muitas cenas. Quem não gosta muito de lembrar é a Rede Globo.

Natasha, de Claudia Ohana em Vamp.
Muito antes de Crepúsculo e companhia, foi ela quem despertou em nós a paixão pelo mundo vampiresco.

Sinhozinho Malta, de Lima Duarte em Roque Santeiro.
O homem era rico, poderoso, carregava uma fortuna no braço e ainda nos fazia rir. "Tô certo ou tô errado?" 

Tieta, de Betty Faria em Tieta.
Ela foi escorraçada de casa e voltou poderosa. A gente adora esse tipo de história. 

Tonho da Lua, de Marcos Frota em Mulheres de Areia.
"ÓÓÓÁAAANNN a Rutinha é boa a Raquel é má!". Impossível não embarcar na história sensível do Da Lua.

Diná, de Cristiane Torloni em A Viagem.
Só a Torloni pra ser bonita viva e mais bonita ainda depois de morrer. O céu fez bem pra ela.

Augusta Eugênia Proença de Assunção, de Arlete Sales em Porto dos Milagres.
Arlete Sales num de seus "últimos" personagens que realmente valeram a pena. Garantiu excelentes momentos de vilania, sem comprometer o tom bem humorado da personagem. Num contraponto com a vilã mor da Cássia Kiss. 

E claro que este post não poderia ser finalizado sem falar dela que, mesmo sem ser brasileira, mesmo sem fazer uma novela brasileira, marcou o país com suas personagens que se tornaram inesquecíveis para todos nós. Tão inesquecíveis, que sempre que o SBT reprisa a novela A Usurpadora (já no ar pela quinta vez) a gente corre pra assistir: Gabriela Spanic, ou se preferir Paulina / Paola Bracho.         

7 comentários:

  1. Meu caro André Cavalini, interessantíssima a sua "o que é bom...", vc tem razão, não esquece mesmo... eu não esqueci de Antonio Maria (de Sergio Cardoso), Beto Rockfeller (de Luis Gustavo), Heloísa Paes Leme (de Aracy Balabanian), Ruth e Raquel (de Eva Wilma), Tonho da Lua (de Gianfrancesco Guarnieri), Marcos (de Carlos Zara), Nino (de Juca de Oliveira), Vitório (de Plínio Marcos), Dom Rafael Zamorra de Juncal (de Elísio de Albuquerque) e nem de Albertinho Limonta (de Amilton Fernandes) e Isabel Cristina (de Guy Loup)... Grandes histórias, grandes personagens...

    Mauro Gianfrancesco

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    1. Mauro

      Os personagens que citei aqui, foram os que tive oportunidade de assistir ou quando a novela foi ao ar, ou em alguma reprise.
      Não tenho dúvidas de que os que você citou aqui sejam dignos de serem lembrados, mas não poderia falar deles, porque não os assisti.
      É bom recordar, não é mesmo??
      Obrigado pelo prestígio em meu post.
      Abraço

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    2. André Cavalini, querido... Todos sabemos que as experiências pessoais são muito importantos para a elaboração de um texto, principalmente de cunho jornalístico...
      mas não são suficientes... é de suma importância recorrermos ao arquivo e levantar
      "dados de pesquisa" para não incorrermos num erro tão grave como este e tão infantil...
      espero que da próxima estes básicos mandamentos do manual de redação sejam "lembrados"...
      Mauro Gianfrancesco

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    3. Concordo com você Mauro

      no entanto sempre que escrevo meus textos procuro falar daquilo que vi e presenciei. É uma escolha, que não me limita, pois sempre faço pesquisas que enriquecem o conteúdo de cada tema que escolho falar. Optando sempre em destacar aquilo que meus olhos acompanharam.
      Não vejo infantilidade em assim o fazer, cada um tem sua maneira particular de desenvolver seus textos, e essa é a minha.
      Deixemos os manuais e mandamentos para os profissionais. Eu sou apenas alguém que gosta de escrever, e que tem sua própria maneira de fazer isso.
      Ainda assim, agradeço pelas dicas e por sua passagem aqui.
      Um abraço

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    4. André Cavalini,caro... claro, você tem todo o direito de usar e abusar da sua escolha... jamais poderia eu intervir... mesmo porque, por displicência minha, acabei de saber que você escreve e se insere muito bem naquilo que faz... por prazer, faz porque gosta... há de se louvar este talento e esta lucidez... ao ler, imediatamente liguei o autor a um profissional da área e escrevi o meu texto... como você bem disse... deixemos os manuais e mandamentos para os profissionais... Só tenho que pedir desculpas pela leviandade que cometi, porém, continuo com a mesma opinião... pena que você é jovem e não teve oportunidade de se maravilhar com personagens e histórias marcantes... Um abração, jovem querido amigo!Volto a dizer... interessantíssima a sua "o que é bom..." Mauro Gianfrancesco

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  2. Adorei o texto. Só faltou mencionar as Marias, de Thalia, junto da Usurpadora, rs. Ótimo enfoque. Parabéns!

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    1. Thiago

      obrigado pelo comentário. Você tem razão, Thalia também conquistou os brasileiros né...mas acho que Gabriela Spanic ainda ganha dela, kkkk.
      Abraço

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